Fanfics Brasil - Capítulo 11: Aí vem a tempestade Uckermann ♥

Fanfic: Uckermann ♥


Capítulo: Capítulo 11: Aí vem a tempestade

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 Apesar de ter desprezado a interpretação de Taylor no começo, Dulce não pode evitar perceber que havia um pouco de verdade em toda aquela maluquice. Christopher se mantinha tão frio e distante quanto possível, sempre dando alfinetadas, criticando e veladamente desdenhando da nova empregada. Simultaneamente, era cada vez mais difícil encontra-lo no apartamento da cobertura à beira-mar, pois sempre precisava sair, dando desculpas cada vez mais descabidas e que só conseguiam iludir sua noiva. Esta, confiando cegamente em Christopher, partiu para Milão após uma semana de terem voltado do desfile, para acompanhar a semana de moda europeia. Isto fazia com que restassem Christopher, Dulce e Taylor na casa. Mas como esta última também trabalhava com a irmã de Christopher, havia noites que eram apenas os dois. E estas noites eram as piores! Porque era justamente quando ele decidia que se divertir na casa das amantes não era o suficiente, e as levava para o próprio apartamento. Obviamente, Dulce não entrava no jogo, sequer contava para Taylor sobre esses pequenos detalhes, mas podia apostar que se a amiga soubesse daquilo, diria que era um clássico caso de compensação exagerada.
 Sem querer se perder nessas futilidades, Dulce apenas ignorava a situação e se mantinha firme e igualmente distante. Em contrapartida, dormia todas as noites agarrada ao celular, horas após ter discado o número, mas não ter tido coragem de completar a ligação para casa.
 Certo dia, porém, quando foi deitar-se e pegou seu celular para começar sua nova rotina noturna de quase ligar para a família, percebeu algo diferente. Algo que fez um frio descer por seu estômago – um frio de empolgação e de medo em iguais proporções. Mas quanto mais analisava o visor do celular, mais a empolgação cedia espaço para o medo, até que suas mãos gelaram e ela sentiu um calafrio de pânico. Afinal, não havia uma, mas vinte e oito ligações perdidas. Se a família apenas quisesse contatá-la, teria ligado uma vez e esperado que ela retornasse. Se estivessem preocupados, poderiam até ter tentado mais algumas vezes... Mas ninguém liga vinte e oito vezes se não tem algo realmente importante a falar, não é?
 Dulce olhou a hora, perguntando-se se seria sensato ligar mesmo após a meia-noite. Ela queria acreditar que tudo estava bem e, se este fosse o caso, não queria preocupá-los com uma ligação tão tardia. Talvez fosse melhor ligar pela manhã. O problema, é que ela não conseguia mais se livrar daquela estranha sensação que se apoderara de seu corpo desde o momento em que pegara o celular.
 Após minutos ou horas – que de qualquer forma pareceram longos demais – em que ela se revirava na cama, o celular apitou. Apenas um sinal de mensagem, mas o suficiente para o coração de Dulce pular um batimento. Ela rapidamente foi conferir e encontrou uma mensagem de Daniel que não a acalmou em nada. Dizia: “Ligue para mim assim que puder. Está tudo bem agora, mas é muito importante”. Ela se sentou de um pulo. Estava tudo bem agora? Quando não estivera? O que aconteceu? Sem pestanejar, ela retornou a ligação, sentindo seus batimentos fortes e altos.
 – Que bom que ligou!
 – O que aconteceu, Daniel?
 – Dul... – o tom dele era comedido, cuidadoso, e aquilo só piorava tudo.
 – Pelo amor de Deus, Daniel, diga-me de uma vez! O que houve?
 – Eu não sei bem como dizer isso, mas...
 – Daniel!
 – A sua mãe sofreu um acidente, Dul...
 – O q-quê? – a voz dela ficou entrecortada pelo choque, seus olhos automaticamente começando a arder com as lágrimas que se formavam. – Como...?
 – Ela teve um AVC. Agora ela está estável, mas...
 – Por favor, apenas fale logo! – ela mordia o lábio inferior, tentando controlar o choro.
 – Ela está em coma. Sinto muito, muito mesmo.
 – Não! NÃO!
 Daniel tentava falar palavras de conforto, mas Dulce só conseguia chorar. Por um lado, agradecia que ele estivesse lá para cuidar de sua mãe, mas odiava que não pudesse estar junto deles.
 – Dul...?
 – Os médicos... – era difícil formar as frases. – Eles têm alguma previsão? De quando ela... vai voltar?
 – Infelizmente, não.
 – E o... Poncho? Ele já sabe?
 – Na verdade...
 – O que foi? – de repente ela se tornou alerta, novamente sentindo medo e ansiedade. – Diga que ele está bem, por favor.
 – Sim. – Daniel se esforçava ao máximo para manter seu tom tão inalterado quanto possível.
 – Então o que ele fez?
 – Eu não posso atribuir culpas, mas... Sua mãe estava com ele quando teve o AVC.
 – Impossível! Ele não faria nada para... É a mamãe, Daniel, Céus!
 – Eu sei, eu sei que ele não a machucaria intencionalmente.
 – Por favor, não fale assim... ele é meu irmão.
 – É, mas não vamos nos esquecer dos fatos. 
 – Daniel... – ela suspirou, mais lágrimas rolando. – Por favor, estou implorando...
 – Certo, não falarei mais sobre isso. Mas há uma última coisa que você deve saber.
 – Diga.
 – Sei que você não pode voltar.
 – Verei se consigo alguns dias para visitar minha mãe, mas não posso largar o trabalho, muito menos agora com mais uma despesa de hospital... Você precisa cuidar deles, Dan.
 – Cuidarei da sua mãe, Dul. Você sabe que nem precisa me pedir isso. O problema é o Poncho.
 – Sei que você ainda guarda muita mágoa dele, mas preciso que você faça isso por mim. Pode ser?
 – Não, não pode. Sinto muito, mas mesmo que eu quisesse...
 – Poncho era o irmão mais velho! – esbravejou indignada. – A função dele era proteger a irmãzinha. O que queria que ele tivesse feito? Não foi culpa dele, Daniel, você fugiu e...
 – NÃO...! – ele respirou profundamente e a própria Dulce também tentou se acalmar. – Não culpe a mim, Dulce. Faça o que fizer, jamais ouse me culpar pelo que aconteceu. Ele pode ser seu irmão, eu entendo isso, mas eu nunca, NUNCA, vou perdoá-lo por ter tirado a mulher da minha vida de mim. Então, faça o que fizer, não entre nesse assunto. Eu cuidarei de sua mãe com todo o carinho, porque ela é uma mulher ótima e sempre foi uma sogra que nos defendia do seu irmão... Mas eu não posso lidar com o Poncho. Eu não quero, e mesmo que eu pudesse abrir uma exceção por você, legalmente você é a próxima pessoa responsável por ele. Ele terá que ir morar com você na capital.
 – Está louco? No estado que ele está? Mudá-lo para cá não fará bem algum, poderá até ser prejudicial ao tratamento dele! Além disso, como trarei meu irmão para morar na casa do meu patrão?
 – Explique a situação, Dul... Até porque, acredito que o Poncho ficará em algum tipo de hospital, não na casa do seu patrão.
 – Certo, – ela suspirou, cansada. – verei o que posso fazer... Amanhã vá lá ao hospital e descubra o que é necessário para trazê-lo para cá. Falarei com o Christopher.
 – Christopher? – ela quase podia ver as sobrancelhas dele arquearem. – Você chama o seu patrão pelo primeiro nome?
 – Apenas... – ela sentiu raiva que ele se preocupasse com isso em meio a tantos problemas maiores. – tome conta da minha mãe, ok?
 – Certo, perdão. Amanhã te ligo com as informações do hospital, ok? Estarei aqui para o que precisar.
 – Tudo bem, obrigada, Dan.
 Eles desligaram o telefone e Dulce suspirou. Seu rosto ainda pegajoso pelas lágrimas, dormir já não era mais uma opção para aquela noite. Como queria estar ao lado do leito de sua mãe. Sabia que ela não poderia responder, que talvez nem conseguisse ouvi-la, mas queria estar lá. Queria ter estado perto deles o tempo todo. Isso teria evitado muita coisa, possivelmente mudado totalmente o cenário que se encontrava agora. Mas não adiantava se arrepender do passado, agora precisava se agarrar ao trabalho para poder manter o melhor tratamento para sua família.
 Foi até a cozinha, sentindo que o quarto ficara pequeno e sufocante demais. Talvez devesse tomar uma água com açúcar, um chá calmante ou quer uma dessas coisas...
 Mas para sua pior surpresa, Christopher já estava lá.
 Com Belinda.
 Seminus.
 Ela bloqueou a imagem dos dois com as mãos ao mesmo tempo em que fechou os olhos com força e virou o rosto para longe da cena.
 – Céus, não! Perdão, eu já vou me retir... – ela se interrompeu no meio da frase, abrindo os olhos e lentamente voltando a sua postura normal, encarando-os decidida. – Quer saber? Não. Eu não vou a lugar nenhum.
 Os dois a olhavam meio abobalhados, provavelmente surpresos com o flagra e a ousadia dela de não se retirar de uma vez.
 – Se você quiser transar com todas as mulheres da cidade, do estado, ou do país... Não me importa! – ela sorriu, gesticulando exageradamente com os braços. – Faça isso, traia sua noiva, transe com outra na cama que vocês dividem, no quarto dos seus filhos e por cada maldito cômodo desse apartamento! Por mim vocês podem transar até no teto, se quiserem! Mas deem o fora daqui agora. Apenas me deem um tempo para fazer um maldito chá e colocar a minha cabeça no lugar porque se eu tiver que voltar para aquele quarto agora eu vou perder a droga da minha cabeça! Então apenas sumam daqui. Agora!
 – Eu... – Christopher pigarreou, tentando fazer uma voz séria e respeitável, o que era quase uma piada na situação em que se encontrava. – Eu ainda sou o patrão.
 – Por. Favor. – sublinhou cada palavra. – Só não estejam aqui pela próxima hora. Depois disso, eu realmente não me importo...
 – Você esteve... chorando? – ele franziu o cenho, confuso, e fez menção de se aproximar dela.
 – Não ouse chegar perto de mim! Apenas dê o fora da maldita cozinha!
 Christopher a fitou cuidadosamente por mais uns instantes, percebendo que ela estava prestes a irromper em lágrimas novamente, então apenas concordou com a cabeça e pegou a amante pelo braço para conduzi-la para outro lugar.
 – Você vai deixá-la falar assim com você? – Belinda se livrou da mão de Christopher, recusando-se a sair dali. – Ela é sua empregada!
 – Beli, ela claramente está mal, deixe-a em paz. Temos a casa toda para nós, não tem necessidade de...
 – Não tem necessidade? Por favor, Ucker! – ela riu sarcasticamente, revirando os olhos. – Ela é paga para fazer o que você quer, não para ter sentimentos. Se nós quisermos transar aqui nós transaremos aqui e ponto final não será uma vadi...
 – Cale a sua boca! – em um piscar de olhos Dulce estava perigosamente perto de Belinda, apontando um dedo ameaçador em direção ao rosto da outra. – Você é quem é paga para satisfazer as necessidades dele, não vamos esquecer nossos papéis nessa história! Qualquer outro dia eu aturaria cada uma das suas merdas. Eu sorriria, me fingiria de cega como todos nessa casa insana. Mas hoje NÃO! Então suma da minha frente, porque senão eu juro que desfigurarei cada centímetro dessa sua cara repleta de plásticas e nenhum cirurgião no mundo poderá concertar. Não me teste, Belinda! Não agora...!
 – Ucker! – Belinda pediu por ajuda, indignada e temendo as ameaças da empregada. – Defenda-me, não deixe-a falar assim!
 – Beli... Apenas vá embora. – ele mantinha-se entre as duas, impedindo uma catástrofe. – Depois eu te ligo, ok?
 – Você... está me expulsando? Uckermann, eu acabei de te perdoar pelo último episódio que você causou comigo e você vai mesmo apoiar essazinha ao invés de mim?
 – Eu prometo compensá-la depois. Por favor, só... vá embora.
 – É melhor que seja uma baita de uma compensação. Algo com “europa” no meio!
 Ela recolheu as roupas, indignada, e fuzilou Dulce com o olhar enquanto marchava de nariz empinado em direção à sala.
 Dulce deixou os ombros caírem e um suspiro escapar de seus lábios assim que ela partiu.
 – Dulce... O que houve?
 – Com todo o respeito, patrãozinho, mas você é a última pessoa na face da Terra com quem eu quero falar sobre qualquer coisa neste momento.
 – Dulce. – ele a olhou, ficando mais sério, enquanto ela começava a preparar seu chá, ignorando-o. – Estou relevando sua atitude porque você claramente está com problemas. Mas eu sou seu patrão e não vou admitir isso. Você me deve isso!
 – Eu te devo? – ela se virou irritada, com o bule na mão, derramando água com o movimento brusco. – Eu não te devo merda nenhuma, Christopher! Eu faço o meu trabalho. Eu cozinho, limpo sua casa, lavo suas roupas, cuido dos seus filhos. Eu não vejo, não escuto e não falo nada sobre seus casos. Eu ignoro seu temperamento de um garoto de três anos, eu ignorei as broncas absurdas que você me deu ao longo da última semana, eu nem deixei que a Taylor soubesse que você tem trazido mulheres para cá! Se alguém me deve algo nessa história, esse alguém é você. Mas não se preocupe, se você sumir da minha frente agora eu prometo não processá-lo por assédio sexual nem nada do tipo.
 Absurdamente e contra toda a lógica, ele abriu um sorriso de canto. Aquele sorriso. Aquilo fez com que ela sentisse uma raiva intensa borbulhar dentro dela, então antes que partisse para bater naquele rosto perfeito novamente, apenas se virou e concentrou-se em voltar a fazer seu chá.
 – Você realmente é boa de jogo...
 – Ok, é isso, JÁ CHEGA! – ela gritou, virando-se novamente, levantando as mãos como se estivesse se rendendo. – PARE DE SER UMA CRIANÇA MIMADA, NEM TUDO NA VIDA É UMA DROGA DE UM JOGO! 
 Ele se surpreendeu com a repentina explosão, olhando-a atônito.
 Ela começou a tremer, a chorar e soluçar quase simultaneamente.
 Aparvalhado com a situação, ele a ajudou a sentar-se à mesa, sentando cuidadosamente distante e parecendo profundamente desesperado. Ela enterrou o rosto nas mãos e continuou a chorar copiosamente.
 Como todo homem que acha que entende muito de mulher, ele permaneceu ali como um forasteiro em uma terra desconhecida, como se estivesse em frente à uma bomba e não soubesse desarmá-la.
 Após os primeiros segundos desconfortáveis para ele, ele percebeu que ela continuaria a chorar e que ele deveria fazer algo a respeito. Lentamente e com todo o cuidado, ele aproximou sua cadeira da dela, como se temesse fazer movimentos bruscos, e colocou os braços em volta dela, trazendo-a para seu peito.
 E como naquele momento um abraço era a única coisa que ela precisava, ela ignorou que ele fosse quem era e deixou-se molhar o ombro nu dele com suas lágrimas.

...

 Após algum tempo, Dulce ficou sem mais lágrimas e afastou-se do abraço de Christopher, sentindo-se um pouco envergonhada por finalmente perceber que ele estava sem camisa, mas sua dor de cabeça intensa por causa do choro impedia que o constrangimento fosse maior. Ele levantou e surpreendeu-a ao terminar o chá, enquanto ela tentava controlar os soluços e parar de fungar. Assim que ele colocou a xícara fumegante em frente a ela e se sentou novamente na cadeira tão próxima, ela soube que explicaria o que houve, independente do que dissera antes. Afinal, de qualquer maneira ele era o patrão e merecia uma explicação se ela realmente pretendia pedir alguns dias de folga para voltar para casa. Além disso, detestava o fato de tê-lo tratado tão mal – mesmo que ele tivesse merecido um pouquinho – porque era exatamente o que ela odiava que ele fizesse com ela.
 Depois do primeiro gole, ela pigarreou, tentando encontrar sua voz e limpá-la, controlando-se ao máximo para não ter outra crise de choro enquanto falava:
 – Minha mãe sofreu um acidente. Ela está em coma.
 – ... Eu sinto muito, Dulce. – e os olhos dele realmente turvaram-se de uma forma intensa que a fazia perceber que ele dizia a verdade e não apenas por dizer.
 – Obrigada. Eu nem sei o que... – ela sentiu o choro quebrar sua voz e tomou outro rumo. – Meu irmão precisa vir para perto de mim.
 – Entendo. Se precisar que ele fique aqui, disponha. Honestamente, o que você precisar é só dizer e já é seu.
 – Obrigada. – repetiu, sentindo-se tola, envergonhada e cada vez mais perto de voltar a chorar. – Mas acho que não será necessário. Ele está internado também, doente. Mas como eu sou a responsável por ele, seria bom trazê-lo para perto. Afinal, minha mãe... Não pode responder por ele no momento...
 – Entendo perfeitamente. Podemos colocá-lo no melhor hospital, no mais próximo, pagar médicos para cuidar dele em casa ou o que você preferir. É por minha conta, Dul. Deixe-me ajudá-la, por favor.
 – Não... Não é necessário. Você já me paga bem o suficiente; insanamente bem, na verdade. Acho que consigo cuidar das despesas.
 – Mas... Dul perdoe-me se isto soar indelicado, mas... agora são duas pessoas internadas, os gastos vão aumentar. Quero que sua família tenha o melhor tratamento. Você tinha razão quando disse que era eu quem estava devendo. Deixe-me pagar. Deixe que eu ajude. É o mínimo que posso fazer para compensar tudo o que você passa aqui... Às vezes eu esqueço, porque esta sempre foi a minha realidade, mas não deve ser nada fácil para você. E você faz tudo perfeitamente. – ele sorri, mas desta vez é um sorriso delicado, contido, ao completar usando as palavras dela: – Insanamente bem, na verdade.
 – Não, Christopher... Eu estava nervosa quando falei tudo aquilo. Tinha acabado de receber a notícia e descontei em você. Sinto muito por aquilo. Você não me deve nada. Você possibilita que eu cuide deles muito bem. Eu tenho as despesas sobre controle, não se preocupe.
 – Então vou te dar um aumento. Cem por cento, sem discussão. Ou isso ou você me deixa ajudar com a sua família. O que for melhor para você.
 – Não, realmente não precisa.
 – Ei, – ele alarga o sorriso. – eu sou o patrão. Isto não está aberto a discussão.
 – Obrigada... Nem em um milhão de anos eu vou poder retribuir isso. Significa muito, Christopher, de verdade.
 – Não agradeça, é bom fazer algo de útil para variar. Faz bem para o meu carma ou qualquer coisa assim.
 Ele riu e ela riu junto – um riso curto, baixo, simples – o primeiro sorriso naquela noite que ela achara que seria só de lágrimas, tristeza e preocupações. Na maior parte do tempo, era difícil lidar com as mudanças de personalidade de Christopher, mas em momentos como aquele, ela era extremamente grata que ele conseguisse ir de extremo canalha a totalmente adorável em um piscar de olhos.

...

 Na manhã seguinte, Dulce acordou com uma tremenda dor de cabeça e demorou alguns instantes para se lembrar da razão. Quando se lembrou, a tristeza voltou e ela sentiu vontade de voltar a dormir, porém, antes que sequer fechasse os olhos novamente, alguém bateu em sua porta.
 – Dul? – a voz de Taylor era mais baixa do que a que ela normalmente usava para acordar a amiga. – Está tudo bem?
 Estranhando a pergunta, uma vez que Taylor ainda não sabia sobre o acidente de sua mãe, ela se levantou e abriu a porta.
 – Ei, bom dia! – O sorriso de Taylor era solidário. – O que aconteceu? Cheguei há pouco e Christopher estava saindo para a empresa. Ele me pediu que preparasse o seu café e viesse checar como você estava... Quer me explicar?
 – Estou bem. Tive um problema familiar... Minha mãe teve um AVC e está em coma.
 – Oh, eu sinto muito! – ela abraçou a amiga. – Por que não me ligou quando soube? Eu teria vindo aqui em um piscar de olhos, independente da hora!
 – Não, tudo bem... Era tarde, eu fiquei limpando o quarto dos garotos até depois da meia noite. De qualquer forma, Christopher acabou fazendo esse papel.
 Taylor mordeu o lábio inferior. Obviamente estava lutando para não evidenciar os riscos de deixá-lo consolar alguém fragilizado. Mas como uma boa amiga, ela soube respeitar o momento de Dulce e não disse nada – e Dulce imaginava o quanto isso custava para ela.
 – Bom... Vamos ao trabalho?
 – De jeito nenhum, Dulce María! Você não está com cabeça para isso, trate de... não sei, fazer qualquer outra coisa.
 – Tay, eu estou ok. Eu preciso trabalhar, isso vai me ajudar a me distrair. Além disso, até Daniel me ligar, não tenho muito o que fazer.
 – Daniel? O seu homem misterioso e perfeito?
 – Ei, você é quem tem um “homem misterioso”. Eu tenho um amigo e ele se chama Daniel, nenhum mistério nisso. E sim, é ele mesmo. Aquele que eu pretendo arrumar para você no futuro...
 – Vai sonhando... – ela sorriu. – Mas então, o que o Sr. Perfeito tem para falar com você?
 – Ele é da minha cidade, está cuidando da minha mãe e vai passar no hospital em que meu irmão está internado. Pedi que ele visse o que precisava para trazer meu irmão para cá.
 – É verdade, esqueci que seu irmão também estava internado... Ele não está no mesmo hospital que a sua mãe? Não tem como transferir os dois para cá?
 – Não, não estão no mesmo hospital. E não quero arriscar trazer minha mãe, ela está conectada em muitos aparelhos; Poncho, não. Apesar de tudo, ele está bem melhor do que ela.
 Taylor parecia pensativa, mas Dulce apenas meneou a cabeça, espantando o assunto.
 – Sendo assim, vamos trabalhar.
 – Você que sabe. Mas se quiser parar ou precisar sair ou qualquer coisa...
 – Eu sei. Obrigada, Tay.

...

 Apesar de não estar em seu ânimo habitual, Dulce realmente preferia fazer algo útil para evitar enlouquecer pensando em sua família. Mas nem mesmo o trabalho do dia-a-dia conseguia distraí-la muito. Por fim, quando seu celular tocou, por volta das onze da manhã, ela correu para ler a mensagem, com Taylor atrás dela, também querendo notícias. No visor do celular, uma mensagem de Daniel, que em nada a acalmou: 
 “Tenho notícias do Poncho. Está podendo falar agora?”
 Desta vez Daniel sequer tentara disfarçar a urgência. Dulce virou para Taylor e com um olhar fez a amiga entender que precisava de um momento sozinha.
 – Por favor, assim que desligar venha me dar notícias, ok?
 – Obrigada, Tay.
 Tão logo quanto a amiga saiu do quarto, Dulce fechou a porta e retornou a ligação de Daniel.
 – Dulce, que bom que ligou!
 – Você é a pior pessoa do mundo para dar notícias, Dan. Conte-me logo!
 – Dulce, escute com atenção. Nós temos um grande problema em nossas mãos.
 Dulce sentiu um arrepio. Por que as coisas ruins sempre aconteciam ao mesmo tempo?
 – Dan... por favor...
 – Acordei cedo e vim até a clínica para saber o que era preciso para transferi-lo. – começou. – Primeiro a atendente tentou me convencer de que era uma má ideia e que podia afetar o tratamento, mas depois que eu expliquei a situação... Ela pediu que eu dissesse o nome do paciente para saber o estado dele, para ver qual seria o melhor método para fazer a transferência...
 – Pare de enrolar, pelo amor de Deus!
 – Ela disse que Poncho já está bem melhor. Ele teve alta parcial.
 – C-como assim?
 – Ele precisa seguir algumas normas, como ir à clínica uma vez por mês, entre outras coisas. Mas fora isso... Dulce, ele saiu. Ele disse lá na clínica que ia para casa. Eu te disse que ele estava com a sua mãe quando ela teve o AVC, não? Então, ele aproveitou para dizer que ia buscar algumas coisas e ia no hospital ficar com ela. Acho que ela foi buscá-lo quando soube da alta... De qualquer forma, após sair da clínica hoje, voltei na sua casa, sem saber como te contar isso... E percebi algumas coisas diferentes. Abri o guarda-roupa, já prevendo o que ia encontrar e de fato as roupas dele tinham desaparecido. Eu não faço a menor ideia de onde ele está!
 – O Poncho... simplesmente se foi?
 – É. Ele sumiu e não deixou nenhum recado, Dul.
 – Mas... Ele não pode ter ido longe, ele precisa voltar na clínica, não é?
 – Ele pode se apresentar em qualquer unidade, existem várias por todo o país!
 – Então...?
 – Então não temos a mínima pista de onde ele está. Desculpe, Dul, é tudo minha culpa... Eu não tomei conta dele, eu ainda tenho muito rancor, mas deveria tê-lo visitado com mais frequência, pelo menos para saber como ele estava... E talvez sua mãe tenha...
 – Não, não, Dan... Está tudo bem. Vou ver... Vou pensar em algo. Fique aí e cuide da minha mãe. E se o Poncho aparecer no hospital me ligue e ponha-me para falar com ele, por favor!
 – Claro, com certeza! Você me ligue se souber de algo, ok?
 – Ok. Você também.
 – Dul?
 – Sim?
 – Seja forte. E se cuide, por favor... – ele hesitou. – Sinto sua falta. Eu te amo muito, não se esqueça.
 – Também sinto sua falta, Dan. Cuide-se também, por favor. E mais uma vez obrigada por tudo, eu não sei o que faria sem você...
 – Você nunca terá que descobrir isso, prometo.
 – Obrigada. Mais tarde a gente se fala.
 – Até mais.

...

 Quando desligou o telefone, sentia-se fraca e perdida. Queria dividir aquilo com Taylor, queria ouvir alguém dizendo que tudo ficaria bem... Mas não queria ter que explicar toda a situação. Ainda havia partes da história que ela não queria contar, e não havia como esperar que a amiga simplesmente deduzisse – mesmo que ela tivesse certo talento para ler pessoas.
 Por um momento, se arrependeu de seus pensamentos na noite anterior. Tivera medo de colocar Poncho no apartamento luxuoso dos Uckermann, medo que ele causasse algum problema... Talvez tenha até sentido uma pontada de vergonha do irmão, talvez lá no fundo só quisesse distância dele e de tudo o que ele a lembrava. Porque no fundo, independente do que ela dizia a Daniel, ela também não fora forte o suficiente para ficar ao lado do irmão. Cada vez que olhava Poncho, lembrava-se de tudo. Por isso aceitara o emprego distante. A verdade é que, além do pagamento exagerado vir em ótima hora, ela também precisava daquele espaço, precisava estar longe o suficiente para seguir em frente, para que as memórias não a sufocassem e para que assim, quem sabe um dia, conseguisse olhar para o irmão sem sentir aquela pontada de raiva que tanto tentava esconder.
 Por outro lado, se Poncho estivesse ali, na cobertura duplex à beira-mar, ela saberia. Saberia onde ele estava, como estava, o que andava fazendo. Pelo menos poderia cuidar dele, ficar responsável pela medicação e garantir que ele voltasse a ser internado caso fosse necessário... Às vezes, não saber é uma benção. Às vezes ajuda que consigamos dormir à noite, mantendo-nos cegos para as verdades que não queremos ver. Mas outras vezes, não saber é pior do que tudo.
 Sem perceber, havia escorregado com as costas na parede, sentada agora no chão atrás da porta, com um nó na garganta. Céus, como ela sentia! Sentia raiva, sentia medo, sentia insegurança, sentia remorso, sentia tristeza... Ela sentia tudo, tudo ao mesmo tempo. E entre todos aqueles sentimentos, a saudade de sua pequena Laura era o que quase partia seu coração em dois.
 Quando deu por si, alguém batia em sua porta. Sem saber como havia começado, percebeu que seu rosto estava pegajoso por lágrimas, enquanto seus braços cruzados sobre seus joelhos flexionados seguravam o peso de sua cabeça dolorida. Por sua janela podia ver o sol, o que indicava que já passara do meio dia. Estivera naquele estado por pelo menos uma hora e sequer notara. Provavelmente Taylor quisera lhe dar espaço, mas já devia estar preocupada.
 Mais batidas na porta. Dulce sentia sua cabeça leve apesar da dor, como se estivesse observando seus próprios pensamentos através de uma névoa, angustiada, porém entorpecida demais para reagir. Não queria levantar, não queria permanecer daquele jeito tampouco. Simplesmente não queria nada. Se pudesse apenas desaparecer, faria isso de bom grado.
 – Dul? – era a voz de Christopher. – Se precisar ficar sozinha, tudo bem, mas pelo menos diga algo. Bata na porta uma vez se quiser que a gente vá embora. Eu... – ela ouviu a hesitação dele. – Taylor está realmente preocupada, disse que você está aí há horas.
 Ela queria dizer algo, mas não sabia o quê. Porque queria mandá-los embora, mas não queria ficar sozinha. Queria que Daniel estivesse ali. Ela o deixaria entrar sem pestanejar. Ele não pediria explicações e ela não sentiria vergonha de chorar. Ele a abraçaria e não perguntaria nada, porque ele sabia de toda a história; ele era toda a história. Porém se ele estivesse ali, quem ficaria com sua mãe? Ela não podia se dar ao luxo de querê-lo ali. Queria poder pelo menos querer isso, mas sabia que seria egoísmo de qualquer maneira. 
 Sendo assim, esforçou-se para levantar, e encarou a maçaneta por alguns segundos, ponderando. Finalmente, bateu uma vez na porta. Escutou o suspiro de Taylor e a voz da amiga trocando algumas palavras com Christopher, então ouviu passos se distanciando, embora só pudesse imaginar de quem fosse.
 – Dul? – Christopher chamara novamente, do outro lado da porta, e ela se surpreendeu um pouco que fosse ele quem tivesse ficado. – Taylor, er, foi buscar nosso almoço. Eu vou almoçar aqui, em frente a sua porta, se você não se incomodar...
 Talvez estivesse confundindo a voz, aquele não podia ser Christopher Uckermann, podia?
 – Quero dizer... – ele parecia constrangido, e abaixou o tom. – Eu sei como é. Não o que você está passando, seria injusto comparar a minha vida ou fingir que entendo os seus medos e dores. Mas eu sei como é precisar de alguém para conversar. Enquanto eu crescia, muitas vezes tudo que eu quis foi alguém que estivesse ali... Só para eu saber que não estava sozinho, sabe?
 Involuntariamente, sua mão foi à maçaneta e ela destrancou a porta, abrindo-a antes que desistisse. Ele, encostado no batente, assustou-se com o ato inesperado. Tentou arrumar a postura, mas parecia meio desconfortável. Ela deu espaço para ele passar e ele entendeu a deixa e atravessou o portal, parando sem jeito no meio do pequeno quarto, enquanto ela fechava novamente a porta.
 – A Taylor... – ela começou, tentando explicar. – Sei que ela se preocupa, mas... Eu não quero falar. Você entende, não?
 – Entendo perfeitamente.
 – Sei que daqui a pouco você já tem que ir embora, mas...
 – Ei, eu sou o dono da empresa. Posso chegar atrasado às vezes, sabe? Além disso, tenho os meus defeitos, mas sou bem pontual. Um atraso ou falta não prejudicará minha carreira. E... Você é mais importante. – ele desviou o olhar do dela, pigarreando. – Quero dizer, você está passando por muita coisa, seria desumano te deixar assim, sendo que posso ficar aqui, não é mesmo?
 – Christopher? – ela suspirou. – Não sou uma das suas mulheres iludidas, não precisa medir as palavras comigo. Você entende o que eu preciso agora, apenas seja isso e cale a boca, pode ser?
 Ele sorriu largamente, parecendo totalmente aliviado.
 – Claro. Estou à sua disposição.
 Então ela se sentou na beirada da cama e ele sentou-se cuidadosamente ao lado dela. A princípio parecia meio estranho, constrangedor, mas ele finalmente pegou a mão dela e ela encostou a cabeça no ombro dele.
 – Distrai-me. – pediu ela após outro período de silêncio.
 – Perdão?
 – Fale sobre algo. Qualquer coisa. Apenas distrai-me... por favor?
 – Sobre o que eu devo falar? – ele riu.
 – Poupe-me, Christopher. – ela forçou um sorriso. – Não vai me dizer que você é um tremendo mulherengo sem ter uma ótima de uma lábia? O que você fala nos seus encontros?
 Ele sorriu. De fato, tinha um arsenal preparado para as mulheres... Mas eram coisas prontas, nada realmente importante, nada pessoal. Pensando em retrospecto, era até um pouco vergonhoso. Ele jamais imaginara contar aquelas histórias para ninguém, porque por mais ridículo que um flerte seja, entre as duas pessoas que tão flertando não parecerá tão absurdo quanto para alguém de fora. Mesmo assim, ele precisava deixar o orgulho um pouco de lado e ajudar Dulce, afinal, ela o ouvira naqueles dias antes da festa, enquanto ele abria o coração sobre coisas dolorosas... Agora era a vez de ele retribuir. Então, logo se viu fazendo o impensável e contando seus piores e mais trágicos encontros, adicionando uma pitada extra de vergonha, apenas o suficiente para arrancar sorrisinhos e logo gargalhadas de Dulce.
 Naquela tarde Christopher entendeu a visão dos outros sobre ele. Passou tanto tempo contando histórias – e apenas dos encontros ruins! – que realmente parecia um canalha incurável. Quando foi que ele se tornou esse cara? Não costumava ser quase um romântico? Entretanto, era a primeira vez em anos que tinha uma conversa tão natural com uma mulher, muito melhor que todos aqueles encontro lamentáveis que ele narrava. Entre lembranças e risadas, o sol foi descendo no céu e ele se esqueceu da empresa, se esqueceu do mundo e ficou lá, trancado no pequeno quarto de sua empregada, observando as reações dela a cada coisa que ele dizia. Aquilo era estranhamente prazeroso, divertido... Depois de horas, embora tenham parecido minutos, Taylor bateu na porta do quarto, fazendo os dois se sentaram na cama de um pulo, sem sequer lembrar quando tinham deitado.
 – Ãhn... – ela hesitou, do outro lado da porta fechada. – Odeio atrapalhá-los, mas... Temos visita.
 – Quem? – Christopher perguntou confuso.
 – O porteiro interfonou... Ele disse que Poncho está aqui para ver a Dul. Eu mandei subir, é claro.
 – Céus! – Dulce levantou, saindo da cama e arrumando-se, enquanto ia em direção à porta. – É ele, Tay?
 – Acredito que sim. Só nós três sabemos sobre isso, não?
 – Como raios ele conseguiu este endereço?
 – Não sei, Dul, mas ele deve estar chegando. Vamos ao hall recebê-lo, acalme-se.
 E assim as duas saíram, esquecendo-se de Christopher, ainda sentado na cama, tentando entender porque ficara incomodado com a repentina interrupção. Contudo, ele logo se recompôs e foi até o hall conhecer o famoso Alfonso.
 No exato momento que Christopher entrou no hall, o elevador que saia dentro do apartamento indicou o número vinte e um e em seguida as portas se abriram, enquanto um rapaz de corpo definido, cabelos escuros e bagunçados saia com um sorriso torto.
 – Irmãzinha! – ele alargou o sorriso e esticou os braços na direção de uma Dulce incrédula.
 Sem esperar que ela corresse até ele, ele foi até ela e pegou-a no colo, girando-a em um abraço de urso.
 – Como eu senti sua falta, Dulce!
 – Está me esmagando, Alfonso! – ela reclamou e ele riu, colocando-a novamente no chão.
 – Perdão. Mas realmente senti saudades, irmãzinha. Você... – ele ficou sério. – Você não foi me visitar, Dulce. Nenhuma vez desde que eu fui internado. Um pouco injusto, não acha?
 – Injusto? – ela deu uma risadinha irônica. – Você quer mesmo falar sobre injustiças, Alfonso? Comigo? Sério?
 – Dul... – o olhar dele parecia alertá-la de algo, mas ele logo desistiu do que quer que fosse, quando se virou para os outros presentes. – Não vai me apresentar, mana?
 Dulce fechou os olhos e respirou profundamente, então fez o que o irmão pedia.
 – Como vocês sabem, este é meu irmão, Poncho. Poncho, essa é Taylor, minha colega de trabalho e nova amiga. – apontou, enquanto ele ia cumprimentá-la com um beijo no rosto e um aperto de mão. – E esse é meu patrão, Christopher Uckermann.
 Alfonso deu um passo para trás, soltando a mão de Taylor para melhor analisar o homem que Dulce apresentara. Ele mediu Christopher de cima a baixo, de forma meio arrogante, depois olhou para Taylor e novamente para a irmã.
 – Suas roupas estão amassadas. – assinalou.
 – Como é?
 – As suas roupas, irmãzinha. Estão amassadas. Assim como as do seu patrão. Mas as da sua colega não estão. 
 Dulce olhou para o teto, suspirando. Fazia tanto tempo que não via o irmão em seu estado normal, que se esquecera completamente do quão observador – e consequentemente inconveniente – ele podia ser.
 – Alfonso...
 – Não, não é da minha conta. Se eu fosse rico, também contrataria empregadas bonitas e ficaria com elas. Longe de mim julgar...
 – Respeite-nos! – Dulce sibilou irritada.
 – O que, vai me dizer que estou enganado? Ele não faz o seu tipo, Dul? Porque ele até lembra um pouco o idiota do seu melhor amigo, por quem você teve uma quedi...
 – Eu e o Daniel nunca tivemos nada e você sabe muito bem disso!
 – É. Mas deviam ter tido. – ele rebateu amargurado e ressentido, enquanto seu tom ia ficando mais irritado: – Você gostava dele, não? Você era a pessoa perfeita para ele. Você! E é por isso que eu culpo você, Dulce. Por tudo! Tudo que deu errado na minha vida é culpa sua! E você nem ao menos me visitou quando eu fiquei internado! 
 – Ei, ei! – Christopher se colocou entre os dois, porque Poncho não parecia muito equilibrado. – Não fale nesse tom com a sua irmã.
 – E quem você acha que é, playboyzinho?
 – E quem você acha que é? Você está na minha casa. E será bem-vindo aqui por quanto tempo precisar, mas vocênão vai falar assim com ela.
 Foi a vez de Poncho rir sarcasticamente. 
 – Ela vai tirar tudo de você, cara, assim como ela fez comigo. E ela não vai nem se importar com isso. – ele olhou para a irmã com rancor. – Você contou para eles, irmãzinha? Contou para a sua nova família riquinha a sua história?
 – Cala a boca, Poncho!
 – Ei, não se preocupe... Eu também não tenho mais estômago para reviver isso. Eu vim aqui para perdoá-la, mana. Não hoje, mas eu vou. Prometo.
 – Você é inacreditável...
 – Tenho a quem puxar, não é? – ele virou para Christopher. – Não se preocupe com ela. Ela é minha irmã. Mesmo quando eu a odiei com todas as minhas forças, eu nunca toquei em um fio de cabelo dela... Não será agora que eu vou começar. Não sou esse tipo de homem. E obrigado, vou aceitar sua oferta de hospedagem. Qual o maior quarto disponível? Quem diria, eu em um apartamento de luxo em frente à praia! – ele riu e virou para Taylor. – Posso te incomodar pedindo que me ajude a me instalar? Só tenho essa bolsa com algumas roupas, mas...
 – Eu... – Taylor olhou para Dulce, mas essa mantinha os olhos no chão, então olhou para Christopher que acenou para que ela o levasse para o quarto hóspede. – Sem problemas. É por aqui...
 Assim que os dois saíram do hall, Christopher se virou de frente para Dulce.
 – Não quero forçá-la a contar o que você não quer dizer... Mas o que raios foi isso, Dul?
 Ela encarou os olhos dele por um segundo, com dor em seus olhos. 
 – Então não me force, Christopher. E obrigada... por tudo.
 E saiu em direção ao quarto, sem dizer mais nada, deixando-o sozinho e confuso outra vez.



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Autor(a): akcardoso

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 Poncho estava lá. Tudo que Dulce conseguia pensar, trancada no pequeno banheiro de seu quarto, era que Poncho estava lá. É verdade que aparentemente ele estava bem. Bem melhor do que da última vez que o vira, de qualquer forma, afinal isso já fazia quase dois. A essa altura a poeira entre eles deveria ter baixado, n&at ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 447



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  • vondyfforever Postado em 25/05/2016 - 18:56:22

    Eeeei volte

  • ✌Ask✌ Postado em 05/10/2015 - 02:19:30

  • #Pequena_Girl Postado em 20/08/2015 - 19:03:06

    Por que você não continua????

  • jhessyvondy Postado em 18/08/2015 - 01:54:13

    Dulce só pode estar louca de ir falar coma BBelinda , deixa ela saber que a Belinda tem parcela de culpa na parte dela ir embora , ai chorei com a história do Guilherme tadinho , cara ficarei bem feliz se o Christopher desse atenção pra os filhos , pq tenho quase certeza que vondy não voltar a ficar junto por um tempo :((((( cooontinua

  • #Pequena_Girl Postado em 16/08/2015 - 21:03:05

    Oi leitora nova gatita a fanfic eh vondy quer dizer no final de tudo ele vai ficar com a Dul neh

  • vondyfforever Postado em 14/08/2015 - 14:57:32

    Que bom que vc voltoooo! Amandooo postaa maiss! Que bom que eles estao se entendendoo! *-*-*-*-**-*-*-*--*-**-

  • jhessyvondy Postado em 14/08/2015 - 14:45:31

    UAL que bom qe você voltou . Naomi ra viva ? Não creio , adorei os vondys nesse astral lindo , cooooontinu

  • PamLopes Postado em 14/08/2015 - 12:05:43

    Ainda bem que vc voltou a postar adorei....continue

  • vondyfforever Postado em 09/02/2015 - 01:11:37

    Omg! Serioo nao intendi muitok o fiNal estou confusa era o Christopher que ela estava falandoAi meu deus ansiosaa para a parte 2 e ve no que vai dar. Postee logooo

  • luanavondy Postado em 08/02/2015 - 23:39:15

    ansiosíssima pela parte 2.quantas emoções eu não esperava por isso. qual será o destino dos personagens? Posta mais!! estou muito feliz por vc ter voltado a posta. amo sua web


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