Fanfics Brasil - Capítulo 13: Árvore genealógica Uckermann ♥

Fanfic: Uckermann ♥


Capítulo: Capítulo 13: Árvore genealógica

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  Poncho dizia estar recuperado, mas Dulce duvidava seriamente disso. E temia pelo irmão. Muita coisa estava acontecendo desde que ele tivera alta – a mãe internada, a mudança drástica de casa, as desconfianças que geraram alguns atritos e ofensas... E, como se não faltasse nada, agora ele saíra com Anahí Uckermann! Logo Anahí, conhecida por ser a ex-mulher desequilibrada de seu patrão, aquela que quebrava as porcelanas, gritava e tinha um ciúme doentio.


  Por que não impedira seu irmão de entrar naquele elevador? Afinal, ela era responsável por ele naquele momento e se algo acontecesse a culpa seria toda dela.


  – Tudo bem – Taylor finalmente falou, após alguns segundos de perplexidade. –, perdoe-me amiga, mas este é o casal mais bizarro que eu poderia imaginar. Ironicamente, acho que eles combinam perfeitamente.


  – Nem brinca. Eu não deveria tê-lo deixado sair...


 – Você não poderia mandar nele, ele é um adulto e sabe o que faz, Dul.


  – Nem tanto. Mas acho que devo me consolar com o fato de ele não estar sozinho, pelo menos.


  – Desde quando Anahí é uma companhia reconfortante?


  Dulce arregalou os olhos em alerta para Taylor, indicando Lucas, que abraçava a cintura da amiga, tentando esconder as lágrimas.


  – Desculpa, meu amor. – Taylor pediu desconcertada. – Eu não quis falar mal da sua mãe, é só que...


  – Ela não se despediu. – respondeu ele em um fio de voz, ainda escondendo o rosto.


  As duas mulheres se entreolharam, sem saber o que fazer. De fato, Anahí era tudo, menos uma acompanhante confiável e que pudesse ser reconfortante para Dulce. Ainda assim, era só o que tinha, portanto, só podia torcer para que fosse o suficiente.


  – Ela estava brava conosco, Lu. – Dulce tentou contornar a situação. – Chateada por seu pai não ter lem... tido tempo; tido tempo de buscar vocês. Você sabe que ela te ama, não é? Ela é sua mãe, apesar de qualquer coisa, ela te ama.


  Lucas soltou lentamente a cintura de Taylor e olhou para Dulce, ainda com os olhinhos úmidos.


  – Você acha mesmo?


  – Toda mãe ama os filhos. Mesmo que não mostre isso o tempo todo, ou que às vezes dê broncas... Elas amam seus filhos.


  Taylor fez uma cara de “isso não é bem verdade”, mas Dulce calou-a com um olhar.


  – Vá dormir, Tay. Amanhã é o seu aniversário e seu dia de folga, portanto, você tem que estar descansada para aproveitá-lo ao máximo. Eu cuido dos garotos, não se preocupe.


  – Tem certeza?


  – Absoluta. – Dulce pegou a mão de Lucas e ia conduzi-lo para sala, quando virou-se, lembrando de acrescentar algo: – E faça o que fizer, ignore o Sr. Ex-Perfeito-Atual-Babaca, ok?


  Taylor deu um sorrisinho, embora não parecesse muito convencida.


  – Certo, vou tentar.


 


...


 


  Dulce e Lucas foram para a sala, onde encontraram Guilherme jogando videogame. Lucas correu para sentar-se ao lado do irmão, e já ia pegando o outro controle, quando Guilherme lhe deu uma cotovelada.


  – Nem se atreva, pirralho!


  – Gui! – Dulce reclamou. – Que modos são esses? Primeiro você passou direto por mim e pela Taylor, sequer olhou para a sua mãe e agora trata o seu irmão assim? Não vou admitir isso!


  – Você não é minha mãe, você não é nada minha. – retrucou, sem tirar os olhos da tela.


  Dulce sentiu-se um pouco ofendida pela frieza do garoto. Embora ele tivesse lá sua razão, ela se sentia responsável por aqueles dois. Em uma família como aquela, ela não confiava muito nos outros para cuidar deles.


  – Não é por isso que você pode me desrespeitar. Eu sou mais velha que você, e sou eu quem manda quando seus pais não estão. E agora eu estou mandando você desligar a tevê e pedir desculpas ao seu irmão.


  O garoto pausou o jogo e virou-se para ela, irritado.


  – É tudo o que você sabe dizer, né? “Peça desculpas ao seu irmão”. Toda vez é a mesma coisa, sempre o pobre coitado do Lucas, só porque ele é um maria-mole chorão, eu levo a bronca. Ninguém nunca se importa comigo!


  Imediatamente após as palavras saírem da boca do menino, ele pareceu se arrepender de tê-las dito e desviou rapidamente os olhos.


  – Guilherme, o que está acontecendo?


  – Nada. – respondeu ele rápido demais. – Quer saber, eu acho que já vou para a cama...


  – Não vai não. – disse ela, segurando o braço do garoto, que já tinha se levantado.


  – Você está me machucando!


  – Eu mal estou te tocando! – ela suspirou e ergueu as mãos, em sinal de redenção. – Pronto, agora nem estou mais te tocando mesmo. Melhorou?


  – Eu vou dormir.


  – Você pode ir, mas você sabe que não quer.


  – Como é que é?


  – Você já tinha dito isso antes. E você está sendo malcriado. E eu já te soltei. Se você quisesse mesmo ir, já teria ido. Mas você não quer, e eu também não quero que você vá. Eu quero conversar com você. Não um adulto fazendo uma criança parar de birra e contar o que está acontecendo. Eu quero apenas conversar... Você estava certo quando disse que eu não sou nada sua. Não posso te dar bronca, nem te colocar de castigo; isso é tarefa dos seus pais. Mas eu quero ser sua amiga, e amigos conversam.


  – Eu não quero conversar com você.


  – Por que não? Eu sou ótima para ouvir...


  – Você é uma garota. – ele fez careta. – E, além disso, o pirralho é fofoqueiro.


  – Para de me chamar assim! – Lucas reclamou, ainda sentado no mesmo lugar observando a conversa.


  – Ahn... Certo. Lu, escolha um livro pra eu ler para vocês, pode ser?


  – Eu não quero ir lá em cima! Eu quero saber o que o Gui vai dizer!


  – É feio ser curioso, Lu, você sabe disso. Vá lá e pegue o livro de contos de fadas que eu comecei a ler para vocês na semana passada, ok?


  – Ok... – respondeu contrariado, levantando-se e saindo arrastando os pés.


  – Bobão.


  – Guilherme! – olhou com censura para o garoto, que se sentara ao seu lado no sofá.


  – Tá bom, tá bom... Eu vou pedir desculpa quando ele voltar...


  O garoto revirou os olhos e cruzou os braços novamente.


  – Vai me contar o que está acontecendo, ou quer esperar o Lucas voltar?


  – Eu não queria te contar, mas pra quem mais eu vou contar?


  – Nossa, obrigada, fico muito feliz de saber que sou a sua última opção! – ela riu, fingindo-se de ofendida.


  – Não é isso, Dul... – ele abaixou os olhos. – E me desculpa por falar com você daquele jeito... Você não é família, mas é muito melhor que qualquer um deles.


  – Não fale assim...


  – É verdade. Eu já falei para a minha mãe e para o meu pai que eles não se importam comigo, e você sabe o que eles fizeram? Minha mãe me ignorou, como sempre, e meu pai disse que aquilo era bobeira e se eu falasse isso de novo, ficaria sem mesada por dois meses. Você foi a única que se importou.


  – Os seus pais são ocupados...


  – E você não é? Eu não sou criança, Dul.


  Dulce segurou o riso, afinal, o garoto ainda estava a quase três meses de completar nove anos.


  – Além disso, minha mãe não faz nada. Tipo, não trabalha. Ela só vai para festas, baladas, saí com as amigas, com um monte de caras, com o papai... Mas não trabalha. E ela arruma tempo pra tudo, mas nunca teve tempo para mim.


  – Pare de falar assim dos seus pais e desembuche de uma vez: o que está acontecendo, Gui?


  – Tem uma... menina.


  Dulce não conseguiu evitar o sorriso que se formou em seus lábios e Guilherme arrependeu-se imediatamente.


  – Viu? Não dá pra falar com você, Dul!


  – Eu vou me comportar, juro! – disse ela, beijando os dedos em cruz.


  O garoto hesitou, desconfiado, mas cedeu.


  – Eu gosto dela.


  – E ela?


  – Ela gosta de mim também.


  – Isso é ótimo!


  – Isso é péssimo!


  – Por quê?


  – Por quê?!


  – Você gosta dela, ela de você... Como isso pode ser ruim, meu amor?


  – Você não entende?


  – Não.


  – Dul!


  – O quê?


  – Esquece, vai...


  – Não, me explica, Gui! Como é ruim que você goste da garota e ela de você?


  – Você é garota...


  – Pare de falar isso como se fosse ruim.


  – E é! Você mandou o Lucas pegar o livro de contos de fadas! É assim que as garotas são, elas acreditam nessa baboseira toda.


  – Baboseira?


  – “Felizes para sempre”. Isso não existe! Não é assim no mundo real...


  – Você é novo demais para um pensamento desses.


  – Mas é verdade, né? Olhe os meus pais, eles se casaram e não tiveram um “felizes para sempre”. Essas coisas não acontecem na vida real. Na vida real o casamento perfeito vira briga e então termina. Eles podem até ficar “felizes por enquanto”, mas com certeza não dura para sempre. Isso é baboseira!


  – Claro que não!


  – E você, com meninice, acha que eu estou errado... A Marcela disse que gostava de mim. Eu disse que não era tão simples, e ela disse que era sim, como nos contos de fadas! – ele revirou os olhos. – Garotas...


  – Gui, você tem oito anos. Perdoe-me, mas quão difícil pode ser o namorinho de vocês?


  – Agora você é uma garota e uma adulta! – ele se lamentou.


  – Perdão, mas estou tentando entender porque você está assim.


  – Porque gostar de alguém é ruim, Dul! Alguém sempre se machuca, alguém chora, alguém grita. É ruim!


  – Gui... – Dulce estava triste em ouvi-lo falar daquela forma.


  – Você sabe qual é a minha primeira lembrança?


  – Perdão?


  – A primeira coisa que eu lembro, a memória mais antiga? Eu lembro das coisas quebrando quando a minha mãe jogava na parede tentando acertar o meu pai. Ela gritando e chorando e ele irritado, andando de um lado pro outro e gritando de volta. O Lucas só chorava... Acho que o barulho o assustava, ele era só um neném na época... Mas eu lembro de olhar pela frestinha da porta, ver os dois brigando feio mesmo. E escutar então? Acho que até os vizinhos ouviam! E eles nem ligavam pro pirralho abrindo o berreiro. Nenhum dos dois. Daí eu escalava a grade do berço dele e deitava lá dentro com ele. Abraçava ele e ele se acalmava até que a gente pegava no sono de novo, mesmo com a gritaria. No dia seguinte, sabe o que acontecia, Dul? Minha mãe brigava comigo. Ela lembrava de ouvir o Lucas chorar, mas como não tinha ido ver na hora, não sabia porque ele estava chorando e achava que era culpa minha. Ela achava que eu entrava no berço para machucar ele ou sei lá. Eram eles que machucavam o pirralho. Eram eles. Mas eles sempre jogaram a culpa em mim. Tipo, sempre mesmo. Minha mãe realmente chegou a dizer uma vez que nós dois éramos culpados das brigas dela com o nosso pai. E nenhum dos dois nunca pediu desculpa por eu acordar com os gritos deles brigando, nem por nada daquilo. Um dia eles simplesmente se separaram. E quando eles me contaram, confesso que fiquei aliviado.


  Enquanto o garoto falava, Dulce se lembrava das brigas dos próprios pais. Conhecendo as sensações que ele descrevia, só podia sentir ainda mais pena por ele. Então, sem conseguir pensar no que dizer para amenizar a situação, apenas o puxou para um abraço. Guilherme chorou, o que a surpreendeu, mas ela não disse nada, apenas deixou-o chorar. Ele se conteve rápido e tentou fingir que nada aconteceu.


  – Ele não lembra de nada, o pirralho... não vá fofocar, hein? Ninguém sabe que eu lembro disso, tá?


  – Será nosso segredo, não se preocupe.


  – Agora você entende? Porque é uma droga o lance com a Marcela? Se só eu gostasse dela, seria só ilusão e pronto. Mas ela também gosta de mim.


  – Vocês são muito novos, Gui... Dê tempo ao tempo.


  – O que isso quer dizer?


  – O que você quer que aconteça.


  – Eu não sei, oras.


  – Por que você não vive o seu “felizes por enquanto” então?


  – Porque não pode ser pra sempre. Pra que ser só por enquanto, se eu sei o final? E o final é uma droga. Não vale o “por enquanto”.


  – Essas coisas, Gui... Todos os pais são assim. Os meus pais brigavam. Acredite, eu vi coisas até piores do que você viu!


  – Os seus pais não se separaram?


  – ... A questão não é essa!


  – Viu?!


  – Os seus avós não se separaram. – emendou, desesperada por mudar a visão do pequeno.


  – Ãhn?


  – Acho que seu pai nunca te contou, porque ele acha que você é criança... Se ele te visse como eu te vi hoje, se ele soubesse dessas coisas que você sabe, ele te diria. E é por isso que eu vou te contar, mas você não pode nem sonhar em dizer pra ele, muito menos dizer que fui eu quem te contei, ok?


  – Ok.


  – Seu pai também passou por isso. Ele também viu os pais brigarem...


  – Meus avós nunca brigam. – duvidou ele.


  – É um tipo diferente de briga. Mas tão ruim quanto, talvez até pior. Pelo menos você sabia que tinha uma briga feia acontecendo, o seu pai não sabia. O que ele sabia, ou pelo menos achava que sabia, era que a culpa era dele. Então é, talvez ele não seja o melhor pai do mundo, mas ele se separou da sua mãe justamente para você ter esse alívio que você disse que sentiu; um alívio que ele quis na sua idade, mas que não teve. Ele está tentando ser melhor que os pais dele, mas nunca é fácil... Na minha família também. Meu irmão e eu tentamos ser melhores que os nossos pais, mas muitas vezes cometemos os mesmos erros deles. E eu não sei a história da sua mãe, mas é bem capaz que seja parecida. Então você tem que continuar tentando, meu amor. Tentando ser melhor. Porque um dia você será pai, e você tem que lembrar disso tudo, para tentar dar algo melhor a eles. Uma família melhor.


  – Não vou querer ter filhos.


  – Claro que não, agora não é mesmo momento de pensar nisso. Mas um dia você os terá e você vai se lembrar dessa conversa. Então, por favor, quando isso acontecer, lembre-se de ser melhor. Ok?


  – Que seja...


  Ela sorriu, mas ele ainda parecia confuso e perturbado. Mas antes que voltassem a conversar, Lucas apareceu ofegante, com um livro na mão.


  – Eu tive que revirar o quarto todo – avisou ele. – E o livro estava lá em cima, então tive que subir na sua cama, Gui... Acho que quebrou.


  – Ah, seu pirralho! Se for verdade, tu tá ferrado! – ameaçou e o irmão riu travesso.


  – Aqui o livro, ó, Dul.


  – Certo, sentem-se aqui, cada um de um lado para ouvir a história.


  – Contos de fadas são bobeira.


  – São eles que nos dão esperança de que finais felizes podem acontecer.


  – Mesmo assim, eu sei ler, se eu quiser eu leio sozinho... – Guilherme revirou os olhos.


  – Deixa de ser chato, Gui. Venha cá e pare de reclamar!


  Ele revirou os olhos novamente, mas se aconchegou ao lado da empregada, o irmão indo sentar-se ao outro lado dela, que abriu o livro para começar a história de onde havia parado.


 


...


 


  Christopher odiava sentir que não tinha paz em sua própria casa. Isso já acontecera durante praticamente todo o primeiro casamento, afinal. Quem Poncho achava que era para chegar falando daquela forma? Ele que não começasse a tomar as liberdades com as mulheres... Christopher nunca fora de briga, mas arrumaria uma se fosse preciso.


  Já na rua, ele pensou em ir para um bar e simplesmente beber. Não era um hábito, mas ele fazia isso às vezes, quando ficava muito incomodado com algo. Começara quando descobriu da gravidez de Anahí e foi forçado a casar, é claro. Quando o casamento beirava ao final, ele teve outra noite dessas, procurando uma resposta no fundo de um copo de álcool. Houveram algumas outras ocasiões de bebidas solitárias em sua cobertura, mas nunca mais pisara em um bar... Não, aquilo era para preocupações extremas. Havia outra rota de escape. Belinda.


  – Boa noite – ele sorriu para o porteiro do prédio da amante. –, poderia avisar a Belinda que Christopher Uckermann está aqui para vê-la, por favor?


  – Sim, senhor. – disse o homem, pegando o telefone e interfonando para o apartamento 1103. Finalmente, ele desligou e voltou-se para Christopher novamente. – Ela vai atendê-lo, senhor. Pode subir.


  Christopher sorriu para o homem e entrou no elevador, apertando o botão de número 11. Com a fama de Belinda, ele se perguntava como ela sempre estava disponível quando ele ia ao prédio. Sabia que chamá-la de prostituta era exagero – cometera esse erro recentemente, o que levou a uma desnecessária briga pós-sexo –, mas também sabia que não havia tanta diferença assim, afinal, ela só era capaz de se sustentar graças aos presentes que seus amantes lhe davam. Não havia como ela negar isso, mesmo que quisesse. Por outro lado, pensando bem, não seria impossível acreditar que ela cancelasse qualquer outro compromisso por ele.


  O problema com Belinda era a história deles. Eles se conheceram quando ela tinha catorze e ele dezesseis. Naquela época, ela era muito nova para ele, mas não conseguia aceitar isso. Nos oito anos que se passaram desde então, ela nutriu aquela paixão que ele nunca retribuiu. Às vezes, em suas raras crises de consciência, ele se sentia mal pelo que fazia. Usava-a para esquecer, mas também usava-a para lembrar e, honestamente, não sabia qual das duas coisas era pior. Porque Belinda também sabia daquilo. Podia manter as esperanças, mas no fundo sempre soubera que ele nunca a amaria de volta, jamais sentiria por ela o que ela sentia por ele... Ela era a que estava ali, a que sempre estivera. Mas ele nunca pediria que ela ficasse, porque se ela fosse embora, a verdade era que não faria tanta falta assim. Então quem era mais culpado: ele que a iludia, ou ela que se deixava iludir?


  As portas se abriram no hall do apartamento e Belinda o esperava com o roupão de seda aberto, mostrando a lingerie, o que o fez se perguntar se ela nunca usava mais do que roupas íntimas no apartamento.


  – Finalmente! – ela sorriu, passando os braços no pescoço dele e beijando-o perto da boca, tentando provocar. – Mas alguns dias e eu não o perdoaria.


  Até parece...


  – Beli...


  – Estou falando sério, Ucker, da próxima vez que aquela mulherzinha me tratar daquele jeito... Enfim, só espero que tenha colocado a empregadinha no lugar dela.


  – A Dulce está passando por um momento difícil... – respondeu automaticamente, embora já tivesse quase esquecido da situação na qual se encontraram pela última vez, quando Dulce e Belinda discutiram e ele acabou expulsando a amante para consolar a funcionária.


  – Problema dela. Todos têm problemas, isso não dá o direito de ela agir daquela maneira. Mas deixemos isso para lá, não quero falar dela... Já pensou em como vai me recompensar?


  – Te recompensar?


  – Claro! Você me expulsou aquele dia! E antes disso me ofendeu na minha própria casa. Ou acha que eu me esqueci? Você tem dado uma mancada após a outra, sr. Uckermann...


  – Eu ainda não pensei nisso...


  – Bom, pois espero que pense e pense bem. Você me deve, Ucker.


  – Podemos não falar sobre isso agora? Podemos não falar sobre nada?


  – Seus desejos são ordens aqui. – ela riu e finalmente o beijou de verdade.


  Christopher sorriu entre os beijos e carícias da amante que o conduzia para o quarto.


  – Hm... Você não sabe o quanto eu estava precisando disso, Dul...


  Belinda mordeu o lábio dele com mais força do que o pretendido ao ouvir aquele nome e os dois se separaram imediatamente.


  – Ai, Beli, essa doeu! – resmungou ele levando a mão à boca, sentindo um leve gosto de sangue. – Como eu vou explicar <i>isso</i> para a Maite?


  – Do que você me chamou? – ela ainda estava imóvel, olhando-o sem acreditar.


  – Do que você está falando?


  – “Dul”. – ela disse como se o nome tivesse um gosto amargo ou lhe causasse náuseas. – Você disse “Dul”.


  – Não seja paranoica – pediu. –, é claro que eu não disse isso. Eu saberia se tivesse dito. Além disso, por que eu trocaria o seu nome logo com o dela?


  – É exatamente o que eu quero saber. Porque eu já perdoei muitos “Anahí”, já ignorei alguns “Maite” e fingi nem ouvir os outros não sei quantos “Laís”, “Mayara”, “Cibele”... Você já me chamou até de Naomi e eu perdoei, Ucker! Mas a empregadinha ridícula que me expulsou da sua casa?! Você realmente não tem limites, não é?!


  – Ah, limites? Você vai querer falar de limites comigo, Belinda? Por favor, poupe-me, né?! Olhe para você!


  Ela se calou, engolindo todos os xingamentos que queria jogar nele. Quando falou novamente, sua voz era pouco mais alta que um sussurro, cansada e derrotada:


  – E é isso que eu ganho por aguentar tanto há tanto tempo...


  – Beli... Por favor! Vamos, estávamos no meio de uma reconciliação! Eu preciso disso, eu preciso de você...


  – Não, você não precisa de mim. Você precisa de qualquer uma que te distraia, e você sabe que eu sempre vou estar te esperando como uma idiota. Você sabe que eu nunca digo não, que eu sempre abro as pernas e sempre deixo qualquer coisa de lado por você. Você sabe que é só abrir a boca e eu já sou sua, que é só você me olhar e eu já me rendo. Você sabe que eu te amo desde a primeira vez que te vi e sempre te amarei, Christopher! E você se aproveita disso sempre que lhe convém. Mas você não se importa em me descartar se algo melhor aparecer, você não se importa em tentar me conhecer, em tentar me ver como mais do que a prostituta de luxo que você se convenceu de que eu sou. Porque você é um covarde, que tem medo de sentir. Você escolhe sempre as mulheres erradas, porque sabe que assim seus relacionamentos sempre vão seguir o rumo inevitável e terminar! Você tem medo de compromisso, você tem medo de se aproximar das pessoas e vê-las mais como seres humanos do que como máquinas de sexo, porque da única vez que você isso, você se machucou! Mas sabe de uma coisa? Já fazem quase dez anos! É hora de seguir em frente, Christopher. É hora de tentar construir um relacionamento com alguém que não seja uma maluca obsessiva como a Anahí, ou uma viciada em trabalho sem tempo para você como a Maite. É hora de você abrir os olhos e ver que a única que sempre esteve do seu lado já está farta de ficar na sombra das outras mulheres que você arruma. Eu estou cansada de ser a outra, sempre a outra, e apenas a outra. De nunca ser escolhida, de sempre ser esquecida, de sempre ser usada e humilhada por você.


  – Belinda... – ele começou cautelosamente. – Você está nervosa, eu entendo. Mas não diga mais nada, nós vamos conversar quando você se acalmar e você vai ver que está reagindo exageradamente a um mal entendido...


  – Mal entendido? Você disse o nome da empregada!


  – Não foi a primeira vez que eu disse o nome de <i>uma</i> empregada.


  Ela soltou uma risada irônica, incrédula que ele achasse que tal argumento fosse realmente contribuir na defesa dele.


  – Beli, me escute. Nós vamos para a Europa, ok? Não era o que você queria? Nós iremos. No próximo feriado prolongado, só eu e você. Eu prometo, mas pare e pense bem por um minuto...


  – Saia. Da. Minha. Casa. Christopher. – sublinhou ela, fechando os olhos. – E não volte. Não volte, porque não vai adiantar. Eu não quero mais te ver.


  – Nós dois sabemos que você quer.


  Ela abriu os olhos, ultrajada.


  – Exatamente por isso eu não vou. Porque você é um idiota, estúpido e imaturo. E eu estou cansada. Pra mim, já deu. Chega! Eu não quero mais te ver, porque eu cansei de ser a sua última opção, a reserva na falta de algo melhor. Então, se um dia você quiser vir aqui, ótimo. Mas venha com flores e chocolates e esteja vestido para me levar para sair. Eu não vou mais ser a sua diversão.


  – Qual é, Beli!


  – Eu quero tudo! Você não entende mesmo? Eu não quero você só para farra e diversão, algumas horas, um fim de semana prolongado? É pouco para mim, Ucker. Todo o tempo do mundo com você, é pouco para mim. Eu quero mais, eu quero tudo. Eu quero você. Mas eu também quero que você me queira da mesma forma.


  – Eu...


  – Você vai embora agora. E não vai voltar enquanto não puder me dar o que eu quero. Porque eu tenho te dado o que você quer durante anos. Mas tudo cansa, então agora chega. Quando você me quiser, me queira completa. Até lá, isto é um adeus.


  – Eu não acredito que você esteja falando sério.


  – Você verá que estou.


  – Você está sendo idiota.


  – Há anos...


  – Belinda! Por favor, deixe de bobeira, eu não tive nada com a Dulce!


  – Não mesmo? – ela estreitou os olhos e sem saber porquê, ele sentiu-se constrangido.


  – Eu não dormi com ela, eu juro.


  – Mas você não teve nada com ela? Porque você me expulsou por causa dela naquele dia. Porque ela estava chorando, Uckermann!


  – Ela é apenas a empregada. Talvez uma amiga, no máximo. Mas ela não é mais uma, ela não é assim.


  – “Ela não é assim”. – Belinda riu, amargurada. – Deixe-me adivinhar: você investiu e ela foi evasiva. Inacreditável que até com ela você tenha mais respeito e provavelmente tenha tido até uma ligação maior do que comigo.


  – Pare com isso!


  – Pare você! E vá embora de uma vez.


  Ele revirou os olhos e riu, indo até o elevador e apertando o botão.


  – Que seja. Mas nós dois sabemos que você não vai resistir e vai voltar rastejando e implorando por mim novamente. Literalmente.


  – Como ousa?!


  – E você ainda diz que eu não te conheço? Se eu pago caro para comer, eu tenho que saber pelo quê estou pagando.


  O queixo dela caiu por um instante, mas para a sorte dele, o elevador fechou as portas antes que ela se recuperasse do choque causado por aquelas palavras.


 


...


 


  As brigas com Belinda eram raras, mas também eram as piores. Porque o fazia sentir-se como o canalha que todos sempre diziam que ele era. Deveria ser apenas sexo, deveria ser fácil. Por que Belinda insistia em complicar? Típica atitude e mulher...


  Tudo o que ele queria agora era chegar em casa , tomar um banho e deitar. Desta vez, talvez a única, esperava que Maite estivesse ocupada trabalhando. Era difícil tentar fazer funcionar com ela, porque às vezes ela parecia não se importar tanto. E ele, se importava? E se não, por que a pedira em casamento? E por que ela aceitara? Talvez ele realmente tivesse a mania de escolher as mulheres erradas, afinal. Mas como achar uma que fosse certa? Geralmente eram mulheres que queriam apenas se aproveitar da fama e do dinheiro que vinha atrelado ao sobrenome Uckermann. Era difícil encontrar alguém disposto a conhecê-lo pela pessoa que verdadeiramente era, especialmente quando seu ciclo de relações se limitava à empresa e às festas da empresa. Todos conheciam o Christopher Uckermann sorridente, capa de revista, herdeiro, divorciado e pai de dois filhos. Parecia que jamais ocorrera a qualquer uma daquelas pessoas que ele não sorria o tempo todo. Que tinha mais dinheiro do que precisava, sim, mas que tal legado era na verdade um fardo. Ele nunca tivera uma escolha, porque todo passo que dava tinha que ser direcionado a algo que visasse manter e aumentar o patrimônio da família. Mas ninguém pensava nisso tampouco. Assim como ninguém nunca se interessou em saber por que ele se divorciou. Ou como ele era como pai.


  E então havia Dulce.


  Ele fechou os olhos com força e deu um tapa na cabeça. Só podia estar ficando louco.


  Dulce. Ela estava em seus pensamentos, quando não deveria estar. E por que estaria? Ela era a empregada. Ela deveria ser uma amante ou uma ninguém. Era basicamente assim que ele categorizava as mulheres que passavam em sua vida, com exceção de sua irmã, mãe, Taylor – que na verdade era quase uma irmã – e Ruth, a adorável e maternal secretária de seu pai.


  Contudo, em pouco tempo Dulce conseguiu entrar naquela família como quase ninguém havia feito até então. A diferença entre ela e as outras pessoas é que ela ouvia. Ela tentava entender, ela se importava, ela tentava ajudar de alguma forma. Por que ela fazia isso, Christopher não saberia dizer. Ela não ganhava horas extras por escutar os problemas dele, para ser humilhada por Nora ou Anahí e Belinda, por dar conselhos, nem por ser amorosa e cuidadosa com os garotos. Ainda assim, ela fazia aquilo muito bem. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. Como se todas as pessoas fossem assim. Como se não tivesse entrado na vida dele e de sua família há alguns meses, e sim há muitos anos...


  Porém, havia limites. Ela deixara isso bem claro quando bateu nele, quando fugiu após ele tê-la beijado, e quando o dispensou quando ele tentou investir novamente. E talvez fosse melhor assim. Ele já se importava com ela, e ela se importava com ele. Para ele era simples como uma escolha: ou você tem sexo, ou você têm amizade; misture os dois e as coisas começam a complicar. Então, era só refrear seus instintos e ignorar o fato de que sua empregada era excessivamente atraente. Ele podia fazer isso, não podia? Taylor era um ótimo exemplo disso. Ele nunca, nunca pensara nela como algo além de uma irmã. O máximo que aconteceu – e que aconteceria – foi um selinho quando eles eram crianças. Mas crianças beijam todo mundo, não é mesmo? Foi inocente e não mudou em nada a forma como ele cresceu pensando nela. E este era o problema. Porque ele havia crescido vendo Taylor da mesma forma que via Leighton: como família. Mas Dulce entrara agora e era difícil ignorar o quanto se sentia atraído por ela... Especialmente nos últimos dias, quando passaram a ficar perigosamente próximos – tanto físico quanto emocionalmente.


  Em resumo, ele estava mesmo louco. Talvez mais até do que imaginava, porque Belinda podia até estar certa e ele não conseguia ter cem por cento de certeza que não tivesse a chamado pelo nome de Dulce. Afinal, era inegavelmente que ele a queria. Ironicamente, ele precisava evitar tais pensamentos se queria continuar mantendo-a por perto e tentar uma amizade.


  No banco traseiro do carro, ele riu, enquanto o motorista entrava no prédio de número 29. Quem diria que Christopher Uckermann tentaria investir em uma mulher como Dulce não como uma amante, mas como uma amiga?


 


...


 


  – Ei, o Guilherme está comendo todo o salgadinho! – Lucas reclamou.


  – Nenhum de vocês deveria estar acordado. – Dulce assinalou. – Muito menos assistindo!


  – É só um filmezinho, para dar sono...


  – É, só que amanhã vocês têm escola logo cedo.


  – É, mas aqui sempre parece fim de semana.


  – Por quê?


  – Porque normalmente passamos o fim de semana aqui, oras...


  – Afinal, com isso funciona? – Dulce intrigou-se. – Geralmente vocês passam os fins de semana aqui, mas tem fins de semana que não vêm, e vezes que vêm durante a semana...


  – É o acordo dos nossos pais.


  – Fins de semanas alternados? – chutou ela.


  – Quem enjoa primeiro de nós. – Guilherme sorriu sarcástico.


  – Guilherme, já conversamos sobre...


  – Que seja, é a verdade, Dul. Não pergunte se não pode aguentar.


  Ela empurrou-o de leve, virando-se para o outro Uckermann.


  – Lucas? – pediu.


  – É mais ou menos isso mesmo. – admitiu tristemente. – A mamãe nos deixa aqui quando quer sair, ou quando quer levar algum amigo em casa. Aqui, mesmo que o papai saia tem a Tay e você. Mas o papai briga com ela se ela nos deixa aqui por muito tempo...


  Dulce olhou para o garoto que brincava com as mãos, abatido. Ela ainda estava sentada entre os irmãos, mas agora os três estavam no chão, que fora coberto com as almofadas do assento do sofá, formando uma espécie de colchão. No colo dela, uma enorme bacia com salgadinho, para que os dois pudessem dividir e não fazer muita sujeira.


  – Ei, Dul, você acha que o papai vai no nosso jogo?


  – Claro que não, pirralho. Às vezes você é tão bobão...


  – Ah, mas se a gente pedir agora, talvez ele consiga deixar a agenda livre, né?


  Dulce jamais admitiria, especialmente na frente dos garotos, mas sabia que Guilherme estava certo e as probabilidades não eram nada animadoras, mas não conseguia dizer isso ao garoto.


  – Você deveria chamá-lo, querido.


  – Por favor... – Guilherme revirou os olhos, enchendo a mão de salgadinho.


  – É sério, Gui, vamos ter que conversar sobre essa sua atitude se você não parar com isso, mocinho.


  – Qual afifude? – perguntou ele, com a boca cheia.


  – E sobre os seus modos... – ela riu.


  – Ei... Vocês estão acordados.


  Os três olharam para a porta como se tivessem sido pegos fazendo algo errado. Porém, Christopher não parecia bravo com nenhum deles, apenas confuso.


  – Vem, papai! – Lucas sorriu, indo para o lado. – O filme já está na metade, mas dá pra entender...


  – Eu não... – sua expressão era a de alguém que estava tentando resolver um complicado problema matemático durante uma ressaca.


  – Por favor! – pediu o garoto.


  Dulce viu Guilherme abrir a boca para dizer algo ao irmão, mas ela esticou a bacia de salgadinho na direção dele, então ele entendeu e seguiu o conselho, enchendo a boca para se manter calado e não machucar mais o irmão.


  Christopher suspirou profundamente, cansando.


  – Maite está em casa?


  – Sim. Mas ela foi deitar cedo, nem chegou a ver os meninos...


  – Anahí veio trazê-los?


  – Sim.


  – Certo... – ele ainda estava pensativo. – Ela está muito brava?


  – Estava quando chegou, mas... Ela pareceu um pouco melhor quando saia... Com o meu irmão.


  – Seu irmão saiu com a minha ex-mulher?


  – É, quero dizer... Eu não pude evitar, ela estava descendo, ele estava de saída... Não sei se eles saíram juntos mesmo ou se ela só queria me provocar, mas... Perdão, eu deveria...


  – Calma, Dul. Eu que deveria estar me desculpando. Afinal, é por eu não ter buscado os garotos que o seu irmão está com... – ele sorriu, sem poder completar a frase na frente dos filhos. – Tudo bem, que filme é esse afinal?


  Ele jogou o paletó no sofá, tirou os sapatos e afrouxou a gravata, indo deitar-se no espaço que Lucas abrira pra ele, diretamente ao lado de Dul, que pareceu um pouco desconfortável.


  – Tudo bem por você? – perguntou ele.


  – É sua casa. – ela riu, um pouco sem graça. – Salgadinho?


  Ele aceitou e Guilherme levantou um pouco, olhando perplexo para o pai.


  – Você não vai nos mandar pra cama?


  – Vai adiantar?


  – Nós temos aula amanhã! – continuou ele.


  – Eu sei. Se quiser, pode ir dormir. Mas o filme já está na metade, não está? – perguntou ele para o outro filho.


  – Já.


  – Então, vamos terminar de assistir. Vocês dão trabalho para acordar todo dia, não vai ser nenhuma novidade amanhã...


  Guilherme deitou novamente, um pouco incerto e contrariado.


  – Ei, papai, você vai ao nosso jogo de futebol?


  – Claro, campeão! Quando é?


  – Ainda está meio longe, mas é só pro senhor já saber...


  – Você vai jogar?


  – Não sei, eu estou de reserva. Mas o Gui com certeza vai.


  – E você nem me contou nada, filho?


  – Pra quê? No máximo eu ia contar para a Dul. Se você puder dar a tarde de folga pra ela, já está ótimo por mim... Isso é, se ela quiser ir.


  Ele olhou para ela e ela sorriu.


  – É claro, meu amor. Eu estarei lá, com certeza.


  – Nós dois estaremos, campeão. – Christopher acrescentou.


 


...


 


  O filme que eles estavam assistindo era uma mistura de ação e ficção-científica, o que fez com que ficasse complicado demais para Lucas, que acabou dormindo, abraçado ao pai. Ao final, Lucas também estava cochilando, com a cabeça encostada no braço de Dulce. Então, quando os créditos começaram a rolar pela tela, os dois adultos se entreolharam.


  – Devemos mandá-los para a cama de uma vez. – ela disse. – Se eles demorarem muito poderão perder o sono e amanhã será horrível para acordá-los.


  Christopher concordou e os dois acordaram cuidadosamente os garotos, que sequer questionaram as ordens e subiram sonolentos para o quarto.


  – Bom, eu vou arrumar essa bagunça antes de ir deitar... – disse ela, levantando.


  – Dul?


  – Sim, senhor?


  – Nada de “senhor”, – ele resmungou, levantando também. – já passamos disso.


  – Não. Acho que nos últimos dias eu passei dos limites. Precisamos definir o meu lugar nessa casa e deixá-lo bem claro.


  – Dul, você já é de casa... – ele pegou o braço dela, tentando fazê-la olhá-lo.


  – Não, por favor. – ela desviou o braço, mas virou-se. – Christopher, meu irmão não é fácil. Eu o amo, mas o conheço bem o suficiente para saber o que estou dizendo.  Você precisa mostrar que é o patrão, precisamos deixar esses limites bem-estabelecidos, porque senão ele poderá se tornar um problema em questão de segundos. A forma como você me tratar se refletirá na forma como ele agirá. Além disso... Eu fiz você perder o dia de trabalho hoje. Eu expulsei sua amante. Eu realmente preciso voltar ao meu lugar. Eu sou a empregada, é para isso que eu sou paga, é para isso que estou aqui. Nada mais. Entendido?


  – Sim, eu entendo. Mas não precisamos montar todo um teatro. Me chamar de “senhor” é forçar um pouco a barra, não acha?


  Ela abaixou os olhos e ele se aproximou instintivamente. Ele queria colocar uma mecha do cabelo dela para trás da orelha e acariciar o rosto dela, mas reprimiu o impulso.


  – Dul, eu sei que eu estive fora da linha com você. Eu fui desrespeitoso, sei disso e peço desculpas. Não voltará a acontecer, eu prometo. Você deixou bem claro que não tem interesse em mim. E, confesso, foi uma droga ouvir aquilo, eu não estou acostumado a ser rejeitado, mas... Eu entendi. E respeito totalmente isso. Eu te respeito por isso. Sei que precisou de coragem. Também sei que você tem passado por momentos difíceis e que não precisa de mais complicações na sua vida. Eu entendo. Eu sei que sou uma complicação. Mas não pretendo te colocar em nenhuma situação difícil ou desagradável. Confie em mim, eu vou fazer o meu melhor para conter esse meu lado galanteador... Só não me peça para tratá-la como uma empregada e só. Eu estou contando com que possamos ser amigos. Eu já me abri demais com você para simplesmente ignorar e voltar atrás... E acho que você também poderia usar alguém como eu. Então, eu estarei aqui para o que você precisar, ok?


  – Eu não sei, Christopher...


  – Dul, por favor. Eu estou dizendo que serei profissional, te tratarei com respeito. Isso eu prometo. Só não me peça para ser impessoal e distante, tudo bem? Estou tentando te dizer que quero ser seu amigo.


  – Não prometa o que não pode cumprir.


  – Eu vou me esforçar, é sério. É inegável que você entrou na minha família. Você é da casa já, sim. Meus filhos são apaixonados por você, especialmente o Guilherme, que sempre foi mais distante de mim. Eu preciso de você, você faz bem... a todos nós. Por favor, não tente me afastar agora. Eu quero te ajudar nesse período que você está passando e preciso saber que posso confiar em você para estar ao meu lado também quando eu precisar. Não sei se você percebeu, mas eu não tenho muito isso por aqui...


  Ela esboçou um sorriso.


  – É, nem eu... Tudo bem, Christopher. Eu posso tentar viver com isso. Vamos testar e ver no que dá. Se você acha que consegue, eu vou dar uma chance. Afinal, não é como se eu tivesse um campo magnético que te impede de ficar longe. – ela riu. – Se é isso que você quer, eu agradeço. Eu realmente posso usar alguém como você agora. Então, amigos?


  Dulce estendeu a mão e ele sorriu, embora algo dentro dele parecesse ter se contraído um pouco.


  – Amigos. – ele apertou a mão dela, ainda sem conseguir se livrar daquela estranha sensação.



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Autor(a): akcardoso

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 447



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  • vondyfforever Postado em 25/05/2016 - 18:56:22

    Eeeei volte

  • ✌Ask✌ Postado em 05/10/2015 - 02:19:30

  • #Pequena_Girl Postado em 20/08/2015 - 19:03:06

    Por que você não continua????

  • jhessyvondy Postado em 18/08/2015 - 01:54:13

    Dulce só pode estar louca de ir falar coma BBelinda , deixa ela saber que a Belinda tem parcela de culpa na parte dela ir embora , ai chorei com a história do Guilherme tadinho , cara ficarei bem feliz se o Christopher desse atenção pra os filhos , pq tenho quase certeza que vondy não voltar a ficar junto por um tempo :((((( cooontinua

  • #Pequena_Girl Postado em 16/08/2015 - 21:03:05

    Oi leitora nova gatita a fanfic eh vondy quer dizer no final de tudo ele vai ficar com a Dul neh

  • vondyfforever Postado em 14/08/2015 - 14:57:32

    Que bom que vc voltoooo! Amandooo postaa maiss! Que bom que eles estao se entendendoo! *-*-*-*-**-*-*-*--*-**-

  • jhessyvondy Postado em 14/08/2015 - 14:45:31

    UAL que bom qe você voltou . Naomi ra viva ? Não creio , adorei os vondys nesse astral lindo , cooooontinu

  • PamLopes Postado em 14/08/2015 - 12:05:43

    Ainda bem que vc voltou a postar adorei....continue

  • vondyfforever Postado em 09/02/2015 - 01:11:37

    Omg! Serioo nao intendi muitok o fiNal estou confusa era o Christopher que ela estava falandoAi meu deus ansiosaa para a parte 2 e ve no que vai dar. Postee logooo

  • luanavondy Postado em 08/02/2015 - 23:39:15

    ansiosíssima pela parte 2.quantas emoções eu não esperava por isso. qual será o destino dos personagens? Posta mais!! estou muito feliz por vc ter voltado a posta. amo sua web


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