Fanfics Brasil - Capítulo 14: A última pessoa a saber Uckermann ♥

Fanfic: Uckermann ♥


Capítulo: Capítulo 14: A última pessoa a saber

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 Naquela mesma noite, após o inesperado pedido de amizade de Christopher e a ajuda dele para arrumarem a sala, os dois se despediram e foram para seus respectivos quartos.
 Deitada em sua cama, fitando o teto riscado por linhas horizontais causadas pelo reflexo da iluminação da rua através das frestas da janela fechada, Dulce ficou acordada durante um bom tempo. Sua mente estava confusa, porém estranhamente leve. Pela primeira vez em um bom tempo, tivera uma conquista. Conseguira impor seus limites e fazer com que o patrão os respeitasse. E apesar de ainda haver muita coisa fora de lugar em sua vida, uma vitória é sempre uma vitória.
 Após o que poderiam ter sido horas ou minutos, ela se sentou, lembrando-se que não falara com Daniel ainda. Precisava avisar sobre Poncho e checar se tinha havido qualquer mudança no quadro de sua mãe. Sendo assim, ela tateou o criado-mudo à procura do aparelho e ligou para o número que se tornara sua discagem-rápida. 
 Mesmo sem saber quanto tempo havia passado desde que fora para o quarto, sabia que era consideravelmente tarde. Sendo assim, surpreendeu-se quando ouviu a voz de Daniel responder à chamada após o segundo toque. A voz não indicava um sono interrompido e aquilo a fez contrair-se um pouco.
 – Dul? Está aí? – chamou ele, estranhando o súbito silêncio. – Alô?
 – Ei, Dan... 
 – Ei. Como estão as coisas por aí? Você está bem? 
 – Na medida do possível, bem. E a mamãe? Alguma notícia?
 – Estou no hospital agora. Mas calma – ele emendou, prevendo a preocupação da amiga. –, sua mãe é forte, Dulce. Infelizmente, o estado não melhorou, mas também não piorou. Ela está lutando, aguentando firme.
 – Isso é bom, não é?
 – É, é bom sim. A única coisa que me preocupa agora é o Poncho. Sei que nem deveria te dizer isso, mas é porque ele ainda não deu notícias e...
 – Ele está aqui.
 – Oi?
 – Ele... – ela suspirou, perguntando-se o irmão já voltara para casa. – Ele está aqui, Dan.
 – Aí? Perdão, onde você está?
 – Na casa do Uckermann, é claro. 
 – E como raios ele foi parar aí?
 – O caderninho da mamãe tinha o endereço, mas a questão não é essa.
 – Ele... como ele está?
 – Você sabe como ele é... Mas é difícil dizer como ele está. Nossa relação não tem sido tão próxima, você sabe.
 – Sei. Mas ele parece melhor? Você não acha melhor mandá-lo de volta para casa? Aliás, o seu patrão aceitou isso?
 – Poncho é meu irmão, e Christopher não é um monstro. Ele sabe que meu irmão esteve mal...
 – Ele sabe sobre...?
 – Claro que não.
 – E você acha mesmo uma boa ideia que ele fique aí? Quero dizer, entendo que você precise de suporte emocional, mas se quiser eu vou até aí buscar o Poncho e passo alguns dias na cidade para conversarmos direito.
 – Não, Dan, não. Obrigada, mas não. Por enquanto não... Seria infinitamente pior para ele ficar com você e voltar para casa.
 – Sinto muito.
 – Não é sua culpa.
 – É sim, tudo isso é.
 – Não seja idiota. Você não tem nada pelo que se desculpar. Só estou ligando exatamente para te tranquilizar. Poncho está aqui e vou tentar mantê-lo na linha. Qualquer coisa que eu precisar eu prometo que você será o primeiro a saber, ok?
 – Certo... E eu continuarei vindo ao hospital. Depois que eu saio do trabalho eu venho ficar com ela e só vou embora de madrugada, para tomar um banho e comer alguma coisa antes de voltar ao trabalho. Não se preocupe, ela está em boas mãos. E qualquer mudança no quadro dela eu te avisarei.
 – Obrigada, Dan. Ei... – de repente, a garganta dela pareceu seca, mas as palavras escaparam antes que ela pudesse contê-las: – Você tem visitado a Laura?
 Silêncio no outro lado da linha.
 Dulce fechou os olhos e mordeu o lábio inferior, esperando uma resposta e odiando-se por ter feito a pergunta.
 – Sinto muito, eu não deveria...
 – Não, tudo bem. – respondeu ele lentamente. – Eu só me senti culpado, porque não a tenho visitado. As coisas aconteceram tão rápido com a sua mãe, e o Poncho desaparecendo...
 – Não, tudo bem, sério. Você não precisa me explicar nada. Eu apenas... Sinto falta dela.
 – Eu também. Tentarei passar lá amanhã, prometo.
 – Certo... – os olhos dela marejaram. – Diga que eu a amo, ok?
 – Como se ela não soubesse, Dul. Como se ela não soubesse...
 Dulce sorriu e continuou em silêncio com o amigo por mais alguns instantes. Desta vez, não foi constrangedor e sim confortador. Quando ela falou novamente, foi para se despedir e agradecer novamente os cuidados dele.


...

 Christopher tentou entrar na cama sem acordar a noiva. Porém, ou ela estava em um sono leve, ou ainda não tinha conseguido dormir, pois se virou instantaneamente na direção dele.
 – Você demorou.
 – Cheguei há um tempinho... Estava na sala com os meninos, vendo um filme.
 Ela se espreguiçou e procurou o relógio no criado-mudo.
 – Eles estavam acordados até agora? – surpreendeu-se.
 – Não, eles cochilaram pouco depois da metade. Mas nós esperamos o filme acabar para mandá-los para a cama, para eles não resmungarem.
 – “Nós”? – estranhou.
 – Ahn... Dulce. Ela estava com eles quando eu cheguei, então apenas me juntei.
 – Sei...
 – O que foi?
 – O que foi o quê?
 – Esse tom.
 – Tom? Não teve tom nenhum. Só... Achei, digamos, inusitado.
 – Por quê?
 – Por favor, Christopher! – ela se sentou na cama. – Você nunca fica simplesmente assistindo filme com os meninos. E embora a Dulce seja de minha inteira confiança...
 – Eu não sou? – completou ele, indignado.
 – Eu não disse isso.
 – Também não desdisse.
 – Não aja como se não tivesse uma fama duvidosa.
 – Pelo amor de Deus! Agora você também vai entrar nessa? Sucumbir aos rumores, Maite?
 – Não estou sucumbindo a nada. Mas preciso parar de olhar para o outro lado. Eu não sou imbecil, e não vou mais fazer isso.
 – Fazer o quê?!
 – Ignorar a verdade. Todos me falam, Christopher. Não são rumores!
 – Você tem alguma prova, por acaso?
 – Ainda não, mas...
 – “Mas” nada! Você acha que algum caso se baseia em teorias da conspiração sem provas?
 – Também não há como dizer que tantas pessoas dizendo a mesma coisa seja mera coincidência.
 – Claro, um complô das minhas ex. Fonte super confiável... Sinceramente, eu esperava mais de você, Maite.
 – Christopher... – ela respirou profundamente, acalmando-se. – Eu não estou tentando arrumar uma briga. Não sou assim, você sabe disso. E como eu disse, confio na Dulce. Mas sinceramente espero que você não tenha segundas intenções. Você quer ser um pai melhor? Ótimo, te dou todo o apoio. Seus filhos precisam de você, ainda mais quando a Any... Bom, ela não é a mãe mais dedicada e exemplar do mundo. Mas que seja só isso. Que isso não seja o começo de você tentando passar mais tempo com a Dulce, tentando conquistá-la ou...
 – Eu prometo que não estou nem tentando conquistá-la. – cortou ele.
 Maite encarou-o sem expressão por um segundo, mas por fim cedeu um sorrisinho e deu um selinho no noivo.
 – Ótimo. Eu não quero ser a nova Sra. Paranoia, nem arrumar brigas o tempo todo. Só quero que possamos fazer isso funcionar e calar de uma vez por todas os boatos ao seu respeito.
 Ele sorriu de volta para ela, mas se absteve de dizer qualquer coisa por alguns instantes, apenas fitando-a. Ele queria dizer que a amava. Não, na verdade, ele queria poder dizer aquilo. Era como se buscasse as palavras lá no fundo de si, mas não as encontrasse. Deveria vir naturalmente, não? Simples como respirar. Palavras que escapavam antes mesmo de o cérebro processar o possível risco de dizê-las, e não uma caça e convencimento para tentar fazê-lo.
 – Boa noite, coração. – ela disse por fim, deitando-se.
 – Boa noite. – respondeu ele, questionando-se se para ela era igualmente difícil dizer as benditas três palavras.


 


...

 Desde que chegou ao apartamento à beira-mar, Dulce foi acordada por Taylor batendo em sua porta praticamente todos os dias – com exceção dos dias em que estivera na casa de família dos Uckermann, e dos que a amiga fora dormir na casa de Leighton. Mas, por ser aniversário de Taylor, Dulce decidiu inverter os papéis. Acordou mais cedo, tomou um banho rápido e foi preparar o café da manhã. Queria que a amiga se animasse um pouco e esquecesse o seu homem impossível.
 Enquanto colocava os lugares e arrumava a mesa, Christopher chegou à sala de jantar, esfregando uma toalha nos cabelos úmidos, apenas de cuecas boxer. Dulce piscou algumas vezes, surpresa com o corpo definido do patrão, e sentiu o rosto corar como o de uma adolescente, o tornava a situação mais embaraçosa.
 – B-bom dia. – gaguejou, tentando não parecer uma garotinha boba.
 – Dul! – ele se surpreendeu, finalmente percebendo a presença dela e rindo, um pouco constrangido. – Agora eu entendo todos os processos de assédio contra mim... Eu juro que não foi de propósito, eu só ia tomar uma água.
 – Sem problemas, não é como se eu nunca tivesse visto um homem seminu. – respondeu antes de perceber que o comentário não ajudava em nada.
 Christopher parou surpreso pela espontaneidade do comentário por um momento, mas então riu novamente, concordando com a cabeça.
 – Eu sei, é que achei que poderia ser meio estranho, depois de eu ter tentado te beijar algumas vezes... Mas saiba que vou cumprir o que te prometi ontem à noite. Para começar, vou tentar me lembrar de me vestir antes de sair do quarto. É que normalmente você ainda não está acordada nesse horário.
 – Nunca imaginei que você estivesse. – respondeu, estranhando.
 – Geralmente não mesmo. Mas os meninos estão aqui e têm aula, então é bom começar a acordá-los agora, porque pela forma que eles demoram...
 – É, eu só ia terminar aqui e já ia começar essa tarefa.
 – Boa sorte para você. Passei lá antes de descer, mas eles só resmungaram.
 – Pode deixar comigo. Eu faço com que eles acordem rapidinho, não se preocupe.
 Christopher abriu a boca, mas desistiu do que quer que pretendesse dizer. Era difícil refrear seus instintos, como rebater naquele momento um “adoro uma mulher de atitude”, mas ele estava tentando.
 – Cadê a Taylor? – perguntou ele, servindo-se da água que estava na mesa.
 – Ainda está dormindo. Como é aniversário dela hoje, decidi deixá-la descansar mais um pouco. Até porque, é sempre ela quem acorda primeiro.
 – Ela é uma folgada, viu. Bom, vou logo lá, antes que ela levante e quebre a tradição. Na verdade, acho que é exatamente o que ela está esperando...
 – Tradição?
 – Sim. Desde que éramos pequenos, eu a acordo todo ano no aniversário dela fazendo cócegas. E levo o café na cama, com o presente dela.
 – Desde que eram pequenos? – surpreendeu-se.
 – Eu adorava levar café na cama. Não me pergunte o porquê, eu não faço ideia o que havia de errado na minha cabeça. Quero dizer, até hoje gosto... Tenho lá meu lado antiquado e estranho, sabe...
 – Acho romântico. – respondeu sem pensar e ele sorriu um pouco desconcertado.
 – De qualquer forma, a Taylor sempre gostou disso também. Ela tem uma facilidade incrível para se apaixonar e ter seu coração partido, mas eu sempre gostei de fazer o papel de irmão mais velho protetor, o cara que jamais a machucaria e sempre estaria presente, nem que fosse apenas para oferecer um ombro para ela chorar... Enfim, sempre faço a mesma coisa para a minha irmã, no aniversário dela... Como você já deve ter percebido, apesar de tudo, sou protetor com as minhas mulheres. – ele fez uma pausa indecisa, desviando os olhos dos de Dul e abaixando o tom de voz: – Se quiser posso fazer isso no seu aniversário também...
 Pega de surpresa, Dulce não soube o que responder e a hesitação dela deixou Christopher visivelmente mais desconcertado.
 – Enfim... Vou lá acordá-la, e você acorda os garotos, então?
 – Ótimo. Ãhn... mas talvez você queira colocar uma roupa antes?
 Ele não parecia se importar muito com isso, mas deu de ombros e subiu com ela. Ele parou ao lado dela na porta do quarto dos meninos.
 – Eu não te disse? Nem ligaram para mim, continuam dormindo feito pedras! – ele balançou a cabeça. – Vou colocar uma roupa e descer para arrumar o café da Tay. Te espero para acordá-la?
 – Pode ir na frente, aqui vai demorar um pouco.
 – Ok, boa sorte com eles.
 Christopher foi para o seu quarto, onde Maite ainda ressonava tranquilamente. Pensou em acordá-la, mas desistiu. Assim, pegou uma roupa e saiu se vestindo. Parou alguns segundos na porta dos filhos novamente, vendo a forma doce, porém firme que Dulce usava para acordá-los e deixou um pequeno sorriso curvar seus lábios.


...

 Christopher preparou a bandeja de café-da-manhã e cuidadosamente levou até o quarto. Por sorte, Dulce chegou a tempo de ajudá-lo a abrir a porta, ainda trazendo uma rosa – que ele não fazia ideia de onde ela conseguira – para enfeitar a bandeja.
 – Já acordou os meninos? – perguntou surpreso.
 – O Lucas está tomando banho, o Gui ainda está enrolando um pouco enquanto isso, mas daqui a pouco eu volto lá.
 – E a rosa? 
 – Não estava conseguindo dormir ontem de noite, então sai um pouco e acabei comprando um buquê em uma floricultura vinte e quatro horas, para os garotos darem. Acho que não faz mal eu roubar uma, já que é para ela mesmo.
 Christopher concordou e acenou pedindo que abrisse a porta para ele.
 Taylor estava deitada de olhos fechados, mas fazia força para segurar o riso. Com certeza estivera acordada apenas esperando aquilo. Christopher sorriu e pediu para Dulce segurar a bandeja enquanto ele pulava na cama da amiga e começava a sessão de cócegas.
 – AH, CHRISTOPHER! – ela ria desesperada por ar, e de alguma forma a cena fazia Dulce rir junto. – Socorro, Dul! DUL!
 – Sinto muito, amiga, não posso quebrar a tradição...
 Após alguns segundos de gargalhadas histéricas, Christopher parou de fazê-la rir, ainda segurando-a em seus braços enquanto ela recuperava a respiração. Quando ela se sentou direito, ele sorriu de forma mais terna e o olhar que eles trocaram estava cheio de palavras e carinho. Por fim, ele a abraçou apertado e sussurrou seus votos de feliz aniversário contra o cabelo dela.
 – Obrigada. – ela sorriu, após se separar dele. – Eu te amo, seu chato.
 – Eu também te amo, pirralha.
 – Sinto-me honrada de ser uma das poucas mulheres a ouvir isso!
 Ele revirou os olhos e ela riu. Dulce então se aproximou, colocando a bandeja em cima da cama e indo dar um abraço na amiga.
 – Feliz aniversário, Tay!
 – Muito obrigada, Dul! Não esperava que você fosse entrar no complô do Christopher contra mim, mas essa bandeja está tão linda que eu vou ter que te perdoar. Tem até uma rosa cor-de-champanhe, minha favorita!
 – Isso é obra da Dul, confesso.
 – Olha, vocês até que são uma boa equipe... – concordou, vencida.
 Após esse comentário Dulce e Christopher evitaram encontrar os olhos um do outro ou de Taylor por alguns segundos enquanto ela começava a experimentar seu café-da-manhã.
 – Eu não me importaria de fazer aniversário uma vez por semana... – confessou ela.
 – Folgada! – Christopher provocou. – Ei, não pense que esqueci o seu presente. Mas esse ano não estou tão criativo, então pensei em te levar para jantar naquele restaurante francês que você ama, que tal? Depois podemos dar uma volta e você escolhe o seu presente.
 – Ãhn... Na verdade, eu meio que já tenho planos para o jantar.
 – Com quem? – Christopher estreitou os olhos, obviamente tinha ligado seu lado protetor.
 – Com alguém, ué.
 – Se for a Leigton, podemos ir juntos. A Dulce também pode ir conosco – ele a olhou como se pedisse confirmação. – Seria legal, não?
 Foi a vez de Taylor estreitar os olhos para ele.
 – E a Maite?
 – Ela... Também, oras. Vamos, qual o problema?
 – Não é com a Leighton que eu vou jantar, sinto muito. Mas podemos deixar o jantar para o final de semana. Eu não recuso aquele restaurante, você sabe...
 – Confesso que estou um pouco desapontado. Não vai mesmo me falar com quem vai jantar?
 – Como se você me contasse todos os seus segredos. Pare com isso, Christopher, é apenas um amigo, nada mais.
 – Mas ele não tem nome?
 – Se você não conhece, que diferença faz se eu disser o nome? – Taylor revirou os olhos, mas cedeu: – Daniel. O nome dele é Daniel.
 Dulce estranhou, mas não disse nada.
 – Não, não conheço mesmo. Sério que vai me trocar por um estranho?
 – Não vou te trocar, bobinho. Você sempre será família. Agora vá tomar seu café com os seus filhos, senão todos vocês vão se atrasar. E você tem uma reunião importante hoje, não tem?
 – Tá, tá... – ele levantou da cama e deu um beijo na testa dela antes de sair. – Mas saiba que estou de olho em você, mocinha.
 – Que seja.
 – Até mais, Dul. – disse ele, apenas tocando no braço dela ao sair.
 – Até – respondeu ela, concentrada demais no pensamento que se formava em sua mente naquele instante.


 A porta se fechou e Dulce permaneceu no mesmo exato lugar, com uma cara engraçada de quem acha que descobriu algo importante. Taylor, por sua vez, ficara repentinamente interessada em seu suco de laranja.
 – Delicioso! Foi você que fez? Claro que foi, Christopher mal sabe cortar uma laranja na metade... Por falar nisso, onde você arranjou uma rosa a essa hora da manhã?
 – Taylor? – chamou com uma voz de intimação.
 Taylor respirou fundo e deu uma grande mordida na torrada.
 – Ai. Meu. Deus. Taylor... Por favor, me diga que eu estou errada! 
 Taylor apontou para a boca cheia, como desculpa para não responder.
 – Não há nenhum Daniel, há, Tay? – continuou Dulce.
 Taylor tomou outro gole de suco, longo demais, e Dulce já tinha quase certeza de que sua teoria estava certa.
 A amiga demorou um momento, sem olhá-la nos olhos, então respondeu baixinho.
 – Não.
 – Mas você realmente vai jantar com alguém, certo?
 – Sim.
 – E você não podia dizer o nome verdadeiro, porque Christopher o conhece. Então, você pensou no primeiro nome que te veio à cabeça. Justamente do amigo que eu te falei!
 – Errado, o primeiro nome que me veio foi o do Poncho, mas seria esquisito dizer que eu iria jantar com ele... Além disso, ele está aqui, Christopher saberia que era mentira.
 – Taylor... ¬– Dulce chamou, fazendo-a voltar ao rumo da conversa. – Vocês iam almoçar, mas ele tinha uma reunião importante. Reunião que teve que ser remarcada porque...
 A loira cerrou os olhos com força.
 – Eu sei, eu sei, isso é péssimo! É por isso que eu não te disse nada!
 – Eu preciso ouvir da sua boca, ter certeza que não estou imaginando coisas. O Sr. Impossível é...?
 – Não faça isso, Dul, por favor!
 – Você não precisa me contar se não quiser, mas saiba que pode confiar em mim. Não vou contar a ninguém, nem te julgar por isso. Mas assim como sei que posso te contar as coisas, quero que você saiba que também pode me contar o que quiser.
 Taylor suspirou, derrotada, e pegou sua flor, analisando-a cuidadosamente para não ter que encarar a amiga enquanto confirmava as suspeitas de Dulce:
 – O meu "Sr. Impossível" é o Paul. Paul Uckermann.
 Mesmo desconfiando, a certeza ainda fez Dulce arregalar os olhos. Taylor cerrou os seus com força e gemeu, agoniada.
 – Você não pode falar isso para ninguém, ninguém mesmo, Dul!
 – Não vou, Tay, acalme-se. O que mais me atormenta nessa história... Ele sabe que você é, ãhn, apaixonada por ele?
 – Eu nunca disse com todas as letras, mas ele não é idiota. Eu deixo isso bem claro. 
 – Talvez isso não seja suficiente, talvez ele... 
 – Se você falar “te veja como uma filha”, Dulce María, eu nunca mais falo com você.
 – Tay...
 – Eu sei, eu sei... Eu sei! – ela se jogou de costas, caindo nos travesseiros novamente e puxando um para cobrir seu rosto. – Eu sou uma garota idiota e iludida e Freud adoraria me estudar. Eu sou uma farsa, Dul!
 – Pare de ser dramática, sua boba. – Dulce sorriu docemente, sentando-se na cama da amiga e levantando cuidadosamente o travesseiro para encará-la. – Você não escolhe por quem se apaixona.
 – Mas eu fico te dando lições de moral...
 – Porque você não quer que eu case com o Christopher e vire sua nora. – Dulce provocou e Taylor gemeu outra vez, puxando novamente o travesseiro para o rosto. – Pare, Tay, eu estou brincando!
 – Você está rindo de mim!
 – Só para descontrair. Mas, bem, vamos lá, agora você tem que me contar a história toda.
 – Que história?
 – A de vocês. Quando vocês saem, quando... Ah! Foi por isso que você voltou com ele após o desfile? Para terem um tempo sozinhos? Já aconteceu algo?
 – Cala a boca! – ela revirou os olhos, mas sentou-se na cama. – Nunca sequer nos beijamos, se é isso que quer saber. É tudo complicado nessa história toda. Realmente uma droga, na verdade. Quero dizer, os filhos dele... você vê a minha relação com o Christopher e com a Leighton, né? E mesmo que a Nora seja totalmente fria e distante comigo, ela ainda me acolheu. Mesmo depois que a minha mãe morreu, ela sequer cogitou me mandar para algum internato ou orfanato. Ela me deu os cuidados básicos e me tratou como uma filha, até porque, como você sabe, ela nunca foi tão carinhosa com nenhum dos filhos... Como agora eu devo chegar para o marido dela e dizer que sou apaixonada por ele? Isso é perturbador, sabe?
 – Se você acha perturbador, talvez não tenha certeza do que sinta.
 – Talvez... Sabe, o meu pai me abandonou quando minha estava grávida, eu jamais o conheci. Fui criada com Christopher, por isso nunca poderia vê-lo sem ser como um irmão. Mas Paul nunca foi uma imagem paterna enquanto eu era pequena. Ele vivia na empresa, nunca estava presente. Minha mãe criou a mim e aos filhos dele. Quando eu tinha uns dez anos, ele deu uma desacelerada. Passou a confiar mais no irmão e o tornou vice-presidente. Os dois dividiam as tarefas importantes e comandavam a empresa juntos, então ele tinha um pouco de tempo em casa. Claro, o casamento dele era ruim. Mas... foi na época que minha mãe ficou doente e faleceu. Ele me deu muito apoio. Ele conversava horas comigo, me levava para sair, apenas para me distrair. Para ele, eu era apenas uma criança que precisava de apoio. Mas para mim, a criança que havia perdido a única verdadeira família que tinha, ele era tudo. E tudo bem, eu provavelmente me prendi demais nessa gratidão e idealização infantil, apenas porque ele foi o primeiro homem a cuidar de mim e se importar. 
 – Posso ser sincera?
 – Claro...
 – Não acho que você o ame. Bom, amar, é claro que ama, quem sou eu para dizer o contrário? Mas não me parece aquele amor romântico. É algo inocente, que nasceu da dor da sua perda e do carinho dele... Sendo assim, anime-se, Tay! É o seu aniversário e você vai sair com ele, então talvez seja sua chance de resolver as coisas.
 – Você acha?
 – Não sou eu quem tem que achar, amiga. Mas seja qual for a sua decisão, e independente do que ela desencadeie, você pode contar comigo.
 – Obrigada, Dul. – Taylor sorriu. – Eu precisava contar isso para alguém de uma vez por todas, e esse alívio e o seu apoio com certeza são os melhores presentes que ganharei nesse aniversário!


...

 Christopher estava tomando café-da-manhã com os filhos quando Maite desceu. Algo no rosto dela indicava problemas. 
 – Bom dia, querida. Está tudo bem? Você está com uma cara...
 – Tudo. Bom dia, garotos. – disse ela um pouco fria, ocupando seu lugar à mesa.
 Apesar de achar estranho, ele fez outra tentativa:
 – Ei, hoje eu tenho uma reunião, não sei bem que horas vai terminar, mas se você quiser me esperar para o almoço nós podemos dar uma volta e conversar um pouco.
 – Estou cheia de trabalho. Outro dia, quem sabe.
 – Bom, então de noite podemos sair, só nós dois. A Tay tem um encontro com algum idiota, então nada de planos em família para o aniversário dela. Também, faz tempo que não saímos sozinhos, não é? Vai ser legal.
 – Como eu disse, estou cheia de trabalho. Acho que vou chegar tarde, inclusive.
 – Mas ainda é de manhã! – ele começava a se irritar com o desinteresse dela. – Talvez já tenha adiantado bastante coisa até à noite.
 Ela revirou os olhos e deu uma risada seca, curta e anasalada, sem nenhum humor.
 – Eu não vou entrar nessa discussão com você agora. Ainda é cedo e não quero me estressar. E também, os seus filhos já tiveram o suficiente desse tipo de coisa no seu primeiro casamento.
 – Não fale de nós como se não estivéssemos aqui. – Guilherme irritou-se.
 – Subam e terminem de se arrumar. – Christopher rebateu prontamente.
 – Ainda não terminei meu café! – Lucas reclamou.
 – Não precisam ir a lugar nenhum, meninos. – ela levantou-se e concluiu para um Christopher indignado: – Eu já estou indo para a empresa. Não me espere acordado.
 Antes que ele pudesse argumentar que também já estava de saída e que poderiam ir juntos, ela sumiu pela porta que levava ao hall de entrada.
 – Vocês estão brigados, papai? – questionou o mais novo.
 – Não sei... Subam, terminem de se arrumar.
 – Mas ainda nem vimos a Tay. – Guilherme lembrou.
 – Vocês podem vê-la antes de sair. Subam.
 Contrariados eles subiram sem reclamar mais. Pouco depois, as duas empregadas entraram na sala e logo estranharam que houvesse apenas uma pessoa à mesa.
 – Os meninos ainda não desceram? – Dulce preocupou-se.
 – Já. Tomaram café e foram pegar as coisas deles para sairmos.
 – E a Mai?
 – Não sei. Saiu apressada, disse que estava cheia de trabalho...
 – Até aí, nenhuma novidade. – Taylor deu de ombros.
 – E para que eu não a esperasse acordado. – Christopher ainda estava com a confusão e indignação estampadas em seu rosto. Eu a chamei para sair e essa foi a resposta dela!
 – Bom... – Taylor começou receosa. – Talvez ela esteja querendo te fazer provar do seu próprio veneno.
 Christopher a fuzilou com o olhar e ela desviou rapidamente os olhos, arrependida de dizer o que pensava. 
 – Esse dia será longo... – disse ele, mas de repente parou como se tivesse acabado de perceber algo. – O que as pessoas costumam fazer em casa?
 – Oi? – as duas ficaram intrigadas com a pergunta.
 – Você tem o seu encontro – disse ele para uma Taylor que corava. –, os garotos ficarão com a Anahí. A Mai estará trabalhando... O que eu faço?
 – Ah! – Taylor riu ao entender. – O garoto mimado ficou sem brinquedos, entendi. E quanto à Belinda?
 – O que tem ela?
 – Não finja que nós não sabemos que ela é uma de suas amantes. Vocês brigaram, por acaso?
 Ele revirou os olhos e tomou um gole de seu café, recusando-se a responder. Taylor então fez outra sugestão:
 – Talvez você possa sair com o Poncho? Aliás, onde ele está?
 – Provavelmente dormiu na casa da Anahí. – Dulce fez careta. – Não quero nem pensar no assunto.
 – O seu irmão? E a minha ex-mulher?
 – Sinto muito, eu vou conversar com ele. Sei que vocês... er, tem uma história complicada. Eu tentei falar com ele, mas...
 – Dul, relaxa. Não tem problema, é bom que assim a Anahí fica menos obsessiva comigo. Honestamente, há tempos que eu já não me importo se somos exclusivos ou não. Na verdade, nem sei dizer se algum dia me importei.
 – Christopher, o romântico. – ironizou a loira.
 – Você não pode falar nada, mocinha. Está nos trocando por um babaca qualquer que, até onde eu sei, pode ser o maior canalha do litoral.
 – Não estou saindo com você. – ela rebateu, vermelha.
 – Existem caras muito piores do que eu, acredite. E se você estiver saindo com um deles, eu sinto muito por você, Tay. Corra enquanto há tempo, este é o meu conselho de canalha profissional.
 – Antes do lance do vórtice fazer efeito. – Dulce completou com um sorriso maroto, sem se conter, enquanto o rosto de Taylor parecia pegar fogo.


 


...

 O dia na empresa foi longo, exatamente como Christopher previra. A reunião foi chata e demorada como sempre. A única novidade é que seu pai estava visivelmente aborrecido – algo raro, afinal, ele costumava disfarçar bem sua irritação. Assim que viu o filho, foi ralhar com ele por ter faltado no dia anterior e arrastá-lo para a sala de reuniões. Provavelmente a braveza se devia ao medo de perder os clientes, mas não é como se um cliente fosse mudar tanto assim as coisas. Estava cansado do pai achando que ele era uma peça de xadrez que ele podia ficar controlando cada movimento.
 De qualquer forma, após a reunião Christopher já estava cansado o suficiente da empresa. Em parte, gostaria de ir almoçar em casa, contudo, lembrou-se que já passaria a noite toda sozinho e não sabia se aguentaria ainda mais tempo com apenas a própria companhia. Por costume, chegou a pegar o celular e procurar o número de Belinda, porém, ao ver a foto da amante lembrou-se das palavras amargas com as quais ela o enfrentara, e desistiu. Não seria ele a pedir perdão, a implorar por ela de volta. Ela era boa no que fazia, mas era apenas mais uma em sua lista.
 Ele também pensou em tentar chamar Maite novamente, talvez ela tivesse mudado de ideia sobre o almoçar com ele... Mas a verdade é que não tinha vontade nenhuma de entrar em outra briga fria, na qual ela usava suspeitas que nunca sequer procurou provar, e ele fingia-se de magoado. Sendo assim, decidiu por sua última opção garantida: Anahí. Esperava que ela estivesse disponível, pois, se não, teria que partir para a boa e velha conquista, que até era divertida, mas podia demorar um pouco para dar resultados.
 – Christopher! – Paul o chamou ao vê-lo passar por sua antessala. – Almoçaremos com os clientes hoje, eles nos convidaram.
 Christopher conhecia o pai bem o suficiente para entender que ele não estava dando uma sugestão ou fazendo uma pergunta, aquilo era uma ordem. Contudo, não estava com vontade de obedecer no momento.
 – Sinto muito, – respondeu com sua melhor cara de inocente. – Já tinha planos, senhor.
 Quando sozinhos na empresa, Christopher podia tratar o pai como família, mas em público devia chamá-lo de “senhor” como forma de respeito e imparcialidade. Quando mais jovem, Christopher odiava aquela forma de tratamento e acabava levando broncas ao soltar um acidental “senhor” quando estava em casa, com a família, ou também ao usar a palavra de forma irônica. Hoje em dia, já quase não se incomodava mais. Mas em dias como aquele, sempre pronunciava a palavra de forma mais carregada, demonstrando seu descontentamento.
 – Cancele-os. – ignorou Paul, com um aceno de mão. – Se eu posso cancelar os meus, você certamente pode fazer o mesmo. Cinco minutos e nos encontraremos na entrada.
 Paul já se virara para entrar na sala, quando Christopher decidiu que a única forma de mentir de forma suficientemente convincente seria contar parte da verdade:
 – Anahí me ligou. – ao dizer isso, Paul congelou, a mão na maçaneta. – Pelo que entendi, é algo sobre os meninos.
 O homem virou-se para encarar o filho, primeiro de forma inquisidora, depois apenas com aceitação.
 – Meus netos estão bem? – perguntou em tom mais brando.
 – Sim, mas acho que o Guilherme aprontou algo na escola. Não entendi direito, Any estava histérica, como sempre... Mas o senhor sabe, família é família.
 Paul concedeu um meio sorriso, concordando.
 – Família é família. Vá, Christopher. Mas não se atrase na volta, estou de olho em você!
 – Sim, senhor.
 Paul entrou em sua sala e fechou a porta, deixando Christopher com um sorriso triunfante em sua antessala. Ruth, a secretária de seu pai, balançou a cabeça.
 – Você não muda, sr. Uckermann.
 – O meu amor por você nunca muda, Ruth. É a única coisa que posso te afirmar. – riu ele, dando um beijo na testa da mulher e saindo dali com cara de travesso, fazendo-a rir também.


...

 – Christopher?!
 Pela primeira vez desde que se lembrava, Anahí parecia irritada em vê-lo em sua varanda.
 – Ei, estava na vizinhança e...
 – O que você está fazendo aqui? – cortou, irritada, arrumando o hobby.
 – Decidi fazer uma visitinha. Momento ruim? – estranhou ele.
 – Péssimo. Estou ocupada.
 – Não vai nem me convidar para entrar um pouco? Oferecer uma água, pelo menos? Dar um oi para os meus filhos?
 – Claro que não, engraçadinho. Eles estavam com você ontem. Ou, pelo menos, estariam se você não tivesse esquecido de buscá-los para ir atrás de uma qualquer. Se queria vê-los, tivesse ficado em casa.
 – Disse a mãe do ano! – acusou ele, irônico.
 – Que seja. Eles não estão aqui, de qualquer forma.
 – Mas já é hora do almoço, eles...
 – Foram para a casa de um amigo, de lá vão para o futebol e depois a mãe do garoto deixará os dois aqui. – ela revirou os olhos, cansada. – Agora, se me dá licença, tenho que aproveitar a liberdade que me resta.
 – Ah... – subitamente, ele entendeu o motivo da pressa. – Você está ocupada com uma visita.
 – Minha vida, meu problema. Tchau, Christopher!
 Ela já ia fechando a porta na cara dele quando ele gritou sua pergunta:
 – É o Alfonso?
 Ela abriu um pouco mais a porta, colocando seu rosto no vão da abertura, irritada.
 – Não é da sua conta. Não sou mais sua esposa, nunca fui sua propriedade, posso ficar com quem eu bem entender. Você já faz isso há anos, é a minha vez agora.
 – Eu não me importo, é só que...
 – Ótimo. – ela rebateu. – Então vá procurar outra idiota para abrir as pernas para você.
 E, desta vez, ela realmente bateu a porta.
 O que estava acontecendo com aquelas mulheres? Aquilo era um complô, por acaso? E o mais importante: como ele fazia para parar aquilo?


 


...

 Christopher saiu da empresa um pouco após o horário. Não por trabalho, é claro. Acabou ficando com uma estagiária que se derretia por ele desde o primeiro dia de trabalho dela. Ela provavelmente se apaixonara mais, mas ele apenas se contentara com ela porque não tinha nada melhor disponível naquele momento. Mesmo assim, ela não era grande coisa. Dificilmente voltaria a transar com ela.
 Finalmente, sem mais poder evitar, foi para casa, cansado de seu dia de rejeições e sexo vazio. Esperava a solidão, mas se esquecera de algo muito importante. Dulce estava lá. Percebeu isso quando as portas do elevador se abriram e ele foi saudado pelo cheiro de comida. Sorriu sozinho e foi até a cozinha, mas ela não estava lá. No fogão, uma panela de arroz, e no forno, uma assadeira de algo que parecia algum tipo de lasanha ou escondidinho. Por um momento, o cheiro de comida caseira o tentou. Havia algo de reconfortante em chegar e encontrar aquilo após um dia como aquele. Porém, decidiu ver se tudo estava bem com Dulce e se ela não queria se juntar a ele para jantar.
 Caminhou até o quarto dela e bateu na porta. Ninguém respondeu. Ficou em dúvida se deveria ir embora ou tentar novamente. Decidiu que não perdia nada em tentar. Mais uma vez, sem resposta. Começando a estranhar – afinal, ainda era cedo – testou a maçaneta e descobriu que a porta estava aberta. A luz do quarto acesa, a cama levemente bagunçada, com uma camisola em cima, mas não havia ninguém ali. Sem se refrear, ele foi até a cama e tocou a seda preta da camisola. Algo primitivo em seu cérebro queria cheirá-la, era inevitável, mas ele conseguiu conter esse impulso. Porém, antes que ele se virasse para ir embora, a porta do banheiro se abriu e Dulce saiu vestindo apenas roupa íntima.
 Christopher arregalou os olhos e piscou umas três vezes e ela deu um gritinho e correu novamente para o banheiro, trancando a porta. Christopher ainda demorou um segundo para conseguir supera a imagem tentadora que vira, mas finalmente bateu na testa, percebendo que deveria ter imaginado que ela estivesse no banho.
 – Dulce, sinto muito, muito mesmo! – disse ele, aproximando-se da porta. – Eu bati na porta do quarto duas vezes, mas ninguém respondeu... Decidi ver se você estava dormindo ou se precisava de algo, mas você não estava. Eu já estava indo embora, juro... Além disso, em minha defesa, o chuveiro já estava desligado quando eu entrei, então eu não tinha nem o barulho para saber que você estava aí.
 Ela não respondeu, mas ele esperou. Por fim, ela abriu uma fresta da porta.
 – Preciso me vestir. – anunciou ela calmamente. – Normalmente faço isso no quarto, mas você está entre mim e as minhas roupas, Christopher.
 – Oh. – a frase dela somada a imagem ainda recente em seu cérebro era uma combinação perigosa. – Certo. É... Certo, estou indo. Te espero na cozinha, então.
 – Ok.
 Ele saiu e ela esperou o som da porta se fechando para sair do banheiro. Ela foi até o espelho e analisou o próprio corpo, então caindo na gargalhada. Nunca fora convencida, mas conhecia o patrão e sabia que ela era mais do que o suficiente para deixá-lo atordoado... ainda mais depois de todas as investidas dele e rejeições dela. O jogo podia até ser dele, mas ela continuava ganhando. E, pela primeira vez, ela não sentiu-se perturbada pela ideia de que ele voltasse a tentar algo. Estava mais forte agora e não deixaria nada acontecer. Além disso, uma parte pequena, e talvez até meio louca, dizia que ela podia confiar um pouco mais nele agora. Desde que o conhecera ele já se abrira e mudara um pouco, o que mostrava que ele começara a respeitá-la e estava tentando investir em uma convivência pacífica e harmônica. No fim das contas, ambos reconheciam que ele tinha amantes demais e amigos de menos. 
 Dulce se trocou – desistindo da camisola que separara antes, por motivos óbvios – e foi até a cozinha encontrar Christopher. Ele andava de um lado para outro com cara de preocupação.
 – Não sei se você gosta de lasanha... – disse ela, despreocupada.
 – Dul, eu sinto muito! – recomeçou ele. – Não foi minha intenção... Quero dizer, uma parte de mim talvez até quisesse e, uau, você é ainda mais maravilhosa do que na minha mente, mas... Nossa, isso saiu totalmente errado, espera, deixe-me recomeçar! Eu sinto muito, foi errado ir entrando daquela forma. Espero que isso não te faça voltar a me achar, bom, todas as coisas horríveis que você achava antes.
 – Não se preocupe, Christopher. – ela riu. – Até porque, aposto que você já viu todos os tipos de mulheres com bem menos roupa, né? Levei um susto e foi um pouco constrangedor, sim, mas não é motivo para tudo isso. Não somos adolescentes e, afinal, se fossemos a uma praia ou uma piscina, não seria nada que você não veria mesmo, certo? Além disso, não se esqueça que eu também já te vi em situações bem parecidas. Estamos quites agora, patrãozinho.
 – ... Você faz isso de propósito, não é? – perguntou ele, sorrindo.
 – Sair do banho, seminua, torcendo para que você esteja no meu quarto? – disse ela irônica, sem conter a risada. – Ahn, definitivamente não.
 Ele meneou a cabeça, em sinal para deixar o assunto para lá. Até certo ponto, ela estava certa. Ele já vira bem mais com bem menos. Mas uma das coisas que sempre o irritava sobre as mulheres era insatisfação e neurose constante com seus corpos. Sempre achando que tinha um algo a mais aqui, um algo a menos ali, e toda aquela necessidade de afirmação através dos outros. Havia algo de sexy em uma mulher totalmente natural e segura como Dulce, o que, claro, piorava um pouco a situação. Por que ela, logo ela, tinha que ser a exceção?
 – Então, lasanha? – ela tornou a perguntar, despreocupadamente.
 – Só se você me acompanhar. – ele finalmente sorriu em resposta.
 Céus, aquela noite seria longa e difícil, mas de uma forma totalmente diferente do que ele havia imaginado antes.


...

 Após o jantar, Christopher fez questão de ajudar Dulce a arrumar a cozinha. Em nenhum momento houve um silêncio tenso ou constrangedor, e ele adorava isso nela. Ela não tentava impressioná-lo e não media as palavras para tanto, simplesmente era ela mesma e, assim, uma das melhores companhias possíveis. Por algum tempo, ele até se esqueceu da empresa e das mulheres; não era mais um Uckermann, apenas Christopher, um cara comum em uma quinta-feira à noite, com uma mulher impressionante, vinho e uma pia de louça suja que nunca parecera tão atrativa como naquele momento. Aquele era o exato tipo de coisa com a qual ele podia se acostumar. 
 Assim, após cuidarem da bagunça na cozinha, levaram a conversa e o vinho para a sala de estar. 
 – Chega, Christopher! – Dulce repreendeu quando ele fez menção de encher a taça dela novamente.
 – Qual é? Não estou tentando te embebedar, relaxa, Dul...
 – Só não acho uma boa ideia... Álcool compromete as decisões. 
 – Ah, está com medo de não resistir a mim caso beba mais um pouco? – sorriu presunçoso.
 Dulce que até então estava séria o olhou e riu verdadeiramente, fazendo-o corar um pouco.
 – Ei, não precisava tanto também...
 – Sinto muito, Chris... Mas o seu ego é inflado demais para o seu próprio bem. E não, o que eu quis dizer é que não gosto de beber. Mas o álcool não interfere nas minhas questões morais.
 – Como se você já não tivesse me beijado sóbria. – ele revirou os olhos, ainda ofendido.
 – Correção: você me beijou.
 – Que seja. Por que você tem que ser tão certinha?
 – Certinha? Não se envolver com homens casados é senso comum, não sei o que você vê de estranho.
 – Estava falando do vinho. E não sou casado, sou noivo.
 – Tanto faz, dá no mesmo.
 – E se eu não fosse?
 – Se não fosse o que? Um tarado patológico?
 – Noivo, Dul.
 – Cala a boca, Christopher... – ela riu. – E chega de álcool para você também.
 – Minha tolerância é alta, isso não é o vinho falando, é a curiosidade. Não vou fazer nada, mas quero saber. Se eu não fosse noivo...
 – Você ainda seria meu patrão.
 – Ok, se eu não fosse seu patrão também?
 – Você ainda teria uma vida enrolada.
 – Dul...
 – O que você quer que eu diga?
 – Se nós daríamos certo.
 – Não se iluda. – ela desviou os olhos para a taça vazia ainda em sua mão. – Nós nunca daríamos certo. Com as mulheres, sem as mulheres, com o emprego, sem o emprego... Nós simplesmente somos diferentes demais.
 – E essa é a sua opinião ou o que você diz para você mesma para se convencer a ficar longe de mim?
 – Implicando que eu preciso mentir para mim mesma para manter as mãos longe de você, né?
 – Certo. Então diga que não daríamos certo porque não faço seu tipo, oras. Não o clichê de somos-de-mundos-diferentes.
 – Por que faz isso? – ela revirou os olhos. – Qual o sentido? Mais joguinhos mentais? Criar uma falsa sensação de que tem um clima entre nós? Encher o ar de química e tensão sexual, simplesmente porque você curte flertar e conquistar? Você é noivo, deixe de agir como um adolescente cafajeste e desmiolado.
 – Ouch! “Desmiolado”. Essa foi a ofensa mais esquisita que já recebi... quem fala assim?
 Ela riu abanando a cabeça e deu um tapinha no ombro dele.
 – Você faz ideia do quanto é babaca?
 – Não. Mas, felizmente, tenho você para me avisar.
 – Bom... pois vou te avisar algo, então.
 – Diga?
 – A Maite estava estranha hoje, não achou?
 Ele suspirou, não queria falar da noiva. Porém, não queria forçar a conversa em um rumo que seria mal interpretado por Dulce, então apenas deixou o assunto continuar:
 – Quase não a vi, mas sim, estava. Aliás, quando você a viu?
 – No almoço, ué.
 – Ela veio almoçar?! – surpreendeu-se.
 – Sempre soube que conversa não era o forte do relacionamento de vocês, mas, uau. É, ela veio. Realmente não sabia?
 – Não... O que ela te disse?
 – Quase nada, estava bem calada. Meio distante, sabe?
 Desta vez foi Christopher quem abaixou o olhar, sério. Dulce continuou fitando-o, esperando que ele a olhasse novamente, mas isso não aconteceu, então ela simplesmente continuou:
 – Por que você não fala com ela?
 – E dizer o quê?
 – Tudo.
 – Não.
 – Não?
 – Não. Não há nada para ser dito.
 – Claro que há! Christopher!
 – O que, Dul? Você quer que eu conte para ela sobre as minhas amantes, é isso? Quer que eu conte que tentei te beijar? Mais de uma vez? Que estaria te beijando agora mesmo se não tivesse feito a promessa estúpida de me “comportar”?
 Dulce piscou, paralisada, mas decidiu ignorar.
 – Sim. Talvez não assim, mas sim. A dúvida está consumindo a coitada. Ela merece saber, não acha?


 Ele riu, deixando-a ainda mais chocada.
 – E você acha que eu falar tudo vai adiantar algo?
 – Perdão? Como não adiantaria? Ela vai saber a verdade, incontestavelmente, diretamente da sua boca!
 – Dulce... – ele suspirou e meneou a cabeça. – Você não entende, pequena. Se eu falar a verdade sobre as amantes e tudo, ela vai nos dar outra chance. Ela vai acreditar que estou falando porque quero um recomeço, porque a respeito e porque estou disposto a mudar.
 – E você não está?
 – Não por ela, não.
 – Então por que raios vocês vão se casar?
 – Você não entenderia... – suspirou.
 – Tente. – desafiou ela.
 – É ruim ir em festas sem acompanhante. É uma droga voltar para uma casa vazia quando nem os garotos nem a Tay estão aqui. É bom saber que há alguém em casa me esperando, algo garantido.
 – Ela não é sua garantia, Christopher, este é o seu erro. Se você não se der bem com suas amantes, ainda pode voltar e se enfiar embaixo das cobertas com a mulher que está te esperando chegar, achando que você ficou preso no trabalho até tarde? Não é assim que funciona, não está certo...
 – Nem é só pelo sexo, Dul. É a solidão. Eu posso ter câmeras me fotografando em eventos, garotas correndo atrás de mim, uma ex e uma amante loucas, filhos, minha família... Mas no fim, ainda estou sozinho. Eu sou sozinho. É uma solidão que eu nunca pude aplacar. Nem todo sexo do mundo pode arrumar isso. A vontade de simplesmente chegar em casa e desabar na cama ouvindo aquela respiração ritmada e serena? Acordar com um rosto sem maquiagem de uma mulher descabelada e linda ao natural, totalmente familiar, e cujo nome você não se esquecerá nunca, porque é importante demais? Uma refeição em família em um feriado? Sair de mãos dadas? Poder deitar no colo dela e falar do meu dia ruim? Abraçá-la e apenas sentir seu cheiro, não de uma garota que se perfumou toda para conquistar alguém na noite, mas aquele cheiro de roupa limpa e a sensação daquela pele? Você acha que eu não quero isso também? Eu não sou uma máquina, eu sou um ser humano. Um pouco deturpado, talvez, mas ainda um ser humano. E eu querotudo. Eu só não quero tudo com ela.
 Dulce demorou um pouco mais para se recuperar das palavras dele desta vez. Mesmo com tudo que ele já abrira de sua vida para ela, essa fora uma das confissões que mais a impressionara, simplesmente porque nunca o vira tão... normal, frágil, solitário e carente.
 – Christopher... – seu tom era suave como uma carícia – você pode ter tudo isso. Mas, para tanto, você não pode parar de procurar. E certamente não pode enganá-la dessa forma. Não é justo com nenhum de vocês. Você continuará sua empreitada desenfreada por várias mulheres, cada uma para preencher um aspecto que falta na sua vida, culpando a Maite por não ser tudo isso. Enquanto isso, ela se desdobra pra te fazer feliz, sem saber que a culpa não é só dela. Vivendo em dúvida, preocupada, com medo de te perder... E aí, vocês finalmente se separarão e vocês perceberão que perderam tantos anos em um relacionamento naufragado desde o começo. Não é justo. Ela merece ser feliz. Você merece ser feliz. E você pode ser, se se der a chance e não simplesmente desistir porque as primeiras vezes não foram perfeitas.
 – Eu sou um número, Dul! – ele colocou a mão na cabeça, massageando as têmporas. – Por isso eu escolhi logo a Maite. Ela não vê um número como uma etiqueta com o quanto eu valho. Ela é ambiciosa e genial, jamais iria querer ficar na minha sombra. Se ela está comigo, é porque vê algo de bom em mim. Algo que não são os zeros na minha conta bancária. Anahí queria os holofotes, a boa vida. Belinda não é tão diferente assim... Mas ela ainda é apaixonada por mim, ou, pelo menos, pela ideia que tem de mim. Ela me idealiza, porque eu fui o primeiro amor dela, na adolescência. Ela é incapaz de ver que o sentimento nunca será recíproco. E as outras, são apenas uma sucessão de nomes que se apagam assim que a ressaca ataca e o dia seguinte nasce. Todas elas, atrás de uma noite ou atrás de alguma parte de mim: o dinheiro, as festas, as roupas, a fama. – ele ri. – Sabe quantas aspirantes a modelo eu já levei para a cama? Ou para um banheiro público, ou para a mesa do meu escritório, ou...?
 – Ok, entendi. – Dulce cortou, fazendo careta. – Mas você pode conhecer alguém que não se importe com o Uckermann, apenas com o Christopher. Você não é apenas uma marca, confie em mim. Quando você é sincero e baixa a guarda, dá para ver que você é muito mais. Céus, você é muito mais do que se dá crédito! Mas você sempre quer ser frio e distante com as mulheres, como se tivesse medo de realmente se importar com elas...
 – Porque eu tenho! – ele admitiu. – Eu tenho medo. Eu não quero ter meu coração partido de novo.
 – Ninguém quer, mas você não pode evitar isso.
 – Claro que posso, eu estou fazendo isso muito bem, obrigado. Ou pelo menos... Estava, até você chegar e colocar o meu mundo de cabeça para baixo.
 Dulce corou, mas novamente escolheu fingir não ter ouvido.
 – Quantas vezes seu coração foi partido, Christopher?
 – Quantas vezes um coração pode se partir?
 – O que quero dizer, é que até onde sei, você era praticamente uma criança quando se casou com a Anahí. Qualquer coisa que tenha acontecido, não é tão ruim quanto parece. Há muitas formas piores de ter seu coração partido do que por um amor de infância, confie em mim.
 – Por exemplo?
 – Por exemplo, ter uma família em brigas constantes. Como a sua primeira lembrança ser dos seus pais gritando um com o outro... – ela abaixou os olhos, tentando conter as lágrimas que queriam se formar. – Sabia que essa é a primeira lembrança do Guille?
 – O meu... filho?
 – Sim. Ele mesmo me contou. – ela engoliu as lágrimas e o olhou firmemente. – Christopher... Confie em mim, o seu coração está firme e forte. Você não sabe nada sobre dor, felizmente.
 – E você sabe?
 – Todos têm alguma cicatriz. Mas cicatrizes não são tão ruins, elas nos tornam reais, contam nossas histórias. Se algum dia achar alguém perfeito, um coração sem hematomas, tenha medo, porque essa pessoa está em cercada por uma redoma, assustada demais para se permitir viver. E você até pode passar a sua vida assim, mas tudo que sobrará no fim é o medo e todos os arrependimentos do que não viveu. Mas quando você se arrisca... Mesmo que tudo dê errado, você sabe que tentou. Porque a dúvida costuma machucar muito mais do que o arrependimento. E, no fim, os momentos bons conseguem te acalentar e iluminar os dias cinzentos. A gente guarda a dor e deixa a alegria ser maior, é assim que a gente sobrevive todos os dias.
 Ele olhava para Dulce em um transe de fascínio e admiração. Era óbvio que as cicatrizes da vida dela eram bem mais profundas do que as dele e, ainda assim, era ela quem o chacoalhava e lhe ensinava a persistir e ser melhor. Um pouco envergonhado por suas birras de menino mimado, ele só conseguia desejá-la. Não apenas acariciar os lábios dela com os seus, ou arrumar a mecha de cabelo atrás de sua orelha. Ele a queria em sua vida, ele precisava daquilo, daquela força, daquela segurança, daquelas palavras... Ele precisava dela.


 


 Céus, eu estou gostando dessa mulher! – percebeu ele de repente, assombrado e um pouco assustado.
 Sem se conter, aproximou-se. Nem ele mesmo se deu conta do que fazia, apenas sentia-se magneticamente atraído para perto dela, como se ela tivesse uma força gravitacional própria em volta dela, e ele fosse um mero planeta em sua órbita.
 Os olhos mais lindos que já vi. Sábios, intensos... E a sua boca. Como eu quero tocá-la! ... Mas eu não posso fazer isso, eu não devo fazer isso. Não posso estragar tudo agora. Não posso ajudá-la a se convencer de que eu sou o cara errado do qual tanto a alertaram.
 Ele encostou levemente a testa na dela, e exalou lentamente. Podia sentir o hálito quente dela em seu rosto. Seus nariz se roçaram de leve, e o calor começava a se espalhar de seu rosto, descendo por seu pescoço e percorrendo todo seus sistema nervoso. Ela o olhava inquisidora, porém, não se afastou. Confiou nele, querendo testar se ele merecia tal confiança.
 – Eu não vou... – disse em um sussurro rouco que a fez estremecer levemente e fechar os olhos. – eu quero, mas não vou beijá-la esta noite. Não ache que é fácil me afastar de você agora, mas eu preciso honrar minha promessa estúpida.
 Dulce riu baixinho, ainda de olhos fechados, sentindo o hálito com notas de uva dele. 
 – Mas você está certa. Eu preciso começar a tomar decisões melhores. É absurdo como justamente a mulher com quem eu menos me envolvi fisicamente tenha sido justamente aquela com que mais me envolvi emocionalmente. E é aterrorizador, mas você me faz querer tomar decisões melhores. E se eu quero ser um homem melhor, eu preciso fazer isso do jeito certo, para que você saiba que minhas intenções são verdadeiras. Não estou fazendo promessas para amanhã, apenas dizendo o que sei hoje, aqui, agora: E agora eu sei que tenho que terminar com a Maite. Você está certa, não é justo com nenhum de nós. Sei que ela nunca será a mulher para mim. Mas, talvez, eu realmente ainda possa encontrá-la. E, talvez, ela esteja mais perto do que eu poderia sonhar.
 – Não faça isso. – Dulce disse baixinho.
 – Isso o quê?
 – Terminar com ela por achar que assim poderá me ganhar.
 – Eu vou terminar com ela porque a ideia de perdê-la é suportável. Muito mais fácil do que sair de perto de você nesse momento. Independente do que aconteça conosco depois, já está na hora de libertá-la. Eu gosto dela, não a amo, mas gosto dela e quero vê-la feliz. Você pode continuar se esquivando de mim depois disso, eu posso me esforçar para manter a nossa amizade, mas eu ainda preciso terminar com ela.
 – Que bom que entendeu... Mas eu não serei o seu prêmio de consolação, que isso fique claro desde agora.
 – Sei disso. Só saiba também que eu não vou – ele se aproximou novamente, ficando perigosamente perto dos lábios dela. – desistir de você. Pode não dar certo, pode ser o maior ferimento que eu vou arrumar... mas ainda vou lutar essa guerra. Nós temos tempo. Eu não tenho pressa, não estou indo a lugar nenhum. Nunca estive tão perfeitamente bem, exatamente onde estou agora.
 Dulce sorriu.
 – Talvez. – disse ela tão baixinho que ele não tinha certeza se fora ela ou o vento.
 – Perdão?
 – Se você não fosse noivo, talvez. Eu jamais diria isso para prejudicar seu relacionamento, mas já que decidiu por si mesmo, então, admito que talvez sim, talvez eu quisesse... arriscar, tentar.
 Foi a vez dele de sorrir.
 – Amanhã eu falarei com ela. E depois de amanhã, teremos todo o tempo do mundo. Para tudo, para nada. Não estamos fazendo promessas nem criando expectativas, apenas sendo sinceros com nós mesmos.
 Lentamente e com dificuldade, Christopher se afastou e Dulce fez o mesmo. Ela sorriu, desconcertada. Antes que ele pudesse dizer algo, porém, o som do elevador foi ouvido e, em seguida, o ecoar dos passos de Maite rapidamente passando escada acima. 
 – Ela chegou agora? – perguntou Dulce, um pouco temerosa.
 – Sim. Mas não importa. Está quase acabado. Te vejo amanhã de noite.
 – Boa noite, Christopher.


...

 Christopher se preparara psicologicamente ao subir as escadas. Tomaria um banho morno e entraria debaixo das cobertas, encenando pela última vez que aquele noivado tivesse futuro.
 Ou, pelo menos, isso foi o que ele pensou.
 Ao abrir a porta do quarto, parou perplexo no portal, a mão ainda na maçaneta. Havia uma mala de viagem na cama, cheia de roupas. O guarda-roupa estava aberto, o lado de Maite já desfalcado. Antes que ele se recompusesse, ela apareceu saindo do banheiro com seus produtos de higiene. Ela sequer se deu ao trabalho de olhá-lo.
 – O que raios...? – ele sequer conseguiu terminar a frase, tamanha era seu choque.
 – Estou te poupando o trabalho. – disse ela tão baixo, que ele só tinha certeza que ela realmente dissera por ver seus lábios se movendo.
 Por um instante, temeu que ela tivesse ouvido parte da conversa entre ele e Dul – não queria terminar assim –, mas era impossível que tivesse escutado.
 – Mai... – começou, cauteloso.
 – Viu? – ela se virou, energicamente, algumas lágrimas descendo por seu rosto. – Uma pessoa normal perguntaria: “Do que está falando”, ou algo do tipo. Há quanto tempo você quer fazer isso, Christopher? Não, melhor, por que nunca fez? O que te impedia? O que estava esperando?! Eu sinceramente não entendo!
 – Você... – ele ia mentir, mas percebeu que não havia sentido. Já que haviam chegado a isso, melhor arrancar o band-aid de uma vez, do que fingir que estava tudo bem quando não estava; consertar um coração apenas para quebrá-lo em seguida. – Você teria acreditado?
 – Céus! Quão estúpida você acha que eu posso ser?! – ela explodiu. – Você acha que eu nunca escutei os rumores? Acha que eu estava completamente alienada do que se passava ao meu redor, Christopher?! Sério mesmo?! Não, imbecil, eu escolhi a confiança! Claro que você não poderia entender... Mas eu escolhi confiar na pessoa com quem eu passaria o resto da minha vida, ao invés dos boatos de todos os invejosos e mentirosos que existem entre nós! Eu achei que te conhecesse melhor do que a mídia... Como fui ridícula, não? Você realmente é apenas o cafajeste imaturo de sempre. Você não mudou depois do divórcio com a Anahí... Eu achei... Achei que você estivesse me mostrando a verdade. Quando começamos a sair, no nosso namoro. Eu achei que aquele fosse o real Christopher, não uma verdade distorcida para vender. Mas você estava tentando vender, não estava? Estava tentando vender sua imagem de bom moço, e eu caí feito uma garota tola e ingênua. Achei que eu fosse aquela a conhecer um lado que ninguém mais conhecia de você, sem perceber que isso era, exatamente, porque esse tal lado não existia! 
 – Mai... – ele tentou recomeçar, se explicar de alguma forma.
 – Não, agora você vai me escutar até o fim! – chorou ela, apontando um dedo na direção dele, com raiva. – Você teve todas as chances do mundo de vir até mim e contar a sua versão, mas nunca o fez. Agora é a MINHA vez, então aguente! Você faz alguma ideia do quanto foi difícil ignorar tudo? Com pessoas lamentando a minha cegueira pelas minhas costas, mas ninguém com coragem de dizer algo na minha cara. Fingir que éramos o casal perfeito quando eu mesma começava a duvidar disso? Começar, inevitavelmente, a deixar aquelas pequenas vozes crescerem em minha cabeça, e pensar, a cada vez que você saia, se o que me dizia era verdade ou uma desculpa para encontrar com uma amante! Esperar acordada enquanto penso com quem você está! Você não é nem metade do homem que acha que é, Uckermann.
 – Você também não é perfeita! – reagiu ele, não mais capaz de engolir tudo. – Você acha o quê? Que eu ficava feliz de chegar e encontrar uma cama vazia? De querer sair com você e você sempre estar ocupada com trabalho?
 – Oh, perdão por ter objetivos! Perdão por não me contentar em ser a dona-de-casa que te idolatra e te espera chegar ansiosamente, porque você é a única e melhor coisa da vida dela! Desculpe por não estar atrás do seu dinheiro e de querer ser alguém sozinha, por mim mesma!
 – Eu nunca te pedi isso... Mas você nunca escutou nada do que eu pedia, não é?
 – Poupe-me! – ela riu sarcástica. – Você vai mesmo tentar fazer isso ser sobre mim agora?
 – Não. Sei que tenho minha cota de erros...
 – Sua cota? Foi você quem causou tudo isso, Christopher!
 – Não, Maite, não fui. Tenho minha cota, mas você também tem a sua. Ninguém pode fracassar um relacionamento sozinho. Você podia ter vindo e perguntado, podia ter me dado mais atenção, podia...
 – Te dado mais atenção?! Você percebe como soa como uma criança mimada, né?! Por favor, Christopher! Não tente comparar meus erros com os seus, porque você sabe tão bem quanto eu que se os colocasse em um balança, o seu lado perfuraria o chão.
 Ele respirou fundo, tentando se acalmar.
 – Céus, em pensar que eu iria até o fim com essa mentira... Que eu me casaria com essa mentira. Que eu a viveria! Você realmente nunca teve um pingo de consideração ou respeito por mim, não é?!
 – Isso não é verdade...
 – Não é? Você quer que eu te mostre provas da sua infidelidade, Christopher?
 Ele piscou, paralisado, confuso.
 – O que isso quer dizer? Aliás... Como você...?
 – Você quer saber como eu finalmente abri os olhos? Como parei de tapar o sol com uma peneira? RÁ! Essa é a melhor parte! – a voz dela ficou mais estridente, conforme ela ficava mais irritada e as lágrimas passavam a um fluxo mais intenso. – Porque eu posso ter sido traído, mas você foi duplamente traído. Traído por uma de suas amantes! Como se sente agora? Como se sente sabendo que eu descobri isso através da própria Belinda?! Que não apenas me contou, mas me mostrou a verdade. As conversas picantes, as fotos... TUDO, CHRISTOPHER!
 – A Belinda é uma dissimulada, Maite!
 – MAS NEM POR ISSO ESTÁ ERRADA, ESTÁ?! – ela abanou a cabeça, fechando os olhos com força, tentando se recompor. – Ela é uma dissimulada, Christopher, mas ainda foi melhor que você. Porque pelo menos a sua amante dissimulada teve a dignidade de me contar a verdade... Ela teve mais respeito pelos meus sentimentos do que você. Você percebe o quanto isso é lastimável?
 Maite tentou sorrir ironicamente entre as lágrimas, mas tudo que conseguiu foi um resultado entre a tristeza e conformidade.
 – Como eu pude ser tão idiota, não é?
 – Maite, deixe pelo menos eu te explicar o meu ponto de...
 – Para quê? – sua voz agora era exausta. – Para quê, Christopher? Você nunca vai mudar, vai? Então para quê desperdiçar mais dos nossos tempos? Para que me iludir em pensar que talvez haja esperança? Você sabe que parte de mim quer acreditar que há...
 – Se você quisesse, me escutaria. Você também queria terminar, Maite, não se engane.
 Ela apenas suspirou, negando com a cabeça e desviando o olhar.
 – Então diga, Mai, diga as três palavras. Diga que me ama, já que você lutou tanto por esse relacionamento e eu sou o canalha infiel que arruinou tudo!
 – Qual o sentido disso agora?! – rebateu incrédula, voltando a se irritar. – Acredite ou não, eu tenho um pouco de dignidade e pretendo levá-la comigo ao sair.
 – Sua dignidade se foi quando você aceitou tudo sem questionar, quando escolheu virar a cara fingir que estava tudo bem. E para que? Você achou que assim conseguiria subir na empresa? Achou que...?
 Antes que ele completasse a frase, Maite acertou-lhe um tapa no rosto. Seu olhar era furioso, novamente as lágrimas rolavam.
 – Eu nunca estive atrás do seu dinheiro, imbecil. Até porque, não preciso que o seu dinheiro me compre algo que o meu talento pode conseguir muito bem sozinho.
 – Eu não quis...
 – Quis. Quis, sim. Porque você tem problemas de confiança e eu não tenho a paciência para tentar te mudar. Você é uma batalha perdida, Christopher. E você continuará aí, lutando sozinho, sem perceber que está lutando consigo mesmo e que é o único que vai acabar machucado.
 – Maite... Eu sou idiota, assumo responsabilidade por isso. Mas podemos pelo menos conversar? Terminar isso direito, pelo menos?
 – Terminar? NÓS JÁ TERMINAMOS! – ela virou-se e fechou o zíper da mala, colocando-a no chão sobre as rodas. – Nós terminamos há muito tempo... E as únicas duas pessoas que faltavam perceber isso éramos nós mesmos. Está acabado, Christopher.
 Ela tirou algo do bolso e colocou na cama antes de sair puxando sua mala porta a fora. Quando já estava de costas para ele, parou e completou:
 – Mandarei alguém pegar o resto das minhas coisas... Adeus, Christopher.
 – Mai, por favor, ainda vamos trabalhar juntos. – tentou ele em um último esforço, mas ela não se virou.
 – E eu serei totalmente profissional, se ainda me quiser na empresa. Mas colegas de trabalhos é o máximo que seremos agora, então, é, um adeus é apropriado aqui.
 E antes que ele respondesse, ela partiu. E ele sequer se deu ao trabalho de correr atrás dela. Ela tinha razão, não havia um porquê. Ele olhou para o objeto na cama, que brilhou com a luz fraca da noite, que entrava pela janela. A raiva fervia em seu sangue e havia algo que ele precisava fazer – não podia mais esperar para fazer.
 Pegou seu celular e discou furiosamente. No segundo toque, foi atendido e logo disparou:
 – Que direito você acha que tinha para estragar o meu relacionamento?
 – Boa noite para você também, Ucker.
 – Que direito você acha que tinha para estragar o meu relacionamento, Belinda? – repetiu.
 – Não seja tão modesto, queridinho. – ela falava calmamente, com uma voz de seda. – Você mesmo o estragou, sozinho.
 – O que deu em você?! Você podia ser muitas coisas, mas nunca foi baixa a esse nível!
 – O quê? – ela gargalhou brevemente. – Você achava mesmo que eu era legal ao ponto de manter o bico fechado? Não, Ucker, eu era egoísta a esse ponto.
 – Do que está falando?!
 – O meu silêncio nunca foi por causa dos seus presentes, de você e muito menos por ela! – a voz dela começava a se elevar gradualmente. – Eu ficava quieta por mim mesma. Porque eu temia que se eu falasse tudo, ela me veria como a pessoa que tentou atrapalhá-los. Ela te perdoaria e você me odiaria. Eu temia que você não iria mais querer me ver, e que jamais confiaria novamente em mim... Céus, eu temia que te perderia! – ela se recompôs, a voz novamente equilibrada ao completar: – Mas agora eu percebo que isso, o meu medo de te perder, implicaria que algum dia eu te tive. E eu não sou tão iludida a esse ponto; não mais, queridinho.
 – Por que agora, Belinda? Por que você decidiu começar a agir como uma louca logo agora? Por que com a Maite?! Ela nunca representou um perigo para você, não mais do que a Anahí ou qualquer outra!
 – Porque com as outras eu tinha uma vantagem! Eu te conhecia melhor, eu representava mais para você do que uma seleção de anônimas aleatórias em bares. Até mesmo a Anahí sabia que não era páreo para mim. Ela sabia sobre mim, mas nunca meteu as caras comigo. É verdade que a oxigenada tentou me passar para trás e te dar uma vida perfeita, mas ela me subestimava. Porque ela era cega demais para perceber que o problema do seu relacionamento com ela era que, justamente, você nunca quis um relacionamento com ela. Então, quanto mais ela pressionava, mais você escapava... para mim. E ela sabia o lugar dela nessa história, sabia que eu poderia tirá-la da jogada em um piscar de olhos. De uma forma insana, talvez, mas ela me respeitava. Porque ela tinha consciência de que só estava com você o quanto e porque eu permitia.
 – Você tem que estar brincando…!
 – Todos que te conhecem sabe que o seu lugar é comigo, Ucker.
 – Mesmo que você quisesse, eu jamais seria seu, idiota!
 – Muito menos seria da Anahí. E era ela quem tentava te prender, não eu. Eu tinha vantagem em todas as frentes, você não entende? Daí, você inventa de noivar com a Maite! O que raios você viu nela?! Não sei se você queria alguém que fosse a anti-Anahí, mas com certeza conseguiu alguém totalmente oposto. Porque tudo que uma tinha de obcecada, a outra tinha de desligada. Foi aí que eu comecei a perceber... Porque mesmo estando ali, logo ao seu lado, nunca era eu. 
 – Você está começando a soar como uma psicopata... – lamentou ele, fechando os olhos, tentando controlar a raiva.
 – Mas eu decidi esperar – continuou ela, inabalável. –, porque eu preferia continuar consolidando nossa relação do que jogar tudo pelos ares... eu sabia que você, sendo você, estragaria esse relacionamento de alguma forma. Mas é claro que você tinha que ter escolhido uma idiota cega; quem mais ficaria com você sem ter uma das ou até as duas qualidades, não é? Ela queria certeza. Boatos não seriam o suficiente para espantá-la. Só que para um verdadeiro escândalo, eu provavelmente me exporia demais... De qualquer forma, você resolveu isso também ao me descartar. Porque você achou que ganharia de novo, mas dessa vez eu virei o jogo.
 – Você é tão imbecil assim, Belinda? Sério mesmo? Como raios você acha que está ganhando? Você realmente não percebe que em semanas vai estar se humilhando para me ter de volta por uma noite que seja? Você está há poucos passos de lamber o chão onde eu piso, e você sequer se importa se eu pisar em você por tabela. Você é tão ridiculamente apaixonada por mim que me dá PENA. Me dá nojo, até!
 – Aí que se engana, Ucker. – dava para perceber que ela sorria e aquela tranquilidade começava a preocupa-lo. – Você não é a última bolacha do pacote, queridinho. Porém, você nunca esteve tão sozinho. Agora sem a Maite, sem a Anahí, que está entretida com o novo brinquedinho, e sem mim, o que te sobra? Voltar às conquistas de cada dia? Você sabe tão bem quanto eu que já não tem mais a paciência para isso. Tem a empresa para cuidar, seus filhos... Mas também tem suas necessidades. Então eu posso até apostar que será você que vai correr atrás de mim. E, para que saiba, dessa vez eu só te aceitarei de volta com um pedido de desculpas, um anel de diamante e o pedido que as outras duas tiveram.
 – Casar com você?! Você realmente tem problemas mentais! NUN-CA! Você acha mesmo que eu não posso conseguir nada melhor? Você acha que eu vou querer uma prostituta com complexo de inferioridade? Só nos seus sonhos desvairados!
 – Nunca diga nunca, queridinho. Talvez possa conseguir algo melhor, mas não poderá manter. Aceite, ninguém além de mim tem o necessário para ficar ao seu lado e te fazer feliz. E um dia você perceberá isso também.
 – Ou um dia você acordará desses devaneios absurdos e doentios. 
 – Tanto faz... Divirta-se com a empregadinha agora. Sei que vai correr para baixo da saia dela, literalmente, como sempre quis. Mas em breve ela também fugirá desse mar de confusões que você é, confie em mim... E, aí, pode começar a planejar nosso noivado.
 – Além de fácil e idiota, você é louca. – conclui ele, revirando os olhos e frisou bem ao completar: – Até nunca mais, Belinda!
 – Até um futuro não tão distante, Uckermann.
 Ele desligou o celular com a raiva ainda mais borbulhante do que antes da ligação. Por que ainda ouvia aquela mulher? Em sua mente, fez uma promessa de que nunca mais teria qualquer tipo de contato com ela. Aquele era o marco zero, o dia em que a tirava de sua vida de uma vez por todas.
 Mesmo para ele, esse era um novo recorde: perdera duas mulheres em uma noite. Acabara dois relacionamentos em menos de uma hora. Afinal, talvez ele realmente não fosse o cara ideal. Talvez Maite estivesse certa... Talvez ele estivesse iludindo Dulce também, apenas para conquistá-la. E, se este fosse o caso, Belinda também estava certa: ela fugiria quando percebesse isso. 
 Mas... Então por que tinha essa sensação de que ainda valia à pena lutar pela empregada?
 Pela primeira vez, ele ficou em dúvida sobre investir nela. Ironicamente, agora nada o atrapalhava. Então precisaria tomar cuidado. Porque se a afastasse dessa vez, poderia não haver outra chance.
 O que raios está acontecendo comigo? O que eu vou fazer? – pensou ele agoniado, jogando-se de costas na cama de casal que ainda tinha o perfume de Maite. – Essa deve ser a noite mais longa da história...



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Autor(a): akcardoso

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 447



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  • vondyfforever Postado em 25/05/2016 - 18:56:22

    Eeeei volte

  • ✌Ask✌ Postado em 05/10/2015 - 02:19:30

  • #Pequena_Girl Postado em 20/08/2015 - 19:03:06

    Por que você não continua????

  • jhessyvondy Postado em 18/08/2015 - 01:54:13

    Dulce só pode estar louca de ir falar coma BBelinda , deixa ela saber que a Belinda tem parcela de culpa na parte dela ir embora , ai chorei com a história do Guilherme tadinho , cara ficarei bem feliz se o Christopher desse atenção pra os filhos , pq tenho quase certeza que vondy não voltar a ficar junto por um tempo :((((( cooontinua

  • #Pequena_Girl Postado em 16/08/2015 - 21:03:05

    Oi leitora nova gatita a fanfic eh vondy quer dizer no final de tudo ele vai ficar com a Dul neh

  • vondyfforever Postado em 14/08/2015 - 14:57:32

    Que bom que vc voltoooo! Amandooo postaa maiss! Que bom que eles estao se entendendoo! *-*-*-*-**-*-*-*--*-**-

  • jhessyvondy Postado em 14/08/2015 - 14:45:31

    UAL que bom qe você voltou . Naomi ra viva ? Não creio , adorei os vondys nesse astral lindo , cooooontinu

  • PamLopes Postado em 14/08/2015 - 12:05:43

    Ainda bem que vc voltou a postar adorei....continue

  • vondyfforever Postado em 09/02/2015 - 01:11:37

    Omg! Serioo nao intendi muitok o fiNal estou confusa era o Christopher que ela estava falandoAi meu deus ansiosaa para a parte 2 e ve no que vai dar. Postee logooo

  • luanavondy Postado em 08/02/2015 - 23:39:15

    ansiosíssima pela parte 2.quantas emoções eu não esperava por isso. qual será o destino dos personagens? Posta mais!! estou muito feliz por vc ter voltado a posta. amo sua web


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