Fanfic: Uckermann ♥
O trajeto de carro até o apartamento de Leighton foi silencioso. A mais velha dos filhos de Paul foi no banco do passageiro, ao lado de seu motorista, com quem conversava animadamente, deixando Dulce e Taylor atrás. A loira ainda ostentava um pequeno sorriso, mas mantinha-se calada. A ruiva, por sua vez, tinha medo de puxar assunto. Havia tanto o que ser dito que acabava sendo mais fácil perder-se no silêncio das possibilidades.
Quando o carro parou em frente ao prédio, Dulce percebeu que nunca tinha estado no apartamento de Leighton. Pelo que se lembrava, era relativamente próximo ao de Christopher. O prédio tinha uma fachada bastante luxuosa, mas de uma forma mais clássica e menos chamativa.
– Não sou o meu irmão. – Leighton disse quando entravam na portaria, quase como se pudesse ler pensamentos. – Não preciso ostentar uma cobertura para levar mulheres para a cama.
Taylor riu do comentário da amiga, revirando os olhos.
– Eu não posso voltar para casa hoje. – suspirou a loira, quando saíram do elevador no décimo terceiro andar.
– Vocês duas ficarão aqui por enquanto. – respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, caminhando pelo pequeno corredor de apenas três portas e abrindo a mais distante. – Bem-vindas ao apartamento da melhor Uckermann da família!
Leighton segurou a porta aberta, dando passagem para as outras.
Uma parede fazia às vezes de hall, separando a sala de dois ambientes da entrada. Em uma rápida olhada, Dulce já podia perceber que embora o lugar fosse menor, a irmã de Christopher vivia com o mesmo conforto que ele.
Ela seguiu as outras duas,que se jogavam nos sofás macio e cheio de almofadas. Taylor deitou-se no menor, um braço na testa e uma careta de preocupação.
– Você acha que ele vai me expulsar?
– Christopher? Ele te ama. Você acha mesmo que ele faria isso? – Leighton respondeu, sentada no outro sofá com as pernas dobradas contra o peito. – Você acha que eu o deixaria?
– Bom, Belinda me odeia agora. Ela não vai me querer lá...
– O que está acontecendo,afinal? – Dulce não pode mais se conter. – Que festa era aquela? Por que raios Christopher está com a Belinda? Quero dizer, em público? Chegamos a esse nível?
Taylor se sentou, seu olhar totalmente sóbrio lançava pena na direção da ruiva.
– Dulce... – incomodava aforma como a loira parecia medir e procurar as palavras certas. – Christopher e Belinda... Eles vão casar. Nós acabamos de ser expulsas da festa de noivado dos dois.
Dulce fechou os olhos e lentamente abriu um sorriso incrédulo, encarando novamente as outras.
– Eles... o quê?
– Depois que você partiu...Christopher voltou ao que era antes de você ter aparecido em nossas vidas. Ele estava pior do que nunca, e eu não achava que pudesse piorar. Então, um dia, ele leva Belinda para casa e diz que eles estão juntos. Eu não sabia se ele estava bêbado, se ela o tinha drogado ou o quê, mas ela passou a morar lá... E Christopher começou a querer a avisar a mídia e a família de que ia se casar novamente. Isto foi... o quê, dois, quatro meses atrás, no máximo?
– Mas com tantas pessoas no mundo... Por que justamente ela?
– Oh, querida, há tanto lixo por trás dessa história que você nem iria querer saber...
O silêncio reinou por um instante, conforme Dulce absorvia os fatos. Por fim, ela suspirou. Aquilo era o que menos lhe importava.
– Eu vi o Guilherme e o Lucas.Eles estão tão crescidos...
– Sim? E eles?
– Eles... – ela mordeu o lábio inferior, olhando fixamente para um ponto qualquer. – Eles me ignoraram completamente.
– Bom, você não pode culpá-los, não é mesmo? Você foi embora. Você era tudo para eles, e você foi embora.
Dulce suspirou pesadamente, ciente de que os próximos dias e todo o seu futuro com aquelas pessoas dependia daquele momento, dependia do equilíbrio daquela balança de precisão absoluta.
– A minha mãe, Taylor...Ligaram do hospital. Ela estava morrendo. Eu tinha que ir vê-la, estar com ela em seus momentos finais.
– Mas você não esperou para se despedir, o que, honestamente, eu até consigo entender. De verdade. Mas eu cheguei em casa e fui para o seu quarto, fui te contar do encontro que você me arrumou com o seu melhor amigo... E tudo estava vazio.Suas roupas tinham sumido, tudo tinha sumido! E aí eu vejo um bilhete atrás da porta... Um bilhete, Dulce! Não era para mim, não era para os meninos... Nem mesmo para o Christopher era! Era apenas uma constatação. Umas dez palavras em um guardanapo, avisando o óbvio. Como se não pudéssemos ver que você partira...
As lágrimas rolavam dos olhos azuis e Dulce sentia os seus próprios começando a marejar também.
– Tay...
– Você sabe o que foi Dulce?Como eu me senti naquele momento? No momento que eu não sabia o que diabos tinha acontecido com você?! A julgar pelas duas partes do bilhete, a sua e a dele, vocês claramente dormiram juntos, e agora nenhum de vocês estava em casa! Os Uckermann estavam fora do país, as crianças que te idolatravam estavam na casa do diretor de marketing da empresa, e eu estava sozinha com um bilhete que nem era para mim! O que eu deveria fazer? Para quem eu deveria ligar? Onde eu começava a te procurar?
– Eu deixei uma carta! Para você, eu deixei uma carta.
– Pois eu nunca achei nada!Nesses três anos, eu nunca achei nada.
– E nem me ligou para saber!– rebateu antes que pudesse se conter.
– E-eu nã...?! Eu te liguei!Naquela noite, quando eu cheguei em casa, mesmo com a raiva e a confusão que eu estava, eu te liguei. Eu devo ter te ligado um milhão de vezes... Eu não dormi naquela noite e eu te liguei inúmeras vezes. Foi você nunca atendeu ou retornou!
– Eu estava com problemas...
– Eu sei, e eu sinto muito por isso. Do fundo do meu coração, Dulce, meus pêsames pela sua mãe. Mas você não era a única a ter problemas, Dulce!Naquela madrugada eu recebi uma ligação do hospital, avisando que Anahí sofrera um acidente de carro. Agora eu tinha mais isso para contar para Christopher e as crianças! Você tem ideia do inferno que foram os dias que se seguiram a sua partida? Você consegue imaginar o Lucas chorando vendo a mãe naquele estado, te procurando, e não tendo você lá para consolá-lo? Você consegue imaginar a raiva do Guilherme? Eles se fecharam completamente! Mais do que antes! Você tinha conseguido, tinha feito por merecer o seu lugar na vida e no coração deles... Você ganhou a confiança deles, apenas para partir e partir o coração deles, como todos os outros! E eu fiquei sozinha com duas crianças inconsoláveis, sem notícias, um telefone que ia direto para a caixa postal, e patrões que estavam do outro lado do mundo. Então, é, eu nunca mais te liguei... Sinto muito, mas eu estava ocupada demais sendo babá da ex-mulher do Christopher, tentando cuidar dos filhos deles, que estavam completamente destruídos. Tentando lidar com os meus problemas, com os problemas da minha família, e da vida que você deixou para trás sem olhar duas vezes, sem pensar nas consequências! Eu entendo que tenha tido seus motivos naquele dia. Mas qual a sua desculpa para os outros, sei lá, mil e tantos dias? Foi você quem não retornou as ligações. Você queria espaço, eu te dei espaço... Mas você simplesmente flutuou para longe, para fora de vista. Eu não podia mais te alcançar.
– Eu deixei uma carta,Taylor. Sei que não é muito, que não é justificativa nem satisfação, mas eu deixei uma carta para você explicando tudo. E eu não podia atender naquela noite, porque eu estava em frangalhos. E os dias seguintes foram ruins... Foram complicados, foram horríveis. Eu deveria ter retornado, mas eu não conseguia. Eu precisava da minha melhor amiga, mas eu não sabia o que dizer, eu não queria... eu não queria que você me odiasse. Eu não queria, acima de tudo que eu estava passando, sentir o peso da culpa de ter ido embora. Eu sabia que os meninos precisavam de mim. Foi por isso que eu fiquei longe. Porque eu já tinha feito estrago demais. Eu precisava recomeçar. – ela deu de ombros, chorando. – Porque é isso que você faz depois que todo o dano já foi causado. Você recomeça.
O silêncio seguiu a afirmação, uma sustentando o olhar da outra.
Um barulho na cozinha quebrou a conexão. Só então Dulce percebeu que Leighton tinha saído discretamente em algum momento.
– Você era a minha melhor amiga. – Taylor disse em um fio de voz, por fim. – Não foram só os garotos que confiaram em você, que baixaram a guarda... Não foi só a eles que você abandonou. Você era a minha melhor amiga, e você sumiu do dia para a noite. Você sumiu por três anos.
– Eu sei... Eu sinto muito.
– Não é o suficiente.
– Eu estou aqui agora. Eu não estou indo a lugar nenhum.
– É? E até quando isso?
– Taylor, por favor... Você também era... É. Você também é a minha melhor amiga. Talvez eu não mereça, mas, por favor, me dê uma chance. Por pior que eu tenha sido, você também me abandonou no momento em que eu mais precisava.
– Eu te liguei um milhão de vezes! Eu tinha outros problemas! O que você queria que eu fizesse?
– Que não tivesse desistido.
– Eu tentei, Dulce. Já foi mais do que você fez, não foi?
– Foi. Mas não foi o suficiente também.
Os olhares das duas se encontraram novamente.
– Merda. – Taylor suspirou e cruzou os braços em frente ao rosto, recostando-se no sofá.
Dulce também se recostou,ainda olhando na direção da loira, esperando alguma reação. Neste momento, Leighton voltou com duas garrafas de cerveja e uma de água.
– O que ele te contou? –perguntou a ruiva subitamente. – Daniel. No encontro. O que ele te contou?
– Você quer saber o que ele me contou? – Taylor pegou sua cerveja. – Ou o quanto eu contei aos outros?
– As duas coisas. – deu de ombros, abrindo a garrafa d’água.
– Ele me contou tudo, acho.Eu não contei quase nada.
– Laura? – Taylor confirmou com um aceno de cabeça. – Meus pais? Poncho?
– É o que você faz, não é? –Taylor sorriu tristemente. – Você foge, Dulce.
– Já me disseram isso algumas vezes... Vezes demais, até.
– Você não pode fugir de verdade. – Leighton finalmente se pronunciou, bebericando sua cerveja. – Se você está fugindo sem direção, onde espera chegar? Você não pode fugir de si mesma, dos seus medos, dos seus pensamentos. Qual o sentido, então?
Dulce olhou para suainterlocutora, mas não soube respondê-la. A verdade naquelas palavras não podia ser contestada.
– Então... – suspirou aruiva, tentando desviar. – O casamento do século, hein?
– Oh, Céus! – Leightonrevirou os olhos e voltou ao seu jeito normal. – Nem me fale dessa tragédia!
– Foi por isso? – Dulceolhou de Leighton para Taylor, que também se recompunha. – A música? No... noivado?
– Porque eu nunca gostei daBelinda, sim. Porque ela é a pior opção que o Christopher poderia escolher, também... – a loira hesitou e olhou para Leighton.
– E? – incentivou a outra.
– E porque... – Taylorsuspirou. – Que seja, eu vou te contar. Não significa que eu tenha esquecido os últimos anos, mas... Você é uma de nós, você é um Uckermann. E você está aqui agora.
– Eu não sou um Uckermann. –resmungou.
– Obrigada pela expressão dedescaso ao dizer isso, eu e minha família agradecemos profundamente. – Leighton revirou os olhos, fazendo as outras duas rirem.
– Eu não quis que saísseassim... Eu só quis dizer que não, eu não tenho nem como ser considerada parte da família. Especialmente hoje em dia.
– Antes de você ir embora,você sabia os meus segredos. Você era o porto-seguro das crianças. Você conseguiu até que o próprio Christopher baixasse a guarda e começasse a agir mais humanamente. Você pode não ter o DNA deles, mas assim como eu, você é um Uckermann. – Taylor deu de ombros.– Não é só sangue que une uma família. E família a gente não escolhe.
– Tanto faz. – a ruivabalançou a cabeça, sem querer se prender ao quanto o fato de ser incluída daquele jeito era importante para ela. – A música, Tay?
– No dia em que vocêpartiu... No dia do meu encontro com Daniel, nós chegamos a nos beijar.
– Sério? – Dulce arregalouos olhos para a amiga.
– Ele não te contou?! – oterror espalhando-se pelo rosto dela.
Dulce sentiu o fluxo desangue subir pelo seu pescoço e espalhar-se por seu rosto. Tudo o que não precisava naquele momento era ter que explicar o complexo relacionamento que tivera com o melhor amigo nos últimos tempos.
– Tínhamos muita coisa emnossas mãos. Depois, falar do litoral, de vocês... se tornou quase um tabu entre nós.
– Certo... – ela suspirou epegou a garrafa de cerveja, dando um longo gole antes de prosseguir: – Bom, então, apesar do beijo, havíamos concluído que tínhamos assuntos pendentes. Nós dois. E depois, com tudo o que aconteceu, não é como se pudéssemos ter tido outro encontro de qualquer forma, não é?
– Então você escolheu... –Dulce se conteve ao lembrar que Leighton estava ao seu lado, observando silenciosa e atentamente à conversa, enquanto bebericava sua bebida. – Seu, er, Homem Misterioso?
– Céus! – Leighton colocousua garrafa na mesinha de centro com um baque. – Como se já não fosse perturbador o suficiente... Pelo meu pai. Sim, a minha melhor amiga, quase minha irmã, trocou um cara perfeitamente ideal para ela pelo meu pai. Pensando bem, eu entendo porquevocê não quer ser um Uckermann, Dul. Eu não te culpo...
Dulce olhava boquiabertapara Leighton. Taylor, desconfortável com a situação, riu da expressão das duas amigas.
– Sim, ela sabe, Dul. Eu guardeiesse segredo por metade da minha vida. Mas depois que eu contei para você... eu sentia falta de ter uma confidente. Especialmente porque foi na época em que você morava conosco que a situação deixou de ser platônica...
– LA LA LA LA LA LA! –Leighton levou as mãos aos ouvidos, cantarolando. – Não estou ouvindo, eu NÃO ESTOU!
– Deixe de ser babaca, Lê.Enfim... Quando a situação começou a ir de mal a pior, eu realmente precisava de uma amiga.
A palavra acertou um pontovunerável nas emoções de Dulce, que tentou não transparecer.
– Eu adoro como vocês mefazem sentir a última opção.
A ruiva ficou feliz em poderrir do drama da herdeira.
– Mas, afinal, por que tudo começoua ir de mal a pior? Achei que se a situação desse errado seria porque algum dos Uckermann... dos legítimos Uckermanndescobriu. O que aconteceu?
– Legítimos. – Taylor remoeua palavra por alguns segundos, mas logo continuou sua história: – Bom, aconteceu o que sempre acontece.
– O vórtice. – disseram astrês em uníssono, cainda na risada por um instante.
– Vão rindo... – resmungou aloira, embora também sorrisse. – O vórtice das mentiras me sugou.
– Céus, eu não preciso ouvir isso.
– E eu não consegui ver averdade. – continuou, ignorando a amiga. – Até que fosse tarde demais.
– Significando?
– Que o fato de ele sercasado nunca foi o real obstáculo. Isto nem era problema. E o fato de me ter como... – ela fez careta, olhando para Leighton, que também a imitou. – Amante dele, não significava mais do que isso. Eu era apenas isso. O passatempo. Não tinha nada a ver com amor. Ele não se apaixonou por mim, não foi por amor que ele arriscou o casamento... Eu não era a única, Dul.
– Sinto muito, Tay.
– É, bem... Depois que elevoltou de viagem com os filhos, quando Anahí estava internada, nós começamos a nos afastar. A princípio, achei que tinha a ver com toda a situação conturbada, mas depois ficou claro que tinha mais. Então, ele passou a me evitar.
– Ele nem teve a descênciade te falar que tinha acabado?
– Exato. – Leightonrespondeu com acidez. – Meu pai usou minha melhor amiga, que, aliás, é mais nova do que os dois filhos dele, e depois a descartou assim, sem explicações. Eu nunca vou superar isso. Querodizer, eu sempre soube que ele e a mamãe tinham problemas, mas... Eles nunca brigadam, eu nunca saberia dizer quais as mágoas que um guarda do outro. Mas ela sempre foi o monstro, não é? Eu sempre achei que ela era a pior Uckermann. Mas depois que a Taylor me contou toda essa história... Eu simplesmente não sei mais.
– Por isso você a ajudouhoje.
– É. Mas não foi só isso.
– Céus, quão pior essahistória pode ficar?
– Eu acho que Paul me traíacom a Belinda.
Os olhos de Dulce quasepularam das órbitas.
– Vo... O... Perdão, oi?
Taylor apenas confirmou com a cabeça, dando um instante para a amiga processar aquela informação.
– Be... Belinda. Como em a Belindaque estava noivando hoje com Christopher? Por favor, eu já nem sei mais o que pensar!
– Digamos que a Belinda tem uma queda pela nossa família. – Leighton suspirou longamente. – Bom, acho que é justo, considerando os fatos... De qualquer forma, eu mesma fiquei com ela umas duas vezes. Ambas quando estava bêbada, é claro. Mas guarde o choque sobre a minha sexualidade para depois, a questão não é essa. O fato é, sabemos que ela não se importa de passar pela família, ou então não teria se envolvido comigo. Ou pelo menos teria contado para Christopher, o que duvido que ela tenha feito. Porque se tivesse, meu irmão teria feito algo, dito algo para mim.
– Certo, mas essa é a prova? Que você já ficou com a amante do seu irmão? Isso não prova que o pai de vocês... – Dulce fez careta com o pensamento. – E eu achando que essa família já era complicada antes! Enfim, isso não prova que o pai de vocês também estava envolvido com ela.
– Achei que a essa altura você já tivesse entendido, Dul. Belinda só se relaciona com pessoas ricas e poderosas. Para mantê-la feliz e calada sobre os affair, nós damos presentes para ela. Compramos carros, apartamentos, viagens, roupas... Muitos dizem que ela é uma prostituta de luxo, mas não é o que ela é. Ela é uma Irene Adler. Ela nos domina pelas nossas reputações, pelo quanto valemos para mídia. É um jogo para ela, um jogo psicológico, uma questão de poder. Ela gosta da boa vida, é claro, mas ela gosta de saber que nos tem como marionetes em suas mãos, puxando as cordas e controlando nossos destinos.
– Ou seja, ela é louca.
– Sim. Crescendo ela sempre se sentiu invisível. Depois, quando começou a perceber que as pessoas a queriam, a olhavam, a desejavam... Ela ficou viciada nisso. Em precisar da aprovação dos outros. A se validar pelo quanto os outros a buscavam. Mas Christopher? Ele é outro nível para ela.
– Por que? Até onde eu sei, ele sempre a quer, há anos.
– É, mas ele não queria antes. Ele quis depois que já não tinha nada melhor. Ela sempre foi a segunda opção dele, todos esses anos. Não importava quem fosse a primeira, ela sempre era a segunda, a reserva. Mas ela queria o pacote completo, não só a pegação. Conseguir que meu irmão colocasse aquele anel no dedo dela é o triunfo de todo esse tempo que ela investiu em correr atrás dele. Ela está ganhando, e só um milagre vai pará-la.
– Eis que entra Dulce. – completou a outra.
– Perdão? – a ruiva virou-se confusa.
– Uma baita coincidência você voltar depois de todo esse tempo, não acha? E logo no dia do noivado do meu irmão?
– E o Paul te trouxe.
– Ainda não prova nada. Por que vocês simplesmente não contam para o Christopher as suspeitas?
– Porque como você disse, não temos provas, são só suspeitas. Além disso, o papai é o heroi do Chris. Ele já tem toda aquela raiva da nossa mãe... não podemos tirar isso dele também, ainda mais por um motivo tão estúpido quanto a Belinda. Não. Além disso, está tudo certo agora, não é? Você vai parar o casamento e...
– Eu não sou o milagre que vai parar este casamento, definitivamente.
– Talvez não. Mas na pior das hipóteses, meu irmão se casa com a prostituta da nossa família, encerrando o caso do nosso pai. Na melhor, o casamento é cancelado. De qualquer forma, ainda estamos seguros.
– Céus... Algum dia vocês vão me contar todos os segredos e histórias dessa família? Porque eu sempre sinto que falta uma parte do quebra-cabeça. Vocês sempre têm uma carta na manga, mais um segredinho obscuro escondido embaixo do tapete. – ela se empertigou, desafiando as outras. – Vamos lá, eu sou uma Uckermann, não sou?
Leighton sorriu e levantou sua garrafa em um brinde àquela pergunta. Taylor revirou os olhos rindo, mas cedeu.
– Certo. A verdade é que Christopher...
O interfone interrompeu a frase e a loira deu de ombros, pegando sua garrafa. Leighton foi atender e Dulce desistiu da conversa. Abriu sua garrafa e bebericou um pouco da água.
Era incrível pensar que fazia apenas horas que havia voltado para aquela família e tantas bombas já lhe tivessem sido lançadas. Como eles podiam esperar que ela se acostumasse ou sobrevivesse àquilo?
Mas ela pensou cedo demais. As coisas sempre podem piorar.
Daniel entrou pela sala, evidentemente tímido. E em sua companhia estavam Lucas e Guilherme.
Dulce fechou os olhos.
– Vamos, crianças, quarto de hóspedes. – Leighton ordenou ao voltar para a sala.
– Boa noite, tia.
Lucas deu um beijo nela e outro em Tay. Até trocou um cumprimento com Daniel, mas apenas olhou ressentido na direção de Dulce, que não insistiu. Guilherme simplesmente saiu em silêncio.
– Ei, Daniel, né? Vou pegar uma cerveja para você.
– Não, obrigado. – ele olhou na direção da melhor amiga. – Eu não bebo.
Havia um milhão de razões para Dulce amar o homem em sua frente, e esta definitivamente era uma delas.
– Dan, é um prazer revê-lo. – Taylor havia se endireitado no sofá e aparentava estar bem mais sóbria.
– O prazer é todo meu, Tay. – ele beijou o rosto dela, sentando-se ao seu lado no pequeno sofá. – Como vai?
– Bem, obrigada. Você?
– Pergunte isso amanhã, depois do meu primeiro dia oficialmente com os Uckermann.
– Ora, você não teve o suficiente hoje? – ela sorriu e Dulce teve de desviar os olhos dos amigos, com a forma flertiva que a loira lançava. – No noivado?
Daniel procurou os olhos de Dulce, mas como ela não o encarou de volta, nem expressou reação à palavra, ele supôs que ela já estava à par da situação.
Com seu jogo de cintura, ele contornou:
– Eu certamente adorei a trilha sonora, sim.
Taylor riu.
– Obrigada! Como vo...?
– Espere um pouco... – Dulce interrompeu de súbito. – Por que os garotos estão aqui?
– Oh. – Leighton riu com condescendência. – Querida, você não acha mesmo que estar noivo realmente significa algo para Christopher, acha? Belinda está feliz em ser a primeira opção, para variar. Mas ela também se contenta em não ser a única.
– Quer dizer que...?
– Provavelmente ele está transando com a Anahí, sim.
– Uau. Isso é tão errado, em tantos níveis... A Anahí... Ela parecia diferente.
– Um pouco desmemoriada, consequência do acidente. Mas é mais ou menos a mesma manipuladora neurótica de sempre. Ela é outra que precisa de um milagre para largar o meu irmão.
– Ei, será que foi o seu irmão, Dul? – perguntou Taylor repentinamente, sobressaltando Dulce e fazendo Daniel se mexer desconfortável.
– M-meu irmão o quê?
– É. Quero dizer, a polícia investigou o acidente. Anahí não estava dirigindo. Parece que ela estava com um cara, que magicamente evaporou. Seu irmão deixou várias mensagens para ela naquela noite. Será que eles brigaram quando ele soube sobre a sua mãe e quis ir embora? Anahí não queria perder o homem que gostava dela, e quis se vingar com outro cara, mas os dois estavam tão bêbados que... – a loira deixou a frase morrer e Dulce soltou o ar que nem percebera estar segurando.
– Não sei, Tay.
– Bom, já está tarde. – Leighton suspirou. – Todos temos que ir para a empresa amanhã, certo? Céus, onde eu vou colocar tanta gente?
Daniel e Dulce se entreolharam disfarçadamente e Taylor corou.
– Acho... eu durmo com você, Lê. E Dulce... – ela olhou para a ruiva que tentou concordar da maneira mais casual possível. – Certo, então.
Os quatro não se demoraram a ir para os quartos depois disso.
Assim que Daniel fechou a porta do quarto de Taylor e ouviu as outras duas fechando a porta de Leighton também, Dulce se jogou contra o peito dele, enterrando o rosto ali.
– Vamos fugir? – choramingou.
– Você não quer isso. – ele alisou e beijou os cabelos dela. – Você só quer que eu te diga para ser forte e aguentar firme. Então, faça isso.
Dulce levantou o rosto com um meio sorriso, ainda abraçando-se ao amigo.
– Você me conhece bem demais.
Em reflexo, ele se inclinou para beijar-lhe os lábios. Ela deixou por um instante, mas se afastou. Os dois se olharam em silêncio.
– Aqui nós não somos nós. – Dulce suspirou. – Não existe um nós. Em casa...
– Era como um universo paralelo, eu sei. Mas ele está noivo, Dulce.
– E a Taylor?
– Uma garota maravilhosa com quem eu tive um encontro há três anos?
– Ela ainda está atraída por você.
– Ei, eu também a acho bonita, não estou dizendo o contrário. Mas isso não significa nada.
Dulce suspirou. Ele tinha razão. O coração de Taylor ainda estava com Paul, mesmo que ela não admitisse. Então, apesar da confusão em sua cabeça, ela ficou na ponta dos pés e buscou os lábios do amigo novamente. Independente de qualquer coisa, depois de um dia difícil como aquele, ele era o conforto que ela queria e precisava.
O que os dois tinham podia até não ser o tipo certo de amor, mas não significava que não fosse algum tipo de amor.
Autor(a): akcardoso
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A manhã começou cedo demais. Sempre seria cedo demais para o que aguardava Dulce naquele dia. — Bom dia, raio de sol. Ela levantou o rosto do peitoral nu do amigo e o encontrou sorrindo. — Há quanto tempo está acordado? — perguntou esfregando os olhos e sentando-se de costas na cama. — Um tempinho. — ele hesitou. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 447
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vondyfforever Postado em 25/05/2016 - 18:56:22
Eeeei volte
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✌Ask✌ Postado em 05/10/2015 - 02:19:30
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#Pequena_Girl Postado em 20/08/2015 - 19:03:06
Por que você não continua????
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jhessyvondy Postado em 18/08/2015 - 01:54:13
Dulce só pode estar louca de ir falar coma BBelinda , deixa ela saber que a Belinda tem parcela de culpa na parte dela ir embora , ai chorei com a história do Guilherme tadinho , cara ficarei bem feliz se o Christopher desse atenção pra os filhos , pq tenho quase certeza que vondy não voltar a ficar junto por um tempo :((((( cooontinua
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#Pequena_Girl Postado em 16/08/2015 - 21:03:05
Oi leitora nova gatita a fanfic eh vondy quer dizer no final de tudo ele vai ficar com a Dul neh
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vondyfforever Postado em 14/08/2015 - 14:57:32
Que bom que vc voltoooo! Amandooo postaa maiss! Que bom que eles estao se entendendoo! *-*-*-*-**-*-*-*--*-**-
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jhessyvondy Postado em 14/08/2015 - 14:45:31
UAL que bom qe você voltou . Naomi ra viva ? Não creio , adorei os vondys nesse astral lindo , cooooontinu
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PamLopes Postado em 14/08/2015 - 12:05:43
Ainda bem que vc voltou a postar adorei....continue
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vondyfforever Postado em 09/02/2015 - 01:11:37
Omg! Serioo nao intendi muitok o fiNal estou confusa era o Christopher que ela estava falandoAi meu deus ansiosaa para a parte 2 e ve no que vai dar. Postee logooo
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luanavondy Postado em 08/02/2015 - 23:39:15
ansiosíssima pela parte 2.quantas emoções eu não esperava por isso. qual será o destino dos personagens? Posta mais!! estou muito feliz por vc ter voltado a posta. amo sua web