Fanfic: O Preço da Felicidade - Vondy | Tema: Romance/Drama

Capítulo 10: Observador de Estrelas

Narrador: Poncho

Tudo que irei dizer sobre mim é isso: Me chamo Poncho. Mais nada interessa... Não a porque dizer minha idade, ou de falar sobre o meu modo de pensar.

Quero deixar claro uma coisa, não sou como os “colegas” que me cercam. Não tentem encontrar um lado bom em mim, pois não faço questão de mostra-lo ou de cria-lo. Minha vida não é um mar de flores... mas isso também não lhes interessa...

Provavelmente, depois dessa pequena introdução, as primeiras palavras que devem ter vindo na mente de vocês foram algumas dessas: mal educado, grosso, idiota, problemático, esquisito ou até mesmo coitado. E o que eu penso sobre isso? Nada! Vocês criem a imagem que sou baseado no pouco que sabem sobre mim. Julgar é natural do humano e eu seria um hipócrita se negasse que também sou assim. Percebam que acabei de constar linhas acima que nenhum de meus “colegas” tenham tido o mínimo de acontecimentos em suas vidas que chegassem perto a minha, mesmo sem conhecer nenhum deles e quando digo conhecer, quero dizer até mesmo saber o nome...

Certo, agora podem me chamar de coitado, porque sem querer acabei transparecendo um, mas não sinto pena pelo que já passei, pelo que estou passando e, tenho certeza, pelo que ainda vou passar.

O modo como eu vivo não necessita de explicações, muito menos o que me aconteceu no passado para que me fizesse pensar dessa maneira. Concluam por vocês mesmas como penso e como vivo. Nada mais a declarar sobre isso.

Como de costume, eu andava no meio da noite, pelas estreitas e escuras ruas da região onde moro. Deixando claro que não é um lindo condomínio, ou um bairro nobre. Como a iluminação era baixa, porque a maioria dos postes de luz ou estavam quebrados ou as lâmpadas foram roubadas (nada a declarar sobre isso...), a locomoção era difícil.

Claro que é difícil para quem não era acostumado a aquele ambiente, mas eu morei a vida inteira ali, sabia muito bem por onde andava. E como conhecia, já sabia onde eram os melhores lugares para se fazer o que eu mais gostava... olhar as estrelas no céu.

Julguem como quiserem, mas eu era fascinado pelo céu, principalmente à noite. Aquela beleza era a única coisa que todos poderiam admirar sem precisar de dinheiro, de status, de poder... O céu era para todos...

E enquanto eu me dirigia para um de meus locais prediletos para observa-lo, escutei algumas vozes vindas logo a frente. Desconfiado (como sempre...) tentei me aproximar devagar para ver o que estava acontecendo.

Logo avistei um garoto desmaiado ao chão e três rapazes em direção a outra pessoa, que não pude identificar. Decidi ir ajudar, mas por precaução (não me perguntem) coloquei uma de minhas camisas que estavam amarradas a minha cintura (eu havia levado por causa da aula de educação física da escola onde precisa de outro uniforme, falei só para constar mesmo...) e coloquei ao rosto para tampa-lo.

Enquanto eles estavam atentos a pessoa que havia feito de refém, me aproximei do primeiro que estava mais afastado dos outros dois e rapidamente agarrei seu pescoço por traz com meu braço. O sufoquei somente o suficiente para desmaia-lo.

O segundo que se virou para falar com o primeiro, acabou me vendo. Antes que ele fizesse algo, saquei minha arma da cintura e apontei em direção a sua cabeça. Ele, assustado, levantou as mãos. Foi o suficiente para eu chutar sua barriga e terminar com outro em seu rosto (falando assim, até pareço um cara forte, quero que apaguem isso da cabeça).

O terceiro estava tão entretido com seu refém que só notou-me quando puxei a destrava da arma apontada para sua cabeça. Ele se assustou, e acabou se afastado por um pedido meu.

- O que você fez? – disse o rapaz. – Eles estão...

- Vivos... – completei. Eu não iria sujar minhas mãos ali, seria estupido. - Agora vai embora... e não quero ver você mas por aqui. 

Eu não conhecia aquela pessoal, mas tinha a impressão de ser um dos arruaceiros da região vizinha. Eles há algum tempo estavam zanzando por aqui.

- Quem é você? Espera... – disse rapaz, surpreso – Eu te conheço... então você é o molecote que mexe com a gangue da cidade...

Tsc! Eu não esperava por isso... Acho que terei que...

- Você está brincando com fogo, criança... – disse o rapaz antes de sair correndo e nem me deixando termina de pensar.

Covarde... deixou seus companheiros para traz... Talvez eu não devesse ter excitado... Foi então que me lembrei do refém. Virei minha visão em sua direção e me espantei ao contatar que era uma garota. O espanto mesmo foi por perceber que ela não era da região. Era com certeza, do centro. Guardei a arma e a encarei. O que essa garota estava fazendo aqui? Não importa... era melhor eu ir...

- Não vai ter tanta sorte assim da próxima vez...- lhe avisei. - Ligue para a policia e para o hospital, o garoto que eles bateram só desmaiou.

Segui meu caminho e estranhamente ela veio querer falar comigo. Era melhor me afastar rápido... Não demorou muito para despista-la. E olhando novamente para o céu, decidi voltar para casa...