Fanfic: O Preço da Felicidade - Vondy | Tema: Romance/Drama

Capítulo 02: Cigana

Lembro que uma vez, cansado de ficar nessa situação sobre meu amor por Dulce, acabei indo em um acampamento de ciganos que apareceu na cidade na mesma época que me apaixonei.

Era em um local um pouco afastado do centro, em uma região onde muitas famílias que vinham  para a cidade acabavam se abrigando por achar que a vida seria mais fácil. E eu andava por aquele lugar com tristeza, não só pela situação que testemunhava, mas por saber a bastante tempo por meio de minha própria vida que ela não era fácil... e como não era...

Não demorou para eu encontrar a tenda onde  estava a cigana que minha tia havia recomendado. Esqueci de mencionar, mas moro com minha tia Eliane por razões que prefiro não comentar...Falo mais sobre ela depois... O fato era que ela havia me dito que uma cigana tinha o poder de resolver qualquer problema, seja financeiro ou emocional, e eu, meio que relutante e me sentindo um idiota acabei indo.

Entrei na tenda que começava a tremular por causa do vento. Isso só fez aquele lugar parecer mais sinistro. O teto era todo enfeitado com objetos estranhos que iam de talismãs até partes de animais que eu preferia não saber o nome. Não havia praticamente nenhuma mobília, somente uma mesa ao centro, coberta por uma toalha vermelha e duas cadeiras, uma de frente a outra.

- Pode se sentar, – disse uma voz cansada, provavelmente era uma senhora de idade – não tenha medo.

Engraçado como as pessoas falam para você não ter medo, porque é justamente ai que seu medo aumenta. Meio que desconfiado com tudo aquilo, me sentei.

- Muito bem, o que desejas? – perguntou a voz.

Digo voz porque eu não conseguia ver o seu rosto. Aquele local estava muito escuro e a mulher sentada a minha frente ainda tinha um véu negro em sua cabeça.

- Mi... minha tia... me disse... que – comecei gaguejando, mas logo respirei com calma. Aquilo era besteira, não havia nada com o que se preocupar. –Ela disse que você resolve qualquer problema.

- He-he-he... – sorriu ela. Sorriso esse que parecia mais um murmúrio. – Sua tia é bem sábia... sim, eu posso te ajudar...

- Pode? E como sabe se nem lhe contei o problema?

- Apenas sei...

- Hum...– disse ainda mais desconfiado. – E então, como vai me ajudar?

Ela soltou outro sorriso estranho. Eu já estava começando a achar que ela era maluca...

- Vou lhe entregar algo que poderá resolver seu problema. Do mais simples até o mais desesperador... – ela mostrou sua mão (que, diga-se de passagem, era totalmente enrugada). Sua palma estava fechada e ao abri-la havia um tipo de cruz com uma cobra enrolada, uma coroa e duas asas em cima. – Esse artefato se chama Caduceu de Mercúrio... pegue-o.

Eu não estava entendendo nada. Não acreditei que tinha viajado mais de meia cidade só para ganhar uma bijuteria de uma múmia...

- E agora? – perguntei desanimado.

- Peça a ele o seu desejo. Mas ele só ira concebe-lo com duas circunstâncias... o desejo deve vir do fundo do seu coração, não deve haver duvida. E você deve pagar um preço equivalente ao que pedi-o.

- Espera ai! Se é um desejo porque tenho que pagar?

- Você deve saber muito bem que na vida nada é de graça, nada. As vezes pagamos pouco, as vezes muito, mas nunca se ganha algo sem dar em troca.

- Sei... sei... esse papo estava legal mas eu já vou indo. Mas tenho que dizer que não tenho dinheiro para pagar esse talismã, ou seja lá o que for.

- Estou lhe dando... e não se preocupe, o preço que você irá pagar depois será o suficiente até para ele.

Eu já estava cansado daquele falatório estranho. Me senti um completo idiota por ter ido ali. Quando me dirigi para a entrada, a velha disse:

- E Christopher, preciso lhe dizer algo antes que vá.

Virei meu rosto de lado esperando mais uma bizarrice. Espera! Como ela sabe meu nome?

- A uma maldição em você... não sei como ela apareceu, nem como tira-la, mas tenha em mente que ela causou e ira causar muita dor em sua vida. Cuidado com as pessoas ao seu redor, cuidado com o amor...

Não lembro bem o que fiz depois de escutar aquelas palavras, mas o Caduceu de Mercúrio que ela me deu nunca foi usado, até porque nunca acreditei nela. Me da vontade de rir toda vez que lembro a advertência dela sobre essa tal maldição. Quanta besteira! E lembrando dessa história, só percebo o quão idiota eu sou quando se trata de amor...