Fanfic: O Preço da Felicidade - Vondy | Tema: Romance/Drama

Capítulo 27: Enorme Homem

Narrado por Anahí

O diretor nos encarava severo. Ele tinha toda a razão de estar daquele modo, pois as atitudes tomadas não só por eles como por mim não foram certas. Eu deveria ter me controlado, mas não pude me segurar.

- Eu não sei como lidar com essa situação... – ele dizia enquanto tirava seus óculos do rosto. – Nunca esperei que algo desse tipo fosse acontecer com nossos alunos, ainda mais de forma tão covarde.

Sorri internamente. Se ele soubesse que alguns de seus queridos alunos fazem parte de um tipo de gangue...

- Mas senhor Takashi! – disse Marcos nervoso. – Precisa acreditar em mim! Ela começou! – apontando em minha direção. – Anahí se faz de boa garota, mas no fundo é alguém totalmente o oposto. Até mesmo eu fiquei espantado com a atitude dela.

- Você quer que eu soque seu rosto de novo? – insinuei com um sorriso sarcástico ao canto da boca.

Sim, eu soquei o rosto de Marcos.

- Que tipo de pergunta é essa senhorita Portilla?

O diretor sem óculos fica com um rosto engraçado, ainda mais por ser descendente de japoneses. Pensando nisso tive que conter meu sorriso.

- Percebe! – atacou Marcos. – Ela não é nada do que parece transmitir!

- Acho que o diretor deveria escutar o que aconteceu ao invés de supostas acusações sobre meu comportamento – propus.

O homem retornou seu óculos ao rosto e me encarou.

- Ótimo, que a senhorita conte a barbárie então.

Olhei para Marcos. Ele estava furioso e receoso ao mesmo tempo.

- Posso resumir isso em três partes: Eu estava vindo para a escola quando fui abordada. Marcos veio em minha direção com o intuito de me agredir. Defendi-me.

- Mentira! – disse ele logo em seguida. – Ela me atacou! Eu estava vindo para a escola!

O diretor direcionou sua visão para o rapaz.

- E por que motivos ela o atacaria? – ele voltou a me olhar. – Pergunto o mesmo a senhorita.

Marcos hesitou. Estava pensando em uma mentira. Eu não precisava, a verdade bastava.

- Porque peguei ele agredindo outro aluno dessa escola e entrei no meio. É só chamar o garoto, ele pode confirmar.

- Isso é verdade senhor Condes?

- Claro que não! Isso é tudo inventado! Quem garante que o garoto que ela supostamente disse que eu agredi não seja seu cumplice?

- Humm... – grunhi. – Você sabe pensar às vezes...

- Ora sua...

- Recomponham-se! – ordenou o diretor.

Isso era meio difícil. Eu estava com partes de minha roupa rasgada (minha camisa quase foi arrancada) e havia ferimentos no meu rosto (socos dele) e hematomas nos braços (agarres). Marcos estava com o nariz sangrando (apesar de ter um pano agora) um lado do rosto inchado por um soco que lhe dei, além de varias marcas de unhas por sua pele em vários locais.

Confesso que nunca pensei em agredir ninguém, mas quando me vi novamente em uma situação de perigo (que já estava virado rotina...) acabei me lembrando de Poncho e seus aviso de que não iria mais me salvar. Eu queria provar para mim mesma que não precisava dele, não precisava de ninguém.

- E então senhor Condes? E sua versão da historia.

Quando ele iria iniciar, alguém bateu na porta e imediatamente a abriu. Era um homem alto, de corpo largo e barba mal feita. Tinha olhos de alguém que poderia ler sua alma com uma encarada. Aquele sobretudo perola negra sempre me amedrontava.

- Perdão minha entrada – sua voz grave.

- Não esperava que chegasse tão rápido... – comentei baixinho.

- Sente-se senhor Portilla. – convidou o diretor.

Marcos se assustou ao vê-lo. Era uma reação normal de alguém que via meu pai de perto pela primeira vez.

Aquele enorme homem então olhou na direção de Marcos, se aproximou dele, pegou na gola de sua camisa e o imprensou a parede da sala.

- Senhor Portilla! – se assustou o diretor. – O que...

- Escute aqui seu maldito! – falou meu pai. – Nunca mais! NUNCA MAIS ENCOSTE UM DEDO SEU SE QUER EM UM FIO DE CABELO DE MINHA FILHA!

Imagine essas palavras sendo ditas com um olhar assassino de um homem que mais parecia um armário e a cinco centímetros de seu rosto... Até eu me assustei.

- PODE FALAR O QUE QUISER! CONHEÇO SEU TIPO, NÃO VAI FALAR A VERDADE ATÉ SER JOGADO NA PAREDE! POIS SAIBA DE UMA COISA, MINHA FILHA NUNCA SERIA CAPAZ DISSO, NUNCA!

Ele soltou Marcos ao chão que lá ficou sem reação. O diretor suava frio vendo aquela cena. Acho que ele temia que meu pai fosse fazer uma besteira.

- Esta avisado - disse meu pai apontando para Marcos. Ele se virou para o diretor. – Me desculpe por essa cena, mas preciso ir. Vou levar a Anahí comigo. Prometo que essa historia não sairá dessa sala e que nunca mais se repetira.

O diretor apenas acenou, concordando, mas ainda perplexo. Meu pai pegou-me pelo braço e me puxou para fora da sala. Ao fechar a porta seguimos em direção à saída com apenas uma frase:

- Temos que conversar...

Fim da Narração