Fanfic: O Preço da Felicidade - Vondy | Tema: Romance/Drama

Capítulo 28: Sorriso

Narrado por Christopher

Tentei assim como qualquer outro curioso obter mais informações e tentar chegar mais perto da sala da diretoria. Prevendo que a noticia seria um alvoroço, o diretor perspicaz fez alguns dos coordenadores ficarem de prontidão ao corredor onde ficava a sala. Obviamente que todos que tentavam eram barrados.

Imaginei que tipo de confusão Anahí poderia ter se metido. Ouvi uns boatos de que ela havia sido atacada por um garoto. Outras pessoas falavam justamente o contrário. Mas era fato de que todos estavam espantados justamente por ter o nome de Anahí ao meio. Ela, pelo que eu me lembre, nunca havia se metido em nenhum tipo de polemica.

Percebendo que me espremer no meio de meus colegas não daria em nada, decidi me afastar. Foi quando alguém colocou sua mão ao meu ombro. Me virei para ver quem era e me surpreendi ao constatar a pessoa.

- Quero conversar com você – ela parecia séria.

- C-comigo? – surpreso. – E o que seria?

Selena ficou me encarando. E mesmo no meio de tantas pessoas pude perceber que ela possuía belos olhos.

- Sobre a decisão que tomou.

Ela estava falando sobre o clube?

- Sobre?

- Você sabe. Quando terminar o primeiro treinamento, quero que me encontre na cabana aonde o pessoal guarda os materiais.

Confirmei com a cabeça. Ela se virou e prosseguiu em direção a outro corredor. Tenho que confessar que não sabia realmente do que se tratava tal assunto. Talvez ela quisesse me apoiar. Ou me alertar de que Dulce só estaria me usando. De qualquer forma, eu não via mal algum em falar com ela.

Decidi seguir em direção a minha sala. No mesmo instante, vários alunos abriam passagem para um enorme homem de sobretudo bem escuro. Eu o conhecia, na verdade, era difícil não conhecer o chefe da policia da cidade. O senhor passou por mim e segui-o em direção aos coordenadores. Logo foi liberado a passar. Anahí estava encrencada dessa vez...

Ela provavelmente iria me contar o que aconteceria ali. Segui para minha sala enquanto vários alunos chegavam ao corredor agora que o pai dela havia aparecido. A escola teria assunto para pelo menos dois meses.... Mesmo sendo egoísmo de minha parte era algo até bom, pois assim não comentariam do suposto novo integrante do clube de atletismo. Alguns poderiam logo supor qual era minha real intenção ali.

Sem surpresa nenhuma, minha sala estava quase vazia. Havia uma garota que não gostava de sair lendo um livro na cadeira da frente à primeira fila. Alguns garotos sentados em cima da mesa do professor conversando sobre como teria sido a briga de Anahí. Eles faziam até os gestos... crianças...

Enquanto eu pensava isso, avistei alguém sentado atrás de minha carteira. Ao me aproximar percebi que era Poncho. Era de se presumir que ele não se interessa por esse tipo de assunto.

Vendo ele ali, tão próximo a mim, tive um súbito nervosismo. Eu precisava observa-lo sem que ele me notasse, procurando algo que evidenciasse que ele fosse o tal garoto que Anahí procurava. Respirei fundo e olhei pela janela. Avistei Anahí junto ao seu pai saindo em direção ao portão. Não iria demorar a todos voltarem para a sala.

- Idiota... – comentou uma pessoa.

Gelei ao constatar que era alguém atrás de mim.

- Ela é uma completa idiota... não acha? – perguntou.

Ele estava falado comigo?

- P... por.. por que diz isso? – eu estava nervoso, droga!

- As pessoas que se iludem com falsas verdades... não a outra palavra para defini-las a não ser idiotas...

Fiquei surpreso. Poncho tinha um linguajar bem mais culto que sua aparência denunciava.

- Que tipo de falsas verdades? – perguntei.

- Só há um tipo delas, mas a varias diferentes...

- Hein?

Ele respirou fundo. Fiquei com vergonha. Aquilo claramente era um comentário do tipo “idiota”.

- Está se referindo a modos de pensar? – perguntei.

- Isso...

- O modo de pensar dela é idiota? Por que diz isso?

- No caso dela é o modo. No seu é esse seu amor platônico.

Gelei. Olhei para os lados para ter certeza de que ninguém havia escutado aquele comentário.

- O que...

- A garota que pratica atletismo. Você está observando ela dessa sua janela há muito tempo. Já se tornou algo até comum para mim.

- Poncho, dá para falar mais baixo? – pedi olhando para os lados. – E por que você diz que é idiota? As pessoas não podem ter sentimentos uma pelas outras? Você quer ser mais frio do que aparenta. Isso é uma falsa verdade.

Ele sorrio de uma maneira que ninguém daquela sala poderia imaginar que poderia. Inevitavelmente alguns de nossos colegas olharam em nossa direção. Somente naquele momento percebi que a maioria já estava em sala.

- Essa foi boa! Você é um garoto interessante... – comentou ao terminar.

- Agradeço... mas o que têm de tão engraçado?

- Você usar minhas palavras. É um ótimo modo de argumentar. Mas eu estava me referindo ao seu conformismo, não ao sentimento.

Gelei novamente. Ele estava me lembrando a Anahí. Quando eu ia abrir a boca para respondê-lo, uma de minhas colegas que ficavam a porta gritou meu nome e disse:

- Tem uma garota aqui querendo falar com você!

Todos se voltaram em minha direção. Olhei para ela surpreso. Quem poderia ser? Ela pareceu entender minha duvida.

- É a Dulce, a líder do clube de atletismos.

Acho que não preciso dizer o alvoroço que aquela revelação trouxe. Os garotos correram em direção a porta para vê-la. Algumas garotas olharam para mim surpresas. Poncho levou seu rosto perto de minha carteira e disse:

- Hum... realmente você é um cara bem interessante.

Dei um sorrisinho sem graça e segui em direção a porta...