Fanfic: O Preço da Felicidade - Vondy | Tema: Romance/Drama

Capítulo 36: Ansioso, Receoso

Olhei para Selena procurando saber sua reação, mas ela parecia normal.

- Anahí! – ela sorriu em forma de cumprimento. – Fiquei preocupada com você. Está tudo bem?

Anahí sorriu de volta. Ainda assim, parecia surpresa pela companhia que eu havia trazido para casa.

- Consegui escapar de meu pai... – ela falava enquanto passava a mão ao cabelo, meio envergonhada. – Mas posso imaginar o murmúrio que está ocorrendo no colégio.

- Tenho que confessar que está mesmo, mas era inevitável. Você sabe como ninguém que o pessoal adora uma noticia ainda mais ficar especulando sobre ela.

As duas sorriram confirmando. Parecia que tinham experiência com isso. Confesso que pensando assim, acabei soltando um sorriso ao canto da boca também.

- Vocês não querem entrar?  - perguntei. – Não me parece legal ficar conversando no meio da rua.

- Não vou poder aceitar dessa vez – falou Selena. – Até porque preciso ir. Só quis conhecer sua casa. Vou indo, qualquer coisa é só ligar.

Selena foi se distanciando. Fiquei observado ela ir até virar a esquina. Anahí me encarava esse tempo todo.

- Ligar? – ela insinuou. – Desde quando tem o telefone dela?

Respirei fundo. De certo modo era de se esperar essa reação. A aproximação de Selena não era algo que eu via como normal também.

- Passamos o número um do outro. Ela quem me deu primeiro.

Anahí parecia pensar na cena que acabara de ver. Decidi abrir a porta enquanto ela filosofava consigo mesma.

- Converso pouco com Selena. Ela fica ao canto da sala, sempre na dela. Mas das poucas vezes que não está ali ou esta ajudando alguém da sala em uma matéria ou esta junto da Lali e da Dulce – comentava enquanto entrava e sentava-se ao sofá.

- Ela se ofereceu para me ajudar nos treinamentos.

- Sério? Não é de se estranhar. Acho que ela sentiu pena de você por causa do que aconteceu.

- Talvez. Na verdade ela queria que eu saísse do clube. Disse que minha razão para estar lá não era pelo esporte.

- Tsc... Ela é muito esperta... pode acabar ligando os pontos...

- Bem, se acontecer isso, seria ruim de que maneira? – perguntei.

- Acho que nenhuma. Difícil imaginar ela contando para Dulce sua real intenção. A ajuda dela pode ser algo bem proveitoso para você, creio que não há motivo para não aceitar.

- Que bom, ela parece ser uma boa pessoa.

Segui para o meu quarto e coloquei minha mochila em cima da cama. Na cozinha, Ppocurei algo na geladeira, mas não tinha nada para oferecer a Anahí.

- Não precisa, acabei de almoçar. Agora quero saber como foi seu primeiro treino.

Meio envergonhado contei para ela. Quando enfim terminei, ela ficou um tempo calada. Enquanto pensava, peguei o caderno que Dulce havia me dado e decidi folhear.

- Acho que está indo bem. Foi uma boa ideia não ter pedido ela para ir tomar algo, era provável que não aceitasse mesmo. Ela precisa se acostumar com você, digo, começar a ter uma confiança mínima. Até porque infelizmente ela só está te treinando por causa do ocorrido no teste.

Isso era verdade. Era inevitável que mesmo estando feliz por estar perto dela, eu ainda era um fardo, um obstáculo nos objetivos dela. Eu estava a atrapalhando...

- Ei!  - disse Anahí colocando a mão ao meu ombro. – Não desanima. Eu sei que não é lá uma boa razão a que conseguimos para você ter se aproximar dela, mas não pode perder o foco agora. Precisa mostrar suas qualidades para ela, mostrar do que é capaz.

Deu-me até vontade de sorrir de tristeza. Depois desse primeiro dia, acho que qualidade não é algo que Dulce espera encontrar em mim. Mas eu já estava ali, havia conseguido bem mais que eu poderia imaginar. Desistir não era opção.

- Vou me esforçar... – falei desanimado.

- Ótimo! Comece pela reforma no seu modo de alimentar-se. Eu sei, não vai ser nada fácil, mas acho que você já tinha uma ideia de que teria que fazer isso, não é?

- O.k... eu estava pensando mesmo em parar com alguns hábitos. Vou estudar esse caderno e amanhã mesmo entrar em uma academia.

- Isso! É assim que se fala! – Anahí disse animada, esboçando um sorriso.

Ver ela daquele modo me surpreendeu, ainda mais após aquele inicio de dia terrível que ela teve.

- E seu pai? – tive que perguntar, mesmo hesitando.

Acho que a peguei desprevenida, pois mudou sua expressão rapidamente, até evitou me olhar.

- Não gostou nada do que aconteceu.

- O Marcos, ele têm haver com o que te aconteceu na enfermaria, não é?

- Sim... mas não quero falar sobre isso. É um problema meu, e você já tem com o que se preocupar...

- Não precisa falar assim, você sabe que pode contar comigo.

Ela sorriu.

- E já estou. Conseguiu algum progresso em relação a ele?

Contei tudo que ocorreu. Anahí parecia animada novamente, apesar de quem em seu rosto não dava para evitar transparecer que ainda pensava em nosso último assunto.

- Poncho é bem perspicaz. Vejo que não fui só eu que notei isso – ela comentou. – Acha que consegue se aproximar ainda mais dele? Pelo menos o suficiente para que não desconfie de você.

- Entendi. Não preciso andar com ele, somente começar uma interação maior.

- Isso, tem que ser natural, nada de ficar perguntado de mais. Ele é cauteloso e analítico, mais até que Selena, eu creio. Uma hora ele vai deixar escapar algo ou vai tomar alguma atitude que pode ser nossa confirmação.

Anahí não demorou muito a sair. Segui para meu quarto e deitei um pouco em minha cama. Enquanto colocava meus braços sobre meu rosto, notei em como minha vida estava começando a ficar mais movimentada. A ajuda de Anahí e agora de Selena. O treinamento com Dulce. A missão que foi me confiada. Muitas coisas a pensar, muitas atitudes a tomar. Imaginei ali o quanto ainda poderia mudar. O que poderia me acontecer no futuro. Eu não sabia e de certa forma estava tão ansioso quanto receoso...

Fim da Narração