Fanfic: O Preço da Felicidade - Vondy | Tema: Romance/Drama

Capítulo 05: Noite Passada

Narrador por Anahí

Se me perguntassem como eu me definiria com apenas uma palavra, eu com certeza diria: curiosa. Desde que lembro de minha infância, eu procurava encontrar sentido para as coisas bem mais complexas que as outras crianças de minha idade. Cresci alimentada pelas perguntas, tanto em livros como em outras fontes de informações.

Sou uma descobridora, uma desbravadora da verdade. Mas o engraçado é que eu não fazia nada ao encontra-la. Apenas a satisfação de entender aquilo, de saber sobre aquilo me era suficiente. Isso quando eu ainda estava entrando na adolescência.

Após entrar nesse conturbado mundo da puberdade, senti que precisava de mais, senti que recolher informações não trazia nada de útil e que eu precisava fazer algo a mais. E assim decidi me tornar reporte.

Acho que posso resumir dessa maneira minha fascinação pelas noticias, por descobertas. E o que descubro ao invés de guardar para mim, como na infância, compartilho com os outros.

Provavelmente devem estar pensando que sou uma total estranha. E de certo modo, tenho vergonha do que as pessoas pensam sobre isso. Mas meu desejo pela descoberta é ainda maior, então tento não pensar.

Certo, já falei de meu hobby, agora vou me apresentar. Chamo-me Anahí, tenho 17 anos e moro com meu pai. Faço o segundo ano e participo do clube de jornalismo desde o primeiro. No clube, sou redatora, editoria, chefe, repórter investigativa... na verdade sou a única que participa do clube... acho que ninguém na escola se interessa muito por isso...

Eu estava sentada em minha mesa, na sala do clube, avaliando alguns de meus textos e pensando no que fazer a seguir. Há algum tempo, tenho investigado o envolvimento de alunos da escola em algum tipo de gangue da cidade. O meu objetivo era encontrar esses supostos integrantes. Seria essa minha primeira grande investigação.

O sinal tocou avisando o fim do intervalo. Como o dia estava bastante quente, decidi me dirigi ao banheiro para pelo menos enxaguar meu rosto. Em frente a pia, refletido no espelho, avisto a marca de um leve corte em meu pescoço e me lembro da noite passada, quando eu a adquiri...

Como disse anteriormente, eu estava investigando sobre o envolvimento de alguns alunos da escola em uma gangue da cidade. Em uma de minhas buscas, acabei indo parar em uma região pobre, onde aconteciam muitos dos ataques dessa suposta gangue. Já era noite e eu, com apenas uma câmera fotográfica e um celular, me esgueirava por entre as ruelas daquele lugar.

O medo obviamente me dominava, e provavelmente meu pai iria me matar se soube-se aonde eu estava naquele momento. Ainda mais por conhecer seu jeito... conto mais sobre ele depois.

Continuei a andar pelas estreitas ruas, até que, ao longe, avistei um grupo de rapazes batendo em alguém caído. Vendo aquela covardia, sem pensar, me aproximei.

- Ei! Parem com isso! - gritei.

Os três garotos que chutavam o caído paravam, primeiramente, espantados por minha interrupção, mas logo depois ao me verem, começaram a rir.

- Vejam só! – disse um deles. – O que esse anjo está fazendo aqui?

Os três deixaram o garoto ao chão de lado e vieram em minha direção me cercando. Tentei pegar meu celular, mais um deles foi rápido o suficiente e o tomou de mim.

- Não... nada disso – disse o garoto com meu celular – Você não vai querer que a brincadeira acabe antes mesmo de começar, não é? – ele jogou meu celular longe.

Um deles veio rápido em minha direção, pegou em meu pescoço e me jogou contra o muro de uma das casas. Colocou uma faca a minha garganta e me encarou.

- Nunca vi uma garota tão gostosa como você... – ele passou a mão em uma de minhas cochas. – Vamos nos divertir muito.

Eu já estava desesperada. Não sabia o que fazer. Então ouvi alguns gritos vindos de traz do homem a minha frente. Parecia que algo estava acontecendo, mas o cara com a faca só pensava em mim. Foi então que ouvi um estalado que parecia o de uma arma sendo carregada.

- Solta ela... – a voz vinha de traz do homem. Era grossa e fria.

O cara se assustou e em uma olhada rápida para traz, deu de cara com uma arma apontada para sua cabeça. Espantado, soltou minha garganta e se afastou com as mãos para cima.

Aliviada por ele me soltar, tossi algumas vezes por causa da dificuldade em respirar. Mas ao olhar o que estava acontecendo, percebi que os dois outros homens estavam ao chão.

- O que você fez? – disse o homem que me enforcara. – Eles estão...

- Vivos... – completou o rapaz. – Agora vai embora... e não quero ver você mas por aqui. 

- Quem é você? Espera... – disse o dono da faca, surpreso – Eu te conheço... então você é o molecote que mexe com a gangue da cidade...

Olhei para o rapaz surpreso. Eu não conseguia ver seu rosto direito, estava coberto por uma camisa. Então ele era o líder da gangue? Essa era a minha chance de ouro!

- Você está brincando com fogo, criança...

Ele se afastou e logo em seguida saio correndo. O rapaz que havia me salvado colocou a arma de volta e olho para mim. Seus olhos eram simplesmente intensos...

- Não vai ter tanta sorte assim da próxima vez... – disse ele começando a andar. – Ligue para a policia e para o hospital, o garoto que eles bateram só desmaiou.

- Espera! Preciso te fazer umas perguntas! – tentei para-lo. Ele logo desapareceu, correndo em direção a um beco escuro.

Eu fiquei ali, com três rapazes desmaiados, no meio da noite. Mas o que me importava era que eu havia conhecido um dos integrantes da gangue. Eu estava no caminho certo, só precisava saber como prosseguir. E algo nele me deu a confirmação de minha teoria. Ele estava usando a camisa da minha escola...