Fanfic: Innocent AyA | Tema: Ponny

Innocent

Capítulo 11 – Black

  State of Grace (Acoustic)  – Taylor Swift

  Uma fina chuva caia no céu de Londres. Guarda-chuvas multicoloridos enfeitavam as largas avenidas.    As botas calçavam os milhares de pés femininos e capas de chuvas cobriam o corpo de alguns rapazes. As badaladas do Big Ben foram ouvidas até no cemitério, onde boa parte da alta burguesia comparecia. Lá as cores já não eram as mesmas das grandes avenidas. Apenas tons de preto e mais preto, desde os guarda-chuvas até as vestes.

  Além disso, um olhar triste reinava na expressão de cada um. Mais uma pessoa havia deixado o mundo. O corpo sem vida de Ponce estava perfeitamente colocado em um caixão marfim lacrado. A forma que tinha falecido não fora das melhores, então familiares preferiram que o caixão fosse vedado durante o velório.

  Anahí conseguira adiar o voo e ficou para o velório. Sentia-se extremamente culpada. Fora um choque, do qual ela jamais esqueceria. Em questão de minutos ela o roubou e em questão de segundos ele estava sem vida aos seus pés. Andava rápido para poder chegar ao cemitério a tempo. Não que ela fosse cumprimentar todos os parentes de Ponce, mas queria prestar seus últimos sentimentos a ele.

  Levava um maço de crisântemos coloridos na mão, enquanto atravessa a última rua e pisava no quarteirão do cemitério. Era um espaço bonito, arborizado e, por mais irônico que isso soava, com vida. O canto dos pássaros a acompanhou até a capela, onde o padre rezava a missa.

  Ela escorregou para dentro e sentou-se na última fileira, sendo escondida do olhar de todos por uma grande pilastra. Retirou os óculos escuros e ficou olhando fixamente para o altar. O padre falava e ela não prestava a mínima atenção. Só pensava em como chegou até ali, no enterro de um “alvo” seu.

  - Anahí? – Alguém a tirou dos devaneios.

  - Oi Nina! – ela sorriu sem forças. Deu espaço para Nina que se sentou ao seu lado.

  - Horrível o que aconteceu! – Nina falou com tristeza – Ponce era uma pessoa boa! Que ser deplorável pode ter feito isso com ele? – ela mostrava indignação.

  - É... – Anahí abaixou o olhar, tinha vontade de contar tudo, dizer “Fui eu”, mas não tinha forças para tal.

  - Ele não merecia... – Nina continuou – Parece que agora a perfumaria passará para Perla...

  - Perla? – Anahí perguntou e ao mesmo tempo levantou os olhos a procura dela. Óbvio, estava ao lado de Alfonso, chorando as pitangas.

- Isso mesmo! Falaram que eles eram muito amigos, senão sócios, não entendi direito... – e continuou a falar sem ser ouvida. Anahí agora olhava fixamente para o casal.

  Alfonso estava mais a frente. Perla estava ao seu lado chorando. Não se sabe se por pura encenação para conseguir a atenção de Alfonso ou porque realmente sentia a morte de Ponce. Talvez os dois. Ela recostou a cabeça no ombro dele. Mesmo sem jeito Alfonso a acolheu. Não poderia simplesmente rechaçá-la, sabia do sofrimento dela porque era o mesmo que ele estava sentindo.

  O velório terminou e o caixão fora fechado. Um choro mais alto pode ser escutado, provavelmente de algum parente. Todos se levantaram e seguiram rumo à cova de Ponce. Anahí saiu antes sem ser notada por Nina. Não queria que ninguém a visse, o fato de ter encontrado com Nina fora uma mera coincidência.

  Escondeu-se entre as grandes estátuas do antigo cemitério gótico. Apesar de ser um cemitério arborizado, continha peças que representavam a morte bem claramente. Ela abriu o guarda-chuva negro e ficou a observar toda a movimentação, esperaria até que a última pessoa fosse embora, para, enfim, jogar as flores que carregava na mão.

  Alfonso e Perla apareceram abraçados em seu campo de visão. Além de ter que lidar com a morte de Ponce, precisava lidar com a morte de seu amor. Respirou fundo e encostou-se em uma árvore. Queria sair de lá o mais rápido possível.

  Foi então que arquitetou uma forma de se aproximar sem ser notada. Não seria tão difícil, tendo em vista a quantidade de pessoas que lá se aglomeravam. Deu a volta e foi até o outro lado, onde Alfonso e Perla não poderiam notá-la.

  Misturou-se entre todos e conseguiu um mínimo espaço para jogar seu maço de flores. Não esperou mais um minuto e saiu de lá, precisava ficar só novamente. Aliás, a solidão era um refúgio para ela. Caminhou sem pressa até a saída do cemitério.