Fanfic: Innocent AyA | Tema: Ponny

POV Anahí on

Uma coisa que aprendi com meus pais quando eles estavam vivos era que oportunidades não podem ser desperdiçadas. Talvez aquele fosse o momento certo. Que outra oportunidade eu teria de dizer para o Poncho, “olha eu sou uma ladra, mas não se assuste”? Nunca!

Criei coragem pela primeira vez e resolvi desabafar. Quando fui ver já tinha dito. Agora não tinha como, era seguir em frente e falar tudo o que eu sentia, tudo pelo o que passei. Levantei o olhar e o encarei incerta. Sabia que o par de olhos verdes estaria aguardando uma resposta bem convincente. Aliás, tudo o que ele queria era só a verdade. Apenas a verdade Anahí!

- E-eu... – ótimo, gaguejei porque não sabia por onde começar.

- Vamos com calma Annie! – ele disse pacientemente. Me passava uma tranquilidade enorme. – Eu te ajudo, ok? – assenti – Vamos começar do começo, que tal? Sinto que não sei tudo sobre sua vida em Madrid...

Ótimo, ele dera o primeiro passo, era só eu continuar. Mas era difícil. Continuar falando o que? De quando meus pais eram vivos? Isso doía demais!

- Ok, vou tentar... – respirei fundo – Você sabe que nasci em Madrid e vivi lá até o final da minha adolescência... – o olhei esperando seu consentimento. Ele balançou a cabeça afirmando – Então... Sai de lá assim que meus pais faleceram, era uma fuga dos problemas...

- Sei...

- Mas não foi só isso... – desviei os olhos dos dele por um momento. Como contaria sobre Rodrigo?

- Tinha um homem no meio? – ele tentou me ajudar.

- Tinha... Era Rodrigo... – o vi assentir. Jamais tinha dito sobre ele para Alfonso e ter que dizer dessa forma dificultava um pouco as coisas.

- Annie! Apenas diga, certo? – ele me olhou nos olhos.

- Eu... Eu vivia com os meus pais em Madrid. Sempre fui criada debaixo dos olhares deles, nunca tive muito espaço para mim. Mas talvez isso fosse porque eu era filha única, não sei... – dei de ombros – Fui sempre mimada, meus únicos amigos de verdade eram o Ucker, Chris e a Dul, pelo menos na adolescência. Entrei na faculdade de moda junto com o Chris e durante esse período o conheci... – desviei o olhar, não tinha mais como sustentar.

- Rodrigo? – assenti sem mirá-lo.

- Ele era uma pessoa romântica, um verdadeiro gentle man! Me dava flores, poemas, demonstrava amor por mim! – estremeci, só de pensar que Rodrigo era assim me enojava – Era o típico príncipe dos contos de fadas, só faltava chegar à Madrid montado num cavalo branco – soltei um riso irônico – E eu cai no joguinho dele! – minha voz começava a se alterar para um misto de raiva e ódio. Era amargamente doloroso lembrar de como tudo começou – Aquele dia, no píer... Se lembra? – o vi assentir – Depois que meus pais morreram eu fui com Rodrigo para fora do país. Via nisso minha única alternativa de vida, fora o fato de que eu o amava, então fomos para a Holanda...

- Nunca me contou sobre isso – ele franziu o cenho, depois a musculatura relaxou, como que querendo dizer que isso era óbvio.

- Não... – respondi baixo – Talvez porque esse meu passado não seja lá dos melhores – forcei um sorriso – Não espere ouvir uma bela história Alfonso porque a minha com certeza não é!

- Não espero. – disse simples – Apenas quero ouvir a verdade! – completou, mas sem o amargo da voz que se fizera presente antes.

- Certo... – respirei fundo, agora viria a parte mais difícil de toda a história, a parte que a mocinha deixa de ser mocinha, que o conto de fadas se destrói em questão de segundos e o mais importante, a parte em que toda a verdade vinha à tona.