Fanfic: Innocent AyA | Tema: Ponny

- Todas vocês?

- Não. Apenas algumas, as especiais, como ele dizia... – o nojo estampava meu rosto. Era tão medíocre a situação, tão horrível que eu não podia acreditar que estava relatando um fato que passei.

- Como ele faz o tráfico? Promete emprego a vocês?

- Não... Ele é um verdadeiro conquistador, sabe quando chegar e como chegar. Você se apaixona por ele, acredita em suas promessas e vai por livre e espontânea vontade para o país que ele quiser que você vá, normalmente na Holanda.

- Holanda? O trabalho dele não é tão criminoso lá, certo?

I have hours, only lonely

Passo horas sozinho

My love is vengeance

Meu amor é uma vingança

That`s never free

Que nunca se liberta.

Respirei fundo incontáveis vezes. Tinha vontade de me bater, como pude ser tão burra a esse ponto? Assenti para Ian com a boca pressionada em uma fina linha. Estava irritada, nunca pensei que seria assim o dia da minha confissão. Tinha que ser tudo tão frio, tão claro a parte “eu não me importo com você, só me diga de Rodrigo?”. Senti uma mão encasular a minha. Nesse momento lembrei a razão de eu estar aqui, não era por mim, não era para colocar Rodrigo na cadeia, era por ele. Olhei para Alfonso e o agradeci como pude. Meu coração desacelerou e minha pulsação voltou ao normal. Era dele que eu precisava no momento.

- Certo senhorita Portilla... Terei que mantê-la aqui até conseguirmos averiguar tudo. É bom que tenha um advogado, não será tão simples assim, afinal, você acabou de confessar-nos muita coisa...

- Arranjarei um advogado à ela! – Alfonso disse certo e me olhou nos olhos. Céus, como aquele verde conseguia me dar paz!

- Acompanhe o agente, senhorita Portilla, por favor. – Ian apontou para porta onde um policial me aguardava.

Me levantei, assenti para Alfonso num gesto de “tudo ficará bem” e segui rumo ao meu aguardado destino: a cela da prisão.

No one knows what its like

Ninguém sabe como é

To be mistreated. To be defeated

Ser maltratado. Ser derrotado

Behind blue eyes

Por trás de olhos azuis

Sentei naquele cubículo escuro e comecei a chorar. Não era isso que eu tinha planejado quando saí de Madrid com Rodrigo, nem quando abandonei Alfonso lá. Me via com a minha filha nos braços, com uma vida pela frente, mas nada disso se concretizou. E minha vingança contra Rodrigo provavelmente também não daria certo. Pegá-lo era mais difícil do que qualquer outra coisa, apenas a minha confissão não adiantaria, eles precisavam de provas. O único problema era que essa provas não existiam.

- Annie?

- Poncho? – me levantei e enxuguei o rosto – O que faz aqui?

- Consegui negociar um minuto com o delegado.

- Conseguiu? – arqueei a sobrancelha – Pensei que ele não se importasse...

- Essa é a função dele Annie, fingir que não se importa – Alfonso abriu um pequeno sorriso para mim. Encostei meu rosto na grade e mirei seus olhos – Vai ficar tudo bem, ok? – ele acariciou meus cabelos.

- Não tenho tanta certeza... – confessei – Rodrigo tem as próprias artimanhas, ele não é burro – suspirei – Se pudesse voltar atrás e fazer com que tudo fosse diferente...

- Shh – Alfonso colocou os dedos em meus lábios – Você mesma me disse que se não fosse essa interferência talvez nós nunca teríamos nos conhecido... Eu sei que demorei para assimilar a ideia, mas sei que é verdade. Eu não me arrependo Annie!

Meu olhos lacrimejaram. Não estava preparada para aquilo, para ouvir que nem tudo o que fiz fora tão inútil, que sim, minha vida tinha algum sentido, mesmo que mísero.

- Eu te amo Poncho! – sussurrei, ele apenas assentiu e tentou me abraçar, mesmo com a grade no meio.

No one knows how to say

Ninguém sabe como dizer

That they`re sorry. And don`t worry

Que sente muito. E não se preocupe

I am not telling lies

Eu não estou mentindo.