Fanfic: Innocent AyA | Tema: Ponny

Innocent

Capítulo 17 – Dark Side

Dark Side – Kelly Clarkson

Anahí segurava firmemente a arma. Não tinha mais medo, queria se livrar logo de Rodrigo e de todo aquele inferno.

- Anahí... – Alfonso a chamou.

- Me desculpa Poncho! Você não precisava ver isso... Por favor, vá embora! Ainda há tempo! – não queria que Alfonso a visse como uma assassina. Tarefa difícil já que acabara de estourar os miolos de Kuno na frente dele.

- Não cometa mais um erro! Não piore as coisas para você! Você não é essa assassina cruel!

- Poncho... – uma lágrima desprendeu-se de seu olho – Quem me dera ser tão boa quanto você... - soltou um riso abafado – Mas, infelizmente, eu tenho um lado obscuro. Você sabe disso! Só não o conhece completamente!

- Não quero conhecer Annie... Só... Só deixe Rodrigo pagar por tudo de forma correta!

- Você não estava lá, Alfonso! – mais lágrimas escorreram por seu rosto, mas em nenhum momento ela abaixava a arma ou desviava a atenção de Rodrigo – Você não foi obrigada a se entregar a uma pessoa que nunca viu na vida, não foi dopado para te tirarem o filho, a única coisa que provava que ainda estava viva! Você não viveu no inferno durante cinco anos! Não sabe nada o que esse aí me fez sofrer! – ameaçou atirar em seu alvo.

- Abaixe a arma! – uma voz ecoou no galpão. Anahí parecia não prestar atenção, nem por um segundo desviou os olhos de Rodrigo.

- Sabe Poncho... – continuou – Você precisa saber... Fui eu sim quem roubou o seu pai... Me desculpa! Não era minha intenção, eu... Eu simplesmente não sabia de nada nem poderia imaginar que seu pai se suicidaria... Eu só... Me desculpa! – soluçava em meio ao choro, a arma começava a amolecer em suas mãos.

- Anahí! Abaixe a arma! – Ian falou um pouco mais alto. Ele tinha uma em punho também.

- Essa sou eu Poncho! A prostituta, a ladra, a falsa, a assassina... Eu não sou a mulher que um homem sonharia em se casar... Esse é o meu lado negro, aquele que ninguém conhece, nem mesmo meus amigos – soltou o ar – No final não sou tão inocente assim... Posso não ter cometido muitos dos crimes pelos quais sou acusada, mas isso não livra a minha participação, mesmo que indireta. Mas eu posso corrigir isso... – olhou de forma psicótica para Rodrigo.

- Não Anahí! – Alfonso gritou.

- Abaixe a arma imediatamente ou eu irei atirar! – Ian ordenou.

- Não quero que mais ninguém passe pelo o que eu passei! Se ele morrer todas estarão livres! Eu devo isso a Angel! – ainda se lembrava da ajuda dela nos momentos mais difíceis na Holanda.

- Ele vai pagar pelos crimes dele. Sabemos que não são poucos e garanto que ele passará muito tempo na cadeia, mas abaixe a arma! – Aiden falou.

- Nem tudo foi uma mentira Poncho! Nunca pensei que amaria novamente, mas você me mostrou que era possível... – fungou – Cada “eu te amo” que eu te disse foram verdadeiros! Tirando esse meu lado, eu nunca menti para você! Realmente te amei! Com todo o meu ser... Só... Só se lembre disso, sempre! Por favor! – fechou os olhos com força e depois abriu-os. As orbes azuis estavam novamente frios.

- Não faça nada que possa se arrepender Anahí! – Rodrigo tentou se proteger como pôde enquanto dava passos para trás – Alfonso está observando-a! – levantou as mãos.

- Sabe Rodrigo, passei a minha vida inteira vivendo à custa dos outros, nunca fiz as minhas próprias escolhas. Mas hoje eu me sinto dona de mim, sei que nem tudo está perdido, que, pela primeira vez, posso fazer minha própria escolha! – engatilhou a arma e Ian e Aiden se posicionaram, tensos – Essa sou eu Poncho, esse é o meu lado negro! Aquele que todos têm, mas nem sempre está aflorado! Se depois de hoje você me disser que não quer me ver, que não me ama, eu entenderei... – respirou fundo – Só saiba que eu preciso de você! Só você consegue reacender a verdadeira Anahí, aquela menina inocente que costumava a acreditar em todos a sua volta. Se você desistir de mim não sei como ficarei... Mas juro que tentarei superar! Eu te amo!

Lançou um olhar para Alfonso. Via o choque nos orbes verdes dele. Relembrou-se de cada traço dele e suspirou, não tinha mais volta, um tiro só lhe daria mais alguns anos para pensar na cadeia. E, convenhamos, uns dias a mais ou a menos naquele cubículo não fariam a mínima diferença, ela já estava em seu próprio inferno.

- Você pode até me matar agora Anahí! Mas vai se lembrar de mim pelo resto de sua vida! – Rodrigo começou a pronunciar suas últimas palavras – Sabe por que não tem seus pais? Eu os matei! Eu! E você, tão inocente que era nem desconfiou do porquê eu estava em Barcelona e te salvei de um afogamento! Eu coloquei a bomba na lancha! E sabe, no fim das contas não foi tão ruim assim! – deu um meio sorriso, sabia que morreria, mas antes deixaria Anahí se sentir pior – Você deveria ter escutado seus pais quando eles diziam que eu não era uma boa pessoa... No fim o erro foi seu, todo o sangue deles estará em suas mãos, eternamente!

- Eu te odeio! - Aquela confissão só aumentou a fúria de Anahí. Sem nem pensar muito ela atirou, um tiro certeiro e sem arrependimentos. Estava vingando seus pais.

Ian e Aiden correram em direção a Rodrigo que estava estirado no chão do galpão. Anahí jogou a arma no chão e se afastou chorando. Enfim tinha acabado. Ela se sentia livre.

Alfonso permaneceu alguns segundos em estado de choque. Agora sim poderia dizer que conhecia Anahí por completo, mas não sabia se era isso mesmo o que queria. Ter visto e escutado tudo aquilo o deixara extasiado. E o pior: descobrira quem fora o responsável pelo roubo na empresa de seu pai, ou melhor, A responsável. Anahí. A olhou e viu os orbes azuis sondando-o, como poderia amá-la? Justo aquela por quem jurara vingança! Isso estava totalmente errado, como seu coração podia ser tão burro?

Anahí se aproximou de Alfonso lentamente. Ian tentava reanimar Rodrigo sem sucesso e Aiden analisava o corpo de Kuno.

- Me desculpa por... Por tudo Poncho... Essa sou eu, a pessoa toda defeituosa e torta, nada bela... – soltou um riso fraco – Mas que, na única vez em que fui verdadeira, foi com você! Obrigada por reacender isso em mim... Se não fosse você eu não teria coragem de me libertar. Sei que foi de uma forma errada, mas eu realmente espero que um dia você me perdoe. Eu te amo... – as lágrimas já se faziam presentes.

- Eu... Eu não sei se consigo Annie... – Alfonso soltou o ar.

Anahí abaixou o olhar e mordeu o lábio inferior. Se abraçou. Queria chorar, mas não conseguia, tudo o que sentia era dor. Estava na corda bamba entre o certo e o errado. Seu coração dizia que tudo era certo, mas a razão não lhe deixava totalmente em paz.

- Vamos Anahí! – Ian se aproximou e algemou Anahí.

Ela apenas colocou os braços para trás e se deixou levar. Olhou uma última vez para Alfonso, moveu os lábios em um “eu te amo” enquanto andava com o delegado para fora do galpão. Exatamente como no primeiro adeus no aeroporto. Alfonso dessa vez apenas observou devastado, realmente não sabia lidar com o lado negro de Anahí. Talvez tivesse sido melhor viver aquela mentira, ter ficado apenas com a versão da história construída em Madrid. Porque encarar a realidade nunca é fácil, muito menos se essa verdade for cruel.

Everybody`s got a dark side

Todos têm um lado sombrio

Do you love me? Can you love mine?

Você me ama? Você pode amar o meu?

Nobody`s a picture perfect, but we’re worth it

Ninguém é perfeito, mas nós valemos a pena

You know that we`re worth it

Você sabe que valemos a pena

Will you love me? Even with my dark side?

Você me amará? Mesmo com o meu lado sombrio?