Fanfic: Innocent AyA | Tema: Ponny

Dizer que eu estava encantada era eufemismo. Aquele ambiente realmente estava mexendo com o meu instinto feminino a respeito do casamento. Verdade que Rodrigo tinha destruído todos os meus sonhos acerca disso, mas a nova Anahí permitia-se sonhar novamente. O ambiente branco e creme retratavam a minha paz de espírito, totalmente oposta aos dias negros de tempos atrás.

Caminhei com Alfonso até a mesa reservada aos padrinhos. Cumprimentamos os convidados que conhecíamos, e a família de Alfonso. Nem todos estavam presentes, a tia de Alfonso e sua prima insuportável não estavam lá, melhor para mim. Não aguentaria encarar Damayante, a recalcada.

- Primos! – ouvi uma voz conhecida soar. Olhei para o lado e encarei Jensen, o primo galanteador, vir em minha direção para um abraço.

- Primo! – Alfonso rapidamente se interpôs entre nós e o recebeu de braços abertos. Apenas ri da situação, afinal, a intenção de Jensen não era aquela.

- Como vai Poncho? – perguntou educadamente, mas logo me olhou, sedutor como sempre.

- Bem e você Jensen? – vi Alfonso sorrindo ou trincando os dentes, não soube definir.

- Melhor agora! E você Anahí, como vai? – abri a boca para responder, mas ele logo emendou – Fico feliz que a mulher dos olhos mais belos que já vi ainda está com o meu primo! – percorreu os olhos pelo meu corpo e me encolhi institivamente ao lado de Alfonso.

- Na verdade não estamos... – comecei a falar, mas logo fui interrompida.

- Na verdade isso não te interessa Jensen! – Alfonso praticamente o fuzilou com os olhos e eu sorri internamente. Mesmo depois de tudo o ciúmes ainda estava lá. – Vamos Any?

- Foi um prazer reencontrá-lo! – disse para Jensen enquanto Alfonso me empurrava para longe do primo.

 Após cumprimentar quase todos, caminhamos em direção à Ruth. Resfoleguei por um minuto, lembrando que havia sido julgada por roubar a família dela, o que tinha ocasionado a morte de seu marido. Parei imediatamente, no meio do salão, e não consegui obrigar minhas pernas mexerem. Alfonso parou dois passos a minha frente e me encarou.

Desde o julgamento não tinha parado para pensar o que as outras pessoas achariam de mim. Meus amigos estavam ao meu lado e aquilo me bastava. Porém, se quisesse ficar com Alfonso, teria que enfrentar sua família, fato que minha mente simplesmente ignorou. Aquela constatação havia me atingido violentamente e imaginei o que Ruth diria à mim. Obviamente não ficaria feliz ao ver que Alfonso estava comigo. Quer dizer, que ainda me aceitava, já que não estávamos tecnicamente juntos. Tínhamos nos dado a segunda chance de conhecermos um ao outro, mas via o quanto isso era difícil para ele. Imagina para a mãe dele que perdeu o marido!

- Tudo bem Any? – Alfonso me perguntou ao perceber meu súbito desespero – Está pálida! – ele segurou minha cintura, imaginando que poderia desmaiar a qualquer momento. E eu jurava que estava prestes a fazer isso, mesmo me obrigando a não estragar a festa impecável de Maite.

- Sua mãe... – foi tudo o que consegui dizer. Não o encarava, olhava fixamente para Ruth, que estava a menos de cinco metros de distância.

- O que tem ela? – Alfonso olhou para trás imediatamente, imaginando que havia acontecido algo.

- Ela... ela... – fechei os olhos e respirei fundo, precisava encarar todas as consequências da minha confissão, mas encarar a mãe de Alfonso depois de tudo era mais difícil do que esperar a sentença do juiz.

- Ela...? – Alfonso me instigou a continuar.

- Eu não posso fazer isso Alfonso! – ele me olhou confuso. Soltei o ar e continuei – Cumprimentá-la normalmente como se eu não tivesse roubado a família dela!

Alfonso me encarou como se entendesse meu ponto, pareceu refletir um pouco antes de responder.

- Ela sabe de tudo Any! – aquilo só fez meu coração acelerar e meu semblante mostrar sinais claros de pavor – Mas fica tranquila! Ela compreendeu tudo e não te culpa! Ela diz que certas coisas estão destinadas a acontecer e que se não fosse você, aquilo iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Minha mãe te perdoa, Any! Além do mais, você nunca me roubou! Você realmente mudou e é isso o que ela vê! Ela ainda lembra da Anahí que foi comigo à Cancún, uma Anahí que foi verdadeira em meio a tudo o que passou e é por aquela pessoa que ela ignora qualquer coisa que você tenha feito!

- Mas... – uma lágrima queria rolar pela minha bochecha, mas fiz o possível para segurá-la.

- Nada de “mas”, Any! Já te disse que está na hora de seguir em frente e simplesmente esquecer o que aconteceu. Você não pode mudar o passado! – fechei os olhos e abri um sorriso casto. Ele estava certo, como sempre. Balancei a cabeça em negação e me obriguei a esquecer todas as bobagens que um dia fiz.

- Então vamos! – disse determinada, afinal, a Anahí covarde morrera junto com Rodrigo!

Alfonso me encarou sorrindo e seguiu caminho em direção à sua mãe. Minha coragem ia esvaindo a cada passo, mas quando vi o sorriso estonteante daquela senhora, respirei fundo e me lembrei que não havia nada a temer.

- Querido! – abraçou o filho e me fitou logo após – Como vai, minha querida? – me abraçou.

- Bem e a senhora?

- Muitíssimo bem!

- Ruth, eu sinto mui – não pude terminar, pois ela logo abanou os braços em negação.

- Não precisa falar sobre isso! Eu sei de tudo e realmente não te culpo! Aliás, fico muito feliz que tenha sido inocentada de certa forma! O que aquele homem fez com você foi horrível! Espero que possa viver em paz agora!

- Com certeza! Agradeço de coração toda a bondade!

- Ah querida! – ela sorriu ainda mais – Eu que agradeço por ter deixado Maite linda!

- Não é como se eu precisasse me esforçar, a sua filha é linda naturalmente, como a senhora! – devolvi o sorriso e ela me abraçou novamente.

- Sempre que precisar de uma mãe por um momento pode falar comigo! – ela sussurrou em meu ouvido e aquilo tocou genuinamente meu coração. Aquela mulher não existia! Senti a lágrima que segurei rolar pela minha bochecha, mas logo a sequei.

- Obrigada! – foi tudo o que consegui responder naquele momento.

Aquele era o meu primeiro encontro com Ruth após a minha volta à Madrid. Na época do meu julgamento ela não sabia de nada, então permanecera em Cancún. Obviamente Maite e Alfonso contaram à ela os pormenores depois de todo o ocorrido, mas eu não tive a chance de perguntar o que ela pensava de mim ou se me julgava como qualquer outra pessoa normal faria. E aquele ato me surpreendeu. Eu realmente não sei o que faria no lugar dela! Talvez não seria tão bondosa assim com uma pessoa que praticamente destruiu minha família. Mas aquela era Ruth, a bondade em pessoa e isso fazia-me sentir ainda mais confortável com Alfonso e sua família.