Fanfic: Innocent AyA | Tema: Ponny

Em meio aos pensamentos Anahí nem percebera que já tinha o vestido pronto. Tantas coisas vieram à sua mente que a mão apenas se movia sem nenhum estímulo cerebral. Era quase um movimento automático, mas que lhe rendera um belo croqui.

Analisou minuciosamente o desenho. Guardaria para pedir a opinião de Christian depois, não achava justo terminá-lo sozinha sendo que começaram isso juntos. Pegou outra folha e começou a desenhar a nova coleção. De certa forma aquela missão estava sendo boa. Reencontrara os amigos e ainda podia fazer o que mais lhe dava prazer: desenhar.

Deixou as costas repousarem no assento da cadeira. Foi o momento que pôde perceber que aquele andar estava uma loucura. Várias modelos se vestindo, descendo e subindo nos elevadores, recusando comida e retocando a maquiagem. Algumas a olhavam com um olhar que mesclava raiva e inveja. Como não se dera conta antes? Agora o barulho infernal a atrapalhava. Talvez estivesse tão inerte no passado que se esquecera do presente.

Fechou os olhos numa tentativa de concentração. Fora em vão. Decidiu se levantar e sair andando pelo andar. Assim poderia ver as coleções antigas, se inspirar e se acalmar. Abriu a porta do escritório e uma rajada de vozes a atingiu vorazmente.

Seus pequenos pés a guiaram para uma arara de roupas no meio do saguão. Sentia-se um nada ao lado de toda aquela população de gigantes. Mesmo com saltos mal alcançava os ombros das modelos que andavam com sapatos rasteiros.

Moveu as mãos delicadamente sobre as peças de roupas. Todas mostravam a personalidade de Christian: extravagância e elegância.

- Essa é minha, queridinha! – disse uma modelo pegando a camiseta que Anahí segurava nas mãos. A modelo saiu andando, ou melhor, rebolando a bunda magrela em direção à penteadeira.

Anahí ficou com raiva, mas não demonstrou. Simplesmente respirou fundo e se virou para ir de volta à sua sala. Talvez fosse mais fácil se acalmar olhando o Manzanares pela grande janela de vidro. Bateu o pé firmemente no carpete. Sorte que ninguém ouviria seu estado de exaltação. Mas uma mão caiu sobre seu ombro. Anahí se virou, estava quase chegando em seu escritório.

- Escuta aqui queridinha! – disse a mesma modelo – Não vai se achando só porque conseguiu um emprego aqui! Eu estou há muito mais tempo no ramo, então não vai querendo roubar o lugar dos outros!

- Pelo o que eu sei queridinha, - disse irônica – não roubei o lugar de ninguém, muito pelo contrário, apenas ocupei uma vaga que a empresa necessitava.

- Ah claro, e aposto que foi com a ajuda dos seus amiguinhos, não é? Todo mundo já sabe que você não passa de uma protegidinha e que na verdade é uma total desqualificada!

- Eu? – Anahí riu alto – Então não sabe nada sobre mim! Fui contratada como secretária e por causa dos meus dotes como estilista mudei para essa sessão! Não entendo qual é o seu problema... Inveja mata, sabia?

- Inveja? Quem mencionou isso? Aposto que a única invejosa aqui é você!

- Me poupe! Você não passa de uma modelo magrela sem atributos, aposto que está nessa profissão justamente porque não precisa falar nem ter habilidades, basta ter um rostinho formidável!

- O que está insinuando? – colocou as mãos na cintura.

- Não estou insinuando nada, apenas relatando os fatos! – imitou o gesto da outra.

- Cláudia! O que está acontecendo aqui? – Alfonso apareceu e falou bravo.

Nesse momento pode-se perceber que todas as outras modelos olhavam para Anahí e Cláudia, a modelo. As vozes não se faziam mais presente. As duas e Alfonso eram o centro das atenções.