Fanfic: Love Song | Tema: Gravitation

Shuichi mordiscava sua batata-frita sem a menor ideia do porquê Yumi telefonara. Lá estavam eles dois, sozinhos, sentados naquele mesmo McDonald`s em que se conheceram pela primeira vez.

- Chega de conversa fiada, então. – disse Yumi. – Já percebi que você quer que eu vá direto ao assunto. Shindou-san, quais livros de Yuki Eiri você já leu?

Shuichi olhou para Yumi com uma cara de interrogação. Então ela o chamou para perguntar sobre Yuki? Não, isso não o agradava nem um pouco.

- Eu pergunto porque... bem, você é o namorado dele, não é? Isso faz de você a pessoa mais importante na vida dele.

- Yumi-san, onde quer chegar?

- Shindou-san, eu devo muito do que sou e de onde cheguei a Yuki Eiri. Ele foi a primeira pessoa a dizer que eu poderia chegar a algum lugar. Eu não sabia quem era ele, eu estava tocando violão por moedas. Um estranho me deu uma grana alta, disse que adorou minhas músicas. As músicas que eu compus. Então, por acaso, descobri que esse estranho era o seu namorado e ele era um escritor famoso. Conheci-o numa sessão de autógrafos e comprei todos os livros dele. Shuichi, as coisas que ele escreve... Eu não posso nem começar a falar sobre elas. Só lendo para entender. Mas estou divagando. Shindou-san, você já leu algum livro dele?

Shuichi ainda estava processando todas essas informações. Então Yuki, seuYuki elogiou uma mulher estranha? E falava mal das músicas dele? Isso lhe causou um aperto no coração.

- Shindou-san, você está bem?

- Não, não li nenhum deles. E sabe como conheci o Yuki? Ele viu uma das letras que compus e disse que era um lixo. E você, uma estranha, ele elogia.

- Shindou-san... Olhe, eu vim aqui para lhe dar um presente que vai compensar por seja lá o que você tiver passado com Yuki Eiri.

E Yumi tirou da bolsa e entregou a Shuichi um exemplar de "Last Love".

- Eu conheci muito sobre você nesse livro, Shindou-san. Leia-o. E depois, leia todos os outros livros de Yuki Eiri. É sua obrigação.

- Puxa... Obrigado. – agradeceu Shuichi, confuso, pegando o livro.

- Bem, eu já vou. Obrigada pela atenção.

Yumi pegou o resto de seu refrigerante e saiu pela porta automática.

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Era um fato corriqueiro Shuichi chorar, mas dessa vez, ao chegar, Yuki encontrou-o no sofá da sala de estar soluçando.

Ao lado de um exemplar de Last Love.

- Primeiro você compõe uma música para mim... – Shuichi tentou articular, em meio ao nariz entupido e à voz embargando – E agora escreve um livro sobre nós, cheio de floreios e poesias. Nunca imaginei que você me visse assim, Yuki. Não sabia o quanto você me amava até hoje. Mas por que ele teve que morrer no final? Eu não viveria sem você, mesmo com suas complicações.

Yuki se viu realmente constrangido. Não sabia se estava corando, mas sentia seu rosto queimar. Sempre fora um alívio para ele o fato de Shuichi não ser muito lido e inteligente. O que raios ele estava fazendo com um exemplar justo daquele livro?

Shuichi se levantou e encostou a cabeça nas costas de Yuki, envolvendo-o com os braços. Como alguém tão bom com as palavras nunca sabia o que dizer? Mas Yuki o amava. Eles se amavam. Era o importante.

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- Não, Touma. Não vai dar certo.

Touma, mãos envoltas em luvas chiques e felpudas sob o queixo, olhava para Yumi, ponderando. Ambos sabiam que não havia outra alternativa.

- Ou isso, ou não haverá mais Garage Sale.

Yumi queria chorar. Por que, por quêRui os havia desertado? Ela o amava, os três haviam sido como irmãos. Kyo estava muito abalado com aquela atitude. Kumagoro nenhum no mundo curaria a falta ou preencheria o espaço vazio que Rui deixara ao abandoná-los daquela forma. E desde então, não se ouvira mais dele. É, afinal, para alguns, certos laços eram tão efêmeros quanto uma brisa de verão.

Yumi se sentia mal por recusar a oferta de Touma. Um novo baterista. E fazer tudo isso na presença do candidato. "Não é nada pessoal", ela queria dizer, mas talvez nem precisasse, a história da Nittle GrasperXGarage Sale estava rolando solta para quem quisesse ouvir, mundialmente. Yumi estava ganhando cada vez mais fama e não era graças ao seu talento. Desde que Ryuichi a beijara no palco, as vendas de seu single decolaram.

Definitivamente não era isso o que ela queria. Uma banda sem baterista, um guitarrista em depressão e um namorado talentoso demais que a ofuscava.

Algo precisava mudar.

- Kojitaka-san? – disse Touma, tirando-a de seus devaneios. Yumi piscou, voltando a si.

- Kojitaka-san. Tire o dia por hoje. Você compôs ótimas músicas, mas se continuar sem baterista, não será possível prosseguir com a banda. É necessário que você assuma uma posição o mais rápido possível. Sei que não é fácil, mas membros de banda muitas vezes têm de ser substituídos. Vocês não são mais crianças. Sua carreira está num momento muito promissor e nada dura para sempre. Pense nisso.

Yumi saiu da sala de Touma se sentindo pior do que entrara. E o pior é que tinha de encontrar Ryuichi e estava quinze minutos atrasada. Estava com vontade de ligar e desmarcar. Aliás, o que menos andava com vontade de fazer esses dias era vê-lo. Como se sentia diminuída perto dele!

E lá estava ele sorridente como sempre. Por que estava sem o Kumagoro?

- Yumi-chan... – ele a abraçou, esquecendo-se completamente de que não estavam mais nos Estados Unidos.

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De todos os lugares, Yumi não entendeu por que Ryuichi foi escolher logo um McDonald`s para jantar. Ela sabia que esse não era seu estilo nem de longe. Ele gostava de restaurantes estrangeiros com comidas no cardápio que ela nem sabia pronunciar os nomes. Aqueles lugares metidos em que eles serviam mini porçõezinhas de comida e Yumi saía morta de fome mesmo depois de uma "refeição completa". Ela nunca teve coragem de dizer-lhe que detestava aqueles lugares esnobes, mas pelo jeito ele percebera. Ou talvez tivesse ido comerFast Food só por capricho. De qualquer forma era a loja favorita de Yumi. Ele acertara em cheio.

Para Ryuichi estava difícil digerir aquele Quarteirão com Queijo. Mas o que ele tinha a dizer era importante. Yumi mordeu sua torta quente de maçã e quase quebrou os dentes.

Clichê, mas funcionava. Lá dentro estava um anel com uma safira rosa. Até a pedra de que Yumi gostava ele sabia. Como raios... O coração dela disparou. Não podia, não podia ser o que ela estava pensando...

- Por isso a torta foi brinde! – ela disse, nervosa. Ryuichi estava olhando para ela sério. Ela simplesmente odiava quando ele a encarava daquela forma. Seus olhos pareciam que a escaneavam como um raio X.

Ele tomou suas duas mãos nas dele. E disse.

- Yumi... Case-se comigo.

Ela não sabia o que dizer, mas estava decepcionada por ele não ter se apoiado num joelho só para fazer o pedido. E por ter pensado isso, sentiu-se idiota. Lá estava o homem mais perfeito do mundo pedindo-a em casamento e ela pensando inutilidades. Sua boca estava seca, ela queria pegar a Coca gelada que estava encostando em seu cotovelo, mas Ryuichi estava monopolizando suas mãos. Se seu coração batesse mais rápido, com certeza pararia! Será que alguém desmaiava durante pedidos de casamento? O que se devia responder? Ora, só havia uma resposta, claro! Yumi podia ver um futuro com Ryuichi... Ela realmente o amava...

- Não posso.

O rosto de Ryuichi congelou. E ambos não esperavam por essa resposta.

Mas Yumi disse ainda mais uma vez, com mais convicção.

- Não posso, Ryuichi. Eu... Não é que eu não queira, mas isso é algo que simplesmente não está nos meus planos.

Ryuichi soltou-lhe as mãos e disse, seu rosto uma máscara de indignação.

- Não está... nos seus planos?

Yumi respirou fundo e tomou um gole do seu refrigerante, passando a mão pelos seus cabelos.

- Ryuichi... Namorar é uma coisa... Não que eu não sinta algo por você, mas... Não pensei que levasse isso tão a sério...

- O quê?

- Pare de me interrogar e questionar meus motivos! Não quero me casar com você e pronto! Quão a sério você acha que levaria esse tipo de compromisso? Você tem mais de trinta anos e anda com um coelhinho de pelúcia!

- Não acredito que esteja me dizendo isso! Uma coisa não tem nada a ver com a outra! Então são esses seus motivos? Acha que eu não sou maduro o suficiente para um compromisso?

Yumi mordeu o lábio inferior e não respondeu. Não ousava encará-lo.

- O que você não está me dizendo?

- Quer mesmo saber? Desde que começamos esse relacionamento eu perdi a confiança em mim mesma. A imprensa só me menciona porque estou ao seu lado, e...

- Ah, então é isso? Você acha que eu estou roubando seu brilho?

Ele estava sorrindo, irônico. Estava realmente bravo e Yumi estava com medo. Ela não conseguiu responder e seus olhos começaram a se encher de lágrimas.

- Você é uma covarde. Não me culpe por estragar tudo no final. Aproveite sua refeição.

Ele se levantou e foi embora. Yumi não conseguiu conter o choro dessa vez e ficou mortalmente arrependida do que acabara de fazer.