Fanfic: Love Song | Tema: Gravitation

Capítulo 19 -

Yumi acordou de um sono leve e agitado. Estava muito perturbada para dormir. Kyo acordava de hora em hora gemendo e ela se perguntava por que ele não aceitara a proposta de morar com Tatsuha. A essa altura ele estaria nos braços do outro, em paz e não aguentando problemas praticamente insolúveis. Yumi se sentia culpada, pois sabia que o amigo não fora provavelmente para ficar com ela...

- Kyo, Kyo, acorde, querido.

- Eu estou acordado. Não consigo mais dormir, Yumi benzinho. – ele disse, a voz meio rouca. Será que estivera chorando de novo?

- Kyo, não podemos continuar assim. Deste jeito vamos voltar à estaca zero. Temos de encarar os fatos. Ele não vai voltar, Kyo... Vamos aceitar a proposta de Touma de uma vez.

- Se ao menos eu tivesse vontade de me levantar...

- Kyo, reaja! – Yumi disse, acertando-o com o travesseiro. – Eu também o amava! Não se culpe por nada, isso não teve a ver com você ou o Tatsuha. Ele é um idiota, só isso. Deus, jamais vou perdoá-lo!Jamais!

- Você tem razão, Yumi. Vamos aceitar a proposta de Touma e retomar a banda. Somos profissionais. A vida continua.

Touma encarava os olhos avermelhados de Kyo e os preocupados de Yumi com os seus severos olhos azuis por trás da mesa. A decisão, finalmente, estava tomada.

- Tenho certeza de que vocês não se arrependeriam, se isso ainda fosse necessário – ele disse, sério.

- O que quer dizer com isso? – perguntou Yumi, consternada. – Não pode estar querendo se livrar da Garage Sale! Não agora que eu finalmente consegui com que Kyo...

Ele a interrompeu apenas com o olhar. E isso era preocupante, aquela glacialidade de Touma. Será que Ryuichi dissera alguma coisa?

- Você se precipita, Kojitaka-san. – disse Touma, tirando o fone do gancho e dando ordens para que alguém entrasse.

E para a surpresa de Kyo e Yumi... Ninguém menos que Rui adentrara o recinto.

Kyo correu para abraçá-lo e sua impulsividade afetiva foi igualmente retribuída. Já Yumi...

Ela ficou lá, parada, rangendo os dentes.

- Depois de tudo o que fez, agora volta como se absolutamente nada tivesse acontecido, esperando ser recebido como um cachorrinho obediente? Pelo jeito, para Kyo é assim! Mas não, comigo não!

- Yumi-chan, perdão! – implorou Rui, sem poder conter as lágrimas. – Eu fui um idiota, um verme asqueroso e pegajoso! Eu amo muito vocês, mais que a vida, vocês são minha família! Aceitem-me de volta, por favor!

Yumi não se controlou e chorou novamente (ela andava chorando demais para seu gosto). Correu e abraçou Rui. Os três se agarraram como se fossem se fundir. Touma suspirou e esperou até que o momento familiar passasse, bateu palma três vezes e por fim, disse:

- Agora, vamos aos negócios, certo?

Fazia mais de duas semanas que ele não ligava. Yumi não queria admitir, mas sentia falta dele. Ela esperou, esperou, mas agora era hora de agir. Ela ia perdê-lo, isso se já não fosse tarde demais. Não tinha ideia do que fazer, mas faria algo.

Eram tantos repórteres... Tantas perguntas... GrasperXGarage Sale, lá estavam as duas bandas, respondendo perguntas juntas sobre seu próximo tour...

- Seguchi-san, até quando a parceria entre as bandas vai durar?

Ao que Touma respondeu:

- A Garage Saledesde o começo foi uma banda de futuro muito promissor e até agora não tem mostrado nada a não ser que vai render bons frutos. E também há o fato de Ryuichi apreciar cantar com a vocalista da banda, e enquanto isso ocorrer, continuaremos com a parceria.

- Yumi-chan, é verdade que a música "Adios" foi feita para um amor não correspondido? Quem era essa pessoa? Isso atrapalha seu relacionamento com Sakuma-san?

Yumi pensou bem antes de responder.

- Essa pessoa foi de alguma forma importante e ainda me é querida, mas quem eu amo de verdade é o Sakuma-san. Ryu-chan... – ela se dirigiu a ele pela primeira vez depois do incidente na lanchonete – Se você puder perdoar uma tola... Só agora percebo o quanto fui cega! Eu o amo, além da compreensão. É muito embaraçoso estar dizendo essas coisas em cadeia nacional, então trate de me perdoar!

Os repórteres bombardearam Yumi e Ryuichi com perguntas. Ele apenas olhou para ela com uma expressão séria, sombria. Não parecia alguém disposto a perdoar... E respondia aos repórteres apenas com evasivas. Yumi também se recusou a comentar mais sobre o assunto.

As respectivas bandas saíram da coletiva e se dirigiram aos carros para ir embora. Yumi estava abatida e só queria ir para sua cama, ouvir seu iPod no último volume e não pensar em mais nada, quando alguém a puxou pelo braço e a beijou nos lábios.

O beijo era faminto e intenso, tirou toda sua noção de tempo e espaço e seus pés não estavam tocando o chão. Flashes de câmera a cegavam. Ela mal entendia o que estava acontecendo, quando Ryuichi se apoiou em um joelho e proferiu a frase que ela esperara a vida inteira para ouvir:

- Yumi, case-se comigo.

Ele abriu a caixinha azul-marinho aveludada e lá estava a safira, que dessa vez escorregou em seu dedo. Ele a tomou em seus braços e a rodopiou. Yumi ria alto. É claro que ela nem precisava responder.