Fanfics Brasil - 4 Holding you, and swinging

Fanfic: Holding you, and swinging | Tema: Cavaleiros do Zodíaco


Capítulo: 4

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Capítulo 4 –


- Uau, Mu. Que história. – disse Miro, ao mesmo tempo em que protegia seus olhos do sol.


Mu, Shaka, Miro, Aioria, Saga e Kanon estavam todos sentados na grama do Campus, conversando durante o breve intervalo. Mu contara a história, mas omitira certos detalhes...


- E você a consolou? – perguntou Saga, com os olhos brilhando.


- Como assim? – Mu estava quase entendendo as implicações...


- Ora, você a beijou? Nessas horas é que se deve beijá-las.


- Idiota. – Kanon murmurou.


- Idiota será o Mu se não tiver aproveitado o momento – retrucou Saga. – E aliás, eu esqueci de te dizer o nome dela! E para piorar, esqueci o nome dela! Você ao menos perguntou?


- O que eu faria sem você, Saga? – disse Mu, achando graça. – Descobri o nome dela no mesmo dia em que você o manteve em segredo.


- Espero que ainda se lembre. Olha, Mu, há uma outra razão pela qual eu não quis falar muito sobre ela... Não quero que você fique chateado, mas ela está comprometida. E não é só isso. Ela está noiva.


- Eu também já sabia disso... E o pior é que o noivo dela, Hiro Takahashi, é uma boa pessoa. Não tenho o direito de me meter entre os dois.


Mas e a ligação, o estranho vínculo que parecia haver entre os dois? Mu se lembrava da noite passada, ao levar Kyoko para casa. Ela esquecera a fita que usava no cabelo no banco da frente...




Era hora de aula de Literatura e desta vez Mu tinha motivos para ficar ansioso. Mas ela não estava em lugar nenhum...


- Vamos, Mu, mexa-se! – disse Shaka – Ou então não pegaremos nenhum lugar bom e você sabe que odeio sentar lá na frente.


O lugar era amplo, com paredes brancas e cadeiras azuis estofadas, parecia um auditório. As cadeiras estavam enfileiradas em degraus e Shaka e Mu ficaram no meio, nem muito lá em cima, nem muito lá embaixo. Todos tinham uma vista panorâmica da mesa do professor, era como um cinema, inclusive quando ele projetava algo na tela.


- Mu! Mu! – alguém gritava seu nome, de repente. Ainda bem que a aula não havia começado.


- Tem uma maluca te chamando, Mu. – disse Shaka. – Você pode ignorar. Eu ignoraria. Mas oh. Veja quem é. Você não vai querer.


Era Kyoko, vindo na direção deles e acenando.


- Olá, posso me sentar com vocês?


Shaka sorriu, fingindo que não era com ele. Mu acenou com a cabeça e Kyoko, em meio a "com-licenças" e protestos, pois pisou em alguns pés, sentou ao lado de Mu.


Eles sorriram um para o outro e a aula finalmente começou.


Pela primeira vez em dois anos (era seu segundo ano), Mu não entendia nada do que o professor de Literatura estava dizendo. Não conseguia se concentrar. Ela estava tão perto dele que ele podia sentir seu cheiro. Cheiro de baunilha. Ele fechou os olhos e imaginou como seria tocar aqueles cabelos. Será que eles eram tão sedosos quanto pareciam?


Ele sentia a eletricidade que fluía entre os dois. O braço dela estava quase encostando no dele, se ele se movesse um centímetro para mais perto... Mas Mu não ousava. A mão dela estava bem ali. Era só ele esticar os dedos uma polegada... Ele podia sentir o calor que emanava de pele dela. Era perturbador, tudo aquilo. Ele estava ficando novamente entorpecido, intoxicado pelo cheiro, pela presença dela... Pela proximidade e ao mesmo tempo pela distância...


Foi quando ele percebeu que ela estava olhando para ele. E parecia hipnotizada, fitando-o, com aqueles olhos verdes que eram como duas pedras preciosas. Ele não teve escolha a não ser olhar de volta.


E muita coisa foi dita naquela troca de olhares. Mas nenhum dos dois poderia expressar isso em palavras.


E o sinal tocou, anunciando o fim da aula. Kyoko se levantou, pegou seus livros e saiu.


- Mu! Mu! – Shaka o chamou, sacudindo-o pelo ombro.


- Hã?


- Você está bem? Em que universo você está?


- Shaka... Eu não anotei o dever.


- Nem eu, aliás. Vamos para a próxima aula. Saga, Aioria e Miro estarão lá e eu quero contar a eles sobre sua experiência extra-corpórea.




Hoje. Definitivamente, hoje, pensava Saga, enquanto vislumbrava se havia alguma falha em seus planos.


- Saga, uma festa é sempre bem-vinda... – disse Miro – Ainda mais que assim eu teria chances de encontrar com as garotas da Zeta Capa Pi... Mas Kanon jamais irá concordar.


Eu sou o líder. O Kanon sequer tem influência dentro dessa Fraternidade. Quem tem mais chances de me substituir é o Aioria, e você sabe disso.


Aioria, Miro, Saga e Kanon eram parte da Fraternidade Delta Sigma Tau, da qual Saga era o líder. Era uma das Fraternidades mais influentes e famosas do Campus, a que tinha os homens mais bonitos e as melhores festas. Está aí a razão da rivalidade entre eles, Shura e Camus, que eram os líderes da Omega Chi.


Mu e Shaka eram os únicos que achavam essa história de Fraternidade uma idiotice. Na única festa em que foi com Mu, Shaka foi praticamente obrigado a beber Absolut direto de um funil e garotas que ele nunca vira na vida tentavam beijá-lo. Depois disso, ele prometeu que nunca mais iria a esses lugares infernais.


Lavelle era líder da Zeta Capa Pi, onde, é claro, só havia mulheres. Ela insistiu muito para que Kyoko participasse, mesmo sabendo que as roupas e o jeito da prima eram extremamente inadequados. Mas um dos fundamentos da Zeta Capa Pi era fazer com que suas aspirantes se sentissem como princesas. E afinal, era o que todas elas eram, de acordo com o lema da Irmandade. E se por acaso uma aspirante viesse a se tornar uma delas, seriam todas irmãs.


Consequentemente, os garotos e garotas que eram parte de uma dessas instituições moravam todos no Campus, em suas respectivas Casas com suas devidas regalias.




Lavelle estava na casa de Kyoko, conversando com ela em seu quarto. Tudo era tão rosa. A cama, onde as duas estavam sentadas, estava cheia de bichinhos de pelúcia. Kyoko segurava um deles, que era coelhinho branco. Havia um guarda-roupa, rosa bebê, encostado na parede e uma prateleira com um espelho, com alguns objetos como escovas de cabelo, cremes...


- Kyoko-chan, você tem que ir! Vai ter bebida, garotos lindos! Qual foi a última vez em que esteve em uma festa?


Kyoko olhava para o rosto da prima, quase derrotada. Já não sabia mais como contra-argumentar diante de tanta insistência.


- Lavelle... Eu estarei cansada do trabalho.


Lavelle riu.


- Isso é desculpa esfarrapada! Amanhã nem tem aula! Você precisa se distrair!


Ela suspirou.


- O Hiro provavelmente vai querer ir... Ele gosta de festas. Que tipo de música vai tocar?


- Música? Na verdade nunca prestei muita atenção nisso, é tanto barulho. Mas tem até piscina! Uma vez me jogaram lá dentro, eu estava tão bêbada que quase me afoguei!


Kyoko franziu as sobrancelhas. Não imaginava que a prima tivesse esse lado... Realmente, havia muito mais sobre Lavelle...


Kyoko suspirou novamente, desta vez derrotada.


- Tá bem, eu vou.


Lavelle soltou um gritinho e a abraçou.




- Não, não. Definitivamente não.


Aioria e Miro tentavam convencer Mu já há meia hora, mas sem sucesso. Argumentos como garotas lindas, música, topless , diversão só pareciam produzir o efeito contrário.


- Mu. Você sequer quis ser um de nós, e não pense que isso não nos chateou. E agora não participa dos eventos quando o convidamos! Sabia que não é aberto ao público? Não é qualquer um que pode ir entrando! – argumentou Miro.


Mu virou os olhos.


- Eu considero vocês meus irmãos sem precisar entrar numa Fraternidade. Acho que isso só incita discórdia e rivalidade. E aquelas festas! Eu e Shaka fomos a uma delas, lembram? Precisei de várias sessões de exorcismo depois daquilo!


- Como você é exagerado. Quem se deu mal mesmo fui eu, quando a Sybelle vomitou em mim. Que ódio. Não sei por que essas coisas só acontecem comigo – lamentou Miro.


- Jura que eu perdi isso? – disse Mu, achando graça.


- Você e Shaka são muito presos. – o celular de Miro começou a tocar e ele atendeu – Alô? Oi, Saga! Aioria, é o Saga, ele tá aqui na frente da casa do Mu. Abre aí pra ele.


- Sim, senhor. – Aioria se levantou e foi abrir o portão.


Saga veio correndo como um foguete, Aioria correndo espantado logo atrás. Kanon vinha andando, calmo e parecia estar emburrado.


- Mu, pode me beijar depois. Agora você definitivamente vai querer ir. Ele não aceitou né? Bem, então. Gente, falei com a Lavelle. É hoje! Ela vai, com todas as gatas da Zeta Capa!


Miro e Aioria deram vivas.


- E em qual Universo Paralelo, Saga, eu deveria lhe agradecer por isso? – perguntou Mu, irônico.


- Ora, Mu. É óbvio. Se Lavelle vai...


- Ah não... Não, não, não... – murmurou, Mu, para si mesmo.


Agora ele sabia que não tinha escapatória. Todos os amigos olhavam para ele com cara de satisfação.


- Esperem! Kiki não pode ficar sozinho!


As expressões de satisfação naqueles rostos se transformaram em algo de dar pena em Mu.


- Você tem dinheiro! Contrate uma bábá! – disse Saga, exasperado.


- Não confio em terceiros cuidando do meu irmãozinho. De jeito nenhum, não vou colocar estranhos dentro de casa para ir a um bacanal. Sinto muito mas não vai dar, pessoal.


- Espere! Tenho uma ideia. – disse Kanon.


Todos olharam para ele, esperançosos.


- Boa, Kanon. – disse Saga. – Você cuida do Kiki enquanto vamos à festa. Como é altruísta! Você realmente é o gêmeo do bem!


- Cale-se, idiota. Não vou perder essa festa por nada, jamais deixaria a Lavelle sozinha com um canalha como você. Mu. Nós nem nos demos ao trabalho de convidar o Shaka. E ele é seu melhor amigo, isso não é segredo... Será que ele não poderia...


O rosto de todos voltou a se iluminar. Sim, Kanon, que ideia brilhante!


Mas Mu ainda estava pensativo, analisando.


- Shaka? Mas será que ele concordaria?


Aioria já estava com o celular no ouvido.


- Shaka, queríamos pedir a você um favor. É pelo Mu. Sim, ele está aqui, fale com ele.


E ele estendeu a mão, dando a Mu o telefone.




Ainda era como Mu se lembrava.


Todas aquelas pessoas aglomeradas, bebendo, dançando, se agarrando despudoradamente e aquele pop genérico ao fundo... Uma garota com um vestido que mais parecia uma blusa passou por ele com um copo enorme de cerveja na mão.


E ela não estava em lugar nenhum. Provavelmente nem viera. Que idiotice ele foi fazer.


Aioria, Miro, Saga e Kanon já haviam sumido por aí no meio da multidão. Saga estava com Lavelle. Kanon ria e conversava com uma garota morena, linda, os cabelos longos, lisos, pretos como a noite. Ela parecia o oposto de Lavelle. Estava segurando também um copo, numa mão onde havia longas unhas vermelhas. O vestido preto que ela usava reluzia e mostrava muita, muita pele. Mu ficou perturbado, mas não conseguia parar de olhar para ela. Ela se voltou e sorriu para ele, como se soubesse. Sorriu com os lábios cor de carmim e os dentes brancos.


- Kanon, não me apresenta seu amigo? – ela disse.


- Mu, venha aqui – ele disse, puxando o garoto pelo braço. – Victoria, este é Mu. Mu, esta é Victoria Valentine.


- Mu? Que tipo de nome é esse? – ela disse, sorrindo aquele sorriso perturbador, seus olhos cor de mel soltando fagulhas.


- É... – Mu gaguejou. – Não sei, talvez meus pais gostassem...


Ela riu, jogando os cabelos para trás.


- Ele não é uma gracinha? Seus amigos são todos assim, Kanon? Onde está aquele indiano? Eu mataria para tê-lo hoje!


Mu enrubesceu. A garota não tinha papas na língua.


- Ele está cuidando do irmão menor dele – Kanon indicou Mu com a cabeça. – Se quer culpar alguém por estragar seus planos, culpe o Mu.


Victoria parecia decepcionada, mas logo se recuperou.


- Então ele não veio mesmo? Bem, ele nunca vem a nenhuma das festas, não sei qual a surpresa. Pelo jeito vou ter que me virar sem ele de novo. E você, Mu? Está sozinho?


Kanon sorria, rindo de cabeça baixa, para não atrapalhar a conversa que Victoria estava tentando ter.


- Eu, bem... Eu não...


- Você me lembra um pouco aquele indiano. Quer subir comigo? Podemos ir nós três. – ela piscou, com malícia.


- Com licença – disse Mu, se retirando. Estava mortalmente arrependido de não ter ficado para cuidar de Kiki.


- Espera aí... – Kanon segurou o braço de Mu – Diga a Shaka que Victoria manda lembranças.


- Mas ora, que fortuito! Você conhece o indiano, Mu? - perguntou Victoria.


- O nome dele é Shaka. Sim, ele é meu amigo.


- E por que ele não veio? Eu só o vi em uma festa, e ele me despistou, nem quis conversa... Não gosto muito de homem que fica se fazendo de difícil, mas tem alguma coisa nele que me encanta...


Mu sorriu, sem conseguir evitar.


- Imagine se você o conhecesse melhor.


- Isso é uma proposta, Mu? Faria isso pela sua nova amiga?


Mu coçou a cabeça, pensando.


- Não acho que isso vá ser possível... Shaka é meio... digamos, inacessível. Mas posso tentar.


Ele se arrependeu na mesma hora de ter feito a proposta. Como iria conduzir essa situação? Mandando bilhetes de um para o outro?


Saga apareceu de mãos dadas com Lavelle e interrompeu os pensamentos de Mu. Kyoko e Hiro vinham logo atrás. Mu sentiu uma onda de felicidade invadir-lhe.


- Olá, Victoria. – disse Saga.


Saga. – ela piscou para ele com aqueles cílios negros e longos.


Saga e Kanon eram idênticos e podiam ser facilmente confundidos, mas nunca usavam as mesmas roupas. Kanon estava usando uma camisa branca com uma jaqueta de couro por cima e calça jeans e Saga uma roupa de grife, provavelmente Hugo Boss. Os dois pareciam saídos de uma capa de revista.


Kanon tentou disfarçar sua decepção, mas sem sucesso. Pelo menos Mu percebeu. Mas Lavelle parecia nunca perceber nada quando estava com Saga.


Lavelle, querida. – Victoria a cumprimentou com uma doçura afetada – Quem são seus amigos? Ela vai fazer parte da Zeta Capa Pi? Que linda, por que não nos apresenta?


Pela doçura afetada de Victoria e a expressão sombria de Lavelle era possível perceber que as duas não se gostavam. Mesmo tendo que ser... "irmãs". E Victoria seria a próxima a liderar a Irmandade, mesmo contra a vontade de Lavelle.


- Sim, claro. Esta é minha prima, Kyoko-chan. E este é o noivo dela, Hiro Takahashi.


- Me chamem de Hiro. – ele sorria simpático, por trás daqueles óculos.


Noivo? – disse Victoria. – Que pena, não vai mais poder aproveitar as melhores coisas da vida, não é, Kyoko? Onde está seu anel? Não vejo um.


Kyoko ficou deslocada com o fato de Victoria ser tão direta.


- Bem, eu... o uso em meu pescoço, no colar... Preferi assim.


- Oh, deixe-me vê-lo – ela disse, puxando o colar e fazendo com que Kyoko fosse para frente, quase caindo.


- Nossa, isso é um Swarovski! É, estar noiva tem essas vantagens – ela disse, soltando o anel.- Francamente eu preferiria uma safira, mas enfim...


- A Kyoko é louca por esses cristais – disse Hiro, gentil. – Mas se ela quisesse uma safira, seria uma safira, claro.


Hiro se virou para cumprimentar Mu.


- Olá, Mu! Como vai?


- Então você o conhece? Não me lembro de você... Juntou-se agora a uma das Fraternidades, depois da época dos testes? – perguntou Victoria a Hiro.


- Não, não, eu não faço parte de nenhuma. Sou um estudante transferido. Conheci Mu no corredor. Estava perdido e ele me ajudou a achar minha sala.


- Que gracinha! – disse Victoria. E percebeu como Kyoko estava sorrindo para si mesma ao ver Hiro narrar esse episódio...


- Bem, vamos deixar essa bela família se entrosar. Vamos pegar mais bebida, Kanon. – disse Victoria, indo embora. – Foi um prazer conhecê-los! Até mais tarde, Saga. – ela deu outra daquelas piscadinhas.




Lavelle já não estava mais a vista. Prima desnaturada. Me deixar sozinha, aqui nesse caos... Kyoko pegou um copo de plástico verde cheio de algo que parecia cerveja e tomou um gole. Que gosto nojento. Ela imediatamente colocou-o em cima de uma mesa.


Hiro se fora para conversar com alguns garotos da Fraternidade. Ele estava encantado com tudo aquilo.


Uns quatro garotos aleatórios e meio bêbados fizeram uma roda e começaram a dançar em volta dela. Kyoko tentava sair, mas eles não deixavam.


- Me dá um beijinho aqui no rosto e eu deixo! Pedágio, pedágio!


Alguém a puxou pelo braço, para fora daquela roda de malucos.


Ela conhecia aquele toque.


- Mu! Achei que já tivesse ido embora!


- Bem, parece que estou preso aqui. Meus amigos ficariam ofendidos se eu fosse.


- E onde eles estão? Parece que te deixaram sozinho...


- É, bem, parece que eles fizeram mesmo isso... – ele disse, e os dois estavam embaraçados.


- Venha, vamos procurar pelo menos a Lavelle – ela pegou-o pela mão. – Acho que sei onde ela está.


Os dois passaram por várias pessoas dançando perto da piscina, depois gente jogando bilhar e subiram para procurar os amigos. Lá dentro estava tudo um pouco mais tranqüilo, exceto por alguns casais aqui e ali, se beijando.


Os dois andaram um pouco mais para os fundos da casa que parecia estar completamente deserto. Eles começaram a ficar nervosos. Mu resolveu perguntar:


- Então, Kyoko... Há quanto tempo você e o Hiro estão juntos?


- Bem... Desde sempre, pode-se dizer. Eu o conheço desde que éramos crianças.


Kyoko, naquele momento, queria tudo menos falar sobre Hiro. Não com a mão de Mu ainda sobre a dela...


- E você? Tem namorada?


Oops. Pergunta errada.


Ele olhou para ela, com uma expressão enigmática.


- Você sabe que não. Não sabe?


Ela soltou sua mão da dele.


- Kyoko...


- Melhor irmos. Eles obviamente não estão aqui.


- Kyoko – ele pegou novamente sua mão. – Desde aquele dia em que a vi na biblioteca... Só queria que você soubesse...


Mas o que ele estava fazendo? Isso não era do feitio dele! Será que ele perdera o juízo?


Mas Kyoko olhou para ele com uma chama no olhar...


E o abraçou.


Não havia mais segredos, não havia mais barreiras. Ele a abraçava e a tocava com delicadeza, como se estivesse dançando com ela. Cada toque de sua mão era quente, mas com um calor agradável, como estar em frente a uma lareira no inverno.


Cada beijo deixava uma impressão. Ele afastava-lhe os cabelos para beijar-lhe o pescoço. E finalmente, beijá-la nos lábios.


"Eu não posso. Não posso.", uma voz insistia em dizer dentro de sua cabeça. Mas ela não queria ouvir. Aquele foi seu último esforço para formar algum pensamento coerente.


Ela já não raciocinava mais, só sentia. Nunca ninguém, nem Hiro, a havia feito sentir-se assim. Ela estava desorientada por aquela onda de deleite e se ele não a estivesse segurando, ela provavelmente estaria flutuando, ou cairia no chão, desmaiada como as heroínas de Jane Austen. Ela estava em um daqueles romances. Nunca achou que isso fosse possível.


E ela permitiu que ele a guiasse a um mundo que ela nem pensou que existisse.




-Eu amo você. – Ele disse numa voz terna, que ela nunca o ouvira usar antes, e ao ouvi-la, ela sentiu um frio na barriga ao mesmo tempo em que seu coração pareceu esquentar. Ele estava com os lábios encostados em seus cabelos.


Ela fechou os olhos e ficou abraçada a ele, ouvindo seu coração batendo tão rápido quanto o dela.


Mas Hiro... Ela não poderia magoá-lo. Ele sempre estivera com ela, nos momentos em que ela mais precisou...


Mas Mu também. Mu lhe salvara. E era ele a quem ela amava. Ela nunca estivera tão ciente disso quanto agora, com a cabeça encostada no peito dele.


- Mu... Eu não posso magoar Hiro... Ele tem um coração tão puro. Ele não suportaria. – ela disse, olhando para Mu com os olhos cheios de lágrimas.


Ele a abraçou mais forte. Não iria perdê-la. Não queria perdê-la. Mas ela já havia tomado a decisão...


E o beijou novamente, nos lábios, mas foi um adeus. Pelo menos por hora.




Já era tarde, a animação da festa estava desvanecendo. Lavelle apareceu com Hiro, finalmente. Hiro parecia bêbado. Ele saiu e foi se sentar numa das mesas ali por perto.


- Melhor vocês irem embora. Eu os levo. Ele com certeza não pode dirigir hoje – riu Lavelle. – Aproveitou bem, até. Kyoko, não sei como dizer isso, mas Saga disse que por ele, Hiro está dentro da Fraternidade...


- O quê?


- Mas isso seria ótimo, Kyoko! E ele ficou tão feliz. Os meninos realmente gostaram dele. Ele nem vai precisar passar pelo ritual, graças à minha influência.


- Ritual? Que ritual? Não quero Hiro numa Fraternidade!


- Não seja careta, Kyoko-chan.


Careta? Ele mal veio a uma festa e já está completamente bêbado!


- Pode ser. Os garotos abusaram dele um pouquinho. Mas não se preocupe, ele foi cem por cento fiel. Nem a safada da Saki com aquela microssaia, que ela insiste em dizer quem é Vintage mas não é, enfim, nem a safada da Saki conseguiu tirá-lo do caminho do bem!


Kyoko sentiu-se extremamente culpada. Até Lavelle percebeu que havia algo errado.


- Kyoko-chan?


- Tudo bem. Fico feliz que ele tenha se enturmado assim tão rápido.


- Ele vai ficar radiante com sua aprovação! – disse Lavelle, abraçando Kyoko.


- Lavelle, vou procurar um banheiro.


- Os banheiros ficam lá em cima. Cuidado para não entrar num dos quartos por engano! – ela disse, rindo novamente. Lavelle andava muito risonha...




Kyoko subiu e entendeu por que deveria tomar cuidado com onde entrar. Abriu uma porta por engano e havia uma casal atracado, a garota só com as roupas íntimas e o garoto nu da cintura para cima.


Eram Kanon e Victoria.


- Desculpem! Desculpem! – Kyoko disse, tampando os olhos, desesperada.


Victoria riu.


- Tudo bem, querida. Por que não se junta a nós?


Mas ao ver aquela camisa preta no chão... Kanon não estava usando uma camisa preta da Hugo Boss.


Meu. Deus.


- Saga? – perguntou Kyoko, abismada. – Mas eu achei que...


Kyoko olhou para eles indignada, virou as costas e saiu correndo para contar para Lavelle.


Mas Saga foi mais rápido. Saiu atrás dela e a pegou pelo braço.


- Kyoko, não faça isso.


- Largue-me! Seu... seu...! A Lavelle vai saber com quem ela está se metendo!


- Kyoko, espere, você não está raciocinando.


- Como? Eu nunca estive tão lúcida em toda minha vida!


- Se você contar a sua prima, ela pode se tornar uma pária. Isso destruiria a vida social dela, não vê? Ambos somos os membros mais influentes de nossas respectivas Casas!


Pfff. Isso é ridículo. Largue-me, eu contarei tudo!


Saga a largou, mas olhou para ela, sarcástico:


- Ah, mas Kyoko... Todos nós temos nossos segredos, não temos? O que Hiro faria se soubesse do seu?


Kyoko olhou para ele com as sobrancelhas franzidas, se perguntando... Não, como ele poderia saber?


- Sim, Kyoko, eu vi. Você e o Mu...


Kyoko abriu e fechou a boca sem conseguir emitir nenhum som. Até que se forçou a dizer:


- Você não faria isso com seu próprio amigo.


- Mu? Ele não tem nada a perder nessa situação... Mas você, sim.


Kyoko chorava, indignada.


- Não houve nada! Foi só um beijo! E não é o que você está pensando!


- Oh, sim... Mas a questão é... como você vai provar? E está mesmo disposta a colocar Mu no meio dessa confusão que você vai criar?


Durante alguns minutos de luta interna Kyoko olhou para Saga com ódio, mas finalmente abaixou a cabeça em derrota.


- Eu imaginei que não. Agora, vá embora e finja que nada aconteceu. E eu farei o mesmo, certo? Uma mão lava a outra.




- Então, achou o banheiro? Caramba, você demorou... Mas foi bom. Porque o Hiro... Bem... Kyoko-chan, não seja muito severa com ele...


Kyoko olhou para Hiro e percebeu que ele havia vomitado. Mas nem conseguiu sentir raiva. Estava anestesiada.


- Kyoko, você está bem? – perguntou Lavelle, solícita.


- Estou. Vamos embora.


Lavelle sorriu, pegando a chave do carro para levar os dois até em casa.






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Autor(a): Lonely Loony

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