Fanfic: Holding you, and swinging | Tema: Cavaleiros do Zodíaco

Capítulo 05 –

O sol brilhava, mas o clima estava fresquinho. Naquele dia, para a tristeza de Miro, não havia garotas de biquíni tomando banho de sol pela grama do Campus. E Shaka aproveitou para usar um sobretudo marrom de cashmere que ganhara de Mu no seu aniversário passado. Ele ficava decididamente bem com ele. As garotas não paravam de lhe lançar olhares...

- Não é possível que você não esteja percebendo isso. – disse Mu.

- Percebendo o quê?

- Os olhares que as garotas estão te lançando. Esse casaco é mágico.

Shaka sorriu. Ele realmente não se importava com essas coisas.

- Obrigado por dá-lo para mim. Qualquer coisa que aumente minha popularidade é bem-vinda.

- Não seja cínico, Shaka. – disse Kanon. – Ah, e você desapontou fãs suas ontem não indo à festa.

- Fãs? Eu tenho fãs? Mais essa agora... – ele sorria, realmente ignorante de seus encantos.

- Esquece. Shaka, você precisa de uma namorada... – disse Miro. Shaka olhou para ele sorrindo, com aqueles olhos azuis calmos e penetrantes.

– Eu? Não sou eu que falo nisso o tempo todo, rei dos hormônios incontroláveis.

Todos riram.

- Isso, ofende. Uma hora você vai ter a sua.

Os garotos foram conversando até se separarem para suas respectivas aulas.

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Shaka estava andando pelo corredor para sua aula de Química quando em seu caminho parou alguém com um cheiro forte de lírios. Era uma garota morena, alta. Ela estava usando um casaco de lã branco e por baixo uma calça preta de cotton. Os cabelos longos estavam presos num rabo de cavalo. Ela olhava para Shaka fixamente com aqueles olhos cor de mel.

Shaka sentiu algo perturbá-lo. Ninguém jamais o olhara daquela maneira. E a garota não saía de seu caminho, não o deixava passar. Seus pensamentos ficaram muito confusos de repente. Ele começou a ouvir vozes, mas ninguém estava dizendo nada. Os lábios da garota, ao menos, não estavam se movendo. E não havia ninguém lá além dos dois.

"Eu invoco os poderes da Terra, do Fogo, da Água e do Ar para que ele venha a me amar. Eu invoco os poderes da Terra, do Fogo, da Água e do Ar para que ele venha a me amar".

Shaka estava ficando tonto, tentou dar um passo mas vacilou, quase caindo. Estava tonto com aquele perfume. Sentiu-se caindo dentro daqueles olhos cor de mel, como se eles fossem um abismo.

"Eu invoco os poderes da Terra, do Fogo, da Água e do Ar para que ele venha a me amar. Eu invoco os poderes da Terra, do Fogo, da Água e do Ar para que ele venha a me amar".

O sinal tocou e a garota entrou na sala. Shaka parecia ter sido liberado de um transe. Sem entender o que havia acontecido, ele também entrou.

E aquela garota se sentou bem ao seu lado... Sem saber por que, ele não gostou, nem um pouco.

Na sala estava calor, então ele tirou aquele sobretudo pesado. Ficou só com a camisa branca e leve que estava usando por baixo. O aquecimento o fez sentir-se melhor. Já não estava mais tão tonto.

A garota olhava fixamente para a frente, não desviou um minuto para olhar para Shaka. Ele se sentiu aliviado e um pouco idiota por estar tão paranóico. Não pensou mais no que acontecera. Foi só um momento de loucura. Ele só estava muito cansado, andava estudando demais, só isso.

O sinal avisando que a aula havia terminado tocou e Shaka se levantou. A garota continuou olhando para a frente como se o professor ainda estivesse lá. Então, ela se virou e sorriu para Shaka, um sorriso estranho...

Shaka empalideceu, quase suando frio. Pegou suas coisas e saiu o mais rápido o possível daquela sala.

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Na aula de Literatura, Kyoko entrou sem olhar para Mu, para a mortificação deste. Mas ele também não foi tirar satisfação. Ela se sentou o mais longe possível. Mu ficou abalado. Shaka olhou para ele cheio de compaixão.

- Mu, você sabia que não daria certo... – ele disse, apertando o braço do amigo num gesto de solidariedade.

- Sim, eu sabia... Mas isso foi uma surpresa. Pelo pouco que conheci dela, é muito, muito estranho. Ela nem me cumprimentou! Parece até que está com raiva de mim.

- Mu... Ela sabe que assim é melhor... Não quer fazê-lo sofrer.

- E é exatamente assim que ela está me fazendo sofrer, Shaka.

O professor ligou o projetor e a aula começou. A sala ficou em silêncio.

Ao terminar a aula, Shaka se levantou da cadeira e olhava de um lado para o outro, em cima, embaixo...

- Cara, o que está fazendo? – perguntou Mu, sem conseguir evitar rir do estranho comportamento do amigo.

- Meu casaco! Não está em lugar nenhum!

- Ah... Mas Shaka, você já veio sem ele... Eu estranhei e esqueci de perguntar.

E agora ele se lembrava... Deixara o casaco na sala de Química. Aquela garota estranha o deixara perturbado e ele perdera a noção de tudo.

- Mu, acho que estou ficando maluco.

- Mais que o usual?

Shaka riu.

- Não, tem razão. Acho que só estou cansado.

Mu observava Kyoko saindo da sala com ansiedade.

- Anda. Vá lá falar com ela. Eu vou ver se recupero meu casaco.

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- Kyoko! Kyoko!

Mu saiu atrás dela, antes que ela pudesse despistá-lo.

- O que está fazendo? – ele perguntou.

- Mu... – ela respondeu normalmente, fingindo não entender. – Não posso conversar agora, desculpe! Lavelle e Hiro estão me esperando.

- Kyoko, espere! Tenho que falar com você. – ele tocou no ombro dela para que ela se voltasse.

- Mu – ela disse, se virando – Acho que já ficou tudo esclarecido entre nós. Não devemos mais nos ver.

Mas ele via nos olhos dela que tinha algo errado.

- Espere. Há alguma coisa que você não está me contando.

Kyoko olhava para ele como um animal encurralado. Precisava sair dali o mais rápido o possível. Senão iria ter que magoar Mu.

"Diga-me o que há de errado, Kyoko. Conte-me.", ele pensava, olhando para ela.

Kyoko gaguejou, lutando contra a torrente de palavras que ameaçava sair.

- Eu.. Eu... Mu...

- Kyoko! Mu! Vocês dois, no corredor, conversando! Juntos! Não é fofo?

Kyoko reconheceu aquela voz falsamente açucarada.

Era Victoria.

- Mu, Saga está te procurando – ronronou Victoria. – E você sabe o que acontece quando Saga fica bravo, não é? – ela disse, piscando para Kyoko, que captou o sentido daquelas palavras.

Kyoko aproveitou para ir embora dali.

- Espere, Kyoko! – falou Mu.

- Aaaah, deixe que ela se vá. Você viu aquele seu amigo indiano? Estou com o casaco dele.

- Ótimo. Pode me dar, eu entrego. – disse Mu, irritado com tudo aquilo.

- Não, nããão, eu faço questão.

- Shaka deve estar na biblioteca pesquisando para algum trabalho. Ele anda muito ocupado, Victoria. Nem pense em colocar suas garras venenosas no meu amigo.

- Nossa, e ele morde! Pode deixar, eu vou cuidar bem dele. Até mais, querido Mu. Melhor sorte da próxima vez.

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Shaka estava andando pelo Campus com Miro e Aioria. Não conseguia nem pensar em ler. Sua cabeça estava a mil.

- E juro. Aquela mulher me dá calafrios.

Miro riu.

- Mas ela é linda, não é? Eu arriscaria dizer que é ainda mais bonita que Lavelle.

- Miro, por favor. – disse Aioria. – Convenhamos, ela é estranha mesmo. E se Shaka não gostou dela, deve haver mesmo algo...

- Shaka não gosta é de mulher, ponto. – disse Miro.

Aioria tentou não rir, mas não estava conseguindo.

- Ha, ha, ha. Só porque eu tenho coisas mais importantes em que pensar, não quer dizer que eu não goste de mulher.

- Ah é? Cite pelo menos um nome de uma criatura do sexo oposto pela qual você tenha se sentido atraído. E não vale falar "Mu".

Os dois estavam morrendo de rir das próprias piadas.

- Vocês dois são uns cretinos. Nem sei por que ando com vocês. Se não têm respeito por mim, respeitem pelo menos o Mu, que nem está aqui para se defender.

- Ah, você sabe que é brincadeira. Ou... será que não é?

E os dois explodiram em gargalhadas novamente. Shaka virou os olhos, conformado em ser objeto de piadas.

Mas as risadas pararam de repente quando aquela garota de aproximou.

Era ela, Victoria Valentine. E ela estava com o casaco de Shaka dobrado no braço direito. O jeito como ela andava, parecia uma rainha, imponente.

- Bem, Shaka, pelo menos você vai recuperar seu casaco... – disse Miro, nervoso.

Victoria se aproximou sem dizer uma palavra e estendeu o sobretudo a Shaka. Aioria e Miro observavam a cena com curiosidade. Shaka o pegou... e o vestiu.

Mas antes que ele pudesse pensar em agradecer, o mundo ficou confuso de novo. Ele ouviu aquelas estranhas palavras ecoarem em sua mente, mas elas não tinham nenhum significado e ele sabia que não se lembraria delas depois. Mas elas deixariam algo em seu coração.

"Eu invoco os poderes da Terra, do Fogo, da Água e do Ar para que ele venha a me amar. Eu invoco os poderes da Terra, do Fogo, da Água e do Ar para que ele venha a me amar. Eu invoco os poderes da Terra, do Fogo, da Água e do Ar para que ele venha a me amar.".

Victoria sorriu, triunfante e estendeu a mão para ele.

- Shaka, vamos juntos à biblioteca?

E para a surpresa de Miro e Aioria, Shaka aceitou a mão que Victoria estava oferecendo. Ao tocar naquela mão, Shaka sentiu uma corrente invisível prendê-lo. Victoria olhou dentro daqueles olhos azuis, agora opacos e o conduziu para longe dos amigos e para dentro de seu mundo.

Os dois se foram, sem olhar para trás.

Aioria e Miro se entreolharam, espantados.

- Você... viu isso? – disse Miro.

- Tanto quanto você.

- É... Ele realmente levou a mal a brincadeira. Devíamos ter pedido desculpas. Vamos falar com ele depois. Isso foi... bizarro.