Fanfic: Feitiço da Lua | Tema: Disney - O Corcunda de Notre-Dame
Olá! Esse fanfic é baseado na versão da Disney. Contém alguns elementos da sequência (Zephyr, Madelleine...). Mas não atrapalhará o andamento da história se você não tiver assistido ainda (aliás, sei que aquela sequência é muito ruim, mas eu gosto dos personagens e tentei melhorar a trama) :) Esse é o primeiro capítulo. Se gostarem, eu posto mais. Aceito críticas e sugestões! :D
Capítulo 01 – Feitiço da Lua
"Deusa, Grande Mãe..." ela pensava enquanto corria como nunca pensou ser capaz de correr. "Não foi para isso que eu jamais entreguei minha virgindade à Senhora nas fogueiras de Beltane..."
Esperta como ela era, sabia que a força da lua em certas épocas era maior do que em outras. E hoje era noite de lua cheia. Ela podia sentir a força da lua correndo pelas suas veias, tornando seu sangue fogo liqüefeito. "E pelo jeito esses idiotas aí atrás também podem sentir..." pensava, sem saber se ria ou chorava. "Os machos sempre zombam das coisas sagradas..." Com certeza, esses perdedores que a perseguiam não tiveram uma mãe que os guiasse. Mas esse pensamento estava longe de tranqüilizá-la, pois sem sombra de dúvida eles não corriam tão avidamente atrás de uma mãe. E ela não gostaria sair com o ventre cheio de um desses homens asquerosos para depois ter a obrigação de evitar que seu filhinho (ou filhinha), se tornasse o que eles eram.
"Deusa, por favor, Deusa... Eu prometo que não tentarei mais escapar do meu destino... Perdão..."
Não que ela realmente acreditasse em Destino. Mas no momento, ela estava disposta a invocar até mesmo Boadicea ou Ceridwen, se isso não fosse pedir demais...
Ela entrou num cemitério e se escondeu atrás de um túmulo. Mas a lua cheia clareava tudo e logo ela seria encontrada...
Felizmente, a boa iluminação também tinha suas vantagens. A garota cobriu os longos cabelos negros com o xale, enquanto se aproximava de um local que parecia ser uma grande tumba. E a tampa era muito pesada. Mas por sorte estava entreaberta, e o desespero é o combustível necessário para qualquer empreendimento, dotando qualquer um inclusive de uma força descomunal. Ajeitando a franja e alguns fios rebeldes para dentro do xale, ela olhou o enorme buraco que mais parecia um abismo para ver onde aquilo daria, estreitando os olhos azuis, pois a escuridão lá dentro era intensa. Os homens que a perseguiam estavam começando a se aproximar. Então, não importava mais se lá dentro seria o que chamavam de "inferno". A garota entrou na tumba sem hesitar.
Era a maior escuridão que ela já havia tido o desprazer de testemunhar. "E tudo isso porque os homens não sabem lidar com as forças da Natureza! O que mais falta, agora?"
Mal ela concluiu seu pensamento e de repente o ambiente se iluminou, pois várias tochas se acenderam ao seu redor.
E ela achou que talvez fosse melhor se a escuridão permanecesse.
Seja lá o que esse lugar fosse, ela nunca vira tantos homens reunidos. E homens mais lua cheia, ela já tirara a conclusão de que não dava bons resultados. A garota sentiu que cairia de joelhos ali mesmo, pois suas pernas estavam muito bambas. Mas um deles, sem querer, evitou que isso acontecesse, segurando-a:
`Vejam só!... Não é sempre que damos essa sorte! Alguém aqui ainda acredita em coincidências?`
`Não pode estar falando sério, chefe...` disse um deles.
`Quieto! Deixem-na falar primeiro!` disse o cigano que a segurava. `E então, belezinha? De onde você vem?`
A garota franziu as sobrancelhas e torceu o nariz, em algo que se pode chamar de "cara de desdém".
Todos riram.
`O que faz aqui, afinal?` Ele disse, alisando os cabelos da garota, cujo xale ela já não sabia mais onde tinha ido parar.
`Não me toque!Imigh sa diabhal!`
`Nossa! Que tipo de maldição acaba de jogar em mim? A sua valentia está um tanto fora de hora. Por acaso sabe onde está?`
`Sim, é claro. Num cemitério.` disse a garota.
`Você é muito perspicaz, mas as coisas não são tão simples assim. Digamos que você está tendo a honra de falar com o líder e vai ter de me respeitar para poder ficar aqui. Isso se eu estiver pensando em mantê-la aqui, claro. Raramente alguém tem essa sorte. Mas como eu ia dizendo... Meu nome é Clopin Trouillefou, e eu coordeno o lugar. E nós não gostamos de invasores, mesmo que ela não tenham uma aparência ruim...`
`É mesmo?` ela disse, com a boquinha vermelha esboçando um sorrisinho sapeca `Mas o estranho é que você não tem porte de líder... Tão franzino...`
Clopin não parecia satisfeito e havia uma certa tensão no ar.
`As aparências enganam, mocinha. Quem é você e o que faz aqui?`
`Não sou obrigada a responder nenhuma de suas perguntas.`
`Não, não é mesmo. A não ser que queira manter-se viva...`
Tentando ignorar as risadinhas no ar, a garota tentava processar aquela informação. Isso significava... Que ela iria morrer?... Mas é claro, que estupidez! Eles eram muitos, e poderiam fazer com ela o que quisessem! Colocou as mãos para trás. Assim, talvez ninguém percebesse o quanto ela tremia. Não importa o que acontecesse, morreria com seu orgulho intacto! Com seus olhos azuis e penetrantes, que queimavam, encarou o líder, dizendo:
`Viva ou não, não sou obrigada a responder suas perguntas. De qualquer jeito, então, você não vai ficar sabendo de nada.`
Clopin deu um risinho sarcástico, juntamente com outras risadas no ar.
`Tudo bem, então. Vejamos se você é tão corajosa assim com uma corda no pescoço.`
O... o quê?`
Mas ninguém mais a escutava. Ela já estava sendo levada para a forca e amarrada.
Ela lutava para se desvencilhar. Na fúria, atingiu o chefe. Mas ele, apesar de esguio, era bem mais forte que ela.
`Damnú ort! Go hIfreann leat!` Ela protestava.
`Chefe, precisa mesmo matá-la?` um dos ciganos falou. `Seria um desperdício. O senhor decide, é claro, mas já deve imaginar onde estou querendo chegar...`
Os outros ciganos presentes riram. A garota não teve um bom pressentimento...
`Não vejo porque deixá-la sair daqui viva` disse Clopin, sem se alterar. `As leis também são claras ao dizerem que qualquer intruso deve ser morto, pois esse lugar deve ser mantido fora de perigo.`
`Ela não me parece perigosa...` uma mulher robusta interferiu `Só é malcriada e está com medo. Parece ser também pária, como nós... E também há outra lei, a Lei da Boêmia...`
Clopin ponderou e o coração da garota pulsava tão alto que ela ficou com medo que ele estivesse ouvindo.
`Tudo bem, não acho que sua morte seja necessária.` disse Clopin. `Como você não me parece tão perigosa, vou lhe dar outra chance. Aqui somos bastante democráticos.`
`O que vão fazer comigo...?` perguntou ela, numa vozinha fraca quase se esquecendo de seu orgulho.
`Aqui há uma lei chamada "Lei da Boêmia", como você ouviu. Se um invasor entra aqui, a vida dele pode ser poupada se alguma cigana escolher se casar com ele. Só assim ele se tornará um de nós. Não pensamos em mulheres quando criamos essa lei, mas... Você deu sorte, pois não tenho uma esposa.`
`O QUÊ?`
Todos olhavam para ela com sorrisos irônicos. E ela pôde notar que também havia muitas mulheres no meio da multidão. E elas se divertiam com aquilo.
`Prefere morrer?` Clopin perguntou.
`Vamos, querida, escolha. De um jeito ou de outro, você acabará enforcada.` disse uma das mulheres.
Todos gargalharam.
A garota deu uma risada sarcástica, olhou com desdém para Clopin e colocou a corda em volta do próprio pescoço.
`Então... Essa é mesmo sua escolha?`
`Como se a outra opção pudesse ser chamada de escolha! Prefiro a morte!`
`Muito bem.`
Colocando a corda em torno do pescoço da moça, tornou a dizer:
`Eu vou lhe dar mais uma chance, só porque sou um cara bonzinho... Se você me pedir com educação—`
Ela murmurou algo naquela língua estranha, mas que com certeza, não era muito educado.
Clopin ameaçou puxar a alavanca, o que fez com que o alçapão sob os pés da garota balançasse, mostrando-se perigosamente instável. Ela provavelmente teria gritado se conseguisse. O rosto dela ficou vermelho e os olhos azuis encheram-se de lágrimas.
No meio do tumulto, ela ouviu a voz autoritária e incontestável de uma filha da Deusa.
`O que está acontecendo aqui? Que comoção é essa, Clopin?`
`Esmeralda! Finalmente você apareceu! Esta é minha noiva, acho.`
`Ah, Clopin...` disse Esmeralda, enquanto tirava a corda do pescoço da garota.
`Esmeralda, Esmeralda. Sabe como eu sou tolerante, não é? É claro que eu não enforcaria uma donzela. Mas ela feriu meu orgulho, de certa forma e eu só queria assustá-la um pouco... Mas você conhece as leis, Esmeralda. Todos conhecemos! Eu sou justo, e lei é lei! Se ela quiser viver...`
`Bem Clopin... Não que isso cheque realmente a ser uma escolha...`
A garota não dizia nada e olhava para Clopin como se estivesse pronta a arrancar os olhos dele. Como quem cala consente... Um casamento estava prestes a acontecer.
Um cigano de cara suja e lenço amarrado na cabeça disse solenemente:
`Irmão... sua esposa. Irmã... Seu marido.`
O casamento não foi como ela imaginava que essas coisas deveriam ser, mas pelo menos a festa corria animada.
Ela não comeu nem bebeu nada. Seria imprudência...
`E eu, até agora, não sei sequer o nome da mulher com quem me casei!` disse Clopin, rindo e dando cambalhotas na mesa.
`Esse homem é louco, Esmeralda!` a garota sussurrava.
`É um pouco, minha querida. Mas não é de todo mau e você poderá vir a gostar dele...`
A garota duvidava muito. Aos dezoito anos, casada com um completo estranho, arrependida por estar tão longe de casa... Tinha vontade de chorar.
Clopin cantava e dançava, tocando violino, completamente bêbado. Ou pelo menos, alegre demais.
E como ela havia ido parar lá?
Maldita hora em que ela resolveu "viajar pelo mundo". Por que não ouviu sua mãe? Por quê? Mas ela metera na cabeça que, como um bardo, iria viajar por aí e contar histórias... Insistiu nessa tolice por algum tempo, até que lhe roubaram a harpa...
Mas o violino... Ah, o violino... Para ela, nada se comparava à doçura de um instrumento como aquele. Mas ela só levara sua harpa... Tocar violino às vezes causava alguns pequenos problemas com os quais ela não sabia lidar... Mas como ela gostava de cantar! E mesmo sem nenhum dos dois, sua voz ainda era um instrumento perfeito.
`Gostaria de brindar a todos com uma canção!` gritou a garota, chamando a atenção de todos.
Então, ela se apoderou do violino de Clopin e começou a tocar. A música parecia possuir a todos. Eles olhavam para a garota, maravilhados. Sim, ela sabia o que estava fazendo. E todos dançavam, envolvidos naquela sinfonia demoníaca, que ao mesmo tempo, só poderia estar sendo tocada por Anjos.
Imagens desconexas começaram a se formar na mente dela.
Uma garotinha de longos cabelos negros como os dela corria para abraçar alguém, rindo. Um rapaz corcunda e deformado parecia muito bravo. Uma garota loira tentava andar numa corda bamba, mas sempre caía-
`Garota! Garota!`alguém sacudia a moça.
Apesar dos protestos, Esmeralda achou que já era o suficiente. Era uma cena muito estranha: a garota de olhos vidrados, tocando mecanicamente, como se estivesse em transe. Apesar de assustador, ninguém queria que ela parasse. Esmeralda tomou-lhe o violino e a levou para dormir.
Silêncio. A garota abriu os olhos, e não conseguia se lembrar do que acontecera, nem de onde estava. Olhou para os lados e viu um garotinho e um bode dormindo tranqüilos. Logo, lembrou-se de Esmeralda, grata.
Mas algo não a deixava dormir...
Ela se levantou. Apesar de estar numa tumba, ela sabia que a lua cheia ainda brilhava intensamente lá fora. A garota sentiu novamente o poder da lua correndo pelas suas veias.
Sem saber como nem por que, ela se dirigia à carruagem de um dos ciganos. Mas ela sabia para onde estava indo. E sabia exatamente a qual dos ciganos aquela carruagem pertencia.
Clopin parecia estar dormindo. Não tinha nem idéia de que havia alguém lá dentro.
A garota se agachou de joelhos ao lado dele. Clopin acordou assustado, e como ele tentou gritar, ela cerrou-lhe a boca com um beijo. Atônito, mas sem pensar em protestar, ele resolveu se entregar e não fazer perguntas. Sonhos nunca faziam sentido mesmo...
Ninguém pode escapar do seu Destino... Nem resistir ao Feitiço da Lua.
Autor(a): Lonely Loony
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Capítulo 02 – Quasímodo No dia seguinte, Clopin acordou e seu primeiro impulso foi abraçar sua esposa. Mas ela não estava lá. Ele saiu do vagão ainda sem poder abrir os olhos direito, procurando por ela, mas sem saber que nome chamar. `Ah... Aí está você, Esmeralda. É você, não & ...
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