Fanfics Brasil - Remexendo o Caldeirão Feitiço da Lua

Fanfic: Feitiço da Lua | Tema: Disney - O Corcunda de Notre-Dame


Capítulo: Remexendo o Caldeirão

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Capítulo 4 – Remexendo o Caldeirão


Aqueles olhos azuis que não saíam da cabeça de Quasímodo... Os olhos mais lindos e misteriosos que ele já vira... Como captar tal beleza?


`Quasi...`


Quasímodo estava distraído, por isso levou um susto quando Keira o chamou.


`O quê?` disse ele, olhando para ela e segurando um pedaço de madeira.


`Venha, venha. Vamos ver sua vida.`


Quasímodo resolveu não interferir, mas não entendia nada quando ela lhe pedia que "cortasse" as cartas, escolhesse...


`Você é cheio de mistérios, hein! Quem olha pra você, não imagina o quanto está sofrendo. Ah, mas meu caro, muitos sofrem desse mal... Alguns até morrem...`


`Você está me assustando.`


`Você está apaixonado por uma mulher que se faz de desentendida. Ela se casou com esse homem devido a ironias do Destino—Espere um pouco...!` ela disse, fechando os olhos e colocando as mãos em cuia no rosto, `eu vejo alguma coisa... Eu acho que conheço essa mulher!`


`Meu Deus...` sussurrou Quasímodo.


`Mas isso pouco importa! O que está atrapalhando seu futuro é o seu passado. Mas eu vejo também no seu futuro, outra pessoa... Uma garota precisará de sua ajuda. Não, não sou eu, não se preocupe. Eu acho... acho que ela é muito alegre, está cantando... Mas está muito infeliz. Essa história pode acabar muito mal, Quasímodo... Vai depender muito de você. Pela Deusa, o que esse homem nojento quer? Ela só roubou porque estava com fome—`


`Pare, pare! Não está fazendo mais nenhum sentido! Aliás, o que pensa que está fazendo? Sabe o que acontece a mulheres como você por aqui?`


`Meu caro... Sou só uma humilde serva da Deusa...` ela disse, solenemente, recolhendo o bolo de cartas. `Seja feita a vontade Dela.`


`Está se referindo à Virgem Maria?`


`Como você preferir. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?`


`Ora... Como você blasfema...`


`Façamos um trato, então. Não falo da sua religião baseada em paradoxos e dogmas e você não dirá que eu blasfemo, que tal?`


`É mesmo? E você por acaso tem alguma religião?`


`Sou uma filha da terra. Não sou escrava de dogmas e rituais sem significado. Não cultuo imagens por cultuar.`


`Ora, que arrogância!`


A garota olhou para ele com os olhos azuis espremidos e a boca contorcida numa linha. Seu rosto estava vermelho, acentuando suas sardas. Ela pensou em dizer alguma coisa, mas desistiu.


Bem, tanto faz. Havia coisas mais importantes com que se preocupar, pensava a garota. "O bebê..."


Mexendo nas coisas de Quasímodo, ela achou os substitutos do que precisaria: uma boa panela, algo que ela não sabia o que era, mas serviria muito bem como socador, e uma colher de pau. Tirou da bota que calçava seu punhal de prata e as ervas de que precisaria. Amassou-as com o socador e fez um corte no dedo, acrescentando algumas gotas de seu próprio sangue à mistura. Acendeu um foguinho no meio do local e observava a mistura cozinhar, cantando, hipnotizada pelo cheiro agridoce da fumaça que invadia o quarto.


Sem dúvida, ela estava mesmo grávida. Ela contava histórias antigas a uma garotinha de cabelos pretos como os seus... E aqueles olhinhos brilhantes... só podiam ser do pai. A menina chama pelo pai e vai correndo até ele, os cabelos soltos e desgrenhados... Mas eram lisos, não eram ondulados e caindo em cachos pela cintura, como os de sua mãe. Uma borboleta voava pelo círculo de pedras de Drombeg... A energia daquele lugar... O poder-


`O QUÊ? É inadmissível que você esteja tentando provocar um incêndio na Catedral!` Os berros de Quasímodo a trouxeram de volta.


`Ficou louca?` disse ele, jogando um balde d`água em cima da mistura, apagando o fogo, `Você está passando dos limites, bruxinha! Pegue sua vassoura e voe para bem longe daqui!`


`O que deu em você? Eu já estava acabando! Calma!`


`Quasi!` uma outra voz os interrompeu.


`Esmeralda?` Quasímodo e a garota disseram ao mesmo tempo.


`Quasi, eu preciso falar com você...` disse Esmeralda, parecendo perturbada.


`O que houve, você está bem?` Quasímodo pegou as mãos da cigana.


Os dois, então, perceberam que a garota estava lá.


`Oh! Ah, não, não, nem se preocupem comigo!` ela falava, sem graça. `Ignorem minha presença, por favor! Desculpem-me, na verdade, eu já ia me retirando. Eu vou contemplar aquela bela vista, Quasi. Talvez vocês devam mesmo conversar-`


`Keira! O que faz aqui? Como pôde ter sumido daquele jeito? O Clopin está arrasado! Não sei o efeito que você exerceu sobre ele, mas volte, por favor! Afinal, ele é seu marido! E ele está tão infeliz que nem todos os enforcamentos possíveis no Pátio fariam o milagre de levantar o astral dele!`


`Perdão Esmeralda... Mas não posso voltar. Muito obrigada por tudo. É melhor assim, certo? Por favor, não diga a ele que me viu, certo? Por favor?`


`Ai... Não sei o que está planejando... Tudo bem, Keira, você é livre pra escolher. Mas sempre será bem-vinda.`


`Obrigada, irmã.` disse ela, abraçando Esmeralda.


Keira pegou suas coisas e disse:


`Obrigada a você também, Quasímodo. Adeus.`


`Espere, Keira! Não precisa ir embora! Eu só não quero que você faça nada perigoso por aqui, só isso! Mas pode ficar! Desculpe!`


Keira deu um beijinho em Quasímodo e disse:


`Acho melhor eu ir antes que você mude de idéia e me esgane.`


E se foi, o mais rápido que pôde.


`É uma boa garota, mas ainda tem muito o que aprender...` disse Esmeralda.


`É, só que ela ainda não sabe disso. Ela é casada com quem? Não me diga que... Quando foi que isso aconteceu?`


`Ah, é uma longa história. Só sei que, além do coração, ela também roubou o violino dele.`


Quasímodo riu, andando de um cômodo para o outro.


`Não ria, Quasi!` Esmeralda o seguia.


`Eu sei. Desculpe, mas—`


Quasímodo ficou lívido de repente. Esmeralda perguntou, consternada:


`Quasi! O que houve?`


`Ela levou os bonecos! Ela levou, Esmeralda! Você acredita nisso? Ela levou! Só não levou a réplica da Catedral porque não conseguiu esconder! Até... Até a réplica de mim mesmo ela levou!` Ele falava, choroso.


`Ai... Não fique assim, Quasi! Você faz mais! Olha...`


`Ah, Deus...` Quasímodo tentava se controlar. `Deixa pra lá. Nem estavam tão bons assim. Além disso, eu mereci... Não a vi sair com nenhuma sacola grande... Não prestei atenção... Mas e você, Esmeralda! Mais importante, e você? Eu aqui, agindo feito idiota enquanto você tem algo a dizer não é? Que foi? O que você queria me falar?`


Esmeralda pensou, e disse:


`Para falar a verdade, não era nada.`






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Autor(a): Lonely Loony

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