Fanfics Brasil - Topsy Turvy Feitiço da Lua

Fanfic: Feitiço da Lua | Tema: Disney - O Corcunda de Notre-Dame


Capítulo: Topsy Turvy

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Esse é o último capítulo. Keira fala mais algumas coisas em irlandês. `Bí i do thost!` significa "Cale a boca!"


Capítulo 05 – Topsy Turvy


O Festival dos Tolos. Aos vinte anos, Quasímodo descobriu o verdadeiro significado desse nome. E há cinco anos ele não voltava lá.


Mas hoje ele teria que ir.


Mas ele não participaria. Não, ele jamais participaria novamente, e sabia disso. Que graça teria, já que rosto mais feio de Paris sempre seria o campeão?


A idéia era fazer um favor para uma velha amiga. Esmeralda e Febo iriam cuidar de praticamente tudo nesse Festival, pois parecia que Clopin estava indisposto e não poderia ter escolhido hora pior para isso. Então, Quasímodo ficou incumbido de cuidar do pequeno Zephyr e levá-lo ao Festival. Como ele sempre fazia o possível e o impossível por Esmeralda, não seria isso que ele iria negar. Ainda que Zephyr fosse como seu próprio filho...




O Festival dos Tolos... Sem dúvida, uma grande festa popular. Animada, colorida, viva... E apesar de ser em uma época completamente diferente, nesses aspectos lembravam o próprio Beltane... Mas claro, o FDT tinha uma outra tônica: diversão, diga-se de passagem. Ainda assim, a festa, a música, lembravam os ensurdecedores tambores e fogueiras...


Segurando a enorme e inquieta barriga, Keira se encostou numa parede e deixou que as lágrimas lhe banhassem o rosto. As risadas, a gritaria... Era insuportável.


A menina dançava dentro de seu ventre. Keira abraçou sua filha não nascida, respirou fundo, secou suas lágrimas e olhou para o céu azul. Era dia de festa, afinal.




`É, mas me traz más lembranças…` Disse Quasímodo.


`Oh, Quasi, Quasi, Quasi... Isso foi há tanto tempo, querido... Além disso, você sabe o quanto Zephyr gosta de você! Vai ser divertido!`


Claro que ele cedeu. Ele já cedera muito antes dela ter dito qualquer coisa. Ele não podia negar nada a ela.


`Ora, você sabe que já está tudo combinado, Esmeralda. Era só uma observação, só isso...`


`Não se preocupe, meu amigo. Eu lhe asseguro, nada de ruim vai acontecer desta vez. Eu estarei lá, de olhos bem abertos. Além disso, acho que o povo respeita você mais do que antes.`


`Isso sim é novidade. Eu nem sequer sabia que antes eles me respeitavam.`


`Oh, Quasi. Não seja tão carrancudo. Não combina com você.`


`Desculpe.`


`Não precisa se desculpar. Pare de se desculpar tanto, isso aborrece!`


Quasímodo estava em vias de se desculpar novamente, mas viu que teria que se desculpar por ter se desculpado, então ficou confuso e não disse nada.


`Quaaaaasiiii!` Zephyr apareceu de repente, pulando nas costas de Quasímodo.


`Opa!` disse Febo. `Filho, comporte-se!`


`Que coisinha agitada você é, hein!` disse Quasímodo para Zephyr. `E olha que ainda é tão pequeno e mal pode andar!`


Esmeralda riu.


`Quasi, ele tem três anos! Claro que pode andar! Não exagere!`


`Vamos juntos, Quasi!` gritava e pulava Zephyr.


`Na verdade, eu não vejo necessidade para isso` disse Febo. `Sangue nômade e sangue de soldado correm nas veias desse jovenzinho aqui!`, ele afagou a cabeça de Zephyr. `Eu duvido que ele pudesse se perder! E sendo seu filho, Esmeralda, ele é um diabinho muito esperto! Por que deixá-lo com Quasímodo? Para quê perturbá-lo? Uma de suas amigas ciganas poderiam dar uma olhada nele...`


`Febo...` Esmeralda parecia aborrecida. `Nós já discutimos isso. Não se pode "dar uma olhadinha" numa criança de três anos! Você e eu mal teremos tempo durante o Festival! E se ele for seqüestrado, ou algo assim? Não, não é impossível, Febo, não faça essa cara! Tente entender—`


`Tudo bem, tudo bem...` Febo abraçou Esmeralda ternamente. `Mães são mães, não é?`


`Não tem problema, já disse.` falou Quasímodo. `Será um prazer ficar com ele.`


`Vamos, então. Há muito o que fazer, querida.`


`Certo, já vou.`


Febo saiu e Esmeralda ficou. Deu um beijo no filho e antes de ir, disse a Quasímodo:


`Muito obrigada, Quasi. E eu sei que ele ficaria bem sozinho.` Ela olhou ternamente para Zephyr, que brincava nos sinos, lá atrás. `Eu só queria que vocês dois passassem mais tempo juntos. Afinal... Eu lhe devo isso.`


E se foi, antes que Quasímodo perguntasse alguma coisa.




`Que barulheira, não é, molequinho? Pelo menos ninguém está prestando muita atenção em mim.` disse Quasímodo, olhando preocupado para a multidão. Zephyr pulava e gritava, como todo mundo naquela bagunça toda.


`E nem você, não é...?`


`Olha lá, o papai...!`


Febo veio de repente e pegou Zephyr no colo. Parecia um tanto alterado.


`Grande garoto! Está com fome?` disse, olhando para Zephyr. `Olha, Quasi, não precisa mais bancar a babá. Já conversei com a Esmeralda e eu mesmo tomo conta dele. Eu não vou poder ser de grande ajuda lá, e o Clopin parece que não vai ter escolha.`


`Mas... eu estava gostando da companhia dele! Já disse que não é trabalhoso!`


Não, não, Quasi, não é nada disso. É só para você aproveitar melhor, certo? Não se preocupe por hoje! Eu fico com meu filho.`


`Mas papai...! Eu queria ficar com o Quasi...!`


`Eu sei, querido, eu sei... Mas hoje é dia de festa, e sabe como essas coisas são, não é?`


`Ah...!` falou Zephyr, infeliz. `Então tchau, né, Quasi...`


`Fica pra próxima, amiguinho...` ele olhou com uma expressão sinistra para Febo. `Oportunidades não faltarão.`


`Com certeza!` disse Febo, alegremente. `Vamos, filho!`


Quasímodo ficou observando Febo e Zephyr diminuírem com a distância. Zephyr olhava para ele por cima do ombro do pai. Febo deve ter ficado surdo num determinado momento, pois à medida em que eles andavam, o garotinho gritou à plenos pulmões:


`AMO VOCÊ, QUASI!`




Andando a esmo, Quasímodo estava tentando entender se alucinara ou não. Mas ainda podia ouvir a voz de Zephyr em sua cabeça, alta e clara.


E de repente, ele escutou uma linda voz, cantando uma canção. E desta vez, ele tinha certeza de que não estava alucinando. E ele já escutara aquela voz antes...


Keira! Era ela mesma, ele podia vê-la... E como ela estava diferente! Ele não conseguia entender o que era, mas sabia que havia algo...


`Keira!` gritou Quasímodo.


A garota parou de cantar subitamente e começou a correr o mais rápido que podia, com aquela barriga enorme.


`Keira, Keira, espere! Volte aqui! Keira!`


`Bí i do thost!` ela sussurrou.


`Keira!`


`Pare! Deixe-me em paz! Aqui não! Vá embora!`


Logo essa comoção começou a atrair a atenção de várias pessoas.


`KEIRA! KEIRAAAAA!` berrava Quasímodo.


`Ei, sineiro! Causando confusão de novo!` uma pessoa que Quasímodo nunca vira veio tirar satisfação.


`É!` outra pessoa desconhecida. `Deixe a mulher grávida em paz!`


`Não vê que ela não quer que o bebê nasça com o seu rosto horrendo? Fique longe dela!` gritou uma mulher.


E várias outras pessoas que ele nunca vira gritavam mais imprecações. Quasímodo achou melhor sair correndo. Ele corria, quando alguém o agarrou pelo pulso e o puxou.


`Imprudente! Viu a confusão que causou? Além disso, eu precisava mesmo falar com você!`


`Ah, é?` Quasímodo estava muito irritado. `O que você quer, Keira?`


`Seu grosso. Você nem sabe o que eu tenho a lhe falar, não julgue tão rápido!`


`Ah. Precisa de um lugar pra ficar?`


`Tome, aqui está sua parte.` disse Keira, entregando a Quasímodo um saquinho pesado.


`O que é isso...?` ele abriu o saquinho. `Keira! O que é isso?`


`É dinheiro.`


`Ora! Eu sei que é dinheiro! Mas que dinheiro é esse?`


`Eu tomei a liberdade de vender seu trabalho. Espero que você não fique muito bravo.`


Quasímodo pressionou um lábio contra o outro, abaixou a cabeça e, resignadamente, começou a rir para si mesmo.


`Keira... Nunca pensei que meu trabalho valesse alguma coisa.`


`Todos adoraram. Sério. Mas não vendi o seu. Esse fica para mim. Ah, e sabiam que era você que os fazia. Sim, eu não fiquei com os créditos. E vim encomendar mais.`


O queixo de Quasímodo pesava muito para que ele pudesse dizer alguma coisa.


`Não vou dizer que não estou bravo. Você fez isso sem minha autorização.`


`E eu também preciso de versões desmontáveis mais práticas da Catedral. Aquela que você tem lá é completamente inapropriada para transporte. Só dá para vender quando abrirmos a loja.` Ela dizia solenemente.


Ele riu. `Loja...`


Acho que isso é o que você chama de "ambição".`


`É, você custa, mas aprende!`, disse Keira, satisfeita.


`Ah! E que sorte! Acabo de me lembrar! Tenho algo pra você!`


`Para mim? O quê?`


Quasímodo entregou à Keira algo enrolado num pano.


`Quasi... Isso é...`


`Espero que você não venda esse. Foi trabalhoso... O mais difícil foram os olhos. E por mais esforço que eu tenha feito, não ficou bom o suficiente. E não há cor de tinta que possa caracterizá-los, então... É meramente simbólico.`


`Oh, Quasi... Muito obrigada! Isso é muito lisonjeiro... Na verdade, é uma honra ser a inspiração para um de seus bonequinhos...`


No mesmo momento, um pensamento passou por Keira como um relâmpago.


`Quasi... Por que você carrega bonequinhos meus juntinhos de você...?`


Ele respondeu, sem graça:


`No dia em que terminei esse aí, esqueci de guardar... Acabei ficando com ele...`


`Ah, certo...` disse Keira.


Uma certa tensão ficou no ar.


`E você? Por que não vendeu a réplica de mim mesmo? Por que anda com alguém feio como eu por aí?`


`Porque gostei de você, e muitas vezes sentia saudade.`


A sinceridade da resposta quase fez Quasímodo chorar.


`Keira. Sabe... Apesar de você não se preocupar em medir as suas palavras e achar que está sempre certa... Sinto-me muito à vontade com você. Senti muito a sua falta.`


`Oh, Quasi... Se eu já não estivesse apaixonada por outra pessoa...`


`É, eu acho que sei do que você está falando... Também estou na mesma situação. Não tem como se apaixonar por duas pessoas ao mesmo tempo, acho... Não é...?`


`Não, creio que não... Além do mais—`


Repentinamente, os dois se deram conta do que estavam falando e se calaram, corando.


Aparentemente, Keira viu algo que a deixou assustada e escondeu o rosto no xale. Quasímodo não compreendeu a atitude repentina, mas, ao ver Clopin por perto sondando os dois, desconfiado, entendeu. Mas logo o cigano ficou a uma distância segura para que Quasímodo e Keira pudessem continuar conversando.


`Mas o que ele está fazendo aqui?` ela disse, sussurrando.


`Você, que é esposa dele, deveria saber que ele é o maior idealizador do Festival.`


`Melhor eu ir embora daqui. Ele não pode me ver de jeito nenhum. Vou sair de Paris. Há muitos lugares para conhecer.`


Quasímodo se perguntava mentalmente por que ela não saíra antes...


`Não faça isso, Keira. Ele está procurando por você. Deve estar sentindo sua falta.`


`Ora, isso não é problema seu! Pode me fazer um favor, Quasi?`, ela abriu a sacola e retirou o violino. `Devolva isso a ele, sim?`


`Por que você mesma não devolve?`


`Não discuta, Quasi! Por favor!`


`Keira, você sabe que essa não é a questão. Eu conheço o Clopin, e isso que você está fazendo é indecente em qualquer religião! Vamos, você até espera um filho dele!`


`É menina! E isso não é da sua conta!`


`Sabe, faça o que quiser! Dê-me o violino, eu o entrego! E vá, antes que eu me arrependa!`


Keira entregou o violino a ele e saiu. Mal se virou e ouviu Quasímodo berrando:


`CLOPIN! CLOPIN! SEU VIOLINO! SEU VIOLINO ESTÁ AQUI!`


`Mas que infeliz!` Keira disse a si mesma. Era melhor correr.


E foi o que tentou fazer. Mas, pesada como estava, não agüentava mais.


`Keira! Keira pare! PARE!` gritava Clopin. `Não fuja! Preciso falar com você!`


`Vá embora! Não me persiga! Deixe-me em paz, Clopin! Não, não venha atrás de mim!`


`KEIRA!` ele gritava.


"Nossa... Nunca meu nome foi tão chamado quanto hoje..." pensou ela.


Ela conseguiu despistar Clopin, sem entender como. Um senhor que estava ali perto a pegou pela mão e disse "`Por aqui, senhorita!`", para levá-la a algum lugar seguro. Pelo menos era o que ela esperava. Eles andaram juntos um pouco mais e pararam num lugar vazio e quieto.


`Aqui está bom. Está tudo bem, querida. Você está segura.`


E de repente, era Clopin no lugar no senhor. E ele não parecia feliz.


`Por que, Keira? Por quê?`


`Não faça perguntas tolas! Você bem sabe que eu nem queria me casar! E de qualquer forma o motivo pouco importa! Só quero ir embora! Não está claro que não quero nada com você?`


Clopin balançou a cabeça negativamente, indignado.


`Como você pode ser tão egoísta! Eu não tenho o direito nem de ver meu filho nascer?`


Ela lutava contra as lágrimas, com os olhos marejados.


`E quem disse que é seu filho? Afinal, eu fiquei fora um LONGO tempo! Pode ser de qualquer um!`


Clopin fechou os olhos e respirou fundo.


`Vai ser nosso filho, Keira! Eu... Eu procurei por você durante todo esse tempo e não vou mais deixá-la escapar, mesmo que você não consiga se lembrar onde arrumou essa barriga. Eu quero criar essa criança como se fosse minha. Eu amo você, Keira.`


Keira estava pálida e sem saber o que dizer. Ele segurou as mãos geladas da garota e ela olhou para ele, sem saber o que a atingira.


`Eu também amo você... Amo muito.`


Ela não entendeu como e quando dissera essas palavras, mas quando se deu conta, os dois estavam se beijando.


`E a filha é sua, sim.`


`Eu sei.` ele disse, com a testa encostada na dela. `É uma menina, então?`


Os dois se beijavam naquele local quieto, até que começaram a ouvir vozes e música. Mas por nada nesse mundo eles parariam. A multidão colorida foi lotando o lugar, até que esbarrou no casal, separando-os. Então, os dois se abraçaram de novo e continuaram se beijando, enquanto a multidão do Festival passava animada por eles.






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Autor(a): Lonely Loony

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