Fanfics Brasil - Éadaoin The Butterfly

Fanfic: The Butterfly | Tema: Disney - O Corcunda de Notre-Dame


Capítulo: Éadaoin

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Olá! Essa é a seqüência do fanfic "Feitiço da Lua". Eu recomendaria a você que lesse primeiro o outro antes desse.




 


Capítulo 01 - Éadaoin


Ele conseguiria. Ele superaria mais esse fato. O mais difícil de suportar realmente era o olhar de pena de seus amigos. "Amigos?", pensava ele. Durante esses últimos anos tinha sido muito difícil acreditar no que quer que fosse.


E Keira, sempre com aquele olhar de "você deveria ter me escutado..." Como se ele pudesse! Como se ele tivesse escolha! Se ela sabia que Madelleine fugiria com Juan desde o começo, por que não disse nada a ele antes, então?


E mesmo após cinco anos, ele não conseguia deixar de se perguntar... "Por que, Madelleine, por quê? De todos aqueles ciganos, tinha que ser logo o Juan?"


Seus pensamentos foram interrompidos por uma vozinha serelepe.


`Olá, Quasi!`


`Éadaoin...` ele disse, o mais animadamente que pôde.


Éadaoin... Igualzinha à mãe, mas seus cabelos, apesar de longos, eram escorridos e seus olhos eram pretos como os do pai. Mas apesar da garota estar apenas nos seus dezesseis, ele facilmente a confundia com Keira. Aquela mulher seria sempre um mistério. Mesmo com o olhar austero que ela assumira ao longo dos anos, sua aparência parecia nunca mudar. Sempre os mesmos olhos azuis penetrantes, os mesmos cabelos pretos grossos e ondulados, caindo em cachos pela cintura, e simplesmente nenhuma falha, nem mesmo causada pelo tempo... Sem dúvida, havia algo de mágico naquela criatura.


`Não está feliz em me ver, Quasi?` ela pulou animada nas costas de Quasímodo e quase o derrubou no chão.


`Cuidado, Éadaoin! Mas é claro que estou feliz em vê-la. Você bem sabe que sempre será bem-vinda aqui.`


`Não é bem essa a recepção calorosa que eu esperava ao aparecer aqui, Quasi...`


`Você sabe que, se eu pudesse, teria sempre uma banda tocando para recebê-la... Mas você acabaria enjoando.`


`Oh, Quasi... Eu nunca enjoaria de nada que você de nada que viesse de você!` disse Éadaoin com um largo sorriso.


`É mesmo? Puxa! Isso é ótimo, pois acho que eu tenho algo para você. Pão fresco, vinho, manteiga...`


Enquanto Éadaoin estava sentada na toalha de piquenique bebericando o vinho, Quasi, no outro extremo, fingia cuidar de suas maquetes e bonequinhos.


`Sua mãe deve estar furiosa comigo...`, disse ele. `Eu tenho sido bastante negligente com meu trabalho.`


`Então terá que negligenciá-lo mais uma vez. Venha, Quasi!` Éadaoin bateu com a mãozinha na toalha, indicando um lugar a seu lado. `Sente-se aqui... Fique mais perto de mim.`


Ele hesitou por um momento, mas disse no fim:


`Certo, certo. Aqui estou eu, mocinha.`


Éadaoin, se mostrando satisfeita assim que Quasímodo se sentou ao seu lado, chegou o mais perto que pôde do sineiro e colocou a cabeça no seu ombro, fechando os olhinhos sonhadores.


Quasímodo se levantou e saiu, sem mais nem menos.


`Aonde você vai?`


`Só vou checar os sinos...`


`Claro! Por que você fica me evitando? Aposto que não trata o Zephyr desse jeito!`


`O Zephyr...? Como? De que jeito? Aliás, faz um bom tempo que eu nem sequer vejo o Zephyr!`


`É... Ele tem andado muito ocupado... Quando não está pendurado na saia da mãe, está atrás de garotas...`


`Nada mais normal do que isso na idade dele.`


`É? Era isso o que você fazia na idade dele?`


Quasímodo riu amargamente. `Claro que não. Desde quando eu sou normal?`


`Se você vê alguma vantagem nisso... Obviamente, faz muito tempo que você não fala com o Zephyr. Ele é um tapado. Ainda acha que tem seis anos. E está cada dia mais metido.`


`Que coisa. Nunca pensei que Zephyr pudesse ficar assim. Ele sempre foi um garotinho adorável...`


`É? Para mim, ele continua praticamente o mesmo.`


`Ora. Agora você me deixou confuso. Ele continua adorável? Se ele não mudou...`


`Bem, veja você mesmo. Há quanto tempo ele não o visita?`


`Isso é cruel, Éadaoin. Vocês eram tão amigos...`


`E vocês também.`


Quasímodo não disse mais nada. Sentiu algo comprimir sua garganta e seus olhos se encheram de lágrimas. Melhor respirar fundo e se controlar...


`Todo mundo abandonou você...` disse Éadaoin, colocando os braços em volta dele. `Vê? Só eu fiquei, Quasi. E você insiste em fingir que não entende—`


Ele se levantou bruscamente e foi tomar um pouco de ar fresco.


`Quasi! Quasi! Quasi, desculpe!`, gritou Éadaoin, indo atrás dele. Ela realmente o havia ferido. `Me desculpe, Quasi! Foi uma coisa errada a se dizer... Eu... Perdão, na verdade, só estava irritada... É que você parecia se importar tanto... Na verdade, acho que eu chegaria a extremos para chamar sua atenção...`


`Não seja injusta, Éadaoin.`, ele disse, chateado. `Como pode pensar isso? Desde quando eu a ignorei?`


`Bem... Ignorar totalmente não ignorou, mas... Eu tenho quase certeza de que, mesmo se eu dançasse nua na sua frente, usando só um chapéu, ainda assim você não me veria.`


`Eu... O QUÊ? Claro que não! Que absurdo!`


`Ficou assustado assim porque me imaginou dançando nua ou porque o que eu disse é mentira?`, ela disse, numa voz aveludada.


Quasímodo suspirou.


`Éadaoin... Tente entender... As coisas não têm sido muito fáceis. Não, não me olhe com essa carinha. Você tem me ajudado muito.`


`Ah, eu espero que sim!` disse ela, com um sorriso iluminando seu rosto. `Mas sabe... Quasi, há coisas que você tem que superar... E... E eu não me considerarei útil o suficiente enquanto não puder ajudá-lo por completo!` ela disse, enrubescendo.


`Ah, mas quanto a isso... Sabe, tem coisas que simplesmente só o tempo pode curar. Não há nada a fazer. O melhor é não tocar no assunto.`


`Oh sim, claro! Como quiser!`


`Minha nossa! Éadaoin, já é quase noite! Melhor você ir! Eu a levo lá.`


Éadaoin riu.


`Tolinho! E desde quando eu preciso voltar cedo? Não sou mais uma criança, Quasi! Já sou uma mulher, e só você parece não ter notado!`


Quasímodo não sabia o que pensar ou falar diante do comentário.


`Ei!` disse Éadaoin. `Tive uma idéia! Que tal se lêssemos juntos? Não sei latim muito bem, aposto que você poderia me ensinar!




`Ora, mo chroí`, disse Keira a Clopin, tranqüilamente enquanto tecia. `Não sei para que tanta apreensão. Eu confiaria a Quasímodo a minha própria vida.`


`Não é essa a questão, Keira! A questão é que ela vai lá com muita freqüência! E talvez você tenha se esquecido de que Quasímodo é um homem, solitário, que foi abandonado pela mulher e Éadaoin é uma jovenzinha na flor da idade!`


Keira sorriu, sem tirar os olhos do que fazia.


`Eu acho que já entendi aonde você quer chegar. Tem razão, também não confio em Éadaoin.`


Clopin riu, irônico.


`Você está achando que é brincadeira, mulher? Já é noite, e ela ainda não voltou!`


`Clopin! Quasímodo se comprometeu a trazê-la aqui sempre que ficasse tarde! Ela está fora de perigo!`


Ele ia retrucar, mas a segurança com que Keira falava o fez amolecer.


Enquanto a observava tecer, Clopin notou que ela possuía dedos realmente habilidosos... Ele se lembrava nitidamente de quando, há quinze anos atrás, ele deu a ela aquela harpa. Tinha sido difícil consegui-la, mas ele venderia até a alma a beng por Keira. E a forma como ela dedilhava aquele instrumento, ainda mais combinado com sua voz... Sim, valera a pena.


`Keira... Toque harpa para mim.`


`Agora?` ela olhou para ele, surpresa.


Ela não esperaria mais nenhum pedido. Pegou sua harpa e começou a tocar.


Ele não a esperou terminar. Enquanto ela tocava, ele afastava os fartos cabelos do pescoço de Keira e o beijava. Ela não gostava de ser interrompida, mas quando se tratava de emergências...




Quasímodo acordou na toalha de piquenique, com uma respiração quente muito perto de seu rosto. Assim que abriu os olhos se deparou com as sardas no nariz delicado de Éadaoin, que só não podiam ser vistas melhor porque estava escuro e só uma vela queimava. Ele se levantou imediatamente, assustado, inclusive ao perceber o quão tarde já era.


`Éadaoin! Éadaoin! Acorde!`


`Hmmm...?`


`Vamos, levante! Temos que ir!`


Quasímodo a levava escalando as paredes da Catedral. Mesmo sonolenta, Éadaoin estava encantada. Sua única infelicidade era que isso significava que ela teria que ir embora...


Ao chegar ao Pátio dos Milagres, era hora de dizer adeus.


`Por que você não vem morar aqui, Quasi?`


`Meu lugar é lá.`


`Então, deixe-me ir viver com você.`


`Éadaoin, você deve mesmo estar com muito sono. Boa noite, minha querida—`


Ela o beijou de repente, na boca e disse, antes de descer as escadas:


`Boa noite, Quasi. Até amanhã.`




`Oi, papai! Oi, mamãe!` Éadaoin passou pelos pais.


`Aonde pensa que vai, mocinha?` disse Clopin. `Sabe como está tarde?`


`Ah, me desculpe, papai. É que eu e o Quasi ficamos conversando a tarde toda e depois começamos a ler e acabamos pegando no sono—`


`E espera que eu acredite nisso?`


`Mas mo chroí!` interrompeu Keira. `Parece mentira? Quasímodo não a trouxe, como combinado?`


`Sim, mamãe!`


`Não interessa!`, falou Clopin, irritado. `Eu não quero mais você ficando até tão tarde sozinha com ele, entendeu?`


`Mas papai!`


`E nada de "mas"! Eu também dou as ordens aqui! E não me olhe assim, Keira! Eu digo isso porque sou um homem e sei o que estou fazendo! Só quero o melhor pra você, minha filha!`


`Tudo bem, papai.`, respondeu resignada. `Até amanhã, mais cedo.`, e saiu, aborrecida.


`Essas crianças...` ele disse.


Keira olhava para Clopin com cara de quem se divertia.


`Ah, não, Keira. O que foi agora?`


`Nada, mo chroí. Só estou pensando... Queria entender sua lógica. Se ela fica com Quasímodo praticamente o dia todo e volta antes de escurecer... Você por acaso acredita que há algum poder mágico na noite?`


`Ah. A-há-há. Entendo o que quer dizer, Keira. Está sugerindo então que eu devo proibir a nossa filha de sair?`


`Oooh, não, não. Não sejamos tão trágicos. E você sabe que não precisa fazer isso.`


`Eu já não sei mais nada.`


`E quem é que sabe, mo chroí?` Mas por ora, a única coisa que você deve saber é que ainda há pessoas em quem podemos confiar.`


`Keira... Você sabe, eu mesmo gosto do Quasímodo! Conto histórias sobre ele e tudo mais, e até aumento algumas coisas, sempre para beneficiá-lo... Mas eu só estou tentando fazer o melhor pela nossa filhinha...!`


`Mo chroí... Nossa "filhinha" já cresceu. Ela não pode mais ser tratada como criança. E há decisões que ela mesma precisa tomar. E ninguém além dela deve escolher o homem com quem ela deve ficar.`


`Eu sabia. Vocês perderam a razão. Tinha certeza de que você era a favor dessa loucura. Éadaoin e Quasímodo? Você é tão insana quanto sua filha! O que quer com isso? Sabe de uma coisa, não vou ficar argumentando com você. Quando mete uma idéia na cabeça, por mais absurda que seja, ninguém é capaz de convencê-la de que está errada. Mas saiba, Keira, que jamais serei a favor disso.`


`E por que? Não conheço nenhum outro homem que seja realmente digno de minha filha! E nenhum que poderia cuidar melhor de Éadaoin, lhe ensinar valores—`


`Mas o que está dizendo? Por que fala assim dele, Keira? Hein, por quê? Às vezes acho que quem gostaria de estar casada com ele é você! Se acha que cometeu um erro, então não tente consertar através de sua filha!`


Keira não sabia como responder o comentário incisivo de Clopin, e nunca havia analisado a situação sob esse ângulo... Mas logo retomou:


`O único homem com quem eu gostaria de estar casada está bem aqui, na minha frente! Eu nunca cometeria erros desse tipo! Se não quisesse estar com você, Clopin, teria fugido de Paris quando tive a chance. Mas não o fiz, porque... porque sabia que o amaria desde a primeira vez em que coloquei meus olhos em você! Quer saber uma verdade? Poderia sim, ter havido algo entre mim e Quasímodo, mas... mas não houve, pois você já estava na minha vida!`


Clopin ficou em silêncio, olhando para o chão, pensando.


`Não sei muito bem o que achar, Keira... Tudo o que você disse foi muito bonito, mas... Até onde é verdade? Nós nos casamos em uma circunstância estranha, de uma forma inusitada... Não sei bem até hoje o que você pensa de tudo isso... Fico feliz que seja sincera comigo, pelo menos parece estar sendo, ao menos sobre Quasímodo... Não me atormente assim, Keira. Eu morreria por você. Eu a amo tanto, tanto...`


`Mo chroí... Eu morreria por você... E mataria por você.` Ela o abraçou. `Uma das coisas que mais me faz feliz nessa vida é vê-lo feliz.`


`Oh, Keira...`


`Sabe, acho que sei do que você precisa...` ela disse, com um sorrisinho safado. `De uma outra filha. Ou filho`


`Não seria má idéia. Podemos começar a qualquer minuto...`


`Não será necessário, não por isso. Mas se realmente quiser começar alguma coisa... É preciso tomar mais cuidado. Estou grávida.`




Um belo garoto de cabelos louros escuros que caíam ondulados na altura de seus ombros conversava com outros mais ou menos da mesma idade, todos do Pátio. Éadaoin passou por ele fazendo uma careta de desprezo.


`Eu volto já!` disse ele aos amigos, indo atrás da garota.


`Éadaoin! Éadaoin!`


`O que você quer, Zephyr?`, ela se virou, fingindo desinteresse.


`Nada... Só faz tempo que a gente mal se fala!`


`A culpa não é minha. Alguém parece andar com coisas mais importantes pra fazer.`


`Éadaoin...`


`Ah, é. Eu fui ver o Quasi hoje. De novo. Eu vou sempre, claro. Porque eu, sim, me importo mesmo com ele.`


`Como ele está?`


Ela riu debochada. `Como se lhe interessasse! Se você realmente quisesse saber, não teria sumido!`


`Ah, puxa, Éadaoin...`


`Não me venha com essa! Não fui eu quem abandonou um amigo na hora da necessidade!`


`Mas Éadaoin! Eu não fiz isso! Não percebe que ele nunca vai melhorar, não importa o que você faça?`


`O quê? E você se diz amigo dele! Pois mesmo que eu seja inútil, eu vou sempre fazer o que posso! A culpa não é dele se aquela garota parva o abandonou! E ele continua remoendo isso!`


`É, não tiro sua razão. Faz tempo que eu não o vejo... E como vocês parecem que estão se dando bem, não é? Amanhã eu passo lá.`


`O quê? Nem pensar! Não ouse!`


`Ora, e por que não?`


`Porque aqueles momentos são só meus e do Quasi! Se você aparecer lá, vai se arrepender!`


`Boa noite. Até amanhã, Éadaoin.`






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Autor(a): Lonely Loony

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