Fanfic: The Butterfly | Tema: Disney - O Corcunda de Notre-Dame
Capítulo 10 – The Butterfly
Não importava mais, ela não mudaria de idéia. Teria de dizer a ele. Isso jamais daria certo. Era pior que uma farsa.
`Éadaoin?`
Tudo o que ela menos queria agora era ser chamada por essa pessoa. Como seu nome ainda soava estranho naqueles lábios!
`Ah, Éadaoin...` ele a segurou pela cintura.
Era agora ou nunca...
`Ah, Éadaoin...` ele disse, choroso, antes que a garota conseguisse articular qualquer outro som. `Nunca precisei tanto de você! Não imagina o que aconteceu!`
Por algum motivo, ela não estava interessada em ouvir.
`Meus pais, Éadaoin! Ah, meus pais... E eu que achei que eles fossem felizes! Mas esse tempo todo...! Não entendo! Mamãe já decidiu que não vai para a Inglaterra. O papai não quer mudar de idéia. E eu... Eu não sei o que fazer! Você é tudo o que eu tenho, Éadaoin!`, ele agarrou a garota, e quase a derrubou.
Ótimo. Agora sim, ela nunca mais poderia dizer nada.
`Vamos, Zephyr... Você não é mais uma criança... E seu pai parece saber lidar com frustrações muito melhor que você.`
Sem saber como, foi tudo o que ela conseguiu falar.
`O que... E o que você sabe? Seus pais são unidos e felizes, um casal perfeito!`
`Zephyr... Eu acho que você deveria ir embora com seu pai para a Inglaterra...`
`Não irei a parte alguma sem você. Iria comigo? Não me abandonaria agora, não é...?`
`Pelo contrário. Tudo, desde o começo foi um erro.`
`O que quer dizer?`
`Quero dizer que a sua mãe fez a escolha dela, seu pai fez a dele e eu finalmente fiz a minha... Faça a sua também, Zephyr. E espero que um dia me perdoe.`
`O que quer dizer?`
`Adeus, Zephyr.`
`A- Aonde vai...?`
`Embora.`
`Vejo você depois?`
Ela o olhou para ele com piedade e se foi.
Zephyr sabia a resposta. Mas não queria aceitar. Sim, ele a veria depois, com certeza...
Mas Éadaoin não voltou... O tempo passou e ela não voltou...
Não importaria a ele se passassem minutos, dias, horas, semanas, meses, anos... Ele sofreria da mesma maneira. "Ah, Éadaoin... Como pôde ter sido tão cruel?"
`Zephyr...` disse Febo. `Não adianta ficar assim. Ela escolheu seu caminho, assim como sua mãe. Se você realmente a ama-`
`Não quero ouvir, papai! Justamente por amá-la, não posso desistir dela! Não posso, não posso! E não é com o senhor na Inglaterra que vou me encontrar! Essa mulher é metade de mim!`
`Mas, Zephyr! Você nem sequer sabe onde ela está! Deixe-a em paz!`
`Não posso, papai! Eu a amo! Perdoe-me, mas irei encontrá-la! Irei ao menos, procurar por ela!`
Febo desistiu de argumentar. Pelo menos o aconselharia a escolher o melhor cavalo e tratar bem dele durante a viagem, que poderia ser extremamente longa... E não ter o fim esperado.
Enquanto isso, a vida continuava.
Clopin não sabia como reagir. Sua primeira filha nascera há tanto tempo que ele não se lembrava mais se tantos gritos eram normais. E pelos gritos cortantes que Keira emitia, Clopin, mesmo não entendendo nada de parto, tinha certeza de que as coisas não iam nada bem.
Pela terceira vez uma cigana robusta saía ensangüentada do vagão, com uma expressão nada animadora, pedindo mais "lençóis e água quente".
`Afinal de contas, o que está havendo?`, disse Clopin, em pânico.
`Estou fazendo o possível! Mas nunca vi um bebê tão grande! E numa posição tão absurda!`
`Fazendo "o possível?" Pois isso é menos do que o suficiente! Trate de fazer mais que o impossível, ou lhe arranco a cabeça com minhas próprias mãos!`
A cigana robusta saiu reclamando e Clopin foi prover o necessário.
`Ela vai ficar bem Clopin... Vai dar tudo certo...` Esmeralda tentava consolar, mas nem mesmo ela não tinha tanta certeza disso, e ele podia perceber...
Mais de doze horas já haviam se passado e Keira continuava sofrendo. A parteira não quis dar a solução mais rápida, mas Keira gritava.
`Corte-me! Façam o que quiser! Mas salvem meu bebê!`
Clopin entrou correndo.
`Não. Isso eu não vou permitir!`
`Mas queoutra saída você vê, mo chroí?`
`Se me permite a intromissão, senhor...`, falou a parteira, preocupada, `Talvez essa seja mesmo a única saída. Ou salva o bebê... Ou o senhor perde a mulher e o filho.`
Clopin começou a chorar. Mesmo querendo arrancar a cabeça da parteira, sabia que ela estava certa.
`Mas Keira...`
`Mo chroí... Gostaria de lhe fazer um pedido...`
`Por favor, Keira! Não estou em condições de lhe negar nada!`
Keira tentava falar à medida que as contrações vinham cada vez mais pungentes.
`Não aceite só por isso... Mas como você sabe... Desde... desde... ah... desde que Éadaoin foi embora... tanta coisa aconteceu...`
`Eu sei, meu amor, eu sei... Também gostaria que ela estivesse aqui...` ele segurava a mão da mulher.
`Eu não... Ela está bem... Só gostaria que você colocasse na menina o nome de "Kenna"...`
`"Kenna..." É um lindo nome... O que significa, significa algo?`
`Sim... "bonita"... um nome bonito e bobo. Coisa de Éadaoin. Você a conhece. "Cinéad" significa "bonito"...`
`Ela está delirando.` disse a parteira. `Melhor o senhor sair daqui logo.`
Clopin não insistiu. Não tinha mais força nas pernas. Não iria ficar para assistir àquilo.
Minutos antes que ele desmaiasse, ouviu um forte choro de bebê.
Clopin acordou, atordoado.
`Seu filho.` A cigana robusta andou em direção a Clopin, com uma trouxinha nas mãos. Ou melhor... Sua filha.`
Clopin pegou a trouxinha com todo cuidado. Realmente, era uma criança enorme. E tão linda... O bebê abriu os olhos e o encarou. Como aqueles olhos se pareciam com os de Keira... azuis, como os da própria... Ele olhava para o bebê e pensava "Sua mãe teria orgulho de você".
A parteira o tirou do devaneio.
`Sua mulher deseja ver a criança.`
Clopin não entendeu.
`Minha... mulher...?`
Ele entrou no vagão e lá estava Keira, pálida, de braços esticados para pegar a filha no colo.
Clopin não sabia como não derrubou a criança, chocado.
`Perdão, mo chroí. Parece que nem sempre eu acerto, não é...?` ela disse, sem-graça.
Ele se sentiu um tanto idiota. Sua mulher estava pedindo desculpas por estar viva?
Clopin deu o bebê para Keira segurar e a abraçou, como se nunca mais fosse soltá-la. Agora seriam eles três... Clopin, Keira e Kenna.
O tempo, sempre implacável.
Zephyr continuava procurando por ela. Às vezes, tinha a impressão de que podia ouví-la cantar e chorava sozinho à noite.
Insensato? Talvez. Pelo menos era assim que seu pai o havia chamado quando viu que ele realmente partiria. Mas, talvez algum dia, ele a encontrasse... Pelo menos já conhecera vários lugares e pessoas... Mas só o que importava era uma...
Quanto tempo havia se passado? Será que ele a veria novamente? Onde estaria ela agora?...
Por hora, ele só continuaria correndo atrás dela... Como um caçador de borboletas.
Cinco anos haviam se passado. Distraidamente olhando para o círculo de pedras, Éadaoin pensava consigo mesma:
"Parece que não há uma pessoa especial para cada um de nós, afinal. Ou talvez não haja para ninguém. No fim, todos só tentem viver uma mentira."
Uma vozinha infantil de um garoto loirinho a trouxe de volta a realidade.
`Mamai! Qual é mesmo o nome desse lugar...?`
`Drombegh. É o "Altar dos Druidas". Lindo, não é, Cinéad? Não! Não suba nas pedras! Você já é bem grandinho, comporte-se!`
`Quero viajar mais, mamai! Como a senhora prometeu, conhecer tudo...!`
`Você não se cansa, não é? Vem fazendo isso desde antes de nascer! Estava pensando realmente em sossegar e morar em algum lugar calmo, como Donegal, onde sua avó nasceu, ou Kerry, ou aqui mesmo...`
Mas o garoto não estava mais ouvindo. Corria pelo gramado, rindo. Éadaoin correu atrás dele e o pegou no colo, enchendo-o de beijos. O garoto reclamava, mas estava gostando.
Sentou-se no meio do círculo de pedras com seu filho, olhando para o céu azul, e sentiu-se realmente feliz.
Autor(a): Lonely Loony
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