Fanfic: Lembranças de Você ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

Cansada e apreensiva depois da conversa com Gwen, Annie esta­cionou o carro na garagem e entrou na casa, ansiosa para ver como Poncho estava. Abriu a porta da suíte e entrou, sem fazer barulho. Ele já devia estar dormindo, imaginou, com uma ponta de frustração. Até aquele momento não se dera conta de como estava ansiosa para re­tornar para perto dele.

Foi para seu quarto, mas surpreendeu-se ao descobrir que o abajur estava aceso... e mais ainda ao deparar com Poncho deitado em sua cama!

Assim que a viu entrar, ele se ergueu nos cotovelos.

— Mas... o que está fazendo aqui? — A pergunta foi inevitável. — Achei que mal conseguia caminhar até seu quarto...

— Me desculpe pela invasão, mas me senti sozinho depois que você saiu. Senti sua falta... então, depois que Theo foi embora, decidi vir dormir no seu quarto — explicou.

— Theo esteve aqui?

— Rapidamente. Sobre o que Gwen queria lhe falar?

— Ah, nada importante — mentiu Annie. — Queria só ter certeza de que você está bem. Acho que ela se preocupa muito com sua saúde, sabia?

— Mas não precisa, porque estou ótimo. Você não vai se deitar?

— Preciso trocar de roupa...

— Não precisa, não. Apenas tire o que está usando e enfie-se embaixo das cobertas.

— Preciso tirar a maquiagem, escovar os dentes...

Annie correu para o banheiro, lavou o rosto e depois olhou-se no espelho.

É só sexo, disse para si mesma, inutilmente. Além da ansiedade, sentia também um certo receio, porque fazia anos que Alfonso não de­monstrava nenhum interesse por ela, fosse no plano sentimental ou no físico.

Voltou para o quarto, ainda hesitante, e ouviu a voz de Poncho: — Venha... por favor.

Annie enfiou-se na cama. Poncho estava deitado de lado, virado para ela. Ao aninhar-se no corpo forte e másculo, as recordações a assal­taram. Era tão bom quando ficavam horas na cama, se amando, se acariciando... No entanto, agora tudo lhe parecia tão estranho... Tentou entabular uma conversa para amenizar a tensão: — E então? Vai querer o relatório completo sobre o que aconteceu na firma hoje?

Como resposta, ele beijou-lhe a testa com carinho. Annie pros­seguiu:

— Bem, acho que Maite, a secretária de Theo e de Dulce, simpatiza comigo. E como eu estou usando a sala de Theo, já que ele fica a maior parte do tempo na sua, atendo quase todos os telefonemas dele. Al­gumas vezes, quando Dulce está por ali, consigo captar alguns trechos de conversa. Parece que vão limpar a sala de estoque, para ser meu escritório. Mas a impressão que eu tenho é de que tanto Dulce quanto Theo estão um tanto relutantes em relação a eu assumir meu cargo. Estou aborrecendo você?

— Sim — Poncho respondeu, rindo.

— Ótimo. Onde eu estava?

— Aqui, comigo.

Poncho beijou-a com paixão, mostrando-lhe que era hora de deixar o relatório de lado e concentrar-se em outras coisas. Em poucos se­gundos, estavam nos braços um do outro, avassalados pela paixão que a duras penas vinham tentando controlar durante todos aqueles anos.

— Valeu a pena esperar? — perguntou Annie, mais tarde, quando já estavam relaxados e satisfeitos, usufruindo o silêncio e a sensação de comunhão e paz que havia muito não experimentavam.

— Muito. Faz muito tempo?

— Para mim, três anos, já que nunca houve outro, Poncho.

— Para mim também nunca houve outra mulher.

Ela olhou-o, desconfiada, o que o fez reafirmar.

— Verdade!

— Sua memória deve estar falhando outra vez...

— Não está, não.

— E... e Dulce?

— Annie, eu nem a acho interessante ou atraente! Mas confesso que usei sua... agressividade para servir a meus propósitos. Quando você me magoava, eu a usava para magoar você também. Não foi uma coisa bonita de se fazer, mas... preciso confessar que fiz.

— Mas... quando foi que eu magoei você?

— O que me diz de Charles Rowden?

— Nós éramos apenas amigos — Annie apressou-se a dizer.

— Amigos íntimos demais, a meu ver.

Poncho não sabia o que pensar. Fosse como fosse, queria deixar o passado para trás. Charles estava morto agora e nada mais precisava ser dito ou explicado. Não queria estragar o momento maravilhoso que estava vivendo com Annie. Por isso olhou-a, acariciou-lhe o rosto e sussurrou:

— Eu amo você. Boa noite.

Ela estava surpresa demais para responder. Aos poucos, sentiu que os braços de Poncho a soltavam, à medida que o sono o embalava. Seria verdade o que ele dissera sobre Dulce? Sobre não ter estado com outras mulheres depois da separação?

Esses pensamentos deram lugar a outros, e Annie lembrou-se de sua breve gravidez e da reação de Alfonso a ela. Mantivera tais lembrancas afastadas porque, de seu relacionamento com Poncho, eram as que doíam mais.

Nola não acreditara, dissera que ela tinha inventado tudo; e Alfonso fora tão frio... Tornara-se mais e mais distante, e fora a partir de então que o casamento deles começara, de fato, a ruir.

O aborto acontecera pouco depois e ele dissera que sentia muito, mas fora mentira. E Annie jamais o perdoara.

Cerrou os olhos, sentindo o calor do peito de Poncho. Quisera tanto aquele filho que a reação fria de Alfonso a fizera acreditar que não queria a ele próprio. Mas não era assim, agora ela sabia.