Fanfic: Lembranças de Você ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

— Eu achava que você gostasse de Charles...

— Não, não foi só isso.

— Annie...

— Não! Você não queria nosso bebê!

Um pesado silêncio caiu entre ambos. Depois de três anos as ver­dades vinham à tona, e machucavam. A ambos. Com extremo cuida­do, Poncho murmurou, muito sério:

— Eu não queria o filho de Charles. Eu... sinto muito. Por tudo. Mas, acho que houve um lado positivo nesse acidente, que foi nos dar uma nova oportunidade, Annie.

— O... acidente não foi acidente — ela lembrou, desviando a con­versa de seu eixo principal. — Alguém sabotou o avião. E tenho medo de que a verdade esteja aparecendo um pouco tarde demais. E se... mais alguma coisa acontecer?

— Nada vai acontecer.

— Como pode ter certeza?

— Porque agora estamos juntos, do mesmo lado. Seja o que for que tenha acontecido, envolveu Charles Rowden. Sinto por ele ter morrido e muitas coisas podem ter morrido com ele. Nosso único problema agora está na Rodriguez, mas pretendo voltar logo à ativa e dar um jeito na situação. — Poncho forçou Annie a fitá-lo, segurando-lhe o rosto entre as mãos. — Confie em mim, meu amor. Tudo vai dar certo e nada mais poderá nos separar.

A última balsa para Vancouver partia à meia-noite. E isso signi­ficava sua fuga, seu caminho para a segurança. Ele passou as mãos pelo rosto, tenso. Pensava no preço que tivera de pagar. Mas eles o tinham enganado uma vez e não permitiria que isso acontecesse no­vamente. Além do mais, eles não desistiam e continuavam em seu encalço.

Teria de deixar seu carro para trás. Bem, mas não era seu, mesmo...

Era de Charles. Não poderia levá-lo para o Canadá porque eles o encontrariam. Tinha quarenta e dois dólares no bolso. Era suficiente para chegar ao Canadá. E depois?

Ela devia estar lá quando ligara, para ajudá-lo. Charles lhe garan­tira que ela estaria! Agora, sentia a garganta apertada. Charles estava morto e tudo acontecera por sua culpa...

O apito da balsa tirou-o de suas reflexões. Ele se apressou a cami­nho da cabine de tíquetes. Uma estranha sensação de remorso e dor o envolvia. Que eles fossem para o inferno! Que o mundo todo fosse para o inferno!

Cerrou os dentes, sentindo uma forte pressão na cabeça, como se esta estivesse prestes a explodir. De repente uma mão fria pousou em seu ombro. Ele voltou-se, os punhos cerrados, pronto para reagir.

Mas era uma mulher.

— O que está fazendo aqui? — ele quis saber. — Meu Deus! Está procurando por mim?

Ela o fitou com uma frieza glacial.

— Sei o que você fez — disse apenas.

— Ah, é? E o que foi que eu fiz?! — ele gritou.

— Você matou Charles Rowden e Alfonso Herrera escapou por um triz!

— Foi um engano! Charles foi um engano!

As pessoas ao redor começaram a observá-los e ela o puxou para um canto.

— Para onde pensa que está fugindo? — ela sussurrou, num tom sibilante. — Para o Canadá? Não é longe o suficiente, seu idiota!

— Isso não é justo! Ele é que devia ter morrido! Era o avião dele! E Charles não devia estar dentro dele! Afinal, o que Charles estava fazendo naquele avião? — Ele sentia a garganta ainda mais apertada, num desespero sem controle.

— Então, você queria matar Alfonso Herrera...

— Ele é um maldito, esse Alfonso! Todo mundo sabe disso! E Charles também queria que ele desaparecesse, por causa da esposa dele. Char­les a amava.

— Eu quero saber por que você queria matar Alfonso, seu imbecil!

— Porque ele nos viu, está bem? Ele entrou na casa e viu tudo! Ele sabe!

— Quando foi isso?

— Um pouco antes do acidente.

— Quando?!

Ela segurou-o pelo pescoço e o sacudiu. No estado emocional em que se encontrava, ele apenas encolheu-se ainda mais. Era mais um farrapo humano do que qualquer outra coisa.

— Ele disse alguma coisa a alguém? Disse?!

— Você está com medo dele!

— Você devia tê-lo matado! Matou seu melhor amigo e Alfonso Herrera sobreviveu! Você não presta para nada, mesmo!

— Mas ele não consegue se lembrar de nada...

— Ora, cale essa boca! Preciso pensar! — Ela tremia, nervosa. — Você conseguiu transformar uma gota d`água numa tempestade, seu idiota! Tem sorte de ainda estar vivo!

Ele viu o carro preto. Eles estavam dentro dele! Ela mandara cha­má-los! Apavorado, disparou correndo pelo cais.

Ela ficou observando, vendo-o ziguezaguear sem rumo. Fazia se­manas que ela só sentia sua paranóia aumentar, deixando-a perdida, alucinada. Precisara tanto do remédio! E fora procurar por ele, mas o encontrara tirando o carro de Charles da garagem em ruínas, por isso o seguira. E fora com medo que chegara ao cais. O infeliz achara que estaria em segurança no Canadá, mas se Alfonso Herrera começasse a se lembrar, não haveria um só lugar no mundo onde eles pudessem se esconder.

Nada dera certo! Desde o começo! E isso não era justo! Ela pre­cisava pensar no que fazer agora. Se Poncho sabia sobre Charles, aca­baria sabendo sobre ela também. Talvez até já soubesse mas estivesse esperando o momento certo para dar o golpe. Conhecia Alfonso. Ele não descansaria até saber toda a verdade.

Ela não se preocupava com a polícia. Talvez conseguissem pegar aquele idiota que não parava de correr, mas não o associariam a ela.

Ainda trêmula e com a mente confusa, ela tentava raciocinar com clareza. Seu maior problema agora era Alfonso Herrera. Teria de detê-lo de alguma forma... e sabia muito bem que tipo de gente poderia ajudá-la...