Fanfic: Lembranças de Você ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

Não foi necessário ouvir a resposta. Ruth percebeu, pela expressão de Annie que a idéia a agradava.

— Muito bem, então. Seja bem-vinda de volta a nossa família! — E abriu os braços para ela.

A volta para casa transcorreu em silêncio. Poncho mal podia esperar para abraçar e beijar Annie, mas ela lhe parecia fria e distante, depois da conversa que tivera com Ruth.

— Posso saber o que vocês duas conversaram? — ele perguntou, sem suportar mais a curiosidade.

— Sua mãe me deu as boas-vindas de volta à família.

— Mesmo? De braços abertos? — ele ironizou, sem saber o quanto havia de verdade em suas palavras.

— Exatamente. E você e seu pai? Tudo bem? O que ele achou de Theo e Dulce juntos?

— Não sei ao certo.

Poncho estava preocupado com o pai. Alguma coisa estava aconte­cendo e ele não tinha idéia do que podia ser. Notava que Alonso estava abatido, física e emocionalmente, e que o tempo todo parecia querer aproximar-se, tocá-lo, como se isso lhe fosse devolver a saúde, ou a energia. Era estranho, pois seu pai sempre fora distante.

— Acho que ele nem notou que Theo estava com Dulce e não com Josi. Meu pai deve estar ficando esclerosado. Eu sinto como se... ele estivesse aceitando a morte.

— Ruth disse que ele anda muito apegado à religião.

— É verdade. Ele me parece outra pessoa.

— Theo também notou essa mudança?

— Também. Mas ele não está muito sintonizado nisso, acho que por causa de Danielle.

— Eles bem que poderiam se dar uma segunda chance...

— É...

— Vai falar com ele a respeito?

— Não. Theo vai ter de perceber sozinho. O problema é que essa aproximação com Dulce é resultado da deterioração do casamento. Ele deve estar carente, procurando a companhia de alguém que o faça sentir-se bem.

— E essa pessoa seria Dulce?

— Ela não é esse monstro que você imagina, Annie.

Anahí respirou fundo antes de falar.

— Talvez. Sei que ela é boa profissional, mas vi como vocês se olharam e...

— Pois devia olhar só para mim!

— Como quando éramos casados? Quando você me tratava como se eu não existisse?

— Você existia, mas seu coração pertencia a outro.

— Você sabe que não, Poncho.

Um silêncio pesado caiu entre ambos. Poncho lembrava-se de quan­do Annie lhe pedira para dar emprego a Charles. Mas Charles não era confiável... era emocionalmente instável, bebia demais... Fora assim desde a época da faculdade. Como Anahí nunca deixara de se preo­cupar e de dar apoio a ele, Alfonso imaginara que fosse porque o amava. Por isso negara o emprego a Charles, e mais tarde ouvira Annie ao telefone com ele, dizendo que iria insistir para que ele mudasse de idéia. E isso fora depois de ouvir mais uma vez de Dulce que Anahí e Charles continuavam a dormir juntos, mesmo depois do casamento.

— É tudo tão sem sentido agora — comentou, mais para si mesmo.

— É, sim — Annie concordou, manobrando o carro para dentro da garagem.

Na cozinha, a primeira coisa que ela fez foi soltar a gravação do telefonema que estava na secretária eletrônica. A voz do detetive Newcastle encheu o ar:

— Sr. Rodriguez... Eu gostaria de lhe falar amanhã. Um homem foi visto perto de seu avião no dia do acidente, acharam que fosse um dos mecânicos da base. Mas a descrição não foi precisa: alto, magro, cabelos cheios, usando jeans. Pode ser qualquer um que trabalhe por ali. Nos falamos amanhã, está bem?

— Parece alguém conhecido para você?— Annie indagou e depois comentou, em tom de brincadeira: — Theo, talvez?

Mas Poncho não sorriu.

— Ele anda, mesmo, fazendo coisas estranhas, ultimamente.

— Imagino que ele não faria algo assim, Poncho, mas... Gwen acha que ele é o espião na empresa — Annie revelou, por fim. — Ela ouviu uma conversa dele com Trevor ao telefone.

Poncho olhou para ela, com expressão tensa.

— O que está dizendo?!

— Talvez seja porque ele nunca será um verdadeiro Rodriguez... Mas ela me pareceu bastante segura.

— Como, Theo nunca será um verdadeiro Rodriguez? Foi minha mãe quem colocou essa idéia na sua cabeça? Theo é um Rodriguez legítimo, por mais que não se sinta assim. Ele é filho do meu pai, tanto quan­to eu.

— Por que não conversa com Gwen? Ela poderá dizer o que de fato pensa.

— Gwen não é a pessoa mais indicada para julgar o caráter de alguém. Ela fica mais fora do que dentro da empresa, por causa das enxaquecas.

— Não devo confiar no que ela diz, então?

— Não se trata de confiança. Ela só não é uma pessoa com dis­cernimento. Conheço Gwen há anos, ela foi secretária do meu pai, antes de mim. E está enganada a respeito de Theo.

— Está bem, então.

Poncho aproximou-se e passou um braço sobre os ombros de Annie.

— Olhe, vamos deixar essa conversa para outro dia, está bem? Que tal me ajudar a subir e me colocar na caminha?

Annie hesitou por segundos, depois fez como ele sugeria.