Fanfic: Lembranças de Você ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

Capítulo VIII

A residência, por si só simples, já vira dias melhores. Os proble­mas de saúde de Robert requeriam todas as economias que o casal pudesse ter guardado. Annie estacionou o carro alugado na en­trada lateral da casa e avisou Alfonso:

— Robert Rowden está com mal de Parkinson.

Poncho assentiu e saiu do carro, já se movimentando mais agilmente com a bengala. Robert Rowden, ao contrário, parecia estar decaindo dia após dia. No entanto, foi ele quem os recebeu à porta e apertou a mão de Alfonso. Alma veio em seguida, da cozinha, e cumprimentou a ambos com um sorriso.

— Sei que não há palavras que façam sentido, em vista das cir­cunstâncias, mas... eu lamento muito o que aconteceu — começou Poncho, assim que se acomodaram na sala.

— Obrigada — Alma agradeceu. — E o senhor, como está?

— Bem, obrigado.

— Sabem, aquele detetive veio falar conosco.

— Newcastle? — Annie perguntou.

— Ele mesmo. Fez muitas perguntas sobre Charles. Onde ele mo­rava, com quem... Você esteve lá? — Alma se dirigiu a Annie, que balançou a cabeça negando, e depois prosseguiu: — Não é longe daqui. É... um lugar praticamente em ruínas...

— O detetive ligou outra vez hoje — Robert interferiu —, mas estávamos na farmácia. Não fazemos idéia do que ele queria.

— Imagino que ele tenha vindo para falar sobre o que aconteceu ontem. — Annie explicou, em poucas palavras, sobre a bomba, e o casal mais velho ficou chocado. — Na verdade, viemos aqui hoje por causa disso. Para saber ao certo o que estava acontecendo com Charles antes do acidente e tentar descobrir se o atentado de ontem pode estar associado de algum modo ao desastre que o vitimou.

— É obvio que eu sou um alvo — Poncho explicou. — O problema é que não sei por quê.

— Faremos o possível para ajudá-los — Alma ofereceu. — Que­rem um café, uma bebida?

Annie e Poncho preferiram não aceitar. Tinham pressa naquela con­versa. No entanto, nada que o casal pudesse se lembrar foi de valia. Os dias que antecederam a morte de Charles ainda eram um mistério. Ao fim da conversa, Alma comentou:

— A última vez que vi meu filho foi aqui em casa. Ele veio com Connor. Foi cerca de duas semanas antes do acidente.

— Connor é primo de Charles — Annie explicou a Poncho.

— É. Ele ficava com Charles, às vezes — Alma prosseguiu. — Ele... já foi um bom bioquímico, mas também se envolveu desde cedo com más companhias e passou a beber muito, como Charles. Hoje em dia, não tem nem lugar fixo para morar.

— A senhora sabe onde podemos encontrá-lo?

— Talvez ele continue na casa que Charles alugava...

— E como ele poderia pagar o aluguel se não trabalha? — interveio Robert mais uma vez, em tom de crítica. — Ele esteve aqui pedindo dinheiro emprestado. Você o conhece, Annie. Olhem, se alguém é culpado pelo que houve com Charles, esse alguém é Connor!

Annie e Poncho se entreolharam. Para um pai, era necessário apontar alguém como culpado por arrebatar a vida do filho. Nada mais de significativo foi dito, e pouco depois Alfonso e Anahí se despediram. Já no carro, Poncho comentou:

— Eu gostaria de falar com Connor.

— Ah, ele não é do tipo que falaria com você. É um tanto... fora do padrão, se é que me entende.

— E com você, ele falaria?

— Não o conheço bem. Acho que ele me via como um obstáculo. Como estava sempre com Charles e os dois tomavam grandes bebe­deiras juntos, e eu não participava disso, nunca fui exatamente do tipo que o agradasse.

A conversa encerrou-se nesse ponto, e o restante do trajeto foi feito em silêncio. Mas Annie refletia. Devia haver muito dinheiro por detrás daqueles dois atentados. Muito dinheiro... Mas falar com Connor po­deria, sim, lançar alguma luz no caso. Pelo menos poderiam ficar sabendo por que Charles estava com Alfonso no dia do acidente. E teria de falar com ele longe de Poncho, pois sabia como Connor tinha pre­venção contra pessoas como ele.

Já estava escuro quando chegaram em casa. A porta da garagem, vedada com ripas de madeira, parecia um escudo contra os malfeitores de olho em Alfonso. Ele desceu do carro, sem demonstrar ansiedade ou preocupação.

— Vai querer passar a noite aqui? — Annie perguntou, receosa.

— Por quê, você não vai?    .

Ela deu de ombros. Ficaria com Poncho ali, se ele quisesse, mesmo sentindo-se tensa. Mas ele sorriu e chamou-a até sua sala, de onde se tinha uma ampla vista do lago.

Os olhos de Annie brilharam. Ancorado na margem, estava o iate da família Bryant.

— Vamos ficar ali — Poncho segredou-lhe ao ouvido. — É mais seguro, não acha? Mandei prepará-lo esta tarde. Portanto, pegue tudo o que quiser, e vamos a bordo!

Annie sorriu e bateu continência.

— Sim, senhor capitão!