Fanfic: Lembranças de Você ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso
Capítulo X
Havia uma absoluta sensação de desespero e desapego à vida dentro daquela casa praticamente abandonada. Havia desordem por toda parte, restos de comida estragada, e os odores de essências químicas impregnavam o ambiente pequeno e abafado, fazendo as narinas de Annie arderem.
Connor chamou-a para a cozinha com um gesto vago, impreciso. Ele próprio parecia estar aéreo, alheio a tudo que o rodeava.
Foi com espanto e temor que ela entrou naquele ambiente fétido e cheio de frascos de substâncias fortes, muitas das quais eram tóxicas à saúde humana, mas que, combinadas, produziam drogas poderosas, cuja venda era proibida sem receita médica específica. Mas o que mais alarmava Anahí era a presença de armas. Por que elas estariam ali? Dezenas de rifles, caixas com granadas, revólveres!
Pelo que podia ver, Connor andara fazendo experiências nas últimas horas. Uma dolorosa sensação de pena a tomou. Então, era naquilo que Charles se tornara? Num criminoso? Alguém capaz de manipular substâncias fortes, que criavam dependência nas pessoas? Entendia agora por que ele lhe parecera tão desesperado e arrependido naquela última noite em que a procurara.
— Connor, eu vim para esclarecer umas dúvidas que tenho a respeito de Charles — ela conseguiu murmurar, apoiando-se ao velho e sujo balcão da pia.
— Cuidado com esses frascos! — ele quase gritou. — Sabe quanto custa conseguir essas substâncias?! E fica cada vez mais difícil, sabia? Esses malditos só sabem complicar as coisas!
Annie procurou falar com naturalidade.
— Você e Charles estavam morando aqui antes do acidente? — indagou.
Ele fez uma careta que poderia ser entendida como de sofrimento.
— Charles... Não foi minha culpa sabia? Foram eles! Esses malditos ! E aquele seu marido é um deles! — Connor começou a chorar, deixando Annie desconcertada.
— Bem... mas Alfonso estava no avião também — ela tentou argumentar.
— Eu sei. Mas Charles não devia estar lá! Droga! Venha aqui!
Annie vacilou e Connor agarrou-a pelo pulso, assustando-a. Estava descontrolado e poderia fazer qualquer coisa! Ela estava começando a se arrepender de ter vindo sozinha. Devia ter avisado Alfonso e pedido que ele a acompanhasse.
— Não foi minha culpa, ouviu? — Connor sussurrou no ouvido dela. — Charles não devia estar naquele avião.
—Você tem razão. Ele apareceu de repente. Alfonso não o esperava...
— Ele não devia estar lá! Eu não lhe faria mal! Não era para acontecer daquela forma!
— É claro que não. — Os ouvidos de Annie doíam devido aos gritos de Connor. — Foi um acidente.
— Ele não devia ter vindo aqui! Sei que ia até a policia nos entregar. E eles nos matariam para nos manter calados. Disseram que fariam isso. E quando ele veio, todo arrumado, parecendo o presidente... Charles ficou louco. Nós ficamos apavorados também. Tínhamos que fazer alguma coisa, sabe? Charles tinha que falar com ele. Tinha que ir ao escritório dele e conversar. Sabe, Charles sabia de coisas... Conhecia gente lá na sua empresa. Mas seu marido não deu ouvidos a meu primo. Ele voltou desesperado! Precisávamos fazer alguma coisa!
Annie assentiu. Charles a procurara naquela noite, desesperado. Tudo começava a fazer sentido agora.
— Ele disse que você me ajudaria — Connor continuou. — Mas, droga! Ele não me disse que ia embarcar naquele avião! Eu sabia qual era o avião...
— Você estava no hangar, naquele dia?
— É tudo culpa daquele amaldiçoado do seu marido! Se ele não tivesse vindo aqui, Charles ainda estaria vivo!
Annie engoliu em seco. Connor não pretendia matar Charles, mas sim, Alfonso!
— Meu marido não entregaria vocês à polícia — murmurou.
— Ele disse que ia nos entregar!
— Disse a você?
— Não! A Charles, no escritório! E eu tive de fazer algo...
Annie sabia que tinha de escapar dali o quanto antes. Connor estava completamente fora de si e poderia fazer qualquer coisa. Passou os olhos ao redor, rezando por um milagre.
— Você pode me ajudar? — De repente, a voz de Connor estava suave, humilde.
— Sim, claro, Connor, eu posso ajudá-lo, sim.
Era impossível conseguir um táxi na confusão que se instalara nas ruas por causa da nevasca. Alfonso sentia-se impotente e isso o deixava furioso.
— Poncho! — Ruth surgiu, tremendo, a seu lado. Com muita dificuldade, ela pegou mais um cigarro de sua carteira e acendeu-o. — O que mais seu pai lhe disse? Por favor...
— Nada.
— Oh, droga... Ele está vindo, com a ajuda de Theo e Dulce. — A voz de Ruthsoava frágil, cansada. — Não é segredo para ninguém que ele sempre teve outras mulheres. Theo é um bom exemplo do resultado de suas escapulidas.
Poncho deu-lhe as costas. Não queria ouvir aquele tipo de conversa agora. Estava preocupado demais com Annie para pensar em qualquer outra coisa.
— E agora Theo vai ser pai — Ruth acrescentou, em tom amargo.
— Ah, então ele lhe contou.
— Não. Aquela cobra me contou! Ela! Você precisa fazer algo, meu querido. Onde está Annie? Por favor, não me diga que vocês estão com problemas outra vez... não agora.
— Tudo está bem entre nós.
— Então, pelo amor de Deus, o que está esperando? Que seu irmão herde tudo que é seu?! Você é meu filho! Eu me casei com seu pai, droga! Só você merece herdar a fortuna dele. Nós dois trabalhamos muito para isso. Tenha logo um filho, pelo amor de Deus! E evite que tirem tudo de nós!
Poncho encarou a mãe e viu o desespero em seus olhos.
— Se Theo tiver um filho — disse, calmo —, ele herda o dinheiro equivalente à parte que está estipulada no testamento de meu avô. Mas o que a Rodriguez lucrou degois disso está fora do testamento de Hugh Rodriguez! Eu e meu pai ganhamos muito dinheiro com nossos negócios.
— Você, porque seu pai nunca fez nada que prestasse para a empresa.
— Seja como for, Theo merece o que nosso avô lhe deixou. E saiba que, mesmo se Theo não tivesse esse filho, eu mesmo cuidaria para que ele recebesse sua parte garantida na herança. Papai sabe disso, e me surpreende que você também não saiba.
— Eu sei quem merece o quê! — Dulce,Theo e Alonso saíam nesse momento, e Nola completou: — E Theo não merece nada!
Poncho conseguiu parar um táxi e acrescentou, rápido:
— Entendo muito bem o que está dizendo, mas não concordo.
— Poncho, Dulce não é a primeira mulher que tenta roubar uma parte de nossa empresa! E não será a última. Preste atenção, porque é assim que as mulheres agem!
Alfonso viu quando Ruth jogou o cigarro sobre a neve e encaminhou-se para Alonso. Theo afastou-se do grupo para ir buscar seu carro e levar todos para casa. Poncho, então, pediu ao motorista que esperasse um pouco, prometendo-lhe uma polpuda gorjeta, se o fizesse. Foi até o pai e ofereceu-se para levá-lo para casa no táxi.
— Theo e eu os levaremos — Dulce rebateu de pronto.
— Não. Mudança de planos — Poncho disse simplesmente. Ruth e Alonso entraram no veículo e Alfonso sentou-se ao lado do motorista. Tentou mais uma vez falar com Annie, mas não conseguiu. Então ligou para a casa dos Rowden.
Connor tinha apanhado uma arma. Não a apontava para Annie, mas balançava-a de um lado para o outro. Uma panela tinha sido deixada sobre o fogo, aquecendo uma substância que agora soltava um cheiro forte, acre, e que fazia os olhos de Anahí lacrimejarem.
Connor percebeu e inclinou-se para ver a panela mais de perto. Annie aproveitou para dar dois passos atrás, mas ele a agarrou.
— Você disse que ia me ajudar, mas quer fugir, não é? Acha que tive culpa!
— Não, eu não vou me mover, prometo! — Ela estava apavorada. Connor sorriu e ela pôde ver seus dentes enegrecidos.
— Sabe que conseguimos dinheiro com as substâncias que vendemos a gente que não consegue dormir? — ele perguntou, olhando, como que satisfeito, para os vários frascos sobre a pia. — Nós as fazíamos e as usávamos de vez em quando, sempre que nossa bebida acabava.
Alguns segundos de silêncio se seguiram e ele tornou a mudar de tom:
— Aquele seu maridinho engravatado... Por que ele seguiu Charles? Por sua causa? Porque queria que Charles deixasse sua mulherzinha em paz?
Anahí tentava controlar-se.
— Acho que sim — disse, serena.
— Sabe, eu entendo isso. Um homem não gosta de dividir sua mulher com outro. Mas as mulheres são terríveis... — Ele a olhou e, de repente, encostou o cano da arma em seu rosto, fazendo-a prender a respiração. — Sabe de uma coisa? Não foi minha culpa! Foi culpa dela!
— Dela?
— Dele, dele! — Connor parecia confuso. — Não vai querer saber sobre ela... Charles estava preocupado porque ela poderia causar muitos problemas. E ela não vai parar, sabia?
— Ela... quem?
— As mulheres...
Annie tentava entender. Alfonso também falara numa mulher.
— Alguém colocou uma bomba no carro do meu marido — disse, tentando obter mais informações.
— Não! Não pode achar que fui eu! Foram eles! Os homens do carro preto.
— E quem são eles?
— Gente que faz favores... Sabe, ela não é o que parece ser. É uma camaleoa! Foi isso o que Charles me disse.
— Dulce? — Annie arriscou.
Connor negou com a cabeça.
— Você não gosta dela.
— Não estou entendendo.
Ele se voltou para a panela, que agora produzia um chiado intenso. Soltou Anahí de repente e aproximou-se do fogão.
Annie sentiu que aquele era seu momento. Deu um, dois, três passos atrás e, repentinamente, saiu correndo.
— Ei! — Connor chamou, assustado.
Ela abriu a porta e saiu correndo em meio ao vento e à neve. Caiu, levantou-se, ouviu o som do gatilho e continuou fugindo, alucinadamente. Connor gritava e blasfemava por ter errado o alvo.
Então, com um estrondo ensurdecedor, tudo voou pelos ares, atrás de Anahí. Ela sentiu alguma coisa atingir-lhe a perna, queimando, mas continuou se arrastando pela neve, em direção ao carro. Somente quando o alcançou é que virou-se para olhar para trás, e viu as enormes labaredas que engoliam os restos do que fora, um dia, um lar como qualquer outro.
Poncho ajudou o pai a entrar em casa, mas estava ansioso por ir embora. Anahí estava em perigo, ele sabia. Contara aos pais o que Alma lhe dissera sobre ela ter ido à casa que Charles ocupara, para falar com Connor. Alma dissera que Annie queria ajudá-lo. Que loucura!
Alonso sentou-se na poltrona da saleta íntima com extrema dificuldade.
— Pai... — começou Poncho, mas Alonso o interrompeu:
— Eu não queria que nada de mal lhe acontecesse, filho... mas não tinha fé... e já pedi perdão a Deus por isso.
— Pai, preciso ir ao encontro de Annie. Vou pedir a Ruth que chame seu médico, está bem?
— Não... Ouça. É tudo minha culpa. Fiz escolhas erradas na vida. E isso é um crime! — Alonso começou a tossir e não conseguiu mais parar.
— Chame uma ambulância! — Poncho gritou para a mãe. Depois, explicou ao pai: — Olhe, tenho que ir. Annie está em perigo por ter ido falar com o primo de Charles. Vou embora agora, mas a ambulância estará aqui em poucos minutos, está bem?
— Eu nunca fui ambicioso, filho... mas devia ter sido mais...
Ruth estava ao telefone e Poncho podia ouvi-la dali.
— É um velho caso de amor ao que é proibido... — Alonso prosseguia. — Remédios poderosos, que precisam de receita médica, mas que podem ser conseguidos mediante suborno. Mas agora estou indo embora. Adeus, filho. Não pense mal de mim. Sempre amei você e Theo...
Poncho olhou para o pai, sem saber o que fazer. Ele parecia estar adormecendo... ou perdendo a consciência. Alfonso correu para o táxi e mandou-o seguir por entre a neve e o trânsito. Prometeu-lhe mil dólares desta vez, e o motorista não vacilou em obedecer.
Annie perdera a noção do tempo. Estava enregelada e só conseguia rezar para que alguém a encontrasse. Não conseguia se mexer, porque sentia dores pelo corpo. Podia ouvir o som de sirenes ao longe. Olhou para a perna e sentiu náuseas. Havia um ferimento enorme em sua coxa. Deixou-se cair novamente sobre a neve. O lugar onde estava era remoto, mas nem tanto. Alguém devia ter ouvido a explosão, visto as chamas...
Aos poucos ela perdia a capacidade de raciocínio, a consciência. E foi apenas com uma vaga noção que viu o táxi parar, o homem descer, apressado, tomá-la nos braços.
Ponchoestava apavorado. Não podia perdê-la assim! Abraçou-a contra si, imaginando que, se Annie morresse, seu mundo estaria arruinado. E sua vida, acabada.
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 173
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:23
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:22
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:21
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:21
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:20
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:20
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:19
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:19
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:18
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*
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jl Postado em 13/04/2012 - 09:18:18
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ERA A VELHA DA GWEN U_U Invejosa. QUe final *-*