Fanfic: DESCOBRINDO O AMOR ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

— Não. Por que você não começa pelo batente estragado da porta dos fundos?

Poncho tocou de leve em seu braço.

— Tudo bem. Mas chame-me se precisar de ajuda.

Ela ignorou o pequeno arrepio quando a mão dele pousou em sua pele.

— Chamarei.

Annie começou com a vassoura com uma única mão e varreu nuvens de poeira em direção ao hall.

Enquanto trabalhava, pensou sobre o que diria a Alfonso em re­lação aos estudos dele. Certamente, havia algum tipo de assistência financeira para pessoas que precisavam trabalhar o dia inteiro e queriam estudar à noite. Ele poderia começar na faculdade pública e tirar seu diploma. Isso cortaria as despesas.

Olhando através da janelinha da porta da frente, viu o objeto de sua especulação ajoelhado no gramado do jardim, enrolando os pedaços de carpete e tentando amarrá-los com uma corda.

Annie descansou apoiada no cabo da vassoura e o observou tra­balhar. Os movimentos eram hábeis e eficientes. Ele era organiza­do e ela estava muito contente por havê-lo contratado.

Juntou toda a poeira que conseguiu dentro de uma sacola de mercado e decidiu finalizar o trabalho com o aspirador depois do almoço.

Foi até a cozinha e analisou o conteúdo da geladeira. Normal­mente, sairia para comprar algo pronto, mas entre seus hábitos e o novo orçamento apertado, tomou a decisão de economizar dinhei­ro comendo em casa.

Encontrou geléia que sua avó fizera e deixara em uma das prate­leiras. Estava tentando decidir como fatiar o pão que sobrara na noite anterior quando Alfonso entrou na cozinha pela porta dos fundos.

— O que você está fazendo? — Ele olhou a faca que ela segurava desajeitada na mão esquerda.

Frustrada, Annie virou-se.

— Tentando imaginar como fatiar o pão.

Gentilmente, ele tirou-lhe a faca da mão.

— Eu preparo os sanduíches e você põe a mesa.

— Tudo bem — concordou ela.

Eles trabalharam juntos na cozinha em silêncio e logo estavam sentados para comer.

Continuaram quietos por alguns momentos. Annie concluiu que aquela era uma boa hora para trazer à tona o assunto da educação.

— Alfonso, você já pensou em fazer uma faculdade e então arranjar um trabalho de verdade?

Ele parou de comer e ficou imóvel, apenas erguendo uma so­brancelha.

— Trabalho de verdade? O oposto do que estou fazendo agora?

Ela sabia que colocara mal a pergunta, mas era tarde demais para recuar. Então tomou coragem e, cuidadosamente, escolheu as palavras:

— Eu quis dizer seguir uma carreira. Você sabe, fazer uma fa­culdade e ter uma profissão. Você ainda poderia criar cavalos, não precisaria desistir disso.

Alfonso a estudou longamente antes de falar:

— Você tem alguma coisa contra o que eu faço agora?

— Não. Bem, só acho que faculdade é uma coisa importante. Abre muitas portas.

— Você se refere ao tipo de portas pelas quais vou ter de passar dentro de um terno e dirigindo um belo carro?

Annie contorceu-se na cadeira. Quando Alfonso repetiu seus pen­samentos, eles soaram arrogantes. Ela não quisera dizer que a vida dele era banal.

— Não foi exatamente o que eu quis dizer.

— E o que exatamente você quis dizer? Ela hesitou por um momento.

— Apenas que você tem um potencial enorme.

— E acha que o estou desperdiçando, é isso? — A voz dele soava baixa e ameaçadora.

Anahí engoliu em seco, desejando que nunca tivesse colocado o assunto em pauta.

— Talvez você esteja seguindo o caminho mais fácil.

Poncho continuava a fitá-la com aquele olhar desafiante.

— Você teria vergonha de me apresentar aos seus amigos em Los Angeles? Aqueles de terno caro, carro do ano e faculdade?

— Não. Claro que não — replicou ela, hesitante.

Alfonso largou o sanduíche e pousou as mãos no colo, esforçando-se para manter o humor sob controle.

A hesitação de Annie não lhe passou despercebida. Do que ela achava que estava falando? Ele apostava que nenhum dos homens que ela conhecia em Los Angeles tinha servido à pátria.

E então uma pequena voz soou em sua mente: E nenhum deles jamais tivera seu melhor amigo morto, também.

A raiva que sentiu o fez se levantar.

— Enquanto você está muito ocupada pensando sobre fazer coi­sas, eu necessito fazer. Talvez você devesse tirar algum tempo para rever seus valores. Só porque não uso um terno e faço um trabalho pesado, não significa que o que estou construindo aqui não tem valor. — Ele fez uma pausa. — É um monte de dinheiro no banco que faz a sua felicidade? Talvez você devesse voltar correndo para Los Angeles.

Annie abriu a boca para protestar, mas Poncho a interrompeu:

— Você não tem idéia do que é de fato importante na vida. — Ou de quão rapidamente a vida pode se tornar amarga. Mas ele sabia. E era exatamente a razão de estar seguindo seu sonho.

Annie sentiu-se culpada.

— Acho que você entendeu mal o que eu estava tentando dizer.