Fanfic: DESCOBRINDO O AMOR ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

— Não, entendi muito bem.

— Alfonso, eu...

Ele ergueu as mãos.

— Não diga mais nada. Você só vai piorar as coisas. — Precisava sair dali e se acalmar. Então virou-se e saiu pela porta dos fundos.

Annie o viu partir. Podia ter piorado as coisas ainda mais?

Achava que não. Fizera tudo errado.

Ela levantou-se e levou os pratos para a pia.

Talvez Alfonso tivesse tentado a faculdade e não tivesse obtido sucesso. Ela notara como ele evitara ler as instruções e fazer cál­culos. Talvez tivesse algum problema de aprendizado. Uma inabili­dade. Ela devia ter pensado naquilo antes de tocar no assunto.

Usando o braço bom, lavou a louça. Anahí não o menosprezava, porém desejava entender por que Alfonso queria viver isolado daquela maneira.

Olhou para a porta dos fundos e se perguntou quando ele retor­naria. Precisava se desculpar com ele por se meter onde não fora chamada.

Mas Poncho não voltou naquela tarde. Nem no dia seguinte. Annie manteve-se ocupada, tampando buracos na escada e lixando os de­graus. Não sabia mais o que fazer. As ferramentas dele ainda se encontravam ali, e pelo que sabia, Alfonso ainda estava trabalhando para ela. Poderia ligar, mas nem mesmo telefone ele tinha.

Como alguém podia viver no meio do nada sem um telefone? Como ele chegara em casa? A caminhonete já estava consertada? Ela não fazia nada havia dois dias, exceto pensar em Alfonso. Teria sido fácil andar pela cidade e sondar sobre o rumo dele. Mas, então, todos em Ferndale saberiam que ela estava espreitando a vida de Poncho. E Annie não queria isso.

Ao terminar de limpar o galpão de ferramentas, tirou de lá a última das coisas que levaria para Los Angeles. Começaria a pintar no dia seguinte. Quando fechou a porta do galpão e olhou para o quintal, Alfonso estava nos degraus da varanda de trás, observando-a.

Um grande alívio a invadiu e Annie caminhou na direção dele. Vinha ensaiando suas desculpas havia dois dias.

— Alfonso, sinto muito por ter ofendido você. Eu não pretendia.

Ele assentiu e conduziu-a para dentro da casa.

— Sei que tenho algumas coisas para lhe contar. Eu não deveria ter partido sem avisá-la quando voltaria.

Ele não parecia zangado. Ela o seguiu para a cozinha.

— Você foi para a sua casa?

Poncho assentiu.

— Sim, eu tinha algumas coisas para fazer lá.

— E a caminhonete?

— Consertada. — Ele lhe deu um sorriso seco. — Vamos ver quanto tempo dura.

— Isso é bom.

O silêncio reinou entre eles até que, finalmente, Poncho falou:

— Você quer que eu pegue as minhas coisas e vá embora?

As palavras a pegaram de surpresa.

— E isso que você quer?

 Ele meneou a cabeça.

— Não. Mas irei embora se você não estiver se sentindo confor­tável comigo aqui.

— Alfonso, aquilo foi culpa minha. Eu me intrometi onde não tinha o direito. Quero que você fique e termine o serviço. — E gostaria que você continuasse a dormir aqui, pensou. Sentira saudade dele.

Poncho pareceu aliviado.

— Então eu fico. — Ele a estudou por um momento, em seguida tocou-lhe o ombro. — Como está a clavícula?

Annie quase estremeceu ao toque.

— Oh, ela me avisa quando exagero em alguma coisa.

— E os pontos? — Ele pegou-lhe a mão e ergueu a manga da blusa acima do cotovelo. Então deslizou o polegar pela lateral do corte, provocando-lhe um arrepio que subiu pelos braços. — Parece bem. Posso tirá-los amanhã ou daqui a dois dias, se você quiser.

— Você sabe fazer isso?

— Claro. Não vai doer nem um pouquinho.

Poncho se moveu desconfortável, soltou o braço dela e ficou calado por um bom tempo. Então ergueu os olhos e a encarou.

— Eu estudei. Tenho um diploma de engenheiro.

Annie estava tão chocada pela declaração que não sabia o que dizer. Havia imaginado que ele terminara o colegial e ingressara direto na Marinha.

— Eu não sabia.

— Estudei na Academia Naval de Anápolis. Não queria que meus pais se endividassem para me mandar à faculdade.

— Anápolis? Uau!

— E. Ninguém achou que eu conseguiria por causa da disciplina. Quando adolescente, eu era um pouco impulsivo.

Por que aquilo não a surpreendia? Ela se lembrou de como Alfonso gostava de dirigir rápido.

Annie sorriu, gostando do fato de ele estar se abrindo.

— Então você é engenheiro.

— Sim. E depois que me formei, estava um pouco entediado, quando fui aceito no treinamento das Forças Especiais e encontrei o meu lugar.

— Você gostava da adrenalina da coisa, não é? — Ela pensou sobre a maneira como ele se alegrava com a velocidade e quão impaciente ficava se não estivesse ocupado.