Fanfic: DESCOBRINDO O AMOR ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

— Vou cancelar os dois quartos. Se você não se importar de ficar aqui comigo. — Ela apontou o sofá e esclareceu: — Esse sofá-cama é muito confortável.

— Tudo bem. E podemos fazer uma faxina em pouco tempo.

— Oh, não. Não vamos passar o fim de semana limpando o apartamento. Estamos aqui para visitar a cidade e nos divertir. Está com fome?

Poncho olhou para o relógio da cozinha.

— Sim, mas já passa das onze.

— Isso não é problema. Eles podem fechar todas as portas em Ferndale à noite, mas aqui há muitos lugares para comer a qual­quer hora.

Depois de descarregarem as malas do carro,Annie o conduziu até um pequeno restaurante perto da praia, especializado em frutos do mar e massas.

A massa que Alfonso preparara duas semanas antes era melhor que aquela, porém o jantar foi bom.

Quando voltaram ao apartamento, Annie estava exausta.

Poncho deu uma olhada na piscina.

— Tudo bem se eu for nadar um pouco?

— Você não está cansado? — Afinal, fora ele quem dirigira todo o trajeto.

— Sim, mas necessito de algum exercício físico antes de tentar dormir.

— Claro, vá em frente. Eu estou cansada. — Ela estendeu as chaves a ele. — Vou pegar um cobertor e um travesseiro para você.

No momento em que Annie retornou à sala, Poncho já tinha saído. Ela arrumou o sofá-cama e foi até a janela. Podia vê-lo na piscina, os braços longos e as pernas fortes impulsionando-o. Ele nadava como quem tivesse nascido na água, com total fluidez.

E era tão bonito. Annie, finalmente, entendeu a velha expressão: poesia em movimento. Por um instante, permitiu-se lembrar da sensação que o corpo de Poncho provocara no seu no meio da mata em Fern Canyon. Sentimentos perigosos cresceram e ela rapida­mente os reprimiu.

Queria mostrar Los Angeles a Alfonso, para que não tivesse uma idéia tão negativa sobre a vida urbana. Queria ampliar-lhe os ho­rizontes. Mas não esperava que aquilo mudasse o destino da vida de ambos.

E seus destinos eram separados.

Annie desviou os olhos de Alfonso, escreveu um bilhete para o sín­dico e colocou-o sob a porta dele. Então voltou e foi para a cama. Adormeceu pensando no homem maravilhoso que conhecera.

Na manhã seguinte, eles tomaram o desjejum num bar e depois alugaram uma prancha de windsurfe. Assim que entraram no mar, ficou muito claro que ela não praticara muito o esporte no Havaí, e, com a clavícula ainda dolorida, também não iria praticar naquele dia.

Poncho passou a manhã na água, enquanto Annie o observava da areia.

Às dez horas, o mar estava tão cheio que Poncho mal podia en­contrar espaço para surfar.

Boa coisa, pensou Annie.

— Estou faminta. Que tal almoçarmos?

Quando devolveram a prancha alugada e voltaram ao carro ela notou vidro quebrado no banco de trás. Alguém arrombara seu carro.

— Mas não havia nada para roubar! — exclamou, furiosa pela invasão.

Poncho  apontou para um carro próximo ao dela.

— Você não foi a única. Olhe.

— A praia está lotada. Como podem fazer isso em plena luz do dia, sem ninguém notar?

Ele acariciou-lhe as costas num gesto de cumplicidade.

— Há um telefone público ali. Quer que eu chame a polícia?

Annie sabia que eles não dariam importância a um carro ar­rombado.

— Não, não há nada que eles possam fazer.

— Há uma loja de vidros para automóveis no caminho do seu apartamento. Vamos passar lá e ver quanto tempo levam para colocar.

Ele notara aquilo? Ela nunca percebera. Desanimada, concordou:

— Tudo bem.

O funcionário da loja de vidros os informou que o serviço demo­raria duas horas, então eles decidiram ir para casa caminhando.

— A loja de vidros parece estar num lugar estratégico — co­mentou Alfonso.

— Suponho que sim. — Annie detestava pensar no dinheiro que perderia de desconto na renovação do seguro por havê-lo usado. E mais, sem os inquilinos, teria de pagar o aluguel do próximo mês, também.

— Ei, você não vai deixar que isso lhe estrague o dia, vai?

Ela olhou para ele, dando-se conta de que os planos haviam mudado. Estariam sem carro por duas horas.

— Não — respondeu Annie numa tentativa de sorriso.

Ela tomou banho primeiro e vestiu roupas limpas. Então limpou parte da cozinha enquanto Poncho tomava seu banho. Iria arruinar o fim de semana se o deixasse ajudá-la na faxina.

Depois de comerem uma pizza na pedra ali perto, caminharam para buscar o carro, e Annie percebeu como o dia se tornara quente e poluído. O calor do asfalto irradiava-se através das sandálias.

Não estava certa se podia fazer mais alguma atividade física.

— Que tal irmos ao cinema? Há um complexo de dez salas no shopping.

— Isso é uma conspiração para me levar ao shopping? — Ele a olhou desconfiado.

Annie riu.

— Não. Prometo. — Então cruzou os dedos sobre os lábios como uma menininha.

Enquanto ela procurou uma vaga por quase quinze minutos no terceiro andar subterrâneo do estacionamento do shopping, eles discutiram acerca de qual filme assistir. Acabaram decidindo por um filme de ação. Não era a opção preferida de Anahí, mas o fim de semana não estava indo bem como esperava, então, silenciosa­mente, concluiu que devia aquilo a Alfonso.

Os ingressos para o filme que haviam escolhido estavam esgo­tados. A opção dela não começava antes de uma hora, então acabaram entrando para ver um filme pelo qual nenhum dos dois tinha optado, mas que começaria em cinco minutos.

Assim que entraram na sala, as luzes se apagaram. A maioria dos assentos estava ocupado e só conseguiram se sentar na segunda fileira.

O filme era uma comédia tola de adolescentes. O barulho da criançada sentada ao redor deles era insuportável.

Annie se questionou sobre como Poncho estava agüentando aquilo. Mas não tinha coragem de perguntar.

Quando o filme acabou, Alfonso tocou-lhe o braço. Ela se virou e, antes que pudesse entender o que estava acontecendo, ele lhe deu um beijo de tirar o fôlego.

— Por que você fez isso? — perguntou, ofegante, quando Poncho finalmente a liberou.

As luzes se acenderam, ele a puxou da cadeira e a conduziu para a saída.

— Apenas para que as últimas duas horas não fossem totalmen­te perdidas.

Annie não conseguiu pensar em nada para responder. O shopping estava cheio, como era normal aos sábados. Alfonso parecia desconfortável enquanto caminhava devagar.

— O que você quer fazer agora?

Ela queria provocá-lo dizendo "compras", mas decidiu não ar­riscar irritá-lo.

— Que tal darmos uma caminhada na praia? Meu restaurante predileto fica a uns setecentos metros do meu apartamento.

Ele pareceu aliviado com a sugestão.

— Ótima idéia.

Voltaram ao carro e se dirigiram à praia, que estava cheia de lixo que se acumulara durante o dia. Então caminharam pela areia até alcançarem o restaurante.

Annie não pôde evitar pensar nas praias vazias e tranqüilas de Ferndale. Alfonso era educado o bastante para não verbalizar uma comparação, mas era no que ele estava pensando.

O jantar teve duas horas de espera. Ela devia ter previsto, pois, afinal, era noite de sábado. Ninguém em Los Angeles parecia ficar em casa aos sábados.

Após o jantar, voltaram ao apartamento.

— Amanhã podemos ir até as montanhas e fazer uma caminhada.

— Eu gostaria muito. — Poncho apontou o sofá. — Quer conversar um pouco?

Depois daquele beijo no cinema e de dois copos de vinho no jantar, Annie não a considerou uma boa idéia.

— Na verdade, estou um pouco cansada. Acho que vou me deitar — disse, incerta de poder resistir à tentação.

Levou um tempo enorme para que conseguisse pegar no sono, sabendo que Alfonso se encontrava no cômodo ao lado. No seu sofá. Provavelmente, quase nu.

Gemendo, virou-se na cama. Por que decidira ampliar os hori­zontes de Poncho? Aquilo havia se transformado numa tortura para ela.

Na manhã seguinte, foram para Angeles Crest e pararam o carro num estacionamento lotado. As trilhas estavam repletas de gente. Durante toda a caminhada, Annie pensou no sossego e na tranqüi­lidade de Fern Canyon.

Que piada, pensou, enquanto fazia a mala para voltar na se­gunda-feira cedinho. Tentara mostrar a Alfonso quão bonita uma ci­dade grande podia ser e falhara miseravelmente.

Agora, ela não gostava de cidades pequenas e não estava certa se gostava das grandes, também.

Sentia-se como se tivesse catorze anos. Realmente, não perten­cia a lugar nenhum.

Quando deixaram o prédio, Julie virou-se para olhá-lo. Alfonso levara tudo na esportiva durante o fim de semana inteiro.

— Poncho, desculpe-me.

Ele pareceu surpreso.

— Pelo quê?

Annie meneou a cabeça.

— Pelo fim de semana. Foi horrível.

Alfonso a encarou.

— Você ficaria ofendida se lhe dissesse que foi exatamente o que eu esperava?