Fanfic: DESCOBRINDO O AMOR ( AyA) Adaptada - FINALIZADA | Tema: Anahí y Alfonso

Quando o sol nasceu, não tinha certeza se poderia sobreviver sem ele.

Saiu da cama e se dirigiu à sala de estar para olhar cegamente o noticiário na tevê.

O que faria?

Decidiu ir para a escola. Poderia trabalhar algumas horas antes da reunião dos professores, que começaria às nove. Não fizera nada produtivo no dia anterior.

Enquanto trabalhava, pensou em seus pais e se deu conta de que sempre se culpara pela morte deles, mas tinha culpado a eles também. Culpa dupla. E aos catorze anos não tivera ninguém para conversar, alguém que a ajudasse a superar aquilo tudo.

Recordou-se então da conversa com Alfonso sobre culpa. Era hora de tentar afastar as emoções negativas. Não era mais responsável pela morte dos pais do que eles mesmos. Fora um acidente tolo e sem sentido.

Abaixou a cabeça na mesa e chorou até adormecer.

A próxima coisa que viu foi Dulce chacoalhando-a para acordá-la.

— Você está bem? — A colega parecia alarmada.

Annie esfregou os olhos.

— Estou. Passei a maior parte da noite em claro, tentando afas­tar alguns fantasmas.

Dulce puxou uma cadeira.

— Conte-me.

Annie contou-lhe a respeito da morte dos pais, do acidente e sobre quando foi morar com Bessie.

— Que triste, amiga! Nós duas bem sabemos como crianças po­dem ser frágeis nessa idade. Como você sobreviveu?

Anahí deu de ombros.

— A maioria do tempo sendo revoltada e fechando-me em mim mesma. Eu não queria voltar a Ferndale neste verão porque achava que detestava cidades pequenas, e aquela em particular. Mas des­cobri que o problema não é Ferndale.

Dulce tocou-lhe o braço em cumplicidade.

— E há mais — continuou Annie. — Tomei uma decisão muito tempo atrás de nunca mais amar ninguém, porque perder um amor machuca demais.

— Isso explica a sua constante solidão. Você tem dispensado rapazes que a maioria das mulheres daria qualquer coisa para ter.

Anahí começou a chorar de novo.

— Acho que dispensei o único homem que eu daria qualquer coisa para ter.

— Quem? Rodrigo?

Annie riu entre lágrimas. Há meses não pensava em Rodrigo.

— Não. Ele se chama Alfonso.

Dulce lhe pediu mais detalhes, porém já era hora da reunião de professores.

— Bem, a escolha é sua, mas eu acho que você está dizendo não à felicidade. É tão covarde assim? — perguntou Dulce, levantando-se.

Annie prestou muito pouca atenção durante a reunião. O que a amiga lhe dissera não lhe saía da mente. Ela era covarde?

Enquanto voltava para casa, tentou imaginar sua vida dali a cinco anos. Seria bem-sucedida como escritora? E se fosse, o que mais teria? Passaria a vida escrevendo livros para os filhos dos outros sem nunca ter o seu?

Imaginou se tivesse filhos com Alfonso. Com quem pareceriam? Ele seria um bom pai? A resposta para aquela pergunta era defi­nitivamente sim. Poncho era bom e atencioso e seria um exemplo para uma criança.

Os pais dela haviam falecido e a abandonado. Mas o que ela, Annie, estava abandonando? Ousaria assumir o risco de descobrir?

Às sete da noite, o corretor ligou com duas ofertas sólidas. Eles decidiram dar preferência ao casal que já tinha o financiamento aprovado.

Anahí deveria estar eufórica. Em vez disso, percebeu que seu último laço com Ferndale estava prestes a ser cortado.

No dia seguinte, pediu uma reunião com seu diretor e solicitou uma licença não-remunerada e sem prazo para ela retornar. Ele foi rápido em concordar e diminuir o número de professores que teria de demitir.

Annie recolheu alguns itens pessoais de sua classe e deixou a escola. Deveria se sentir feliz O sonho de escrever estava se tor­nando realidade.

Não tinha ninguém com quem compartilhar a novidade. A única pessoa com a qual tinha vontade de conversar se encontrava a centenas de quilômetros e nem mesmo possuía um telefone.

Em casa, ficou sentada olhando através da janela da sala e ansiando por alguma coisa que passara anos se convencendo que não queria.

Se fosse ver Alfonso, ele a receberia? Ela o havia magoado tanto em sua tentativa de manter o coração trancado...