Fanfics Brasil - Prólogo ANJO GUERREIRO

Fanfic: ANJO GUERREIRO


Capítulo: Prólogo

9 visualizações Denunciar


Prólogo

 

Ele estava sentando na antecâmara, esperando para ser levado à presença deles.

Lembrou-se de outra ocasião em que havia estado sentado esperando. Treze de outubro de 1307. Ele ainda era um homem vivo, acorrentado numa cela de prisão, esperando para ser escoltado até a Câmara dos Advogados para responder por seus crimes. Mas ele não era um criminoso. Ele não tinha batido uma carteira ou cortado a garganta de alguém. Seu único crime havia sido pertencer à ordem sagrada dos Cavaleiros Templários.

Julgando pelo nome do local para onde ia ser levado – a Câmara da Advocacia – alguém poderia acreditar que ele e os inquisidores iriam apenas sentar e ter uma conversa educada. Eles lhe fariam perguntas que ele, como um cavaleiro, estaria obrigado pela honra a responder com toda a sinceridade.

Longe disso.

Eles passaram três dias o torturando, usando cada técnica conhecida – e algumas delas eram assustadoramente criativas – para forçá-lo a confessar crimes que nunca cometera. Eles o trouxeram tão próximo da morte quanto se atreviam sem matá-lo de fato, e então curavam suas feridas, só para começar tudo novamente. Às vezes, os torturadores exageravam na dose e acabavam matando o prisioneiro, cujo coração simplesmente não resistia ao cruel abuso. Mas na época Christopher era jovem e forte, valente e orgulhoso, e ele continuou a viver durante um longo tempo, suportando tormentos indizíveis, até a morte finalmente lhe trazer o alívio definitivo e abençoado.

Christopher, diferente de muitos de seus companheiros, não cedeu à tortura, recusando-se a confessar os crimes que os inquisidores insistiam que havia cometido. Ele não havia feito nenhuma daquelas coisas terríveis. Eles queriam que ele dissesse que a ordem estava interessada apenas em acumular riquezas, que seus cavaleiros eram traidores e covardes, ladrões e assassinos, pecadores que tinham renunciado a Deus e adoravam ao Diabo. Christopher negara todas as acusações, mesmo enquanto quebravam seus ossos e queimavam sua carne. Ele é um verdadeiro cavaleiro, e acreditava que seus companheiros também o eram. Ele permaneceu fiel até a morte por uma causa em que acreditava com toda sua alma e coração. Ele morreu com sua fé em Deus inabalada.

Foi só depois da morte que Christopher começou a se questionar.

Depois de morrer, sua alma foi para o reino crepuscular do Purgatório, onde aguardou enquanto era julgado digno de admissão aos Reinos Abençoados. No Purgatório Christopher viu a Verdade, porque todos os homens e mulheres vêem a Verdade depois de encerrarem seu tempo sobre a Terra. Ele viu a Verdade, e o jovem cavaleiro, agora um dos anjos de Deus, ficou chocado e cheio de raiva.

Christopher viu os cavaleiros templários serem reduzidos a nada. Os cavaleiros não haviam sido destruídos por Lúcifer e seus Anjos Sombrios, seus eternos inimigos jurados, mas pelas maquinações de homens astutos e corruptos. Christopher viu alguns de seus camaradas cederem à mera ameaça de tortura e ansiosamente confessarem crimes terríveis para salvarem a própria pele. Ele viu os Cavaleiros Templários terminarem em ruína e desgraça, seus nobres feitos de coragem e heroísmo esquecidos por todos.

Christopher viu a tudo isso, e não conseguia acreditar. Ele mesmo nunca cometera qualquer um daqueles atos vis, e não podia crer que seus companheiros o tivessem. Só podia haver uma resposta. Deus tinha abandonado aqueles que haviam morrido em Seu nome, defendendo Seus peregrinos.

Esperando no Purgatório, Christopher recebeu outro chamado. Ele foi levado diante dos Arcanjos que estavam decidindo sobre sua admissão no Reino do Céu. Ele observou outros anjos na sua frente. Eles se ajoelhavam em reverência, imploravam perdão por seus pecados, e eram devidamente recebidos na presença de Deus. Os Arcanjos os abraçavam e os carregavam até a bela eternidade.

Quando chegou a vez de Christopher, ele não se ajoelhou. Ele não confessou seus pecados. Ele se manteve de pé, altivo e orgulhoso, um verdadeiro cavaleiro, e confrontou os Anjos de luz com sua fúria.

- Vocês viram o sofrimento que me foi infligido – ele lhes disse. – Eu mantive minha fé em Deus. Por que Ele me abandonou?

- Nenhum mortal pode compreender a mente de Deus – respondeu o arcanjo gentilmente. – Saiba apenas que Ele te ama.

- Amor?! – Christopher gritou enraivecido. – Onde estava todo esse amor por mim quando eu estava sendo torturado por causa da minha fé? O que Ele entende de amor?

- O que você entende de amor, Christopher? – perguntou o arcanjo.

Christopher considerou a questão impertinente. Ele era um guerreiro, um cavaleiro sagrado que tinha escolhido o valor e a glória da batalha ao invés do amor. Amor enfraquecia um homem, fazia seu braço da espada hesitar em meio ao combate.

- Você combate o mal pela glória de Deus, Christopher, ou pela sua? Você realmente põe sua fé no Senhor, ou nos homens? Você se sacrificou por amor a Deus e a seus semelhantes, ou por um falso orgulho? Você se deve perguntar essas questões, Christopher – disse o arcanjo para ele, e seu tom de voz não era zangado, mas suave com tristeza. – Você não pode adentrar ao Reino Abençoado com o coração tão cheio de raiva.

- Pois eu não quero entrar – disse Christopher, desafiador, mas no momento em que falou, viu os brilhantes portões se fechando diante dele, deixando-o para fora. Por um breve momento, sentiu-se tentado a pedir perdão, mas seu orgulho falou mais alto. E ele estava zangado demais.

- Eu continuarei a servir a Deus – disse para o arcanjo. – Pois sou um verdadeiro cavaleiro, e seguirei servindo à Sua causa.

- Você será mandado de volta para o Purgatório, Christopher – disse o arcanjo. – Lá você se juntará aos bravos soldados que travam a eterna guerra contra Lúcifer e seus Anjos das Trevas, que buscam derrubar o Céu e levar ruína e destruição para a humanidade. É nossa esperança que você consiga um dia entender.

Christopher também esperava, mas não achava provável. Deus é que precisava entender. Christopher aceitou o julgamento do anjo e retornou para o Purgatório.

Christopher foi vestido na brilhante armadura concedida aos guerreiros sagrados de Deus, empunhou a espada flamejante e carregou o escudo da honra e da virtude. Ele se juntou a outros homens e mulheres na batalha para conter os arquidemônios do Inferno, que saiam rastejando e serpenteando das profundezas ígneas, buscando destruir os anjos que travavam a eterna guerra contra eles, protegendo a humanidade das forças do mal.

Infelizmente, as forças do mal são poderosas, e os homens – e às vezes os anjos – são fracos.

Um dia, Christopher estava descansando no campo de batalha, exausto da luta do dia, e os Anjos Sombrios vieram até ele. Estava acostumado de vê-los em suas formas demoníacas, suas faces hediondas e distorcidas de ódio e inveja; seus membros contorcidos,  sua pele queimada e marcada por cicatrizes. No princípio ele não os reconheceu pelo que eram, pois estavam usando formas agradáveis.

“Christopher”, eles disseram em vozes sedosas, “nós podemos ver a raiva que te consome. Junte-se a nós. Este não é o seu lugar, lutando por um Deus que não se importa co você. Ele só está te usando. Junte-se a nós e nos ajude a derrubar Deus e colocar o Rei Lúcifer em Seu lugar. Você terá um lugar de honra ao lado de nosso mestre, e será comandante de seus exércitos”.

- Minha querela é apenas com Deus. Posso ter perdido minha fé nele, mas ainda acredito na bondade e na virtude. Eu nunca servirei à causa do Mal – Christopher respondeu. – Eu morri um homem honrado, e continuarei a ser verdadeiro comigo mesmo.

“Chegará o dia em que você se arrependerá dessa decisão, Christopher”, alertou a voz do arquidemônio. “Deus já o abandonou uma vez. Ele o fará novamente”.

Christopher sacou sua espada e, sob a luz do fogo branco, as vozes dos arquidemônios silenciaram.

Christopher permaneceu séculos no Purgatório, lutando ao lado de seus camaradas, outras almas que ainda não estavam prontas para entrar no Céu. Ele sentia orgulho de seu trabalho. Sua espada flamejante e seu escudo resplandecente mantinham a escuridão à distância. Quando, ocasionalmente, ele recordava do breve vislumbre que tivera da paz e da beleza do Reino Abençoado, e sentia um anseio de ir para lá e finalmente repousar, bastava se lembrar dos tormentos que havia sofrido para endurecer seu coração. E continuava a lutar.

E então um dia, num século recém-começado, um século numerado 2000, veio uma convocação. Os Anjos da Luz queriam falar com ele sobre uma missão especial.

Christopher vestiu orgulhosamente a tabarda branca marcada com a cruz vermelha da Ordem dos Cavaleiros Templários sobre sua brilhante armadura, e deixou o campo de batalha para atender à convocação.

FIM DO PRÓLOGO


Compartilhe este capítulo:

Autor(a): mal2000

Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Capítulo Um  Enquanto andava de um lado para o outro na antecâmara do Céu, aguardando impacientemente que os anjos o chamassem à sua presença, Christopher podia olhar do outro lado dos portões que levavam ao reino crepuscular do Purgatório. O céu daquele reino permanecia em eterno crepúsculo avermelhado, porq ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • nath13 Postado em 09/08/2008 - 22:33:48

    UAUU!!
    que web em!!
    to amando!!

  • nathyneves Postado em 28/08/2007 - 10:43:03

    pooossttaaaaaaaaaaaaaa

  • nathyneves Postado em 27/08/2007 - 20:07:32

    Postaaaaaa

  • nathyneves Postado em 24/08/2007 - 15:03:59

    postaa mais !

  • nathyneves Postado em 21/08/2007 - 23:23:32

    1ª leitooraa
    ebaaaa
    amando ta parecendo muito interessante !
    Postaa mais

    Beijooos


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais