Fanfic: ANJO GUERREIRO
Capítulo Um
Enquanto andava de um lado para o outro na antecâmara do Céu, aguardando impacientemente que os anjos o chamassem à sua presença, Christopher podia olhar do outro lado dos portões que levavam ao reino crepuscular do Purgatório. O céu daquele reino permanecia em eterno crepúsculo avermelhado, porque o sol nunca nascia ali, nem se punha completamente. Como não existia dia, tampouco havia noite. Purgatório era um campo de batalha, onde as almas que ainda não eram consideradas preparadas para entrar no Céu continuavam a servir a Deus ajudando voluntariamente na luta eterna contra o Anjo Negro, Lúcifer, e seus arquidemônios.
As batalhas eram terríveis, pois os arquidemônios usavam armas aterradoras. Christopher carregava muitas cicatrizes com orgulho. Ele era um soldado corajoso e, graças ao seu valor, foi recompensado com a honra de comandar uma legião de guerreiros sagrados. Seus feitos de coragem eram lendários entre os anjos guerreiros do Purgatório. Com certeza era por essa razão que ele tinha sido convocado por seus superiores. Os arcanjos deviam ter uma missão especial para ele.
Ele escutara rumores que ultimamente a guerra entre o Bem e o Mal não estava indo bem. Alguns chegavam a sussurrar que os Anjos da Luz estavam perdendo! De fato, os arquidemônios e seus servos, que combatiam os guerreiros sagrados estavam ficando mais audaciosos e agressivos. Eles atacavam em maiores números, e Christopher e seus camaradas precisavam se esforçar muito para escorraçá-los de volta para o Véu das Trevas de onde saiam.
Os boatos diziam que os Anjos Sombrios tinham desenvolvido uma nova tática. Eles estavam lutando a guerra em duas frentes. Continuavam tentando tomar o Céu de assalto, sobrepujando e destruindo os anjos guerreiros. Mas além disso, estavam tentando derrotar o Paraíso através de planos mais sutis e insidiosos.
Christopher nunca confiava em boatos. Um verdadeiro cavaleiro não prestava atenção a mexericos. Rumores sinistros como aqueles só serviam para prejudicar a moral das tropas. Mas à medida que as batalhas se tornavam cada vez mais ferrenhas, Christopher não podia deixar de pensar se não haveria alguma verdade naquilo que seus camaradas vinham dizendo.
Enquanto pensava naquilo, ele também pensava que deveria estar em campo com seus homens, ao invés de perder tempo na antecâmara, quando escutou vozes. Christopher parou de andar. As vozes vinham do reino de seus superiores. Ele podia ouvi-las através do portão, que estava fechado apenas parcialmente.
Os querubim eram os “porteiros” do Reino do Céu, encarregados de abrir e fechar os portais astrais que separavam um reino do outro. Eles também elas mensageiros celestiais, e havia sido um querubim, um brilhante e ambicioso jovem anjo chamado Derrick, quem levará a mensagem convocando Christopher do campo de batalha, e, em seu nervosismo, aparentemente tinha esquecido de fechar e selar o portal.
Christopher cerrou o cenho e balançou a cabeça. Derrick havia sido um príncipe franco, morto no século 12 quando se perdeu numa floresta. Ele sempre desejara ser um guerreiro sagrado, e ficava sempre importunando Christopher, pedindo para que o permitisse entrar nas fileiras dos soldados do Purgatório. O querubim era decidido e entusiasmado, e sua coragem era inquestionável, mas ele também tinha uma tendência para ser descuidado e indisciplinado. Esquecer de fechar o portal astral entre os reinos era um bom exemplo disso.
Christopher não tinha o hábito de bisbilhotar, pois considerava tal ato desonrado e abaixo dele. Mas não pode evitar de ouvir a conversa mantida por seus superiores. Ele conseguia escutar claramente o que os dois arcanjos falavam.
Ele estava a ponto de interrompê-los e informar que o portal astral estava ainda aberto, e se oferecer para fechá-lo para eles, quando percebeu que estavam falando a seu respeito.
- Você tem certeza de que Sir Christopher de Molay é o homem certo, Christian? – o anjo falando era o Arcanjo Dominic, um dos comandantes de todas as forças do Purgatório. Christopher não conhecia o outro anjo, o chamado Christian.
- Ele foi um Cavaleiro Templário, Arcanjo – respondeu o anjo Christian. – Ele morreu como um mártir, defendendo sua fé. Ele é um galante guerreiro que tem servido com distinção durante séculos. Sir Christopher é conhecido por sua coragem, sua força, sua fortitude...
- E também por sua natureza rebelde e obstinada – completou o Arcanjo Dominic em tom áspero. – de Molay é uma das poucas almas que escolheram deliberadamente permanecer no Purgatório ao invés de se arrependerem de seus pecados e serem admitidas no Céu.
Christian deu de ombros. – É eu sei tudo sobre sua querela com Deus. Eu mesmo já tive meus arranca-rabos com o Velho...
- Anjo Christian – bradou o arcanjo – nós não nos referimos ao Pai Celestial como “O Velho”!
- Ah, Ele não liga – disse Christian com entusiasmo. – Eu e Deus somos amigos das antigas. Ele jogador de gamão infernal!
- O que você disse, Christian?! – perguntou Dominic, chocado.
- Upa, me desculpe, Arcanjo. Eu quis dizer que Deus é um excelente jogador de gamão.
Christopher sorriu para si mesmo, esquecendo completamente que não devia estar escutando aquela conversa, e se perguntou de onde teria saído aquele anjo Christian.
- Eu devo admitir que foi justamente o espírito independente de de Molay que fez com que o escolhêssemos para esta missão – disse Dominic. – Mas eu ainda tenho minhas dúvidas.
- É o que faz dele humano – disse Christian com entusiasmo. – Confie em mim, ele vai se adaptar sem problemas. Eu sei, porque já estive na Terra uma vez.
- De fato – disse o Arcanjo Dominic num to gélido. – E todos sabemos como aquilo terminou. Nós não estamos acostumados a pagar fiança para um dos nossos. Foi muito constrangedor!
- Foi tudo um mal-entendido – respondeu Christian. Eu fui até aquele bar clandestino em Chicago para tentar persuadir uma extremamente doce mas muito ingênua garota do Kansas que dançava por lá de que ela nunca seria uma estrela e que era melhor voltar para casa. Ninguém me informou que Eliot Ness ia dar uma batida justamente naquela noite.
- Você foi pego jogando na roleta – acusou o arcanjo.
- Ei, eu tinha que representar meu papel! – defendeu-se Christian. – E salvei a garota. Ela voltou para o Kansas, se casou e teve doze filhos – ele deu um suspiro. – Acho que ela nunca me perduou.
- Isto não é sobre você, Christian, caso já tenha se esquecido – disse Dominic severamente. – Estávamos discutindo sobre de Molay e nossos planos para ele.
Christopher franziu a testa. Ele não estava gostando do rumo que a conversa estava tomando. Parecia mais um dos planos de Deus para ensinar ao obstinado cavaleiro mais outra lição sobre amor e humildade, paciência, misericórdia e compaixão.
Ele se lembrou de uma ocasião, quando ainda era um homem vivo, em que desobedecera as ordens de seu superior para recuar durante uma batalha desesperada. A verdade era que o homem não passava de um tolo que tinha entrado em pânico e, se Christopher tivesse obedecido, a batalha poderia ter sido perdida. Ao invés disso, Christopher e seus homens ignoraram a ordem e sustentaram sua posição. Eles impediram o inimigo de romper suas linhas e eventualmente os reforços chegaram e salvaram o dia. Christopher havia estado certo e seu superior errado, e mesmo assim o Alto Comando fez com que o cavaleiro se desculpasse com o idiota, como uma lição de obediência. Ele se recusou, e a questão foi resolvida numa justa entre os dois, em que Christopher derrubou o outro de seu cavalo.
E então veio a Inquisição.
“Onde estava a compaixão e misericórdia de Deus enquanto eu e meus companheiros éramos martirizados?” ele pensou com amargura.
- Você tem razão, Arcanjo – disse Christian em to humilde – vamos voltar a Sir Christopher. Me disseram que você quer alguém que tenhamos certeza de que não é um traidor. Alguém que nunca tenha sucumbido à tentação. Alguém que não tenha sido atraído para o outro lado por promessas de poder, glória e liberdade, sem falar em álcool, mulheres e jogatina...
- Mulheres? Jogatina? Por favor, tente manter em mente o assunto em pauta, Christian – disse Dominic friamente.
- Você não é de sair muito, não é mesmo, Arcanjo? – Christian disse, balançando a cabeça. – Pena. De qualquer modo, eu posso garantir que a lealdade de Sir Christopher de Molay está acima de qualquer suspeita.
- Nenhum de nossos anjos guerreiros estão acima de suspeita – retrucou Dominic numa voz soturna.
- Sir Christopher permaneceu leal aos Templários mesmo depois de três dias de tortura – argumentou Christian em sua defesa. – Seu corpo foi quebrado, sua pele arrancada de seus ossos. Foi estripado vivo, forçado a observar e sofrer enquanto seus órgãos eram arrancados...
Christopher apertou os dentes e fechou os olhos, seus punhos cerrados. Ele ainda recordava vividamente cada agonizante momento.
- Tenho que admitir que de Molay estaria entre os últimos de quem eu desconfiaria de traição – Dominic estava dizendo. – Ainda assim, não há como negar o fato de que alguns de nossos anjos guerreiros fecharam os olhos e permitiram que poderosos Anjos Sombrios se esgueirassem para fora do Inferno e se dirigissem a Terra. E sabemos que Christopher já foi abordado por eles no passado...
Subitamente Christopher se deu conta do que estava fazendo. Ele não tinha o direito de espionar seus superiores. Mas eles tampouco podiam dizer aquelas coisas sobre ele. Christopher escancarou o portal com tanta força que ele se chocou contra as laterais da barreira celestial com um estrondo. Ele marchou orgulhoso e irritado para dentro.
A expressão do Arcanjo Dominic ficou ainda mais severa. – Você estava nos espionando, de Molay?
- Eu jamais faria algo tão desonroso Arcanjo – respondeu Christopher com calma dignidade. – Vocês esqueceram de fechar o portal e eu não pude evitar de ouvir suas palavras. Até onde sei, vocês talvez até quisessem que eu escutasse.
- Sir Christopher – disse Christian sorridente. – Ouvi falar muito de você. É tão bom que finalmente nos conhecemos.
Christian era um anjo de aparência jovem, o quê, se tratando de seres imortais, não significava muito. Seu manto estava um pouco gasto, suas asas meio mal cuidadas. Mas seu rosto era jovial e o sorriso contagiante. Ele parecia estar se divertindo com alguma piada particular imensamente. Em comparação, Arcanjo Dominic era um daqueles que levavam seus deveres e a si mesmos muito a sério. Ele era alto e magro, sua expressão rígida e severa. Seu manto estava imaculadamente limpo, e cada pena em suas asas estava no devido lugar.
- O querubim deve ter deixado o portal aberto – disse Dominic, irritado. – Eles será repreendido...
- Não, não, Arcanjo – disse Christian, apressadamente. – Não foi Derrick. Bom menino, o Derrick. Temo que tenha sido eu. Sempre deixo portais abertos, luzes acesas...
O arcanjo Dominic lançou um olhar gélido na direção de Christian, e o anjo teve a decência de parecer compungido, antes de dar uma piscadela conspiratória para Christopher.
Christopher não estava certo de aprovava este irreverente anjo Christian. Christopher se identificava mais com Dominic. Ele também levava muito a sério suas obrigações. E era esta a razão porque se sentira tão ofendido com as injustas insinuações contra sua lealdade.
- Se você sabe que os Anjos Sombrios me procuraram, meu Senhor, então também sabe que os rechacei e a suas ofertas malignas.
- Como também recusou o Paraíso – disse Dominic, asperamente.
Christopher encarou seu superior desafiadoramente. – Eu sou um verdadeiro cavaleiro, meu Senhor. Eu assumi votos de honra e lealdade em vida, e permaneço fiel a eles na morte. Foi Deus quem traiu minha confiança.
- Como eu temia – disse o arcanjo. – Você não é adequado. É demasiado obstinado e rebelde!
- Pelo contrário – argumentou Christian. – Ele é maravilhosamente humano. Será perfeito para o trabalho.
Christopher não fazia idéia de que “trabalho” eles estavam falando, e não planejava ficar para descobrir. – Se me der licença, meu Senhor, eu devo retornar para meu comando – ele disse, fazendo uma reverência.
O Arcanjo Dominic encarou Christian com seu costumeiro olhar severo. – Você deverá supervisioná-lo enquanto ele estiver na Terra. Ele será sua responsabilidade. Tem certeza de que confia nele?
O arcanjo baixou o tom de voz. – Lembre-se, Christian, você também estará sendo testado. Nós estamos lhe dando mais uma chance. Se falhar nessa missão... – e balançou a cabeça, ameaçadoramente.
- Eu vou voltar a pintar o pôr do sol – disse Christian, rolando os olhos. – Não que eu não goste do serviço, mas é sempre a mesma coisa todo dia. Rosa e vermelho, roxo e dourado espalhado pelo céu...
- Deixe de tolices, Christian – disse Dominic. – O pôr do sol é fenômeno perfeitamente natural. Por favor, mantenha-se no assunto em questão.
- Desculpe, Arcanjo – respondeu Christian humildemente. – Nenhum senso de humor – sussurrou de lado para Christopher.
- O que você disse, Christian? – perguntou o arcanjo.
- Eu estava me perguntando se já tomou uma decisão em relação a Christopher?
Dominic franziu a testa pensativamente durante alguns momentos, e então disse: - Pode explicar a missão para ele. Talvez não concorde em aceitá-la.
Christopher fez outra reverência em silêncio, calmo por fora, furioso por dentro.
- A situação com os Anjos Sombrios está cada vez mais preocupante – começou Christian, desta vez bastante sério. – Eles estão recorrendo à usar a humanidade em sua guerra para destronar Deus e conquistar o Céu. É um fato lamentável que alguns mortais escolhem se aliar aos Caídos. Tem sido assim desde o inicio dos tempos, mas nós sempre fomos capazes de impedir que os Anjos Sombrios ganhassem acesso direto à humanidade. Eles sempre precisaram agir através de intermediários, humanos que caíram vítimas de suas mentiras, o que dificultava seu trabalho.
- Mas agora, como você já deve ter ouvido, alguns dos mais poderosos Anjos Sombrios tiveram êxito em escapar do Inferno e se infiltrar na Terra. Agora eles têm acesso direto aos humanos, e acreditamos que estão planejando lançar a mundo no caos e trazer toda a humanidade à beira da destruição. Enquanto nós anjos de luz lutamos para salvar os mortais, esses poderosos Caídos poderão tomar o Céu de assalto e escravizar todos na Terra. Você já viu as almas perdidas no Inferno, Sir Christopher – acrescentou Christian com tristeza na voz. – Você conhece os tormentos que eles têm de suportar. Imagine a humanidade inteira sofrendo o mesmo.
- Os Perdidos não recebem mais do que merecem, meu Senhor – disse Christopher asperamente.
- Alguns mortais são realmente maus – concordou Christian – e eles merecem sua punição. Mas a maioria dos humanos é apenas fraca e mal orientada. Nós nunca desistimos de ninguém, como você bem sabe, Sir Christopher.
Christopher não respondeu, fingindo não entender o que o anjo estava querendo dizer. Ao invés disso, perguntou diretamente que eles pretendiam fazer.
- Vocês pretendem me mandar de volta para a Terra para combater os Anjos Sombrios? – Christopher descansou a mão no punho de sua espada. Talvez aquela missão não fosse tão ruim quanto ele havia imaginado.
Christian ergueu as sobrancelhas em alarme, olhando para Christopher assustado.
- Não, não, nada disso – ele disse apressadamente. – A última coisa que queremos é uma guerra celestial na Terra. A humanidade já tem problemas suficientes sem precisar de mais esse. Nós queremos que você colete informações e traga-as para nós. Nós sabemos quais humanos são alvos e achamos que sabemos porquê. Só não sabemos quais são os planos dos Anjos Sombrios. Isso é o que você precisa descobrir.
- Sou um guerreiro, não um espião – Christopher disse, se empertigando.
- Pense nisso como uma missão de reconhecimento – respondeu Christian, apaziguador.
- Vocês podem mandar qualquer um dos anjos menores para essa tarefa. Até um querubim como Derrick – Christopher disse desdenhoso. – Esses humanos que mencionaram têm seus próprios anjos da guardas, que podem fornecer as informações de que precisam. Eu não entendo por que escolheram a mim.
Dominic e Christian trocaram olhares.
- É melhor contar para ele – disse Dominic.
- Porque existe um elemento de risco – Christian admitiu. – O anjo que protegia o ser humano que queremos que você vigie desapareceu.
- Desapareceu? – Christopher repetiu, chocado. – Como isso é possível?
Ele sabia que, de todas as hostes celestiais, os anjos que aceitavam a responsabilidade de guardar um ser humano do nascimento até a morte estavam entre os mais leais e dedicados.
- Temos razões para acreditar que o anjo foi assassinado, Christopher. Pelos Anjos Sombrios. Seus poderes são maiores na Terra. Não os subestime.
- Meus próprios poderes são formidáveis – disse Christopher orgulhosamente.
Christian deu uma tossidela envergonhada. – Estou certo de que são, Christopher, mas... hum... você está proibido de utilizá-los. A humanidade não pode sequer desconfiar de uma crise de tamanha magnitude. Haveria pânico. Os humanos poderiam perder sua fé em nós. Esta missão deve ser cumprida com a maior discrição. Como um Cavaleiro Templário, você foi um monge, assim como um guerreiro. Mas agora o monge deve prevalecer: paciente circunspeto, silencioso e cuidadoso.
Christopher tinha sido um monge, mas não um muito bom. Alguns votos eram mais fáceis de seguir do que outros. Votos de coragem e lealdade eram simples, já o de obediência...
- Por que simplesmente não designar outro anjo da guarda para o mortal? – ele perguntou.
- Os arquidemônios poderiam perceber que já sabemos sobre eles – respondeu Dominic. - Nós queremos induzi-los a um falso senso de segurança. Esta é a razão pela qual você precisa manter-se afastado, Christopher.
Christopher achou esse plano estúpido, um que colocava o humano em perigo. Ele pensou em argumentar, mas notou o olhar austero do arcanjo, lembrando que não lhe competia questionar a sabedoria de seus superiores. Sem dúvida eles sabiam o que estavam fazendo. Eles eram os generais, dirigindo todo o campo de batalha. Ele era apenas um simples soldado.
- Então, se vou para a Terra, vou me tornar humano novamente? – perguntou Christopher.
- Sim – respondeu Christian. – Espero que isso não seja um problema. Faremos o possível para facilitar a transição.
Christopher ficou em silêncio, pensativo. Ele não tinha certeza se voltar para a forma e a fraqueza humana seria um problema ou não. Tantos séculos haviam passado desde que deixara tudo aquilo para trás. Ele mal conseguia se lembrar como era ser humano.
Ele ainda não estava certo se aquela não era outra tentativa dos anjos de ensinar-lhe uma lição. Mas os Anjos Sombrios haviam escapado em seu turno de vigia, e por isso sentia-se responsável.
- Eu darei o melhor de mim, meus Senhores.
- Excelente – disse Christian, obviamente satisfeito. – A mulher humana que você devera vigiar...
- Mulher humana?! – Christopher interrompeu, franzindo o cenho. – Por que os Anjos Sombrios se aproximariam de uma mulher? Que importância uma simples mulher poderia ter para a causa das Trevas? Vocês devem estar enganados. Os demônios com certeza estão procurando um homem mortal.
O arcanjo Dominic ergueu os olhos para o Céu. Christian parecia um pouco envergonhado, e fingiu não ter ouvido a interrupção, continuando a explicação.
- O nome da mulher é Dulce Duncan. Ela tem 27 anos e trabalha com finanças. Nós acreditamos que os Anjos Sombrios a escolheram para tentar causar algum estrago na situação financeira mundial.
- Uma mulher envolvida em finaças?! – Christopher perguntou incrédulo. – Como isso é possível? Mulheres são criaturas débeis e frágeis. Elas não têm a capacidade para entender assuntos tão complexos.
- Eu avisei, Christian – murmurou Dominic.
- Sim, bem... – Christian tossiu de novo. – Os tempos mudaram desde o século XIV, Christopher.
- Obviamente não para melhor – declarou Christopher. – Se estão permitindo que mulheres trabalhem com negócios e finanças, não me admira que mundo esteja no caos.
- Preciso falar com você, Christian – disse Dominic, e completou, rispidamente: - A sós.
Christopher curvou-se para seus superiores e, girando nos calcanhares, saiu da câmara. O arcanjo não se esqueceu de fechar cuidadosamente o portal atrás dele.
Mais uma vez à espera na antecâmara, Christopher pensava em sua nova missão. Ele voltaria a ser humano. E sua tarefa seria vigiar uma mulher.
Ele não conhecera muitas mulheres durante sua vida. Sua mãe havia morrido dando à luz a ele, que fora criado por seu pai sozinho. E é claro que teve sua cota de prazer com as mulheres. Antes de assumir seus votos sagrados como cavaleiro, muitas adoráveis ladies da corte tinham demonstrado muita satisfação em receberem o belo jovem em suas camas. Ele até pensara estar apaixonado uma ou duas vezes. Tinha havido uma mulher em especial... mas ele nunca se casara, ou mesmo sentira o desejo de se casar. A guerra era sua verdadeira amante. Christopher se unira à Ordem dos Templários aos dezesseis anos, e morreu aos 26. Lutar não deixava muito tempo para as coisas do amor. Seu amor tinha sido o campo de batalha, ganhar glória para si e para a ordem da cavalaria.
Quanto às mulheres, ele considerava a maioria delas criaturas adoráveis mas frívolas, dadas a caprichos e picuinhas, e dificilmente razoáveis. Como crianças, eram incapazes de concentrar a atenção em qualquer assunto sério, razão pela qual os homens precisavam pensar por elas. Christopher decidiu que iria simplesmente confrontar essa tal Dulce Duncan como faria com uma criança, faria suas perguntas e exigiria as respostas.
Aquela missão seria bem fácil, afinal de contas.
Dentro da Câmara, o arcanjo estava balançando a cabeça. – Estou começando a ter sérias dúvidas quanto a tudo isso, Christian.
- Sir Christopher co certeza terá se ser instruído nos costumes do Século XXI – disse Christian.
- Com toda certeza! – retrucou Dominic asperamente. – Mas eu suspeito que existem limites bem definidos para o que seremos capazes de ensinar a ele. Você pode tirar o garoto do século XIV, mas não creio que possamos tirar o século XIV do garoto.
- Ele não vai ficar na Terra por muito tempo – disse Christian. – E eu estarei lá para ficar de olho nele.
- Por alguma razão isso não me tranqüiliza muito – disse Dominic.
- Talvez essa experiência seja exatamente o que ele precisa para abrir seu coração para Deus – disse Christian esperançoso.
- Ou talvez fechá-lo em definitivo – completou Dominic soturnamente. – Christopher de Molay sempre caminhou sobre a divisa entre a Luz e as Trevas. Isto pode fazer com que ele passe para o outro lado.
- Eu tenho fé – disse Christian sorrindo.
- Belo anjo você seria se não tivesse – respondeu Dominic sarcasticamente.
- Então, posso prosseguir? Tenho sua bênção?
- Sim – disse Dominic, completando, com um profundo suspiro: - Tenho a impressão de que vocês vão precisar.
- Eu vou contar a ele – disse Christian, satisfeito, e então deixou o Céu, na direção da antecâmara, deixando o portal aberto.
Dominic, com um suspiro de frustração, convocou Derrick para fechá-lo. Quando o querubim foi embora e o arcanjo ficou sozinho, voltou a examinar os planos. Ele estava mandando para a Terra numa importante missão um anjo bem-intencionado, de alma simples e cuja auréola estava mais do que um pouco manchada para supervisionar um cavaleiro rebelde conhecido por sua arrogância e que estava com um pé nas chamas do Inferno.
Dominic seu um amplo sorriso. Tudo estava indo de acordo com o plano.
Autor(a): mal2000
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Capítulo Dois Espere... espere...Dulce observou enquanto a bola caia na máquina. Ela apertou o bastão de alumínio entre seus dedos, se lembrando de controlar sua respiração, e manter o olho na bola. Inclinou o corpo para frente, se preparando. A bola foi cuspida da máquina de arremessadora como se tivesse sido disparada ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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nath13 Postado em 09/08/2008 - 22:33:48
UAUU!!
que web em!!
to amando!! -
nathyneves Postado em 28/08/2007 - 10:43:03
pooossttaaaaaaaaaaaaaa
-
nathyneves Postado em 27/08/2007 - 20:07:32
Postaaaaaa
-
nathyneves Postado em 24/08/2007 - 15:03:59
postaa mais !
-
nathyneves Postado em 21/08/2007 - 23:23:32
1ª leitooraa
ebaaaa
amando ta parecendo muito interessante !
Postaa mais
Beijooos