Fanfic: ANJO GUERREIRO
Capítulo cinco
Dulce estava sentada numa finamente decorada mesa no Charlie Trotters. Ela havia bebido um pouco de vinho, certamente um pouco demais, mas era muito bom; como beijos líquidos roubados num vinhedo no sul da França. Eles já tinham terminado o jantar, e esperavam pela sobremesa e o café.
Javier pediu licença por um momento. No momento em que se levantou, garçons apareceram para trocar seu guardanapo, e também encheram de novo a taça de vinho dela.
Dulce bebericava o vinho, desfrutando da beleza ao seu redor e da memória de uma fantástica refeição. Ela tinha se preocupado tanto por nada. Eles não tiveram A Conversa. Falaram de coisas interessantes, como sempre; Javier era um homem culto e fascinante. Ele não dominava a conversa, encorajando-a a falar, escutando-a com atenção. Este tinha sido o encontro perfeito. Ele era o homem perfeito.
Por que, então, ela estava com a sensação de havia algo errado?
- Ele é charmoso, atencioso, romântico e bonito – Dulce murmurou para si mesma. – Todo mundo que conhece Javier pensa que ele é perfeito. Bom, nem todo mundo.
Os pensamentos de Dulce se voltaram novamente para o estranho interlúdio com Christopher o porteiro. Ela estava de pé na porta da limusine ajeitando seu vestido, quando seus olhos se encontraram. Ela teve então a estranha sensação de que ele estava tentando lhe dizer alguma coisa, mandar-lhe um aviso. Ela podia ter desconsiderado isso tudo como mero ciúmes, e se sentido lisonjeada, até divertida, exceto por um momento em que aqueles olhos tão, tão azuis se fixaram nos dela, fazendo um arrepio percorrer-lhe o corpo dos pés à cabeça. Um momento em que ela quis esquecer a limusine, agarra-se a ele e gritar “O que há com você? Me diga o que você sabe!”
Mas por que ele deveria saber de alguma coisa? E por que ela deveria se importar com o que ele sabia ou não? Era tudo muito confuso. Dulce bebeu um pouco mais de vinho e se perguntou por que Javier estava demorando tanto. Talvez ele tivesse ido dar um telefonema. Celulares eram proibidos em Charlie Trotters. E quanto ao fim da noite? Ela queria dormir com ele. Realmente queria. Ela estava pensando nisso quando ele voltou para a mesa.
Colocando a mão no bolso, ele disse: - Eu pedi ao garçom para esperar um pouco com o crème brûlée, para eu te dar isso.
Ele tirou uma caixa comprida de veludo do bolso e a colocou sobre a mesa na frente dela.
Dulce estava sem palavras, olhando para a caixa, e depois para Javier.
- Você não...
- Por favor, abra antes de me dizer que eu não devia ter feito isso – ele sorriu ara ela.
Dulce abriu a caixa, onde repousava um bracelete, com uma fileira de esmeraldas cercada por duas fileiras de diamantes. Dulce engasgou e então recuperou o fôlego. Ela pôs uma mão sobre a boca e olhou fixamente para a jóia. Depois, voltou-se para Javier.
- É maravilhoso! Eu nunca vi nada parecido com isso! – ela tocou o bracelete sem acreditar.
- Isso porque não fazem mais esse tipo de coisa. É uma peça única. Ela tem história – ele tirou o bracelete da caixa.
- Deixe-me colocá-lo em você.
- Obrigada. Este é um presente maravilhoso. Eu não esperava. Você tem sido tão maravilhoso para mim...
- Eu gosto de ser maravilhoso para você – ele respondeu. – Diamantes e esmeraldas combinam com você.
- Dulce admirava a jóia. Naquele momento, ela se sentiu perfeita e completamente feliz, e com isso repreendeu a si mesma. Ele era perfeito. O que só podia dizer que havia alguma coisa errada com ela. Por que ela precisava remoer e remoer cada palavra e gesto? Por que ela não podia se permitir ser feliz num relacionamento? Ela quase conseguia ouvir a voz de sua mãe, fazendo a mesma pergunta.
- Esta noite está sendo perfeita – ela disse, sorridente.
- Tão perfeita que eu não quero que acabe – ele completou pegando na mão dela.
Era sua imaginação ou ele dera uma ênfase maior no acabe?
Ele confirmou o que ela pensava com as próximas palavras que disse. Elas eram ternas, carinhosas, mas havia um significado por trás delas que Dulce não podia ignorar.
- Um homem não pode esperar para sempre, Dulce – ele disse suavemente. – Eu sei que você tem um certo receio porque sou um cliente – e ele acrescentou, meio brincando, meio sério - Talvez fosse melhor que eu não fosse...
- Não – disse Dulce apressadamente. – Por favor. Eu sei. Eu tenho sido excessivamente cautelosa. É justo que... – ela olhou nos olhos dele e viu desejo. E ela sentia o mesmo. É claro que ela sentia desejo. Ele era maravilhoso, não era? Ora, pro inferno com tudo aquilo! A vida é curta! Aproveite!
Ela sorriu para ele. Ele sorriu de volta. Tudo estava acertado.
Pelo resto da noite, ela foi consumida pela febre da ansiedade. Dulce sentia agudamente cada toque dele: quando seus dedos tocavam suas costas para guiá-la através da porta, quando seus joelhos tocavam nos dela ou a mão dele pegava na sua. Cada toque parecia ser um movimento deliberado e calculado da parte dele. Cada um era perfeito. Ele nunca segurava a mão dela tempo demais e nunca pressionava os joelhos demais.
Naturalmente, ele tinha experiência com mulheres, Dulce pensou. O que ela esperava? Um garoto ansioso? Não, pobre coração, você queria um homem, e agora tem um. Um homem de verdade. Pare de se sabotar!
- Você está tão calada, minha querida. Algo a incomoda? – Javier perguntou enquanto voltavam para a casa dela.
- Não – Dulce sorriu para ele e apertou de leve sua mão. – Não é nada.
Ele se debruçou sobre ela para beijá-la apaixonadamente, segurando seu rosto com as duas mãos. Seus olhos eram tão negros, que Dulce não conseguia distinguir a íris da pupila. Eles pareciam puxá-la, e ela se deixou mergulhar neles.
A limusine chegou no prédio dela.
Dulce se soltou do beijo e perguntou, um tanto nervosa: - Você gostaria de subir para beber alguma coisa? Um conhaque, talvez?
- Sim, conhaque seria bom – respondeu Javier com ar malicioso.
Dulce precisou arrumar o vestido para descer do carro. Javier a ajudou a descer. Ele olhou para o motorista, depois para ela.
- Devo mandar o carro embora?
Era uma pergunta capciosa, e ambos sabiam disso. Ela pensou no jantar e no bracelete.
- Sim – ela respondeu suavemente.
Quando entraram no lobby, ela sentiu-se agradecida que Christopher não estivesse lá. Então eles entraram no elevador e ela se esqueceu do porteiro. Isso porque ela se lembrou da bagunça que estava seu apartamento. Ela havia feito uma faxina durante o dia, mas não sabia se seria suficiente para alguém como Javier – alguns homens podiam ser exigentes com limpeza e ele parecia ser desse tipo – mas se Dulce tivesse um exército de empregados como ele certamente tinha, sua casa estaria imaculada. “Talvez se eu deixar as luzes apagadas, eles não perceba que não tirei o pó”.
- Hum, meu apartamento está um pouco bagunçado – ela disse, embaraçada.
Javier a interrompeu. Ele segurou novamente seu rosto com as duas mãos e a beijou nos lábios gentilmente. Então, sussurrou em seu ouvido: - Eu vim ver você, não seu apartamento. Limpo ou sujo, não me importa.
Ela riu e ela a beijou de novo.
Quando ela destrancou a porta e acendeu as luzes, Dulce deu uma geral, buscando algo muito óbvio que ela não tivesse percebido durante o dia. Não vendo nada, foi para a cozinha pegar o conhaque enquanto Javier ficava na sala de estar.
Ela trouxe a bebida e sentou no sofá. Javier sentou-se do lado dela. Relaxando, ele passou o braço pelos ombros de Dulce, tomando um gole de seu copo, para depois colocá-lo sobre a mesa de centro. Dulce também tomou um gole do seu. Isso deveria ser tão correto, mas ela estava sentindo que era tão errado! Ela realmente queria aquilo? Ela ainda podia desistir, fingir uma dor de estômago ou algo assim. Era a primeira vez deles, e Dulce estava preocupada com as conseqüências para seu relacionamento profissional. E se as coisas entre eles mudassem? Era por isso que você não dormia com um cliente! Mas agora ela já tinha ido longe demais para desistir sem ofendê-lo terrivelmente.
- Venha aqui – Javier a puxou pela mão e a beijou.
- Vamos fazer isso do jeito certo – Javier se levantou e tirou a camisa, revelando um peito e braços fortes e musculosos. Ele pegou Dulce nos braços e a carregou até o quarto.
Depois de tudo terminado, Dulce esperou, um pouco tensa, que Javier a abraçasse, para que os dois caíssem no sono nos braços um do outro. Felizmente, ele apenas lhe deu um último beijo no rosto, virou de costas e dormiu.
Dulce se afastou, sem querer toca-lo. Ela estava exausta, mas não conseguia dormir, sem deixar de se perguntar: Por que ele fez sexo comigo? O ato tinha sido tão mecânico da parte dele. Sem sentimento, sem paixão. Apenas um ato. O que ela havia feito? Por que ela se sentia subitamente tão barata?
Dulce disse a si mesma para parar com aquilo. Por que ela deveria se sentir culpada por ter feito amor com Javier? Ele sempre fora gentil e respeitoso com ela. Ele deixou que ela estabelecesse os limites de seu relacionamento. Talvez esse fosse exatamente o problema. Ele havia dito que aquela noite seria especial e Dulce esperara que fossem discutir qual seria a direção que seu relacionamento tomaria. Mas eles tinham conversado sobre tudo, menos seus sentimentos um pelo outro.Ela estava com medo daquela conversa, é verdade, mas ainda achava que era a hora certa para ela. Dulce estava com a esperança de que se eles conversassem sobre o assunto, ela teria uma compreensão melhor do que ele esperava para o futuro, e qual o lugar dela nele.Ao invés disso, ele lhe deu aquele lindo bracelete. Talvez ele não fosse do tipo que falava de seus sentimentos. Talvez o presente fosse sua maneira de dizer o que não conseguia. Ele não seria o primeiro homem que ela conhecia que não sabia expressar seus sentimentos com palavras, por isso os demonstrava com presentes.Ainda assim, algo estava errado com ele. Ele nunca perguntava o que ela queria, onde queria ir ou o que a fazia feliz. Ele fazia o que ele queria, e presumia que ela o seguiria a qualquer lugar. Mesmo tendo sido ela a convida-lo a subir ao apartamento, Dulce sabia muito bem que o jantar e o bracelete tinham sido uma artimanha para faze-la sentir-se na obrigação de dormir com ele. Ele até tinha tentado chantagem, ela percebeu subitamente, com uma sensação gelada em seu estômago. Aquele negócio no final da noite, ele estaria dizendo que se ela não dissesse sim, seu relacionamento terminaria ali? Ela havia visto claramente o que ele fez, mas preferiu mentir para si mesma.Ele a estava manipulando. Javier tinha manejado a noite inteira para acabar na cama dela.Mas por quê? Ela supunha que ele tinha desfrutado do sexo, como qualquer homem, mas ele conseguiria o mesmo resultado, gastando bem menos, comprando uma playboy.“E agora? O que acontece agora?”Dulce observou o relógio marcar as horas lentamente e podia ouvi-lo respirar suavemente ao seu lado. Ele nem roncava.Meu Deus, ele era mesmo perfeito! Fim do CapítuloAutor(a): mal2000
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Capítulo seis Christopher estava parado na calçada do outro lado da rua, vigiando a janela do apartamento de Dulce. Ele já estava naquele posto há horas, esperando que ele retornasse de seu encontro. Ele tinha esperança de que ela voltasse sozinha, de que Dulce percebesse a verdadeira natureza de Javier e lhe dissesse para deixá ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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nath13 Postado em 09/08/2008 - 22:33:48
UAUU!!
que web em!!
to amando!! -
nathyneves Postado em 28/08/2007 - 10:43:03
pooossttaaaaaaaaaaaaaa
-
nathyneves Postado em 27/08/2007 - 20:07:32
Postaaaaaa
-
nathyneves Postado em 24/08/2007 - 15:03:59
postaa mais !
-
nathyneves Postado em 21/08/2007 - 23:23:32
1ª leitooraa
ebaaaa
amando ta parecendo muito interessante !
Postaa mais
Beijooos