Fanfic: Um Homem Sem Compaixão *AyA* (Terminada) | Tema: Anahí e Alfonso

As duas crianças olhavam mal-humoradas, enquanto Anahí fechava a tampa de sua mala e trancava uma das fechaduras.

- Quanto tempo a senhora vai ficar fora? - perguntou Chippy, pesaroso.

- No máximo três dias. Alegre-se, pequeno bobo, outra pessoa pensaria que estamos indo para passar um mês todo.

-  Três dias é muito tempo. Não é justo. Por que não podemos ir com vocês? - indagou Fiona.

- Porque tia Anahí quer descansar. Agora vão brincar e deixem-na com seus pacotes. - Alfonso estava na porta, mas, ao ver a dificuldade de Anahí, aproximou-se da cama.

- Algum problema?

- Tio Alfonso - começou Fiona, persuasiva -, podemos ir com vocês? Seremos bonzinhos.

- Eu disse para irem brincar.

- Mas...

- Levaremos vocês em outra oportunidade - prometeu Anahí, apressada. As crianças saíram do quarto e Alfonso se inclinou para examinar o que havia com a fechadura da mala. Seus dedos morenos tocaram os de Anahí, que rapidamente puxou a mão. Os lábios de Anahí se com­primiram e Alfonso se levantou. E, então, deliberadamente, ele tomou as mãos de Anahí e as segurou num aperto firme e possessivo,

- Sem dúvida, você prefere os ingleses. Mas, infelizmen­te, você se casou comigo.

- Infelizmente... - repetiu ela, vagamente, enfatizando a palavra. Fez um esforço para livrar suas mãos, mas a pressão aumentou e ela estava cansada de resistir a ele. - Alfonso, tenho de ir com você a Famagusta? As... as crianças estão desnorteadas.

- Já lhe disse, as crianças estarão bem. - Ele inclinou sua cabeça e a beijou nos lábios.

-  Por Deus! Você não pode ficar sem uma mulher nem mesmo por três dias? Que espécie de homem é você?

- Penso que tenho o direito de esperar que minha esposa   me acompanhe quando viajo. Obviamente, acredita que sabe a razão pela qual desejo ter você comigo, e eu não me daria   ao trabalho de contra dizê-la.

Anahí tentou novamente retirar suas mãos, e desta vez foi bem-sucedida. Mas os dedos de Alfonso subiram pelos seus braços e apertaram seus ombros.

- Tome cuidado, Anahí. Tome cuidado. Para seu próprio bem, não me faça perder a cabeça. - Estavam muito pró­ximos e Anahí, assustada, sentia o nervosismo tomar conta   de Alfonso. A réplica morrera nos lábios dela. Ele não tinha nenhum escrúpulo em exibir sua fúria, como ela vira poucas noites atrás. Alfonso beijou-a novamente e soltou seus braços.

Agora, Anahí estava tumultuada, por quanto tempo re­sistiria? Havia confiado plenamente em Alfonso quando, ao lhe propor o casamento, dissera que não a perturbaria; não pensou por um momento sequer que ele quebraria sua pa­lavra. Mas o fizera, e sem lhe apresentar qualquer desculpa. Alfonso não possuía outros sentimentos que não o desejo, não     havia profundidade em suas emoções. Sua ligação com aque­le homem não havia sido mais do que um cumprimento de contrato, de regras. Só que agora ele resolvera quebrar tal­vez a mais importante. Pois, como Trudy havia dito, egoísta como a maioria dos homens, ele não deixaria de usá-la para seus prazeres, desde que ela estivesse ali, ao alcance de suas mãos. Para Alfonso, aquele casamento era uma grande conveniência. Ela vivia naquela casa, e não precisava se esforçar para satisfazer seus desejos em outro lugar.

Por um instante, não houve resposta, nenhum som. Alfonso virou-se para sair do quarto, mas voltou. Sua boca aproximou-se do ouvido de Anahí e sua voz era quase suave e ameaçadora como o rosnar de um animal prestes a agarrar sua presa:

-  Preveni para que tomasse cuidado. Pagará caro se não levar em conta o aviso.