Fanfic: Um Homem Sem Compaixão *AyA* (Terminada) | Tema: Anahí e Alfonso

Alfonso estava perdido em pensamentos analisando o qua­dro e Anahí ficou à espera observando a sua expressão.

- Era a casa do meu avô - disse Alfonso, sorrindo, apon­tando a pintura com o dedo. - Havia muitos netos naquela época, mas agora nos dispersamos, pois vários deles aban­donaram a ilha para procurar trabalho em outros lugares. - Parou e então completou: - Este moinho me pertence...

-  É seu? Eu não sabia, Alfonso. Você nunca me disse.

-  Não podia imaginar que você o encontraria. Obvia­mente, você tem passeado em suas horas de folga.

-  Eu o descobri quase por acaso, um dia em que saí com as crianças. Percorremos esse terreno acidentado e ro­choso "explorando", como elas disseram, e, de repente, lá estava ele...

- Você o retratou muito bem - comentou ele com um sorriso divertido.

- É tão triste que esteja em ruínas e todo coberto pela vegetação. Há algo que possa ser feito?

- Na realidade, estou vendendo o moinho. E é estranho que você o tenha escolhido para seu tema. Há pouco tempo, PM disse que devíamos ter uma recordação dele como está, antes que suas características mudem com as futuras reformas.

-  Vai ser reformado?

-  A pessoa que o está comprando é um inglês muito rico. Acredito que ele pretenda conservar o máximo possível, mas é lógico que terá de fazer grandes alterações no lugar.

Entregou-lhe o quadro; ao pegá-lo, Anahí foi tomada por uma deliciosa sensação de prazer por ele não estar decep­cionado com seu trabalho.

A tia de Alfonso, Chrisoula, vivia sozinha numa grande casa em estilo grego. A casa tinha sido construída por seu pai, sessenta anos atrás, quando Chrisoula tinha quinze irmãos. Alguns haviam morrido, outros se casaram ou mo­ravam em outros lugares.

- Em tempo - resmungou ela, ao abrir a porta. Exa­minou Anahí dos pés à cabeça, antes de virar-se para que ela e Alfonso pudessem entrar. - Estava começando a achar que vocês tinham alguma doença contagiosa; demoraram tanto para aparecer!

Alfonso riu e, já dentro da casa, apresentou sua esposa.

-  Inglesa, hein? - A velha tia encolheu os ombros. - Oh, bem espero que saiba o que está fazendo.

- Já está feito, tia Chrisoula. - O tom cínico de Alfonso aparentemente escapara à velha senhora, mas Anahí corou de leve ao ouvir isto. - Somos um velho casal agora. - Pegando no braço de Anahí, impeliu-a gentilmente para a sala de estar, seguindo de perto sua tia. - Já é tempo de fazer algo para se livrar desta velha casa.

- Não, eu quero morar aqui. Sente-se no divã... tire os gatos, Anahí, eles pensam que são donos do lugar.

-  Sente-se aqui. -Alfonso sorriu, malicioso, e lhe deu uma cadeira que parecia estar limpa. - Para que a senhora quer todos esses gatos? - gritou Alfonso, pois sua tia havia ido até à cozinha.

- Todos perdidos... você os encontra em qualquer canto. Cachorros também, mas não posso viver a pegá-los. Além disso, eles latem e sou muito velha para esse tipo de barulho. - Seu inglês estava longe de ser perfeito, mas Anahí não teve dificuldades para entendê-lo.

- Isto não é nada - cochichou Alfonso. - Espere até que ela lhe mostre o resto da casa.