Fanfic: Um Homem Sem Compaixão *AyA* (Terminada) | Tema: Anahí e Alfonso

- Ainda não consigo entendê-lo - começou ela, despreo­cupada. - Nosso casamento é um contrato, sem amor de ambos os lados. Nós temos vivido de maneira tolerável, Alfonso, não sei do que você se queixa.

- Você não respondeu à minha questão. O que causou essa súbita mudança em você?

- Que mudança? - perguntou. Sua voz era tão calma e fria, mas... oh, como seu coração batia forte!

-  Não brinque comigo! Responda-me ou a sacudirei até que diga algo sensato. - Alfonso estava tão perto; e suas mãos tão fortes se agitavam como se estivessem prestes a cumprir aquela ameaça. - Você me amou por pouco tempo, mas amou.

-  Amei você? - A despeito de seu medo, ela não pôde deixar que essas fossem suas únicas palavras,Alfonso tinha que acreditar que ela nunca o amara, mas como? Tremeu, enquanto dizia: - Como você chegou a uma conclusão des­sas? Ora, Alfonso, acabei de lhe dizer que nunca houve amor entre nós.

-  Quando nos casamos, sim, concordo. Mas você aprendeu a me amar. Não sou bobo, Anahí, sei que você me amou. Se você não me amasse, nunca poderia ter... ter... - Ele não parecia capaz de expressar seus pensamentos em voz alta, e Anahí completou, com uma calma que a surpreen­deria, mais tarde:

-  Correspondido à sua corte? - Estava dominada por um desejo de machucá-lo, de fazê-lo sofrer, não só pelo que ele lhe fizera, mas também pelo que Gregory lhe havia cau­sado. E aquelas palavras expressas com tanta calma, lhe indicaram o caminho. - Mas o quê? Certamente você não deu importância nenhuma a isso, Alfonso, Não é necessário que haja amor... é muito mais agradável que tudo aconteça dessa forma, você não concorda? - A cólera aos poucos tomava conta da fisionomia de Alfonso, cada vez mais carre­gada; a brusca compressão de sua boca e o brilho de seus olhos deviam tê-la advertido, mas, por um breve momento, ela estava insensível ao perigo, insensível a qualquer coisa, exceto ao desejo de magoá-lo, ou até mesmo de ferir o seu orgulho. Estava convencida de que um homem tão cruel como aquele só poderia ser ferido se alguém o atingisse em seu orgulho, - No que diz respeito a essa mudança que você diz ter percebido... bem, ninguém consegue representar sempre o mesmo papel. E, além do mais, eu me canso muito facilmente... - concluiu Alfonso. Por alguns instantes não se ouviu nenhum som. Mas o silêncio era tão amedrontador que Anahí se levantou e tentou caminhar até a porta. Alfonso agarrou-a pelo pulso e a trouxe de volta, com toda sua força.

-  Então era só isso? Uma representação... é isso que está me dizendo?

-  Alfonso, você está me machucando.

-  Responda à minha pergunta, ou eu... - Parecia que ele não conseguiria se controlar mais e começou a sacudi-la sem piedade. - Uma representação, você diz! Bem, marque minhas palavras, você viverá para se arrepender disso, Nenhuma mulher me faz assim de bobo, e se orgulha disso. - Ele a segurava pelos pulsos, e a pressão de seus dedos era cada vez maior. Anahí estava pálida e todo seu corpo começou a tremer. Ele não era equilibrado, refletiu, lem­brando-se de que já chegara antes a essa conclusão. Mas, apesar do medo que a envolvia, teve certeza de que atingira seu objetivo. Ele honestamente acreditara ter sido ludibriado; acreditara que ela representara um papel e que se aborrecia realmente com o carinho que lhe fazia. Deveria sentir-se ferido em seu orgulho! Deixou-o sacudi-la, deixou que derramasse toda sua fúria sobre ela. Era esse o preço que Anahí pagava pela revanche.