Avenged Sevenfold completa sua turnê na Europa e ganha seu primeiro disco de ouro. A banda Compareceu nessa sexta-feira (15/05) ao MTV Music Awards concorrendo a quatro categorias e ganhando duas: melhor música, com Bat Country, e melhor álbum, com City of Evil.
A plateia ainda gritava enquanto eles agradeciam e saíam do palco com um sorriso no rosto. Haviam ganhado prêmios e um disco de ouro, fãs apaixonados e devotos, shows com ingressos esgotados. Era o momento de glória do Avenged Sevenfold.
Johnny foi o último a entrar no enorme camarim e Brian lhe atirou uma cerveja.
- Festa hoje á noite, garotas, sexo, drogas e rock n’ roll. – anunciou Matt para os companheiros de banda.
- Onde? – perguntou Zacky, que jogava amendoins para cima e tentava pegá-los com a boca.
Enquanto todos combinavam os detalhes da festa, James estava sentado em uma poltrona vermelha movendo as baquetas no ar como uma bateria imaginária.
Jojo tirou do bolso um pacotinho que continha um pó esbranquiçado.
- Você vai acabar se matando com essa merda. – Matt alertou.
Johnny ignorou o amigo e arrumou com o pó uma fileira perfeita que sugou habilmente com o nariz. Synyster fez o mesmo, com James os acompanhando.
Todos os integrantes da banda usavam drogas, mas Jonathan era o único imprudente. Usava mais que os outros e com maior frequência. Para ele não era mais diversão: era vício. Os colegas percebiam isso, mas não há muito que um usuário possa fazer para ajudar outro.
Matt e Zacky ficaram em silêncio e o único som era o dos narizes que sugavam furiosamente a cocaína até que a melodia agitada do celular de James os interrompe.
Era Leana, sua namorada.
- Fala logo, porra! – ele grita irritado pela interrupção.
- Jimmy, aconteceu alguma coisa? – a garota pergunta com preocupação na voz.
Quando não estava drogado Sullivan era um amor de pessoa, por isso Leana sabia que havia algo errado.
- Não. Fale o que você quer de uma vez, Leana.
- Você se drogou outra vez, não é? – ela disse com a voz embargada. Do outro lado da linha, a moça balançava os cabelos castanhos de olhos fechados.
O telefone ficou mudo e ela já sabia a resposta.
POV SYNYSTER
Eu estava animado para a festa. Teria muitas garotas e eu pretendia pegar a maioria. Gatinhas, o Synyster está na área.
- Hey Jojo, vamos fazer uma corrida de patins até as pipocas que estão na mesa? – Zacky estava com um olhar desafiador.
- Não sei... Prefiro ficar aqui mais um pouquinho. – ele fez um gesto com a mão sincronizado com o nariz.
- Deixa de ser viado! – Zacky resmungou. – Vem também Syn!
- Pode ser depois? Agora só penso nas garotas da festa.
- Dessa vez passa. – Zacky pegou um par de patins e entregou a Johnny. – Você vai fazer isso.
- Tudo bem, eu faço. Mas para deixar mais interessante... – ele saiu da sala e voltou com um ventilador gigante. – Isso é para dificultar nossa ida até a pipoca. – sorriu vitorioso.
Os dois retardados correram para ligar o ventilador e colocar os patins. A visão do inferno foi quando eles ficaram em pé, pois quando o vento bateu eles caíram de quatro com suas bundas nojentas viradas na minha cara. Matt e Jimmy morreram de rir, mas eu queria matar os dois. Depois da “minha ótima e inesquecível” experiência Zacky e Jojo se levantaram e começaram a patinar como dois débeis mentais no mesmo lugar, pois Matt aumentara o vento.
- E ai, Zacky, você não é o fodão? – eu disse rindo.
- Cala a boca! – ele respondeu revoltado, o que me fez rir mais.
- E você Jojo... Parece um patinador profissional, só que ao contrário. – disse Jimmy gargalhando exageradamente.
- Caralho, isso é muito difícil! – Jojo tentou se defender.
Logo tiraram os patins e os jogaram no chão, meio putos. Mas não desistiram de pegar a pipoca com o ventilador ligado.
Resumindo: não deu certo.
Quando eles finalmente acabaram com aquela idiotice, fomos para a festa. Agora era a minha vez de me divertir. Garotas me esperem!
POV JOJO
Aquela porra estava lotada, mas eu não conseguia ficar animado. Ainda não tinha cocaína suficiente no cérebro.
Zacky e Syn foram catar umas minas e Matt devia estar enchendo a cara em algum lugar.
- Ei, seu merda! – Jimmy me chamou. – Eu ainda tenho coca. – Ele deu um sorriso largo, como se tivesse conquistado algum tipo de prêmio importante.
- Graças a Deus! Eu estava pirando aqui. Vamos lá pra cima.
Subimos e nos trancamos em um banheiro. Sentei-me dentro de uma banheira e James se sentou no chão. Começamos a cheirar como dois desgraçados.
Pensei na merda da minha vida. É eu era famoso, e dai? Que caralho isso importava? Eu era uma porra de drogado solitário, o chapado da turma, um nada.
Aspirei com força a droga até minha visão ficar escura. Deitei-me involuntariamente na banheira e fiquei imóvel. Eu sabia que deveria me mexer, mas não conseguia. Não sentia meu corpo, ele estava dormente. Ouvi alguém gritar, mas meus ouvidos zuniam tanto que eu mal pude distinguir as palavras. Meus pulmões suplicaram por ar, mas meu canal nasal parecia fechado. O sangue fugiu de meu rosto e eu fechei os olhos.
POV JAMES
Olhei para Jojo e ele estava deitado na banheira.
- Jojo você está bem? – perguntei sem obter resposta. – Seu viado, isso não tem graça. – ele continuou paralisado e emudecido.
Tentei provoca-lo de todas as maneiras e ele não reagia. Sua coloração começava a ficar meio esverdeada e seu rosto inchava lentamente.
- Jojo, fala comigo! Não tem graça. – o sangue sumia aos poucos de sua cara assustada de olhos arregalados. – Cara, isso não é brincadeira. Não faz isso comigo, por favor. Seu puto!
Ele começou a se debater um pouco e do verde passou para o roxo. Eu sabia que agora ele não estava brincando. Estava morrendo. Eu tinha que procurar ajuda. Rápido. Desci as escadas e me deparei com um monte de drogados e bêbados que mal paravam em pé. Ninguém em condições de ajudar meu amigo. Voltei ao banheiro para pegar Johnny e leva-lo a um hospital e me deparei com a pior cena que eu poderia assistir: ele estava entrando em convulsão e meio sufocado com o próprio vômito. Coloquei sua cabeça em meu ombro e dei tapas em suas costas até que ele desengasgasse. Por favor, seja forte; eu pensei. Sabia que pensamentos não ajudariam em nada, mas estava apavorado demais para falar ou me mexer. Suas pupilas estavam do tamanho de bolas de gude, olhando para mim suplicantes e aterrorizadas e sua pele era fria na minha. Verifiquei seus batimentos e não havia nenhum. Aos poucos ele parou de vomitar, parou de se debater. Seu coração já não batia. Acabado, tudo acabado. Agora era tarde demais, eu tinha meu amigo morto em meus braços. Fechei seus olhos enormes que nunca mais se abririam novamente. Quando me dei pela situação as lagrimas começaram a arder em meus olhos. Depois que a primeira caiu, outras se seguiram, lavando meu rosto.
***
POV NARRADOR
Matt estava sentado em um canto da sala com os ombros encolhidos e os olhos úmidos. Zacky encarava a parede branca com uma expressão vazia. Synyster, sentado no chão frio, apoiou a cabeça no braço do sofá.
Jimmy estava no sofá maior, meio curvado sobre si mesmo com o rosto afundado nas mãos. Não conseguia parar de pensar em Jojo, nas brincadeiras, na risada dele, na voz que nunca mais seria ouvida.
Todos estavam com uma aparência horrível, pálidos, com olheiras.
- Não posso fazer isso. – James sussurrou.
- É difícil para todos nós, mas necessário. – murmurou Syn.
A sala ficou em silêncio até que os jornalistas tocassem a campainha.
***
Entrevistador: Matt, como você está se sentindo?
Matt: É uma coisa muito triste. Jojo era meu melhor amigo. Ele sempre estava pronto para ajudar quem precisasse e era adorado por muita gente. Falo isso por todos da banda e todos que o conheceram.
Entrevistador: Zacky, qual foi a última coisa que vocês fizeram antes dele morrer?
Zacky: Nós ligamos um ventilador gigante, colocamos patins e tentamos pegar pipocas em cima da mesa.
Entrevistador: E pra que o ventilador?
Zacky: Para dificultar a ida até a pipoca.
Entrevistador: Brian, qual era a relação de vocês?
Brian: Eu era amigo dele. Era mais que um colega de banda, era um irmão.
Entrevistador: James, dizem que você estava com Johnny na hora de sua morte. Qual foi sua reação ao ver seu amigo naquela situação?
James: Eu entrei em pânico. No começo pensei que aquele filho da puta estava brincando comigo. Ele se debatia como uma gazela e começou a mudar de cor. Ai eu percebi que a porra estava séria. Procurei ajuda, mas foi tarde demais.
Entrevistador: É verdade que ele teve uma overdose?
Matt: Nós preferimos não falar sobre isso.
Brian: Em respeito aos fãs e ao nosso amigo. Vamos zelar pela memoria dele.
James: Faço minhas as palavras do Synyster.
Zacky: Ao invés de falar disso, vamos falar da sua unha que está bonita hoje. (ele sorri forçadamente)