Fanfic: Venator | Tema: Licans
Ada acordou, se espreguiçou e sentiu um, na verdade dois cheiros fortes e marcantes, um era o café delicioso que uma de suas irmãs havia passado e o outro era... diferente, almiscarado, mas ao mesmo tempo agradável ao olfato de Ada e fazia seu corpo se arrepiar, ela se levantou, se cobriu com o lençol e foi ate a janela, aspirou o ar e sentiu-se leve, solta e tonta, mas também tinha sensação estranha como se fosse uma fera enjaulada, olhou para a floresta, queria pode correr ate lá, quase sentia o cheiro da terra.
-Acorda preguiçosa. – O grito de Ai a fez despertar daquele delírio.
-Eu em!? – Ada percebeu que havia largado o lençol e que estava seminua na janela, sorte que ainda era muito cedo e não havia ninguém na rua, ela juntou o lençol e o jogou na cama, foi para o banheiro, se banhou, escovou os dentes, se arrumou e desceu, mas passou direto para a porta do quintal e voltou a sentir aquele cheiro.
-Bom dia! O que houve Ada? – Ai perguntou olhando para o quintal.
-Não sei! É esse cheiro, ta mexendo comigo. – Ai e Iu foram para a porta.
-Que cheiro? – Iu perguntou puxando o ar pelo nariz. – Não to sentindo cheiro de nada.
-É cheiro de que? – Ai também tentava sentir o cheiro.
-Não sei! – Ada tentou identificar de onde vinha o cheiro. – Parece um perfume, mas mais marcante. – Ada voltou a sentir aquela sensação de anestesia em seu corpo.
-Será um dos perfumes da velha Salecia? – Ai perguntou.
-Eca! – Iu se afastou tapando o nariz, o seu movimente trouxe Ada de volta. – Detesto aqueles perfumes, parece urina de gato. – I u veio pra mesa e arrastou Ada com ela. –Vamos tomar café. Eu vou trabalha ate meio dia que tal depois nós irmos pro riacho? – Ela perguntou animada.
-Vai ser ótimo. – Ai falou também animada.
-Eu tava querendo ir a Imperatriz. – Ada falou olhando para as irmãs. – Quero ver se arrumo algo lá pra mim.
-Mas... se você arrumar um emprego vai ter que morar lá. – Iu falou triste.
-Eu não posso passar o resto de minha vida assim, sem fazer nada. Tenho que trabalhar, arrumar um lugar pra mim...
-Por que? – Ai a cortou. – A casa é sua, e a herança do seu pai.
-A casa é nossa. Nosso pai nos deixou. – Ada ficava furiosa quando suas irmãs falavam assim, o pai delas nunca as tratou diferentes por serem filhas legitimas ou não, ele as amou e castigou quando necessário igualmente. – Assim com a herança e eu não posso dispor disso pra sempre, a minha parte só vai durar um tempo.
-Mas nós não vamos usar nossa parte. – Iu falou. – Você pode usar a minha como e quando quiser.
-A minha parte também. – Ai não queria separar a família.
-Obrigada, mas eu tenho que arrumar algo pra mim, não posso viver só de sol, sombra e banho de riacho. – Ada não queria ir morar em outro lugar, queria ficar próxima das irmãs.
-Eu posso falar com o meu chefe e arrumar algo pra você lá. – Iu falou esperançosa.
-Eu? Trabalhar na Prefeitura? Cara a cara com a Jacaroa da Primeira Dama? Você ta de sacanagem, não é Iu? – A cara de Ada fez as irmãs sorrirem.
-A DOUTORA Cecília D’Ávila nem sequer aparece lá, ela vive mais em suas obras de caridades. – Iu respondeu fazendo uma cara engraçada.
-Mesmo assim não iria dar certo. – Ada ficou pensativa. – Metade dessa cidade me detesta e a outra metade quer me ver pelas costas.
-Porque será? – Ai não resistiu. – Você tão doce! – A ironia de Ai fez as três sorrirem.
-Ta! Vou pensar no seu caso e que horas vamos para o riacho? – Ela perguntou sorrindo, fazer as irmãs se animarem.
-Eu saiu da prefeitura às 12, se vocês levarem minhas coisas em meia hora eu chego lá e nos vamos pirar como três loucas que somos. – Ada e Ai sorriram da irmã, ate parecia que Iu era mesmo uma louca.
-Ok! Vou preparar um arrozinho branco, saladinhas e os outros petiscos. – Ai se prontificou.
-Eu providencio as bebida! Suco e água de coco e etc. – Ada falou sorrindo. Ai e Iu terminaram seu café e se levantaram, planejando o dia, Ada continuou sentada, queria degustar seu café ate o fim, mas o vento entrou pela cozinha carregando com ele o cheiro que a embriagava, ela respirou fundo, largou a comida, foi para a porta procurando a origem do cheiro, ela caminhou pelo quintal, sentiu que era mais forte do lado da casa próximo ao jardim, era dali que vinha, olhou para cima e viu sua janela, sentiu-se tonta, novamente aquela sensação de leveza, a vontade de correr.
-A louça e tua Ada! – Ela despertou com o grito de Ai vindo de dentro da casa e percebeu que estava quase de quatro cheirando tudo. – “Que coisa! To parecendo uma cachorra doida! Farejando desse jeito!” Ela voltou correndo para dentro de casa.
Na “Mercearia de Papi”, ele limpava o balcão calmamente quando ouviu alguém entrar.
-Ora, ora, ora! O que traz a Ilustríssima Primeira Dama ao meu humilde estabelecimento? – Ele curvou-se de maneira exagerada, para uma mulher que entrou na mercearia, ela era loira, esbelta, alta, tinha uns 30 anos e estava elegantíssima vestida com um conjunto de calças e terninho cinza, com camisa branca por baixo, sapatos scarpin preto, altíssimo, ela tinha um rosto fino e bem maquiado tirou os óculos escuros exibindo lindos e frios olhos azuis.
-Bom dia! Alberto. Como estar? – A voz tentou transparecer calma.
-Não tão bem quanto V. Sa., mas vou levando. Deseja algo? Uma água? Suco? Talvez uma cerveja geladeira? Ou quem sabe em nomes aos velhos tempos uma cachacinha da terra? – Ele sorriu debochado e ela fez cara de nojo.
-Sabe muito bem o que quero aqui Alberto. – Respirou fundo e fez uma cara de nojo como se o local estivesse fedendo, Papi sorriu disso. – Por que aceita logo a nossa oferta, pega esse dinheiro e aproveita seus últimos dias de vida para viaja pelo mundo? Quem sabe você não caia morto em alguma cidadezinha da Itália, ouvir dizer que há belíssimos cemitérios lá! – Papi gargalhou.
-Cecília D’Ávila, eu tenho oitenta de sete anos, sou do Gongo, já morei na Europa, Ásia, nos Emirados Árabes e morei um bom tempo na Antártica! Você acha realmente que ainda tem alguma coisa para ver nesse mundo de meu Deus que eu ainda não tenha visto antes? – O homem deu nos ombros. – E quanto a cemitérios. Querida depois que eu morrer esse corpo e esse ossos velhos não irão mais me servir mesmo! Quem estiver vivo que se livre desses.
-Você não tem medo de ficar doente, sozinho e urubu comer sua carcaça podre?
-Vou ficar com medo é se tiver que ficar internado naquele hospital do município, que vergonha Primeira Dama! É assim que Pedro que se reeleger? Ta bem difícil.
-Você poderia ajudar a Prefeitura vendendo esse terreno para podermos construir outro hospital.
-Vocês... Querem construir um hospital aqui? – Papi olhou incrédulo para a mercearia.
-Alberto! Odeio quando você se faz de bobo. – A mulher estar preste a perder a paciência. – Eu estou falando dos prédios do quarteirão.
-Só existe um pequeno problema, sabe tem pessoas morando e trabalhando nesses prédios que vocês tanto querem e eu não teria onde colocá-los.
-Você às vezes me preocupa Alberto! Acho que estar ficando senil! Sabe quantos apartamentos e lojas há neste quarteirão?
-Nunca conferir.
-Cerca de 200.
-Isso tudo!? – Ele fingiu surpresa.
-Sabe quanto ganharia se cobrasse o aluguel correto? Uma fortuna! Mas você prefere cobrar uma porcaria e viver de uma mísera aposentadoria e o que arrecada nesta pocilga. – Ela olhou para os lados, enojada, Papi sorriu de leve.
-Como você me lembrou a pouco. Estou velho e posso cair morto a qualquer momento. Então... – Ele coçou a barba. – O que vou fazer com essa tal fortuna toda que você falou? Deixar para a Prefeitura? – Ele se debruçou sobre o balcão. – Vai sonhando!
-Alberto...
-A resposta dessa vez, assim como das outras... – Ele coçou a cabeça. – Vou ter que começa a fazer riscos nas paredes para lembrar quantas vezes te digo, NÃO! Você e seu excelentíssimo marido vão ter que procurar outro local para colocar seu elefante branco, eu lhe levaria ate a porta, mas você já entrou e saiu tantas vezes que já sabe o caminho! Adeus Cecília! Lembranças para Pedro! – Papi bateu com a mão para ela.
-Eu vou voltar Alberto. – A mulher se virou furiosa.
-Há! Há! Há! Eu tenho certeza disso. Você nunca iria me deixar morrer em paz não é Ceci? Ate a próxima DOUTORA Primeira Dama!
Assim que a Primeira Dama saiu da mercearia deu de cara com Ada.
-Ora, ora, ora! O que temos aqui? A Valverde de língua felina! Bom dia Ada! – Ada forçou um sorriso. – Soube que se formou! Já arrumou um emprego ou ainda vivi à custa das irmãs?
-Como a salário de fome que elas recebem? A Srª ta de zonado de minha cara não é? Excelentíssima! Nobríssima! Reverendíssima! Doutora! Senhora! Primeira Dama – Ada fez uma reverencia mais exagerada que a de Papi.
-Talvez elas ficassem melhor não ganhando nada! – Ada entendeu a ameaça dela.
-E vocês vão correr risco de demitir Iumara? Com ela sabendo todas as falcatruas do prefeito de da câmara de vereadores? Conta outra! – Ada não esperou resposta e entrou na mercearia.
-Papi?
-Sim anjinho! – Ele a olhou, já tinha visto que ela e Ceci haviam se encontrado lá fora.
-Quando o Sr° mandou dedetizar a mercearia?
-A pouco mais de um mês. – Ele não entendeu o que ela queria dizer.
-Jogou dinheiro fora! O veneno usado não era dos bons! Acabou de sair uma coisa peçonhenta daqui agora a pouco! – Ele deu uma gargalhada sonora e resolveu entrar no jogo da afilhada.
-Minha criança, para esse tipo de peçonha não existe remédio. – Ficou serio por um segundo. – Talvez rezar de cigano velho.
-E o Sr°. conhece algum?
-Não a primeiríssima dama se livrou de todos. – Ele falou pensativo.
-Que pena! –Ada lamentou e os dois sorriram alto.
-O que trás minha afilhada predileta aqui?
-Eu e minhas irmãs vamos passar o dia no riacho e queremos encher a cara. Qual a pinga boa que o Sr° tem? – Ela fez uma cara de braba muito engraçada e bateu no balcão.
-Bem! Tenho uma coisinha em meu estoque. – Ele adorava essas brincadeiras com ela e sabia que as Valverdes não bebiam, foi um dos ensinamentos deixado pelos seus pais, ele pegou duais caixas de suco da prateleira e colocou sobre o balcão. – Manga e goiaba! O que vai querer?
-Qual deles embriaga mais? – Ada examinava as caixas com atenção.
-Embriagar eu não seu, mas goiaba foi ótimo quando eu tava com diarreia, tapou que foi uma beleza!
-Eca! Papi! – Ada se afastou das caixas. – Que nojo! Eu nunca mais vou comer goiaba e a culpa é sua! – Ele gargalhava.
-Ora criança! Todo mundo tem isso uma vez ou outra.
-É, mas você é o único que tem prazer em contar para os outros. Eca! – Ada virou-se para a rua de uma vez, como se tivesse alguém atrás dela, esse movimento foi percebido por Papi.
-O que aconteceu Ada? – Ele olhou para a porta, não viu nada.
-Nada padrinho... é ... que...
-O que? – Ele já estava em alerta, embora não sentisse nada.
-Você pode acha que estou louca, mas... tenho tido a sensação que estou sendo observada.
-Como assim observada?
-Não sei! É como se tivesse alguém me olhando o tempo todo, é estranho! – Ada parecia assustada e Papi, sendo experiente reconheceu o medo na afilhada, ele foi para dentro de casa e voltou com algo na mão.
-Coloque isso. – Ele entregou a ela, Ada olhou atentamente o que era, um cordão preto com uma bolsinha também preta.
-O que é isso? – Ada perguntou curiosa.
-É um Protectum!
-Ah! Um Protectum! E eu pensei que fosse um cordão com uma bolsinha preta! – Papi notou o cinismo dela.
-É um protetor! Serve para manter o mau longe.
-É funciona contra bala?
-Não sei! Deveria ter perguntado para o antigo dono, mas ele morreu assassinado. – Ada o olhou assustada. – Não se preocupe não foi bala, foi com 38 facas!
-O Sr° tem certeza que quer me deixar tranquila! Ou ta querendo que eu morra do coração? – Ele não conseguiu segurar mais e gargalhou da cara dela.
-Deixe de ser irritante sua peste e coloque logo isso no pescoço! Vai te ajudar, confie em mim.
-Ta! – Ada colocou o cordão no pescoço. – Nossa! Já me sinto mais segura! – Era deboche.
-Se eu não gostasse tanto de você, eu mesmo te jogaria uma zinquizeira, vai levar o suco ou não?
-Manga! Duais caixas, quanto deu? – Ela colocou a mão no bolso, mas Papi apena lhe olhava. – Nem vem Papi! Eu vou pagar.
-Ta! Certo! 3,50 cada deu 7 reais.
-O que? 7reais! Tem ouro nessas caixas? – Ela parecia horrorizada,
-Garota me devolve esse cordão aqui sua peste! – Ele tentou tomar o cordão dela, mas ela se afastou rápido.
-Perdeu Negão! Tai 10reais deixa o troco ai, quem sabe vou precisa de proteção extra. – Ela pegou a sacola com as caixas de suco, mandou um beijo para o padrinho e saiu pela porta. Papi acenou para ela e ficou olhando para a rua, então um arrepio forte correu em sua espinha, virou rápido para o corredor para ver que de lá saiu uma figura encapuzada e sinistra, que parou na entrada do salão da loja.
-Illa? (É ela?) – Papi perguntou a ele, que confirmou com um aceno de cabeça. – Putabam tum! Quia dum fuit? (Eu sabia! Por que demorou tanto?)
-Non sum. (Eu não vinha) – A voz era rouca, arrastada e sinistra.
-Et quid vos muto vestri mens? (E o que o fez mudar de ideia?)
-Tenebres invenit ad. (Os sombrios a acharam.)
-Illa specialiter, Domine est una puella! (Ela é especial, Meu Senhor, é uma garota única) – O homem se moveu incomodando. – Tu non intellegis, rex es meus indiget! Fata latere potest, domine! (Você não entendeu, meu rei, é o senhor que precisa dela! Não pode fugir do seu destino, meu senhor!) – Houve um silencio assustador.
-A presença que ela sentiu era sua ou deles?
-Ambos! Não se preocupe. – O homem viu o olhar preocupado de Papi. – Marque meu território na casa dela e você lhe deu o Protectum. Ela vai ficar bem.
-Isso é provisório, sabes disso, logo eles iram burlar essas proteções e só você poderá defendê-la.
-Quando chegar a hora, farei o que deve ser feito. – O homem se virou para ir embora ao ver alguém se aproximando da mercearia. – Gratias Custodes! curando mihi. (Obrigado Guardião! por cuidar dela para mim.) – Papi se curvou quando o homem sumiu no escuro do corredor.
Na porta da casa de Ada ela viu Ai conversando com sua vizinha D. Beth, que parecia muito preocupada, Ada se aproximou para ver o que havia acontecido.
-O que foi?
- D. Beth ta me contando que a uns dois dias as pessoas tem visto um mendigo na cidade. Ele ta morando na mata e que ser um ladrão!
-Acham que um cara é mendigo, só porque ele se vesti mal e anda pela mata? – Ada fez uma cara feia e a Srª que conversava com Ai torceu a boca. – O maior ladrão de cidade usa paletó e gravata.
-Ada! – Ai a advertiu.
- É que as pessoas tem o habito de julgar as outras pelas roupas que vestem ou pela conta bancaria. Vestiu roupa velha! Pronto é ladrão!
-Hoje em dia as pessoas não tem necessidade de se vestirem mal, de andarem com flagelados pedirem dinheiro aos outros para sobreviver, o pais estar com uma situação ótima, tem emprego pra quem quiser! Só é vagabundo quem quer!
-Toninho que o diga! Não é D. Beth? – Ada não perdeu a chance, mas a mulher perdeu a cor.
-Vamos entrar Ada! – Ai quase teve um enfarte com o que a irmão dissera e a arrastou para casa. – Desculpe D. Beth, mas nós vamos sair e precisamos arrumar as coisas. – Ai empurrou Ada pra dentro de casa, quando a senhora tentava recompuser. Dentro de casa Ai empurrou Ada pra sala furiosa.
-Eu não acredito Ada! Como você teve coragem de dizer àquilo pra D. Beth?
-Mas o que foi que eu fiz de errado? – Ada tinha uma cara inocente.
-Você chamou o filho dela de vagabundo! –Ai estava escandalizada.
-Isso eu não admito.
-Foi o que você disse e ainda se ofende?
-O que não admito é ser atacada por falar a verdade. Toninho é um vagabundo e a mãe vive falando dos outros.
Você não tem nada a ver com isso. – Ai tinha vontade de partir a cabeça dela ao meio.
-Em tão que ela não venha a nossa porta fala mal dos outros.
-Ela estava preocupada, queria nos dar um aviso.
-Que tem outro vagabundo alem do filho dela na cidade!? – As duais se olharam por um tempo. Ai sabia que Ada não daria o braço a torcer.
-Por que você faz isso Ada? Por que você é assim?
-Não sei do que você ta falando.
-Você é linda! Mil vezes mais linda que eu e Iu! Teve um pai maravilhoso, que era capaz de tudo por você, nossa mãe te ama tanto e a única coisa que você faz é se conflitar com os outros por nada.
-Ai, eu...
-Você vivi falando que as pessoas são hipócritas, mas e você? O que você é Ada? Você estar se tornando uma pessoa amargurada, rude e... Insuportável. – Ada já tinha os olhos cheios d’água. – Eu e Iumara ficamos tristes e aborrecidas quando as pessoas falam de você, mas gostando ou não elas estão certas! Você não tem razão para ser assim. O que estar acontecendo com você? Por que ficou tão amarga assim? – Ada já chorava. Sentou-se na poltrona, Haidê sentou-se ao seu lado, ela não gostava de magoar suas irmãs, mas Ada estava precisando de um freio.
-Eu... eu não sei. – Ada chorava muito. – Eu só não quero ser como vocês.
-Quem é essas “vocês” que estar falando?
-Você, Iu, mamãe e as outras.
-E o que há de errado em ser como nós?
-As pessoas usaram e usam vocês como querem e eu não quero ser assim.
-Ada? Exatamente do que você estar falando?
-Veja mamãe. Ela se casou muito nova, com um cretino que assim que lhe engravidou fugiu e a deixou sozinha com duais filhas e o que ela fez? Casou-se de novo com outro homem mulherengo e egoísta! – Ada limpou o rosto. – A Iu! Céus! Ela namora o cara mais infeliz do mundo! Que se aproveita dela como pode. E ela gosta, ama ele! Como pode? – Limpou o rosto novamente.
-E eu? – Ai perguntou, Ada virou o rosto, não queria falar mal da irmã. – Namoro o galinha mais sem vergonha da cidade! Que paquera as turistas que vão passear no barco dele. – Ai segurou o queixo de Ada e a fez olhá-la. – Você acha que eu não sei disso? Acha que isso não me magoa?
-Em tão por que aceita calada?
-Por que eu o amo! E sei que ele me ama também.
-Pelo amor de Deus! Ai! – Ada não conseguia assimilar isso.
-Ada. Eu vou te contar uma historia bem interessante, que talvez possa te explicar esse sentimento estranho chamado amor. Nossa mãe casou nova sim! E teve duais filhas com o homem que ela jugava ser o seu único e grande amor, mas ele se tornou um verdadeiro pesadelo na vida dela. Ele não a abandonou como sempre contamos, na verdade ele a espancava de dia e a estuprava a noite. – Ada olhou espantada para a irmã. – Ele bebia muito, apostava ate a alma no jogo tinha mais mulheres na rua que cabelo na cabeça. Uma tarde ele chegou tão bêbado que não se colocava em pé, mamãe não fez o que ele queria e ele bateu tanto nela, que foi preciso eu e Iu intervir, ele parou, mas disse que iria sair, mas que a noite iria terminar o que havia começado, ela entendeu muito bem o que ele queria dizer e fez a única coisa que podia ter feito, pegou algumas coisa nossas e fugimos. Quando chegamos aqui, ela disse que tinha sido abandonada pelo marido, para que ninguém fizesse muitas perguntas, quando ela conheceu o pai Marcos entrou na vida dela, foi totalmente diferente, ele a cercou de cuidados e carinho, sempre nos colocando em primeiro plano em tudo.
-Ele a traia. – Ada falou.
-Ele a amava! – Ada virou o rosto irritada, nada justifica a traição, Ai segurou seu rosto devagar a fazendo olhá-la. – Uma vez perguntei a mamãe por que ela aceitava isso calada e ela me respondeu que ele sempre dizia pra ela. “Não importa onde eu vá, não importa o que fiz, a única coisa que realmente importa é que é pra você que eu sempre vou voltar!” Eu sei que parece piegas, mas isso era tudo pra ela. Para quem viveu sofrendo com um homem violento que destruiu todos os sonhos e esperança, saber que alguém “mesmo meio todo” pensa realmente em você é um oásis num deserto. – Ada continuava lhe olhando calada. – Sabe Ada! Quando você se apaixonar verá o quanto estou certa. Mesmo que ele não seja o maior exemplo de fidelidade, mas se ele te amar de verdade, isso não vai importar.
-Tenho medo disso. – Ada em fim falou.
-Sei que tem, todas nós temos, mas isso é o maior mistério desse sentimento. – Ai olhava a irmã com carinho. – Eu e Iu amamos você e ficamos tristes quando ouvimos ou vemos como as pessoas ficam quando você passa, mas você também não facilita pra ninguém. Só queremos que você pare de implicar com as pessoas, todo mundo tem defeitos, todo mundo tem um esqueleto escondido no armário, mas a única maneira de convivermos bem é cada um aceitar os outros como são, caso contrario como pode querer que aceitem os seus erros? Em quanto ao amor, fidelidade, casamento e etc. isso são coisas que acontecem naturalmente. Quando você menos espera, eles se fazem presente em nossas vidas. – As duais se abraçaram. Agora vai tomar um banho, pois tenho que ir comprar o galeto para o nosso piquenique, Ok? – Ada concordou com a cabeça, Ai se levantou, pegou a bolsa e saiu da casa, Ada foi para o seu quarto, tomou um banho, se enrolou na toalha e foi para a janela, olhou para a floresta e falou baixo.
-Eu não quero assim!
No meio da floresta uma figura estava agachada colhendo cogumelos, e raízes quando o vento lhe trouxe uma lamuria carregado de tristeza. Eu não quero assim! Ele reconhecia essa voz em qual quer lugar do mundo, essa voz foi o que lhe trouxe para aquele lugar, ele se levantou do chão, desceu pela trilha ate chegar a arvores de onde tinha acesso a vista da casa de sua pequena, lá estava ela encostada no umbral da janela, com os olhos rasos d’água e o olhar perdido.
-Eu quero um homem que se sinta completo somente com o meu amor. – A pessoa na floresta embora estivesse muito longe dali, parecia estar bem a sua frente, olhando diretamente pra ela, a mão esquerda se abriu jogando no chão o que havia colhido a pouco e foi em direção do rosto delicado de Ada. – Não quero um homem que precise de outras mulheres para se sentir mais homem. – A mão suja de terra acariciou de leve o rosto molhado de lagrimas. – Eu sei que existe alguém assim ai fora e sei que estar esperando por mim. – O rosto de Ada encostou-se à mão invisível e um lagrima rolou por sua face em direção a essa mão, ela se afastou da janela e foi terminar de se vestir, a pessoa na floresta a viu se afastando, abriu a mão e viu a lagrima repousada no meio dela.
-Adsum tibi, Regina! (Estou aqui por você minha Rainha!) – A voz dele era carregada de carinho e amor. Ele ficou olhando para a casa por um tempo, mas logo voltou para seus afazeres.
Ada terminou de se arrumar, vestiu um biquíni branco com rosas vermelhas, colocou a canja, arrumou os cabelos e desceu para arrumar as coisas para o piquenique. Minutos depois Ai chegou trazendo uma sacola com o galeto dentro.
-Eu vou preparar as coisa em quanto você se arruma. - Ada falou e Ai subiu, Ada preparou vários lanches, quando Ai desceu já estava tudo arrumado. - Fechou tudo lá em cima?
-Sim ate sua janela, que você esqueceu de fecha.
-Desculpe! - Ela fez uma cara muito engraçada, logos as duais saíram.
-Onde vocês vão? - A Sra. Beth perguntou. Ai olhou serio para Ada, que virou o rosto para o outro lado.
-Estamos indo para o riacho D. Beth. - Ai respondeu sorrindo.
-Tomem cuidado! Ouvir falar que um turista se acidentou lá.
-Na verdade D. Beth o turista se acidentou no Boqueirão, mas obrigada pelo aviso. - Ai falou sorrindo e as duais sairão pela rua. - Juro que pensei que você fosse falar algo. - Ai disse pra ela.
-Eu!? Pra depois ser taxada de amarga e cruel? Não obrigada. - As duais caminhavam conversando animadas, passaram em frente a mercearia do Papi, acenaram para ele, que acenou de volta, mas no fim da quadra levaram o maior susto, um homem encapuzado saiu da rua paralela, ele usava calças jeans debotada, uma jaqueta preta de capuz surrada, que deixava o seu rosto oculto, mas Ada pode ver algumas partes do seu rosto, os cabelos negros, parti do queixo, o nariz e o que parecia uma cicatriz, perceber que que ele era alto, muito alto! Deveria ter uns 2m no minimo, suas roupas estavam sujas de terra e com algumas presas em sua roupas, mas ele não fedia a bebida, nem tão pouco cheira mal, na tinha um cheiro muito bom de terra e ervas, Ada teve vontade de se aproximar mais, mas Ai a puxou e a arrastou pela rua.
-Meu Deus! - Ai colocou tremia segurando o braço de Ada. - Quase morri de susto!
-Por que? - Ada perguntou se virando par vê-lo.
-Esse é o tal mendigo que as pessoas estão falando!
-Eu não acho que ele seja um mendigo. - Ela virou-se novamente para olhá-lo e ele continuava no mesmo lugar, com o rosto virado para ela. - Pelo menos não cheira com tal!
-Ada! Você estava cheirando ele? - Ai perguntou horrorizada.
-Tava, você não viu? - Ela provocou. - Estava com o nariz enfiado no pescoço dele! - Ela estava brincando, mas tão ideia a fez gemer baixo, quando chegaram no fim da rua onde havia uma escadaria que dava acesso a parte de baixo da cidade, Ada virou para olhá-lo novamente, ele continuava no mesmo lugar, do mesmo jeito, Ada teve vontade de voltar e se jogar nos braços dele, mas ao invés disso desceu as escadas, lhe olhando ate que não pode mais vê-lo.
Desculpe a demora, estava cheia de problemas, mas vou tenta postar sempre que puder. E esse é para glaucia22, parece ter gostado muito.
Autor(a): Nildes
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)