Fanfic: Legado - Escuridão
- Vamos Katrina, acorde. – Disse Júlia, abrindo a porta em um rompante.
- Hum... – A única coisa que consegui fazer foi murmurar, meus olhos pareciam estar pregados.
- Vamos. – Falou, abrindo as janelas. – Temos muitas coisas para fazer hoje.
- Hum... – Murmurei novamente, levantando a mão e fazendo sinal positivo para ela.
- Katrina, eu não estou brincando.
- Eu também não... Que horas? – Minha voz soou com tom de embriaguês.
- Cinco.
- Eu não acredito que você me acordou às cinco da manhã. - Meu tom de voz se elevou.
- Eu vou contar de um a cinco, se você não levantar...
- Pode contar... – Meu corpo estava mole.
- Um, um e meio, dois, dois e meio, três, três e meio...
- Uhum...
- Quatro, quatro e meio, quanto e seis décimos... – Sua voz estava impaciente. – Cinco. – Ela levantou a voz. - Vamos Katrina.
Ela me descobriu, mas eu ainda segurava o cobertor. Júlia o soltou. Balançou-me como se eu fosse uma boneca de pano, mas eu era resistente, não levantei. Percebi que ela perdeu a total paciência. Senti que estava sendo puxada pelos pés. Não havia onde me segurar, a cara era Box. Quando estava no chão, ela me levantou e me colocou em seus ombros como se eu fosse a pessoa mais leve do mundo. Eu ainda estava mole, não conseguia reagir.
- Quero ver se você não vai acordar agora!
Sem nenhuma cerimônia, Júlia me jogou na banheira e ligou o chuveiro. A água estava gelada. Deu-me um choque e logo eu acordei. Meus olhos que estavam pregados, arregalaram-se.
- Você está louca? – Gritei, cuspindo água.
- Eu avisei...
- Você é louca. – Afirmei.
- Bem que eles me avisaram.
- Eles quem? Avisaram o que? - Gritei.
- Vai. Não foi nada. Toma logo seu banho aí. – Agora ela sorria.
- Com licença? – Arqueei uma sobrancelha.
Após sua saída, tirei minhas roupas e liguei a água quente. Eu dormiria de todo jeito. Recostei na banheira e fechei os olhos.
- Eu não acredito que você está dormindo na banheira! – Ela exclamou.
- Acredite se quiser. – Eu ri.
- Vamos, toma logo esse banho.
- Está parecendo que você é minha mãe.
- Estou quase me sentindo assim.
Ela saiu novamente. Dessa vez resolvi tomar banho. Ao sair, ela não estava mais em meu quarto. Vesti-me.
Saindo do quarto vejo a porta a minha frente entreaberta. Aquele era o quarto do Luca. Ele estava esparramado na cama, dormindo tranquilamente. Aquilo me chamava, eu queria dormir também. Arrastei-me até a cama.
- Luca, me deixa dormir? – Por que eu perguntei aquilo?
- O que? – Ele estava grogue, assim como eu estive anteriormente. – Vem logo. – Puxou-me pela mão, levantando o cobertor para que eu me deitasse.
Assim que deitei, ele abaixou o cobertor, me puxando para mais perto. E ali eu peguei no sono novamente, abraçada com meu irmão.
- Eu não acredito! – Júlia gritou.
Escondi-me no Luca. Eu já estava ficando irritada com aquela situação, parecia que eu estava sendo perseguida.
- O que? – Ele estava de olhos arregalados.
- Ela está dormindo de novo?
- Deixe que ela durma. – Ele riu.
- Katrina. Eu vou ter de te arrastar? – Ela estava próxima da cama.
- Vem aqui você também! – Ele puxou-a, fazendo-a deitar-se na cama.
- Mas nós temos de ir.
- Relaxa. – Ele falou, cantarolando.
- Ok, agora quem vai sair daqui sou eu. Tá? Vou dormir em outro lugar.
- Você não vai dormir. – Ela tenta sair, mas ele a segurava firme. Até que em um momento ele estava sobre ela, prendendo suas mãos e pés.
- Agora é oficial. Eu vou saindo. Não quero presenciar certas coisas...
- Sua idiota. Você não vai presenciar nada. – Ele ria.
Saí. Abri a porta do quarto ao lado do meu. Não havia ninguém.
- O de casa? – Falei preguiçosamente.
- Pode entrar. – Aquele era o quarto do Dean. Sorri.
- Tem cachorro? – Brinquei.
- Entra logo...
- Cadê você? – Entrei, e ainda não o tinha visto.
- Estou aqui. – Ele disse, enquanto saía do banheiro.
Estava apenas enrolado em uma toalha, mostrando seu físico perfeito.
- Eu quero dormir. – Falei, analisando-o.
- Nessa casa há várias camas. Você pode se deitar nesta que está a sua frente.
- A Júlia não deixa. Ela me acordou as cinco, me carregou. Jogou-me na banheira e ligou a água fria. – Fiz bico.
- Ela é má. – Ele andou em minha direção, abraçando-me.
Arrepiei-me instantaneamente. Seu corpo estava úmido.
- Bem, eu vou colocar uma roupa. – Quando ele percebeu que estava de toalha, ficou um pouco constrangido.
Virando-se de costas eu gesticulei com a boca “Oh meu Deus, o que é isso?”.
Quando ele entrou no closet me dirigi imediatamente à cama. Deitando-me. Os travesseiros tinham o cheiro dele. Eu amava aquele cheiro. Fechei meus olhos, inalando profundamente aquele aroma.
Sinto uma mão tirando meus cabelos do pescoço, e logo após isso, sinto-o passar o nariz em minha nuca. Logo abaixo de minha orelha. Arrepiei-me mais ainda. Sua mão grande passeou levemente por meu rosto.
Virei-me e dei de cara com seu sorriso.
Enquanto passava o nariz no meu, ele falou:
- A Júlia ainda não veio aqui. Isso é um milagre.
- Você quer que ela venha?
- Não. – Ele franziu o cenho.
- Ela está bastante ocupada agora.
- Com o que? – Ele era curioso.
- Nada que você queira saber. – Sorri.
- Vamos senhorita Katrina? – Ela estava recostada na porta, de braços e pernas cruzadas.
Tomei um susto, quase caindo da cama, porém Dean me segurou a tempo.
- Está assustada Katrina? – Júlia falou sarcásticamente.
- Nem um pouco.
- E você Dean? – Ela sorria.
- Também não.
- Então, vamos?
- É. Não conseguirei mais dormir mesmo.
- Tchau. – Pisquei para o Dean, sorrindo.
- Até mais tarde.
- Vem logo. – Ela me puxou pela mão.
- Vamos como?
- À cavalo.
- O que?
- Cala a boca e anda.
- Quando eu acordar de verdade, você não vai conseguir dar foras em mim. – Serrei os olhos.
- Então é bom que isso aconteça logo.
Ela me arrastou até a garagem. Pegando uma das chaves. Penso que ela não sabia a qual carro pertencia à chave, então simplesmente desativou o alarme, fazendo-o apitar.
- Nós vamos de BatMovel? – Aquele era um LamborghiniAnkonian.
- Sim.
- Cara, eu adoro esse carro.
- Eu também.
Ela dirigia rápido. Parecia que fugia de algo ou alguém.
- E aí? O que você tem com meu irmão? – Ela estava curiosa.
- Eu? Bem, eu não sei ao certo.
- Você está querendo esconder de mim.
- Não quero esconder nada. Só não sei o que tenho com ele.
- Vocês se beijaram? – Ela arregalou os olhos, sorrindo.
- Isso é da sua conta? – Franzi o cenho.
- É sim. Por que desde que você esteja tendo algo com meu irmão, você se torna minha cunhada irmã.
- Então você é minha cunhada irmã.
- Ah, aconteceu algo!
- Não, falo pelo Luca.
- Eu não acredito.
- Eu vi...
- O que você viu? – Ela me olhou, um pouco alarmada.
- Sua safadinha. – Dei um sorriso sugestivo.
- Eu posso dizer o mesmo de você. Eu vi você agarrada com o Dean lá no quarto. Depois ficou nervosinha e tudo.
- Não fiquei nervosa. – Neguei com veemência.
- Ficou sim. Eu vi. – Ela sorriu. – Acho que o Dean gosta de você.
- Você acha?
- Eu tenho certeza.
- Que merda.
- O que foi.
- Eu não tiro da cabeça que eu vou ter de passar dois anos longe de todos.
- E?
- E que, eu não sei ao certo o que sinto por ele, entende? Aí, ao contrário de nos conhecermos melhor, vamos nos afastar. Ficar sem nenhum contato. E isso é péssimo.
- Sei bem. Mas quando você voltar, irão se resolver.
- Ou não.
- Ou sim.
- E você? Gosta do meu irmão?
- Acho que sim. Rola uma atração sabe?
- Atração? – Meu tom era duvidoso.
- Ele é...
- O que? – Incentivei-a a continuar.
- Lindo. E... Tem um corpo maravilhoso.
- Você ia dizer que ele é gostoso. Eu sei...
- Bem, ele é.
- Eu já disse isso a ele uma vez. Se ele não fosse meu irmão... – Eu ri.
- O que? – Ela estava alarmada.
- Brincadeira. Eu não acredito que você ficou nervosa com isso. – Fiz careta.
Chegamos onde ela queria. Ainda eram seis da manhã, teríamos um longo dia. Andamos de loja em loja, procurando roupas, sapatos, acessórios... Ela saía recolhendo levas e levas de roupas, me fazia provar cada uma delas. Algumas me agradavam muito, porém outras.
Eu estava começando a me entediar. Vestindo e tirando roupas. Ainda não havia se passado metade do dia, mas já andávamos com dezenas de sacolas. Roupas caras, se não tivéssemos o dinheiro que tínhamos, estaríamos falidas. Júlia não era de ferro, claro. Comprava algumas coisas para ela também.
Chegamos ao ponto de precisar de um carrinho para levar as sacolas. Passamos por lojas de instrumentos musicais, aquilo era o meu ponto fraco. Aqueles lugares me faziam parar e passar horas escolhendo alguma coisa. Minhas antigas amigas me diziam que eu não era normal por ser assim. Eu não tinha paciência para passar horas escolhendo uma roupa. Mas para instrumentos musicais eu tinha todas as horas e toda a paciência do mundo.
Fizemos uma pausa. Colocamos todas as sacolas no BatMovel e voltamos. Eu estava com fome. Não havia tomado café da manhã. Compramos algumas coisas para comer. Ela me olhava estranhamente por causa da quantidade de comida que eu havia ingerido. Eu não sabia por que estava comendo tanto assim. Talvez por que meu metabolismo estivesse mais acelerado do que o normal...
Voltamos à maratona – pelo menos para mim - o resto do dia passamos do mesmo modo. Eu não estava cansada, mas também não estava mais com ânimo para isso. Mas Júlia, ela ainda estava com a mesma disposição de quando chegara. Aquilo era engraçado.
Quando ela resolveu voltar para casa, eu dei Graças a Deus.
- Eu já não agüentava mais. – Recostei minha cabeça no banco.
- Eu ainda tenho disposição. Muita...
- Você é um rata de Shopping.
- O que? Do que você me chamou? – Ela estava confusa.
- Rata de Shopping.
- Eu não isso o que você falou! Eu simplesmente gosto de comprar.
- Estaríamos falidas se não tivéssemos esse dinheiro.
- Eu sei... – Ela sorria debochadamente.
- Não me diga que você não gosta!
- Eu não desgosto, mas também não sou fã. Como você pôde ver, prefiro instrumentos musicais.
- Eu amo músicas. Mas roupas...
- Vou avisar ao meu irmão que ele está entrando em um relacionamento com uma psicopata por roupas.
- Pode avisar... – Ela deu de ombros.
- Hum... Então você não nega que irá entrar em um relacionamento com meu irmão? – Sorri.
- Não nego... Mas também não afirmo.
- Sua...
- Não me chame de rata de Shopping...
- Eu ia dizer safadinha. – Gargalhei.
Liguei o rádio. Tocava uma música conhecida. Começamos a cantar loucamente enquanto o vento batia em nosso rosto. Onde passávamos éramos percebidas. No Shopping, várias pessoas muito “prestativas” se ofereceram para nos ajudar. Após várias recusas, resolvemos aceitar uma dessas ofertas. Um grupo de garotos, dos quais eu não lembrava o nome, nos acompanharam até a garagem. Ficaram impressionados com o Bat-Movel. Debochamos um pouco de suas expressões.
O caminho de volta me pareceu mais longo. Conversamos menos e cantamos mais. Cada música que tocava, nós cantávamos. O BatMovel estava abarrotado de sacolas. Não cabia mais nada ali dentro.
Chegando a casa, os meninos estavam do lado de fora. Ao que me parecia, lutando. Júlia desceu do carro, sendo imitada por mim logo em seguida.
- Vocês. Que não estão fazendo nada de importante. – Ela estava autoritária. – Peguem as sacolas e levem para o quarto da Katrina.
- E quais são as palavrinhas mágicas? – Perguntou Jason.
- Dá para vocês pegarem logo sem reclamar?
- Que menina mais mal educada. – O Damon reprovou, sorrindo para ela.
- Meninos... Por favor. Peguem as sacolas. Ajudem-nos. – Pedi, falando calmamente.
- Olha... Isso que é educação. – Jason andava em direção ao carro. – Você deveria aprender com ela, Júlia.
- Vamos. – Ela estalou os dedos. – E você. Ainda não sabe os motivos por que brigamos tanto.
- Claro que eu sei. – Jason falou. – Nós brigamos, por que você me ama muito. Porém, não sabe um bom modo para me mostrar isso.
Ela não falou mais nada. Simplesmente virou-se com um ar superior e um sorriso sincero. Pude perceber que ela concordava com aquilo, só não queria admitir.
- Vamos Katrina, acorde.
- Hum... – Mas que droga, por que eles não me deixavam dormir?
- Vamos...
- O que você quer?
- Eu quero aproveitar meus últimos dias com você... – Espiei pelo canto dos olhos, ele fazia cara de pidão.
- Por que ninguém me deixa dormir nessa casa?
- Você não pode dormir tanto, tem que aproveitar. – Dean sorria.
- Não pode aproveitar um pouco enquanto estou dormindo? – Perguntei, receando um pouco a resposta.
- Bem, já que você sugere...
Rapidamente ele estava deitado na cama. Virei-me, enquanto deitava em um de seus braços e meu rosto afundou imediatamente em seu peito. Surpreendi-me. Porém me acomodei mais ali, deixando o seu cheiro invadir minha mente como eu sempre fazia. Fechei meus olhos enquanto ele acariciava meus cabelos, meu rosto. Passei o braço à sua volta, ele fez o mesmo, apoiando sua mão em minhas costas e me levando para mais perto dele. Sua mão passeava levemente, subindo e descendo em minha coluna.
Sua respiração soprava ao pé do meu ouvido, me fazendo ficar arrepiada. Era óbvio que eu não conseguiria dormir, não com aquele homem a meu lado. E a cada minuto que se passava, ele estreitava o espaço entre nossos corpos. Aquilo estava se tornando um vício para mim.
Eu ainda não tinha plena certeza de meus sentimentos em relação ao Dean. A única certeza que eu tinha era que ele me fazia bem. Eu adorava cada minuto que passava com ele. Apesar de ser enorme e um pouco assustador para algumas pessoas, ele era gentil, me entendia... Um lindo e enorme sorriso sempre iluminava seu rosto. Ele estava sempre feliz.
Ou seria quase sempre? Ninguém poderia ficar feliz o tempo todo.
- O que você viu em mim? – Eu estava curiosa.
- Não era você que iria dormir? – Ele debochou.
- Eu era baixinha, meio magra e não enxergava um palmo a minha frente...
- Mas isso não quer dizer que você não era linda...
Fiquei sem graça por um momento.
- O que vamos fazer hoje? – Mudei rapidamente de assunto.
- Não sei ao certo. Vou te levar por aí, sem rumo...
- Ah, que legal.
- Mas agora, eu não estou com a mínima vontade de me levantar daqui.
- Nem eu... – Apertei-me mais contra ele. – Onde está o meu cão guia?
- De onde você tirou essa agora? – Ele riu.
- Me lembrei. Agora que não preciso mais dele, posso tê-lo como animal de estimação.
- Bem, não é um cão guia muito original. Ele foi treinado no instituto. Não é um Golden Retriever...
- Qual é? – Arregalei os olhos.
- É um Akita.
- Eu não acredito! – Eu estava de pé em um salto. Eu não havia me interessado pela raça do cachorro quando eu estava cega.
- Sim.
- Eu quero vê-lo.
- Vem! – Ele falou, enquanto me puxava pela mão.
Descemos as escadas. Andamos até a parte dos fundos da casa, eu ainda não havia estado ali. Ele abriu a porta que dava saída para o quintal. Ali, solto, estava um lindo cachorro, com pelos brancos como a neve. Quando me viu, observou-me por um momento, porém, logo seu rabo abanava freneticamente enquanto ele vinha em minha direção.
Ele era grande, me lembrava um urso pela quantidade de pelos que tinha. Era lindo. Corria em minha direção com a língua para fora. Sorri. Logo ele pulou em mim.
- Mas quando ela andava comigo não era tão peluda.
- Ela estava tosada. Mas deixamos ela cultivar mais pelos.
- Ah, mas você é muito linda. – Disse eu enquanto brincava com a Mina.
- Ela vai com a sua cara. – Ele ria enquanto nos olhava.
- Eu sei.
Brinquei por mais algum tempo com a Mina. Subi, troquei-me e tomei o café da manhã.
Dean não havia me acordado tão cedo quanto Júlia, eu agradecia por isso. Ele me levou até a garagem e subimos em uma das motos. Aquela era uma Suzuki GSXR 1000. Sim, eu entendia de carros. Não propriamente, mas sabia o nome deles.
Eu perguntava há quase todo tempo aonde íamos, mas ele não me dizia, alegando que estávamos sem rumo. Eu me aproximava cada vez mais dele, enquanto ele só aumentava a velocidade. Meus braços estavam em volta de sua cintura. Eu estava de capacete, mas tinha certeza de que não precisava dele. Ele incomodava, então resolvi me livrar dele. Tirei-o e o joguei longe.
- O que você está fazendo? – Ele riu.
- Aquela coisa incomoda pra cacete. – Falei perto de seu ouvido. – Pra onde vamos? – Fiz uma voz sedutora, percebi que ele se arrepiou.
- Não sei.
Ele entrou em um desvio, uma estrada de terra. Seguiu por mais alguns minutos e quando se aproximou de uma floresta, ele parou.
- Onde estamos indo?
- Você só sabe perguntar isso?
- Eu sou curiosa. – Sorri, acenando positivamente com a cabeça.
- Eu não vou falar, vou mostrar.
Ele me puxou pela mão. Adentramos na floresta.
“Como ele gosta de florestas.” Pensei, rindo.
Andamos por alguns minutos, não estávamos apressados, não precisamos correr. Éramos apenas nós ali, andando abraçados e silenciosamente.
Aproximamos-nos de umas pedras enormes, ali não tinha saída.
- Vem, monta em mim!
- O que?
- Vem, sobe. – Ele estava rindo ao perceber que eu o entendi de modo errado.
Demorei. Então ele foi mais rápido, me pegou no colo e levantou vôo, atravessando a pedra por cima.
Do outro lado, entramos imediatamente em uma abertura estreita. Aquele lugar era escuro, apenas algumas frestas de sol o iluminavam. As pedras se impunham, imensas. A água chamava atenção por sua pureza. Dava para ver o chão através dela. O verde iluminado. Aquele lugar era simplesmente lindo.
Eu já havia ido a grutas tão lindas quanto aquela. Aqueles lugares me passavam quietude. Paz.
- Oh. Este lugar é lindo.
- Eu sei. Eu sempre venho aqui.
- Nossa... – Eu estava sem palavras.
- Bem. Eu simplesmente adoro este lugar. Você é a primeira pessoa que trago aqui.
- É uma honra senhor. – Fiz reverência.
- Disponha. – Ele respondeu meus gestos.
- O que te fez me trazer aqui?
- Muitas coisas...
- Justifique sua resposta.
- Bem... – Ele se interrompeu, enquanto sentava. – Eu simplesmente senti vontade.
- Tudo bem se você não quer falar... – Eu o compreendi. – E o que exatamente vamos fazer aqui?
- Eu gosto... – Ele se levantou, tirando a camisa. Estreitei meus olhos. – De nadar.
- Boa escolha. Porém...
- Continue.
- Eu não trouxe roupa de banho.
Ele me olhava, analisando-me. Seu rosto estava sarcástico, estampado por um sorriso torto e olhos serrados. Ele estava tendo alguma idéia geniosa. Só podia.
- Eu também não. Mas nem por isso vou deixar de mergulhar nessa água maravilhosa. – Ele estava sarcasticamente lindo.
- Você não está sugerindo...
- Katrina, vamos lá, assim você perderá toda a diversão.
- Mas...
- Eu já te vi com menos roupa. Quero dizer... – Ele estava um pouco envergonhado. – Sem roupa nenhuma.
- Palhaço...
- Eu estou falando sério. – Ele se aproximou de mim. – Você vai recusar a minha proposta?
- Eu...
- Você vai me recusar? – Ele falou muito próximo a meu rosto, enquanto passava a mão pelo seu corpo.
- Oh meu Deus... – Sussurrei pra mim mesma, mas é claro que ele havia escutado.
- Então se você não quer! O que eu posso fazer. – Ele parecia decepcionado.
Ele andou lentamente de costas, mas ainda mantinha os olhos em mim. Pulou na água cristalina. Aquela cena me chamava. Eu não estava conseguindo resistir. Quando dei por mim, eu estava tirando a roupa, ficando apenas com roupas íntimas. Demorei um pouco, hesitando. Minha cabeça dizia não, mas meu coração e meu corpo cediam. Dei um passo à frente. Hesitei novamente.
Ele ainda estava submerso na água. Eu podia ver sua silhueta se movendo. Mergulhei, nadei em sua direção. Agora ele sorria. Nadando a meu lado. Analisou-me.
Voltamos à superfície. Ele ainda sorria. Seu corpo era iluminado pela água, que por sua vez era da cor dos olhos dele. Verde, cristalino... Passou a mão em meu rosto, sua cabeça virou de lado levemente, em um ato de admiração.
Mordendo o lábio inferior, ele se aproximou. Seus lábios tocaram os meus com intensidade. Aquele beijo não era doce como os outros. Esse era quente. Fazia meu sangue pulsar mais forte e rápido. Fazia-me arrepiar da cabeça aos pés. Enlouquecia-me.
Suas mãos apertavam-me cada vez mais. Mãos enormes que passeavam por meu corpo. Inicialmente eu apenas acarinhava seu pescoço, seus cabelos. Porém logo eu estava nos ombros, braços, costas, o trazendo cada vez mais para mim.
Nossas bocas se moviam em sincronia. Mordidas leves eram dadas... Minhas sensações e sentimentos estavam à flor da pela. Porém eu ainda não tinha plena certeza do que sentia. A única coisa que eu sabia, era que me sentia maravilhosamente bem quando estava próxima a ele. Eu estava ficando “viciada” em seus beijos, seus toques. Eu havia me viciado nele.
Porém, como eu sempre pensava nesses momentos, em poucos dias eu me afastaria de todos. Não sabia o que poderia acontecer naquele instituto.
Ele interrompeu o beijo, passando para meu pescoço, ombros... Pouco tempo depois voltando para minha boca. Até que o beijo parou definitivamente.
- Você venceu. – Falei ainda sobre o efeito do Dean, de olhos fechados.
- Eu sei. Ninguém resiste. Eu sei disso...
- E você também não é nada convencido.
- Eu só sei dos fatos. Ninguém resiste a esse corpo, esses olhos... – Ele brincou.
- Eu não agüento isso... – Eu ri.
Afundei na água, rindo. Subi novamente, porém ele não estava mais lá. Sai, mas eu ainda não o tinha visto. Ele havia ido embora e me deixado lá? Eu o procurava loucamente, mas nenhum sinal dele havia ali.
- O que você está procurando? – Ele ria, sua voz estava um pouco distante.
- Cadê você?
- Estou bem aqui. – Sua voz vinha de cima.
Mirei na direção em que ele estava. Ele parecia estar deitado de bruços em pleno ar, no alto da gruta. Olhava-me, sorrindo como sempre.
- Só por que você sabe voar, não quer dizer que precisa ficar se exibindo. Ok?
- Eu não estou me exibindo, estou apenas admirando a sua beleza.
- Não mente. Tá?
- Eu não estou mentindo. – Falou ele, descendo de onde estava.
- Tá bom. – Disse eu, vestindo minhas roupas. – Nós já vamos?
- Daqui há pouco.
- E o que vamos fazer pelo resto da semana?
- Boa pergunta... – Disse ele, perdido em pensando de um modo lindo e engraçado.
Suzuki GSXR 1000
Gruta
Autor(a): Bia Vieira
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Katrina havia saído com o Dean pela manhã, porém ainda não haviam voltado. Imaginei o que poderiam estar fazendo... Logo afugentei esse pensamento, eu tinha a certeza de que não queria saber. Eu havia cultivado um afeto por Katrina, mesmo antes de sua mudança. Ainda como humana eu a via amargurada, triste. Não falav ...
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