Fanfics Brasil - Capítulo 12 – Descobrindo um novo mundo Legado - Escuridão

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Capítulo: Capítulo 12 – Descobrindo um novo mundo

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- A propósito... – Falei. – Ryan mandou lembranças para você. 


- Oh. – Ele sorriu surpreso. – Depois eu falo com ele. 


- Tudo bem... – Sorri.


- Você está triste! – Ele afirmou.


- Sim. 


- Não fique. 


- É inevitável. 


- Sei bem como é... Mas você tem de se animar. 


- Como são as coisas por aqui? Você tem muitos problemas com os alunos? 


- Não. São todos muito unidos. Porém as alas ficam um pouco separadas. Alguns alunos um tanto metidos arrumam problemas, mas nada que eu não possa resolver. 


- Entendo... Os problemas daqui não são tão difíceis então...


- Não. E afinal... – Ele sorriu. – Eu sei exatamente quando eles estão falando a verdade ou não. 


- Como? – Perguntei, mas a resposta seria óbvia.


- Eu sou um leitor de mente. – Ainda sorrindo, Daniel apontou para a cabeça, arqueando levemente a sobrancelha.


- Pode ler o que estou pensando? 


- Claro que sim. – Seu tom era presunçoso. – Mas só por pouco tempo.


- Por quê? 


- Por que daqui a algum tempo, você terá o seu escudo. 


- Ah! – Sorri. – Escudo. Eu ainda não tive tempo para pensar em todos os poderes que vão surgir! 


- Não pense. Deixe que eles te surpreendam. – Sugeriu. 


- Tudo bem... 


- Muitos virão, e você não conseguirá pensar em todos.


- Eu sei.


Olhei o ambiente a meu redor. 


Um gramado de um verde vívido estava sob meus pés. Árvores enormes se espalhavam pelo ambiente. O seu era azul, sem nenhuma nuvem mesclando as cores, o sol era fraco, mas ainda assim eu podia sentir o seu calor. 


Eu poderia me acostumar com aquilo, pensei.


Era agradável.


- Onde dormirei? 


- Na hora das apresentações, eu direi!


- E quando isso acontecerá? 


- Exatamente, agora... – Disse ele, abrindo as portas da mansão e revelando uma série de alunos interagindo uns com os outros. 


- Até mais... – Daniel se despediu de mim. 


Deixando-me ali, ele abriu espaço entre os alunos, na verdade as pessoas deixavam o caminho livre para que ele passasse. Ele não parou, apenas pediu que os alunos o seguissem a um lugar desconhecido por mim.


Eu, por minha vez, segui a multidão que ali estava. 


Eles chegaram a um enorme ginásio, se amontoando enquanto Daniel subia em um palco e pecava um microfone, iniciando as atividades.


- Boa tarde, queridos alunos. – Daniel sorriu, tirando suspiros sonhadores de algumas garotas. – Sejam bem vindos ao Instituto LichtSpectrum. Garanto-lhes que terão uma ótima estadia aqui. 


Ele pausou, encarando as pessoas enquanto elas murmuravam entre si, analisando-os. 


- Como vocês já sabem, as alas dos dormitórios são divididas por sexo. – Ele sorriu enquanto alguns meninos faziam um som decepcionado. - E além disso, a escola é dividida entre as alas dos Spectros e Electros. Disciplinas normais, em sala de aula, são aprendidas em conjunto. Porém, no momento em que estiverem aperfeiçoando seus poderes, em atividades táticas, físicas, treinamentos, são divididos por espécie.


Daniel sorria. 


- Este ano, temos uma novidade. Penso que alguns de vocês sabem do que se trata, porém a maioria desconhece. 


Porcaria, pensei. Daniel por favor, não faça isso.


Ele sorria para mim agora, como se dissesse: “Eu vou fazer, tenho de fazer!”


- Temos um olhos pretos entre nós. 


Por um momento os murmúrios cessaram, porém alguns segundos depois, eles voltaram com total força. Olhei a minha volta. Agradecendo por ninguém estar me olhando de modo estranho, não ainda.


- Mas não é um olhos pretos comum. – Seus olhos focaram em mim. – Venha aqui, por favor.


Os alunos olhavam em volta. Procurando quem poderia ser.


Eu não me movi, porém os olhos de Daniel me convidavam insistentemente.


- Venha...


Bufando, comecei a andar lentamente, tentando abrir espaço entre aquelas pessoas curiosas. Aproximei-me cada vez mais do palco, subindo por uma pequena escada. 


Eu estava de frente para a platéia. Todos me encavam, e eu fazia o mesmo. Analisando-os, tentando perceber suas reações... 


- Esta é a Katrina Rachmaninob... Não é costumeiro, eu sei... Quero dizer, nunca aconteceu. Espero que vocês a recebam muito bem.  Ela ficará na ala dos Spectros. Por ser mulher, terá um quarto só para ela. 


Algumas garotas me olharam feio. Vi que não teria muitas amigas naquele lugar. 


- Bem... Acho que é apenas isto que tenho a dizer... Se houverem mais coisas, vocês serão avisados. – Ele ainda sorria. – Espero que possam desfrutar ao máximo o seu tempo aqui. Vocês provavelmente farão amigos, e esses amigos ficarão para a eternidade... Seu aprendizado influenciará em suas vidas... Então... Podem ir almoçar, e depois conheçam o colégio...


Os alunos começaram a sair, e eu, como antes, os segui. Agora me olhavam, analisando-me. Alguns sorriam para mim, outros expressavam desprezo. Alguns se afastavam de mim, com medo, não deixei que aquilo me atrapalhasse, continuei a andar normalmente, até que chegamos a um enorme refeitório. 


"Tudo nesse lugar é enorme." Pensei!


Vi uma mesa vazia ao canto, sentei-me nela. Dali eu podia observar todo o refeitório. Todas as mesas foram ocupadas, sempre com muitas pessoas conversando. Eu era a única pessoa que estava sozinha ali. 


- Katrina? – Chamou-me uma voz que vinha de trás. 


- Katrina sou eu... – Sorri. 


- Que bom vê-la aqui. – Disse Zayn, entrando em minha frente. 


- Olá Zayn! 


- Por que está sozinha aqui? – Disse ele, sentando-se a minha frente.


- A resposta não seria óbvia? – Franzi o cenho. – Eu não conheço as pessoas... Elas têm receio a mim... Então um mais um...


- Igual a dois... – Ele sorriu, completando meu pensamento.


- Pois é... 


- Zayn. Não me deixe sozinha. – Victória fez careta. 


- Você parou para conversar com suas amigas ali... 


- Oh... Oi Katrina! – Ela me cumprimentou.


- Olá! – Acenei. 


- Por que você estava sozinha aqui? – Perguntou ela, sentando-se como o irmão fez.


- Por que um mais um, é igual a dois! – Zayn respondeu.


- O que? – Victória estava confusa.


- Nada não! – Falei.


- Meu irmão é um pouco demente, sabia? 


- Sabia que a minha irmã é uma pentelha? 


- Eu não sou pentelha! Não me chame assim! 


- Então não me chame de demente! 


Fiquei olhando-os enquanto uma pequena discórdia começava. Cruzei os braços, esperando que terminassem, pois eu não os atrapalharia. Em um momento, eles pararam, olhando-me...


- Desculpe-nos. - Disseram os dois.


- Perdoados... 


- Vic? – Perguntou uma garota de olhos castanhos vivos. 


Olhou-me assustada, observando meus movimentos, enquanto eu fazia o mesmo.


- Oi? – Victória virou-se para ela, sorrindo.


- Eu vim ficar aqui com você! – Ela sorriu.


- Oh sim. – Victória virou-se em minha direção. – Algum problema com isso Katrina? Você estava aqui sozinha, se estivermos incomodando podemos ir a outra mesa.


- Não há incômodo algum! 


- Então, sente-se. – Victória a convidou.


- Bem... Meu nome é Ana... Ana Vollbretch. – A garota dos olhos castanhos sorriu.


- Prazer Ana, eu sou...


- Katrina. Eu sei.


- Oh. Ok! – Acenei com a cabeça.


- Você vai ficar na minha ala... – Zayn riu.


- Pois é! – Falei desanimada, eu seria a única mulher ali.


- Não fique assim. – Disse-me Ana. – Se fosse comigo, eu agradeceria, eu estaria no céu... – Ela revirou os olhos.


- Não desejaria isto para você!


- Por que não?


- Isto não envolve apenas a ala em que ficarei. 


- Explique. – Disse Zayn.


- Daniel me colocou na ala dos Spectros não só por minha natureza, mas por culpa de minhas transformações. Electros só tem uma fase, os choques, e olhe lá que nem dói tanto. Já os Spectros, têm uma variedade de dons a surgirem, então alguns quartos podem queimar ou congelar, alguns podem começar a gritar de dor. Isso tudo acontecerá comigo, então não seria nada confortável a vocês que eu dormisse lá. Então não queira isso para você...


-Eu continuou achando que você está no céu... – Falou Ana.


- Eu não diria isso... – Zayn fez careta.


- Eu não queria estar no seu lugar Katrina! – Disse-me Victória, solidária.


Ao fundo, vi que mais três garotas andavam em direção à nossa mesa. Andavam linda e elegantemente, sorrindo, radiantes. 


- Vic, Ana... – Disse uma menina com grandes olhos verdes. 


- Olá meninas. – Falaram as duas.


- O que fazem aqui? – Perguntou, desta vez uma loura.


- Conversando com a Katrina... – Respondeu Ana.


- Oh, sim... – A terceira me olhou, uma linda asiática. – Olá, o meu nome é Andresa Matsumoto. – Seu sorriso era simpático e me dava as boas vindas. 


- Olá Andresa! 


- Eu sou Jéssica Griffitths... Muito prazer. – Esta apertou minha mão, sorrindo.


- E eu me chamo Sarah Chiaraballe! – A primeira falou. 


- Eu me chamo...


- Podemos sentar aqui? – Perguntou Andresa.


- Claro. – Sorri.


- Sobre o que vocês estavam falando? – Questionou Sarah.


- Katrina estava nos dizendo o lado ruim de ficar na ala dos Spectros.


- Oh. A coisa toda das transformações, não é? – Disse Jéssica.


- Exatamente isso. 


- Mas seria legal se você ficasse em nossa ala. – Andresa riu.


- Sim. Mas não poderei... 


- É uma pena para vocês. – Zayn sorriu.


- Vocês são as primeiras pessoas que falam comigo... Parece-me que tenho um tipo de coisa que dá medo nas pessoas. Não gosto disso...


- Nós somos legais. – Victória disse.


- Sim, vocês são muito legais Victória. 


- Por favor, me chame de Vic! 


- Oh, tudo bem... – Sorri.


- Onde está o meu irmão? – Perguntou-se Andresa.


- Não sabemos... – Sarah respondeu por todos.


- Quem é seu irmão? – Perguntei, fazendo com que todos rissem.


- É um japinha, assim como eu... 


- Já achei! – Falei.


Ao longe, pude ver um lindo asiático... Ele sorria, falando com algumas meninas que o cercavam. Ele se despediu, e cumprimentou outro garoto, logo vindo em nossa direção.


- Boa tarde. – Disse o irmão de Andresa, sorrindo.


- Boa tarde... – Andresa respondeu. – O que você estava fazendo ali?


- Apenas conversando! – Ele piscou.


- Sei bem o seu conversar! – Zayn falou em um tom suspeito.


- Pois é...


- Thony, não seja mal educado e apresente-se... – Andresa me olhou.


- Oh, claro. – Ele sorriu, voltando-se para mim. – Olá, meu nome é Anthony Matsumoto. Desculpe-me por minha falta de educação.


- Perdoado... – Sorri. – Penso que não é preciso que eu diga meu nome.


- Não, não é preciso. Afinal, seu nome está na boca de todos.


- Que merda. – Fiz careta.


- Eu sou Nathan Korolenko... – O garoto de olhos verdes apresou-se a se apresentar, estendendo-me a mão.


- É um prazer. – Sorri, cumprimentando-o.


- O prazer é todo meu... – Nathan falou em um tom suspeito.


Serrei meus olhos, analisando o seu modo de falar.


- É... – Respondi estranhamente.


- Enfim... – Jéssica o olhou feio. – Vocês não estão com fome?


- Sim... – Responderam todos.


- Não. – Falei.


- Eu só sei que quero ver como será o meu quarto! – Sarah sorria, imaginando-o.


- Tomara que fiquemos juntas no quarto. – Victória torcia por isso.


- Qual é o limite de pessoas em um quarto? – Perguntei.


- Acho que são três por quarto. – Informou-se Zayn. – Ou duas. Mas no máximo três.


- Você terá um quarto só seu! – Sarah fez careta. 


- Pois é! – Imitei sua expressão.


- E aqui podemos dar o nosso estilo ao quarto? – Perguntou Victória.


- Sim! – Nathan sorriu.


- Eu não estou com fome e nem quero ficar aqui! Então, o que acham de darmos uma volta pelo campus? – Sugeriu Anthony.


- Claro! – Disseram Ana e Jéssica, logo após gargalhando ao percebe que falaram ao mesmo tempo.


- É melhor mesmo, afinal, algumas pessoas não tiram os olhos desta mesa! – Andresa sorriu.


Todos se levantaram, mas eu continuei sentada, observando-os.


- Levante-se, Katrina! – Ana estendeu-me a mão.


- Você não vai conosco? – Questionou Zayn.


- Não estou com muita vontade. Mas é melhor do que ficar aqui! – Falei, olhando a meu redor.


- Faremos um tour pelo Instituto LichtSpectrum. – Zayn sorriu. – Dê-me a honra. – Disse ele, estendendo-me o braço.


- Claro, meu senhor! – Reverenciei-o, entrelaçando nossos braços.


- Meninas! – Anthony fez o mesmo gesto que Zayn.


- O prazer é nosso! – Disseram Victória e Jéssica, ficando cada uma em um braço de Anthony.


Nathan estava acompanhado por Andreza e Ana. E assim, aos pares, ou melhor, trios, nós começamos a reconhecer o ambiente.


- Eu conheço bem este lugar, então mostrarei a vocês. – Nathan sorriu. – Aqui, como vocês sabem, o instituto é dividido em alas. Então começaremos pelos Electros.


Andamos para o lado esquerdo do campus.


- Deste lado, temos dois prédios. O dos dormitórios e o dos salões para estudo, barra, treinamento. No prédio dos dormitórios, a área da direita é das meninas e da esquerda é dos meninos, neste prédio temos refeitório, sala de jogos, música, TV... E naquele outro, temos salas de aula, salas apropriadas para treinamentos com choques... Deste lado ainda temos uma quadra, e uma piscina enorme. – Nathan estava familiarizado com aquele ambiente.


Dirigimo-nos ao lado direito do lugar.


- Aqui é a área dos Spectros. Podemos ver três prédios. Um para os dormitórios, o mesmo principio do prédio dos Electros, menos na parte da separação. O segundo prédio, - Nathan apontou. – ali estão as salas de aula e as de treinamento. No terceiro, ainda temos salas para treinamento. Vocês sabem que os poderes dos Spectros são muito variados...


- Me bate uma preguiça só de lembrar que freqüentarei todas estas salas. – Falei.


- E também uma quadra e piscina. – Continuou ele. – No prédio principal, temos salas de aula, piscina e quadra. Estes para serem usados em conjunto... – Nathan sorriu. – Acho que é isso! Aqui temos espaços abertos, árvores e alguns segredos bem escondidos.


- Este lugar é enorme! – Sarah olhou a seu redor.


- Sim! Tinha de ser. E penso que ainda virão muitos mais alunos neste período! – Zayn sorriu.


Sentamos ao pé de uma enorme árvore. Suas folhas rosadas nos davam uma sombra perfeita. 


A tarde se passou e continuamos a conversar. Eles falavam animadamente, desejando que as atividades iniciassem rápido. Queriam que aquele dia se passasse logo, queriam por as mãos à obra. Porém eu, bem, eu fiquei calada pela maior parte do tempo. Eu não falava muito, principalmente em meio a pessoas que eu conhecera tão recentemente. Apenas os observei, seus trejeitos, gestos, o modo como interagiam uns com os outros, o modo como tentavam me incluir nos assuntos que falavam.


Logo a noite caiu. O jantar nos foi servido no prédio principal. As pessoas ainda me olhavam estranhamente. 


E assim o dia se passou. Não tão calmo quando eu ansiava, porém, passou-se de um bom modo.


Zayn e eu dirigimo-nos a área onde estavam os dormitórios. Eram dezenas de quartos, mas mesmo com isso não tardamos a encontrar os nossos. Por sorte, o seu ficava ao lado do meu. Enquanto eu andava pelos corredores em busca de meu quarto. Alguns garotos brincavam uns com os outros, saindo de seus quartos sem camisa, ou até mesmo apenas com roupas íntimas, arremessando coisas de um lado a outro. Porém, no momento em que eu passara em meio àquela bagunça, ele pararam e me encararam. Alguns soltaram algumas piadas idiotas, mas bastou um olhar sério para que os mais engraçadinhos se calassem.


Tão logo entrei em meu quarto e alguns murmúrios começaram. Deixei que aquilo ficasse para trás enquanto analisava meu novo quarto.


Era um grande quarto. Ali continha espaço para mais duas ou três pessoas. Sua decoração era um pouco sem graça, porém em outro momento eu resolveria este pequeno problema. Eu mudaria aquele lugar drasticamente.


Tomei um banho demorado e me deitei. Antes de dormir, pensei em minha família. Eu sabia que estava sendo um pouco precipitada, afinal, eles haviam me deixado ali naquela manhã, mas era involuntário, eu não podia evitar a saudade, principalmente quando me lembrava de meus pais. Eu queria que eles estivessem aqui, ajudando-me, cuidando de mim e de meus irmãos novamente, porém aquilo era totalmente impossível. Eu estava conseguindo superar sua morte, mas era difícil, mesmo com o apoio que tive.


Naquela noite, um pesadelo que eu já havia esquecido há muito, voltara a me atormentar.


 


Em um lindo sonho, eu sorria, enquanto observava minha família tocar. O sol batia levemente em seus corpos, iluminando-os. Olharam-me, convidando-me a tocar com eles.


Meu sorriso sumiu instantaneamente ao ver um ser que há tempos eu não via. Um ser lindo, que eu odiava, e tinha o prazer em ter este sentimento em relação a ele.


Ao mesmo tempo em que meu sorriso desapareceu, um lindo sorriso torto surgiu em sua face.


Como era esperado em meus sonhos, tive de assisti-lo massacrar minha família cruelmente. E como sempre, não pude fazer nada, a única coisa que eu podia fazer, era ficar ali, sem me mover.


Após aquela terrível cena, ele se virou para mim, alguns respingos de sangue sujavam seu rosto, mas ele se deliciava com aquilo.


- Eu sei que você está acostumada a ver sua família morrer! – Sussurrou ele.


Sua imagem sumia e reaparecia freneticamente, horas perto; horas longe...


- Bem, eu me acostumei a matá-los... Eu gosto! – Seu sussurro era debochado e ao mesmo tempo deliciado.


Ele sorriu, fazendo-me arquear a sobrancelha em um sinal de ódio.


- Sabe aquele ataque? Bem, eu queria que você ficasse viva! Você e aqueles seus irmãozinhos. – O olhos pretos se referiu a meus irmãos com desprezo. – Matar você, naquele momento, seria muito fácil. Tedioso até...


Agora seu corpo se projetou a minha frente, não desaparecendo mais.


- Por isso, resolvi esperar. Esperar você crescer, evoluir. Só aí este jogo ficará divertido para mim. Eu adoro ver-te assustada. Ver seus lindos olhos focarem em mim furiosamente. 


Eu estava duvidando se aquilo era um sonho.


- Mas mesmo quando você terminar sua estadia aqui não será páreo para mim. Eu só quero você saiba que eu estarei em todos os lugares, até onde você menos esperar. Irei te atormentar em seus sonhos. Eu posso ser um de seus irmãos, seus novos pais, seus amigos. Eu poderia ser o Dean de quisesse... – Ele piscou.


O olhos pretos levantou uma mão, acariciando levemente meu rosto.


- E então, quando chegar a hora certa, ou quando eu me cansar de você, eu vou te torturar e depois te matarei lentamente. Mas antes, vou exterminar todos os que você conhece, claro. – Ele deu de ombros. – Abra seus olhos, o perigo pode estar ao seu lado, e não adianta fugir. Eu pegarei você. – Completou ele, deixando que a escuridão tomasse seus olhos.


E neste momento eu acordei. Meu coração e respiração estavam acelerados. Meus olhos arregalaram-se.


Aquele sonho fora real demais, eu podia sentir a conexão que tínhamos. Eu podia sentir sua essência em minha mente.


Não entendi de onde surgiu este ódio por mim. Eu tinha motivos para odiá-lo. Mas ele... O que eu fizera àquele homem? O que de tão mal acontecera para que eu fosse odiada?


Porém estava tudo bem. Eu não desejava ser adorada por um ser tão maligno e desprezível como aquele. 


Depois daquilo, não consegui mais dormir. Pensei em possibilidades, mas a nenhuma conclusão cheguei.


O dia amanheceu e eu ainda estava cogitando hipóteses.


- Katrina? – Zayn bateu na porta. – Katrina! Vamos lá, acorde. Nossas atividades começarão daqui a meia hora, você não pode se atrasar em seu primeiro dia. 


Enquanto ele falava, eu estava em um tipo de transe.


- Vamos lá! – Ele era insistente. – Olha o truque novo que aprendi!


Sorrindo, Zayn atravessou a porta. Talvez, por certo ponto de vista aquela porta nem existisse ali. Mas ela existia, ele simplesmente a atravessou.


- Você... – Minha visão se alternava entre ele e a porta.


- Não é legal? – Ele sorriu.


- Caramba! – Aprovei,


- Ah! Eu pensava que você ainda estivesse dormindo!


- Não, não! – Falei. – Acordei no meio do sono.


- Pesadelo? – Perguntou.


- Sim! 


- Quer contar?


- Não! – Arregalei meus olhos. – Mas me pareceu real demais...


- Tudo bem então! Mas se levante e se arrume! Ah, Katrina, vamos lá! Você ainda está coberta! 


Zayn puxou meu cobertor, assim como Júlia fazia.


- Eu não acredito! Você também?


- Eu o que?


- Deixa para lá! 


- Então tá! Mas se levante.


Atendi a seu pedido, levantei-me. Vi seus olhos se arregalarem e sua boca de abrir o me olhar. 


- O que foi? – Perguntei, examinando-me.


Da ultima vez em que algo assim acontecera, eu havia ficado sem roupas na frente de todos. Porém naquele momento eu não estava sem roupas. Estava apenas com uma blusa curta e um short igualmente curto, roupas de dormir.


- Nada não! – Zayn pigarreou. – Então se arrume, e vamos tomar café da manhã. Eu quero te apresentar a meus colegas de quarto.


- Tudo bem!  – Entrei no banheiro.


- Esperarei lá fora! 


Arrumei-me e saí ao encontro deles. Os três esperavam-me em minha porta. Além de Zayn, estavam um lindo homem moreno com um ar misterioso, e um outro homem tão lindo quanto o outro.


- Katrina! – Zayn falou. – Estes são Dionísio e PH! 


- Olá! – Dionísio me ofereceu a mão. – Chamo-me Dionísio Heikkinen.


- Muito prazer. – Cumprimentei-o.


- E eu sou Pedro Henrique Matarazzo.- Pedro sorriu, abraçando-me. 


- Muito prazer! 


- Vamos? – Perguntou Zayn. – Eu estou com fome.


Não era entranho para mim andar em meio a homens. Meus irmãos são homens. Mesmo com aqueles olhares tortos. Eu já estava acostumada.


- A soberana chegou! – Falou um Spectro para seus amigos, com a intenção de que eu escutasse. 


- Soberana? – Sussurrei, olhando para Zayn.


Olhei para o garoto que falou. Ele sorriu para mim, mas ao ver um sorriso sarcástico e maléfico surgir em meu rosto, seu sorriso sumiu.


- Medo! – Dionísio falou enquanto nos sentávamos em uma mesa.


- De que? – Perguntei.


- Deste seu sorrisinho e de seu olhar! 


- Concordo! – Disse Pedro.


- Eu também! – Disse Zayn carregando uma bandeja transbordando comida.


 - Pelo menos ninguém se curvou! 


- Oh! – Zayn riu. – Quando estávamos na boate, Katrina foi apresentada publicamente e todos os que estavam presentes se curvaram diante dela.


- Ah! Eu sei por que ninguém se curvou aqui! – Dionísio falou. – Penso eu, que só se curvarão quando sua transformação estiver completa, ou quando você se formar. Por enquanto, você é uma estudando como nós. 


- Fico feliz por isso! Odeio que se curvem diante de mim! – Fiz careta.


- Você é do contra. – Zayn falou.


- Apenas gosto de discrição! 


- Sou como você! – Dionísio aprovou.


- Você não vai comer Katrina? – Perguntou-me Pedro.


- Vou sim, Pedro! 


- Não me chame assim! – Reprovou ele. – Atenderei por PH.


- Oh, tudo bem.


Levantei-me e fui em direção a comida. Peguei uma bandeja e a enchi. Eu nunca comera tanto em minha vida quanto estava comendo atualmente. 


- Katrina? – Perguntou-me uma voz conhecida, ou não tão conhecida assim. 


Virei-me imediatamente para ver de quem se tratava. Não acreditei no que vi! Eu me lembrava perfeitamente daquela rosto, mesmo com as mudanças drásticas que ele sofrera.  Aquele rosto participara de minha vida. De meus momentos felizes.


- Eu... – As palavras não saíram, ficaram engasgadas em minha garganta por um momento. – Eu não acredito! O que você faz aqui?


- Pergunto-me a mesma coisa. – Ele parecia confuso. 


- Estou aqui para estudar! – Sorri ironicamente.


- Mas... Aqui? – Perguntou-me, confuso.


- Sim.


- Oh! Então quer dizer que você é a tal... Soberana? 


- Soberana? 


- É assim como te chamam.


- Não gosto deste termo!


- Você não pode lutar contra isso.


- Você não estava aqui ontem! – Afirmei.


- Não! Cheguei hoje pela manhã! 


- Agora?


- Quase agora! Algumas horas atrás! 


- Oh, sim! 


- Senti sua falta. – Ele sorriu, acariciando ternamente meu rosto. – Não sabes quanta falta me faz! 


- Também senti sua falta. – Sorri. – Mas o que aconteceu, está no passado.


- Somos amigos agora! – Concordou ele, desapontado. – Fomos namorados, agora somos amigos.


- Sim! 


- Mas... Conte-me! – Ele sorriu. – Como vai a sua família?


- Bem! – Baixei minha cabeça, sorrindo tristemente. 


- Katrina? O que aconteceu? – Perguntou-me ele, arregalando os olhos. 


- Meus pais estão mortos, meus irmãos estão bem! 


- Como? – Sua voz falhou. – O que aconteceu? 


- Vamos sentar? – Perguntei, fugindo do assunto. 


- Claro! – Ele havia entendido. – Desse jeito você vai engordar.


- Não vou nada! – Sorri.


- Quem é seu amigo, Katrina? – Perguntou Dionísio.


- Este é o... Hã...


- Eu me chamo Hunter Shevardnadze.


- She o que? – Perguntou PH, tentando entender o sobrenome de Hunter.


- Shevardnadze! – Ele sorriu.


- Ainda bem que te chamarei apenas de Hunter. 


- Eu sou o Dionísio! 


- Eu sou PH! 


- E eu sou Zayn! 


- Pensei que você comia menos! – PH sorriu.


- Ela comia! No passado! – Hunter falou. 


- E vocês? Não vão comer? – Questionei PH e Dionísio.


- Nós vamos! – Levantaram-se os dois. 


- Qual a primeira aula de hoje? – Perguntei.


- Luta! – Zayn falou.


- Começaremos com luta? – Falei, fazendo careta. 


- É para nos disciplinar! – Hunter respondeu.


- E você? – Apontei para Hunter. – Quando mudou?


- Há três meses e alguma coisa.


- Não faz muito tempo! 


- E você? 


- Não faz muito tempo! – Repeti.


- Qual os seus poderes? – Perguntou PH.


- Até agora, eu tenho garras apenas! – Ele sorriu.


- Como assim garras? – Perguntei;


- Assim! 


Enquanto Hunter falava, garras começaram a sair por entre seus dedos. Garras afiadas e brilhantes. 


- Caraca, maluco. Olha o Wolverine! – PH arregalou os olhos, impressionado.


- E vocês? – Falei em meio a uma gargalhada. – Qual o dom de vocês? 


- Eu meio que... Hipnotizo as pessoas. Apenas isso! – Dionísio sorriu, sentando-se.


- Eu me teletransporto... – Disse PH. – E tenho certa empatia.


- Empatia? – Perguntou Zayn.


- Ele influencia nos sentimentos das pessoas! – Falei.


- Legal! 


- E você, Katrina? O que faz até agora?


- Bem, eu leio pensamentos. E um dia eu peguei fogo!  - Sorri. – Mas ainda não tentei controlar isto. 


- Só? 


- Não faz muito tempo que mudei. 


- Ler pensamentos... – Hunter engoliu em seco.


- Sim... – Sorri maliciosamente.


- Mas me diga! Você não está gostando nem um pouco de ser assim? – Questionou Dionísio.


- Em algumas partes sim. Mas em outras...


- Quais seriam as partes ruins? 


- As reverências. Os sonhos... – Interrompi-me. – Mas sonhos todos têm.


- Conte-nos sobre os sonhos! 


- Pesadelos. – Sorri.


- Ela não quer contar! – Zayn falou. 


- Foi tão ruim assim? – Perguntou-me Hunter.


- Pois é...


- Então ok! – Continuou ele.


Sentados e abastecidos, todos começamos a conversar sobre como havia sido o primeiro dia no instituto.


- Eu já conhecia o PH. Daí, não fiquei sozinho. – Dionísio sorriu.


- Verdade! 


- Eu não tinha ninguém! 


- Tinha a mim! – Zayn sorriu. – E minha irmã pentelha.


- Pode ser! 


- Assim você está desmerecendo a minha companhia! – A expressão de Zayn ficou triste!


- Não se sinta assim! – Sorri, acariciando seu rosto.


Uma sirene estrondosa soou, assustando a todos. 


Arregalei meus olhos, olhando em volta. 


- Calma Katrina! É só o alarme avisando que temos de ir à aula. – Informou-se Hunter.


- Oh sim! 


- Vamos? – Perguntou Dionísio.


- Estamos todos na mesma turma? 


- Veremos daqui a pouco! – Hunter sorriu. – Só sei que vou trocar de roupa. 


- Eu também! Não vou acabar com todos vocês assim! – Sorri.


- Sei... Você nunca conseguirá me bater. – PH sorriu.


- Cara, ela sabe lutar! – Hunter me defendeu.


-Eu também sei.


- Tá bom! Vamos? – Dionísio falou. – Parem de brigar.


- Não estamos brigando! - PH continuava a sorrir. – Tá, parei! Vamos! 


Voltamos aos dormitórios, que por sua vez, estavam vazios. Só nos cinco transitávamos por ali.


- Você dorme neste quarto? - Hunter perguntou, arqueando a sobrancelha.


- Por suposto! - Sorri.


- Somos vizinhos de porta. - Ele apontou para a posta à minha frente.


- Legal. 


- Não senti firmeza!


- Maravilhoso! - Gritei o mais animadamente possível. - Satisfeito? - Perguntei, voltando ao tom normal.


- À vontade, minha linda! - Ele sorriu.


Entrei em meu quarto, troquei-me o mais rapidamente que pude.


Parei ao perceber um elegante embrulhe em minha cama. Escrito na caixa estavam as iniciais do instituto.  Abri a caixa prateada e em seguida o papel que envolvia o conteúdo.


Um manto, pensei.


Ergui o manto negro que estava dobrado delicadamente. Seu tecido de algodão contrastava com duas letras bordadas em linhas dourada ao lado esquerdo, na altura do coração. K.R.


- KatrinaRachmaninob. - Sussurrei.


Unindo as duas partes do manto, estava um botão de ouro, com as iniciais do instituto. L.S.


- LichtSpectrum! - Sorri.


- Estás falando sozinha, Katrina? - Hunter riu.


- Você também ganhou? - Perguntei, mostrando meu manto.


- Sim! Branco com iniciais cinza perolado! 


- Legal! - Aprovei.


- Estão prontos? - Perguntou-nos Dionísio.


- Sim.


- Eu quero um manto igual ao seu! - Zayn sorriu.


- Por que? 


- O seu é mais bonito! 


- Pois é! - Pisquei.


- Vamos! 


- Somos todos da mesma classe! - PH comemorou.


- E o que ainda estamos fazendo aqui? - Dionísio ergueu as mãos em um sinal de dúvida.


- Falando besteira! É isto o que estamos fazendo aqui! - Falei, saindo do quarto.


Ao entrarmos na sala, todos pararam e nos olharam.


- Atrasados em pleno primeiro dia? - Perguntou-nos o professor.


- Desculpe-nos! - Sorri.


- Desculpados! - O professor sorriu lindamente, piscando.


- Meu nome é Adam Lewis. Sou professor de lutas. Aqui aprenderemos todos os tipos de lutas. Kung-Fu, Karatê, Judô, Taekondô, Capoeira... Entre muitas outras.


- Tudo isso? - Perguntou um garoto com o tom preguiçoso. 


- Sim! Mas vocês verão como os Spectros aprendem rápido. 


Adam andou lentamente pela sala, olhando cada aluno presente ali. Ao chegar em mim, ele parou, olhando-me com olhos serrados.


- E você? - Ele se interrompeu, analisando-me. - Tem certeza que vai conseguir seguir o nosso ritmo?


- Plena certeza! - Sorri.


- Por favor! - Adam gritou após um momento de silêncio, assustando a todos. - Os alunos que já têm experiência com lutas, para o lado direto, os que não têm, para a esquerda! 


A sala foi divida. Boa parte das pessoas sabiam lutar.


- Vejo que alguns tem uma certa experiência... - Adam sorriu, fazendo aspas imaginárias no ar. - Testarei vocês... - Ele apontou para a parcela que não sabia sobre lutas. - Vou ensiná-los. Porém o treinamento de de vocês será pesado. Sentem-se ali.


O professos andou até o meio da sala. Observou-nos por um momento. Seu rosto era severo, porém ao mesmo tempo adoravelmente lindo.


- Você! - Adam apontou para Zayn, estalando os dedos impacientemente. - Seu nome.


-  Me chamo Zayn Fontaine.


- Poderes? 


- Crio escudos e atravesso coisas.


- Um fantasma! 


- Este é o espírito! - Zayn sorriu.


- O que você sabe lutar? 


- Quase tudo o que você falou. - Zayn sorria monotonamente.


Adam convidou-o a se aproximar com o dedo indicador. Posicionaram-se em postura de luta, encarando-se. Logo começaram a investir um contra o outro. Chutes, socos...


O professor chamava aluno por aluno, porém ainda faltavam alguns.


- Que demora! - Revirrei os olhos, sorrindo para Dionísio.


Dionísio sorriu. Seu rosto estava levemente molhado e sua expressão era rígida.


- Dionísio? Você está bem? - Perguntei.


- Estou sim! - Ele falou. Aquele tom não me convencera.


- Tudo bem então! - Sorri, voltando a o que acontecia à minha frente.


Estava quase chegando a minha vez. O professor, obviamente, sempre ganhava os pequenos combates.


- Katrina? Retiro o que eu disse! Eu não me sinto bem! - Dionísio ofegava, apoiando-se em meu ombro. 


- Tudo bem! - Falei, segurando-o. - Quer que eu fale com o professor? 


- Não é necessário! 


- Eu vou falar! 


- Que droga! 


Seu corpo se envergava cada vez mais para a frente. Sua respiração se acelerava cada vez mais. Dionísio arfava, fazendo careta.


- Hunter! - Sussurrei. - Vem aqui! 


- O que ele tem? - Hunter perguntou.


- Não sei, acho que ele está passando mal! 


- Que droga! 


Dionísio caiu no chão. Contorcendo-se. Seus dedos em garras passaram pelo chão. Sua cabeça de projetava para trás enquanto ele se apoiava nos joelhos. 


Um grito grave saiu pela garganta dele. 


- O que está acontecendo? - Adam parou instantaneamente a luta. 


- Eu não sei. Ele estava bem em um momento! Mas agora... 


- Provavelmente é um poder!  


- Segurem-no. – Disse Adam, aproximando-se.


Hunter e PH o seguraram, tentando ergue-lo, porém o corpo de Dionísio era pesado demais. Talvez ele estivesse fazendo força para baixo...


- Não é mais necessário. Já detectei onde está o problema. – Adam sorriu.


Adam deixou que Dionísio voltasse a posição que estava. 


- Estão vendo? – Ele sorriu, apontando para a mancha de sangue que se formava na parte de trás da camisa.


- Oh! – Arregalei meus olhos.


Adam se aproximou, rasgando bruscamente a camisa de Dionísio. O sangue escorria por suas costas, chegando a pingar no chão. Mais gritos saiam à medida que uma coisa estranha rasgava suas costas. Eu não sabia o que era aquilo. 


- Isto não deve demorar! – Adam ainda sorria. – Acho que levarão no máximo mais alguns minutos. 


- O que está acontecendo? – Perguntou um garoto desconhecido.


- Espere, e verás. – Adam piscou.


Mais alguns minutos se passaram. A coisa que rasgava insistentemente a pele de Dionísio crescia cada vez mais, parecia ter vida própria. E a dor continuava, os gritos continuavam, o arfar acelerado e agora lágrimas escapavam...


- Calma rapaz. – O professor tentou amenizar a situação. – Daqui a pouco estará tudo acabado!


Asas? Pensei. Sim, são asas! 


Asas depenadas ainda, mas eram asas, que cresciam cada vez mais. Talvez tivessem de crescer tanto para que aguentar o peso do Dionísio.


Mais alguns momentos de tensão e logo havia terminado. Dionísio ofegava, sua expressão era agradecida pelo término da dor. 


Asas se projetavam para cima, agora havia penas ali. Penas brancas e reluzentes.  


Um som coletivo de admiração soou pela sala. Todos o olhavam, olhavam aquelas lindas asas. 


Dionísio levantou-se, ainda respirando aceleradamente, mas agora sorrindo, satisfeito com o que sentia. 


- Bem, acho que podemos encerrar a aula por aqui. – Adam sorriu. – Vá tomar um banho rapaz, suas costas estão sujas. 


- Tudo bem. – Dionísio sorriu.


- Como você pode sorrir depois daquilo? – Perguntei enquanto saíamos da sala.


- Estou apenas feliz por saber meu outro poder! – Dionísio ainda sorria. – E a dor já passou... Eu apenas sei lidar com a dor. 


- Depois que ela passa, claro! – Sorri.


- Claro. – Ele retribuiu o sorriso.


- Katrina? – Chamou-me a secretária de Daniel.


- Sim, Vanessa! – Sorri.


- Daniel quer conversar com você na sala dele. – Ela estava séria. – Me acompanhe por favor. 


- Ok. 


Andamos até o prédio principal. Não conversamos... 


Ao chegarmos no escritório, Vanessa parou, batendo levemente na porta.


- Entre! – Disse Daniel.


- Com licença! – Sorri.


- Não seja tão formal, Katrina! – Daniel sorriu.


- Estou apenas sendo educada.


- Sente-se, por favor! 


Atendi a seu pedido. 


- O que deseja? 


- Você está bem? – Perguntou-me ele.


- Estou! – Falei, estranhando a pergunta. – Por quê?


- Seu sono foi violado! 


Minha expressão se enrijeceu. Como ele sabia daquilo? 


- Eu sei muitas coisas minha cara. 


- Sua leitura de pensamentos vai tão longe assim?


- Sim! E além disso... Eu prevejo o futuro. – Seu tom era sério. – Mas isto não vem ao caso, não neste momento. Eu quero me diga o que aconteceu no sonho, ou me mostre!


- Por quê? – Falei, tentando não pensar naquele pesadelo.


- Por que isso é de grande importância, querida. 


- Tudo bem, então! – Falei vagarosamente.


Deixei que aquele terrível pesadelo invadisse minha mente, exatamente como ele havia sido.


- Entendo... – Daniel falou, pensativo.


- Entende? 


- Sim... – Ele sorriu. – Katrina, muitas coisas estão acontecendo aqui. Eu e sua família decidimos não esconder nada de você, afinal, você faz parte disso.


- Que bom! 


- Bem. O olhos pretos, por algum motivo, tem algo contra você e sua família. Não sabemos ao certo. Mas sabemos que ele quer você.


- E eu não entendo o que eu fiz para ser tão odiada! 


- Você nasceu... – Daniel riu amargamente.


- Ótima resposta! – Sorri ironicamente.


- Como eu disse, não sabemos ao certo, mas a manteremos informada de tudo o que acontecer aqui. E espero que você também me mantenha informado.


- Mas você não prevê o futuro? – Perguntei. 


- Primeiro: Eu vejo o futuro, não o passado! – Ele falou com obviedade. – Segundo: Eu não consigo ver você! 


- O que?


- Não consigo te ver. Ele está te rondando, está pondo um escudo em você. Eu posso sentir sua essência. Não consigo ver o seu futuro. 


- Mas que merda! Por que ele está fazendo isso? 


- Ele quer manter a surpresa! Mas logo-logo você estará apta a enfrenta-lo.


- Enfrentá-lo... Eu? – Gargalhei.


- Sim, você. Não poderá lutar contra isso. É o seu destino.


- Como sabe? – Minha expressão enrijeceu. – Não pode prever o meu futuro.


- Isto, eu vi antes de ele te proteger. É o seu destino... – Ele falou pausadamente.


- Eu não quero este destino para mim. 


- Você não tem escolha! Você não pode lutar contra isso. 


- Legal! – Entristeci-me.


- Mas nós a prepararemos para qualquer coisa. Tudo ficará bem, minha querida. – Daniel levantou-se e veio até mim, abraçando-me. – Você verá como tudo ficará bem. 


“Ou não!” Acrescentou ele em pensamento.


“Não se esqueça que eu também leio pensamentos, Daniel.” Sorri.


“Me desculpe, havia esquecido deste pequeno detalhe.”


“Este ou não?”


“Temos que estar abertos a todas as possibilidades!”


“Por suposto!”


“É irritante quando meus alunos começam a ficarem mais poderosos do que eu!”


- Eu não sou mais poderosa do que você! – Falei.


- Está quase lá. Daqui a pouco não poderei ler sua mente e você ainda assim lerá a minha! 


- Oh, sim! – Sorri.


- E isso já aconteceu antes. Não se esqueça de que quando aquele olhos pretos estava estudando eu já era diretor.


- Quantos anos ele tem? – Franzi o cenho.


- Setenta e cinco. Ele se chama Dustin Stenvall. Ele é sueco.


- Você tem a ficha completa? 


- Quase isso! 


- Quantos anos você tem? 


- Trezentos e dois? – Ele sorriu.


- Nossa! – Falei, alto demais talvez.  


- Pois é! Estou bem para minha idade, não estou?


- Claro que sim! Está maravilhoso! – Olhei-o de cima a baixo.


- Bem... Volte para suas atividades! Qualquer coisa que acontecer, conte-me, por favor. Farei o mesmo por você! 


- Claro! – Sorri, saindo da sala.


Voltei a meu prédio. Pensei em nossa conversa. O que estava acontecendo? Por que estava acontecendo? Mas eu tinha que me contentar e aceitar os fatos. Era mais provável acontecer o que Daniel previra do que acontecer o que eu queria. 


- Contentarei-me. – Decidi enquanto adentrava no instituto.


- Conversando sozinha novamente? – Perguntou-me Hunter, pregando-me um susto. – O que aconteceu?


- Você não perdeu a mania de aparecer do nada, não é? 


- Nunca perco bons e velhos hábitos. – Afirmou ele. – Mas você ainda não respondeu a minha pergunta.


- Apenas conversa. – Sorri. – E nada mais.


- Sei...


- Próxima aula? 


- Línguas! 


- Gosto desta matéria! 


- Somos dois.


- E o Dionísio? – Perguntei.


- O Dio está bem! 


- Dio?


- Sim! É um apelido. Você deveria chama-lo assim também.


- Verei o que posso fazer...- Pisquei.


- Ok! 


- Você vai mesmo estar em todos os locais que estou?


- Possivelmente!


- Não em todos. Não nos momentos em que durmo e tomo banho... E... – Falei pensativamente, procurando outros argumentos.


- Eu posso estar se você quiser! – Hunter piscou.


- Sempre com uma resposta na ponta da língua! – Falei.


- Sempre. – Hunter concordou comigo, sorrindo.


- Vamos! Não quero me atrasar mais.


- Depois vou apresentar meus colegas de quarto para vocês! 


- Tudo bem... Mas ande. Quero chegar logo! 


- Pare de reclamar! 


- Se você andar mais rápido eu paro! – Arregalei os olhos.


- É bom voltar aos velhos tempos, sabia? Ou a parte dele...


- Eu sei Hunter...


- Tá bem! Estou andando... – Hunter gargalhava. – Estou andando.


 


 


 


 


 


 



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Autor(a): Bia Vieira

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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  Duas semanas haviam se passado desde a minha chegada ao instituto. As atividades tomavam um ar mais pesado. Muitos alunos começavam a faltar determinadas aulas por causa de suas transições.  Alguns poderes se desenvolveram em mim. Como o Dionísio, agora eu podia hipnotizar pessoas e dar choques, assim como os Electros. Hunter nos ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • candyportinonvondy Postado em 14/08/2012 - 20:18:53

    To amando a web. Posta mais


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