Fanfic: Legado - Escuridão
Quatro meses! Isto mesmo! Quatro meses se passou desde aquele desastroso incidente.
Hunter me carregara, não se importando com o meu estado. Levou-me para a enfermaria. Levei uma semana para recuperar minhas forças totalmente. Já Daniel, levou um pouco mais de tempo.
O nosso diretor, presando pela ordem e, de certo modo, pela proteção de seus alunos, resolveu não fazer alarde em relação aos acontecimentos. Para todos os casos, um de meus poderes resolveu se revelar, causando aquele efeito desastroso diante do vestiário. Poucos eram os conhecedores do real motivo daquela bagunça. Entre eles estavam os meus companheiros Spectros. Já os Electros, sabiam apenas o necessário.
Com o tempo, consegui controlar minhas asas, fazendo com que elas aparecessem ou sumissem quando me era conveniente. Além disso, pude controlar alguns poderes que vieram a mim anteriormente. Como o fogo, por exemplo.
A invisibilidade se manifestou de repente. O episódio foi engraçado. Todos me procuravam, mas não me encontravam, apesar de meus alertas. Após um tempo, cansada de tentar fazer com que eles me vissem, comecei a me divertir com aquilo, assustando-os a todo o momento. Até que voltei ao normal – ou quase isso – e também aprendi a controla-lo.
Era maio. Meus irmãos completariam dezoito anos este mês. Como tradição, teríamos de fazer uma enorme festa, onde os batizaríamos.
Como os bons cabeças duras que são, encucaram que não queriam festa nenhuma. Usaram vários argumentos, minha distância, a falta de ânimo... Porém, eu também sou cabeça dura e, depois de um trabalho árduo, consegui convencê-los de que iria haver festa.
Faltava apenas uma semana para os acontecimentos. Júlia, como a boa festeira e mandona que é, estava organizando tudo junto com o Jason. Convidados, que não seriam poucos, decoração... E bebidas...
Eu queria muito estar presente nesta data. Mas não me era permitido.
Eu não tinha muitas possibilidades para presentes, então resolvi fazer algo eu mesma.
Uma canção!
Isso era uma das melhores coisas que eu sabia fazer. Compor... Compus rapidamente uma linda canção, tomando cuidado e impondo amor em cada palavra escrita. Eu sabia que não era muito, mas era de coração.
Gravei-a em uma CD, embrulhando-o e escrevendo um pequeno bilhete.
"Queridos irmãos,
Sinto por não poder estar com vocês neste dia. Porém mesmo que ausente, continuo com vocês. Eu os amo com todo o meu ser, e não seria a simples distância que me faria esquecer desta data tão especial.
Aproveitem a festa por mim e por vocês. Encham a cara, mas cuidado, esta é a primeira vez que vocês bebem – sim, estou gargalhando neste momento.
Não tenho muitas opções para presentes, então resolvi fazer uma canção. Espero que gostem, pois ela demonstra o que estou sentindo. E assim que a ouvirem, quero ouvi-la na voz de um de vocês.
Feliz aniversário.
Os amo.
KatrinaRachmaninob."
Coloquei-os juntos, pedindo para que Daniel os enviasse, fazendo de tudo para que chegassem no exato dia de seu aniversário.
A ansiedade me tomava só de pensar nesta comemoração. Mas eu teria de me conformar.
- Katrina? – Chamou-me Hunter, batendo na porta de meu quarto.
Eu estava no banheiro, escovando meus dentes. Não gritaria.
- Katrina? – Hunter insistiu. – Katrina? – Seu tom se elevava a cada momento.
Hunter sempre fora protetor comigo, assemelhando-se a meus irmãos neste aspecto. Porém, depois daquele ataque, Hunter se tornara mais do que protetor. Andando comigo por todos os lugares, se alterando quando seus chamados não eram respondidos. Hunter estava se comportando assim por conta própria, não por que fora instruído por alguém, eu podia ver isso em seus pensamentos.
- Katrina? – Hunter chamou-me mais uma vez.
- Oi? – Respondi, abrindo a porta vagarosamente.
- Katrina... – Ele respirou, aliviado. – Você queria me matar?
- Claro que não, Hunter. – Sorri, abraçando-o.
- Não faz isso! – Disse ele, segurando em meu rosto. Sua expressão era preocupada.
Acenei positivamente com a cabeça, encarando-o nos olhos e sorrindo. Era bom tê-lo ali.
- Vamos para a aula? – Ele sorriu, relaxando ainda mais.
- Claro. – Concordei. – Que aula?
- Química. – Ele fez careta. – Isto é uma escola afinal, mesmo com as excentricidades.
- Prédio principal?
- Claro!
-Ei. Esperem-nos. – Falou Dionísio.
Dio saiu de seu quarto acompanhado de seus dois companheiros, ao mesmo tempo em que Josh e Travis saiam do seu.
Corremos até o prédio principal, afinal, estávamos um pouco atrasados. Ao chegarmos, encontramos os Electros pertencentes a nosso grupo. Por sorte, caímos todos na mesma classe.
A aula se passou rápida. Logo estávamos todos reunidos no refeitório.
Um acréscimo fora feito ao nosso grupo. Giovanna Volkov. Uma Electra extrovertida, que nunca parava de sorrir e que a qualquer som dançava.
Giovanna é umas das alunas que chegara depois do início das aulas e a única que conseguira se entrosar conosco.
Sua aparência não me era estranha, cabelos louros e lisos, olhos verdes. E este nome... Bem, poderia ser apenas paranoia minha.
-Eu bem que queria ir para essa festa! – Vic falava tristemente. – Sabe? Conhecer seus irmãos. – Ela piscou.
Estreitei meus olhos enquanto a olhava.
- O que você quer com meus irmãos? – Arqueei a sobrancelha.
Sempre senti enormes ciúmes de meus irmãos, desde que me entendo por gente. Talvez com Júlia fosse diferente, por um motivo desconhecido por mim. Talvez com ela o ciúme não se manifestasse tanto por que ela se envolvera conosco – com meu irmão mais propriamente – em um momento difícil. Estávamos todos perdidos, sem rumo, e a única família que nos restara era aquela. Então fiquei feliz, de certo modo, por meu irmão encontrar um conforto naquele momento.
Mas ali. Longe deles, com saudades... Era difícil segurar. Era difícil ouvir o desejo na voz daquela garota em relação a meus irmãos.
- Diga-me Victória.
- Apenas o acho atraentes! O que? Agora é proibido? – Seu sorriso era sarcástico.
- Claro que não... – O mesmo sorriso surgiu em meu rosto. – Só acho que você deveria se segurar mais... Saiba que tenho muito zelo por eles.
Resolvi não falar mais nada, afinal, não quis criar uma inimizade naquele lugar. Logo estávamos sorrindo e brincando novamente.
- E seus poderes, Katrina? – Perguntou-me Nathan.
- Estão aqui comigo! – Sorri.
- Nenhum outro episódio como aquele? – Sarah sorriu.
- Não. Para a nossa alegria! – Pisquei para os Spectros a meu redor.
- Claro! – Concordaram, em coro.
- Mas cuidado Katrina. Tente não acabar com o campus! – Thony gargalhou.
- Claro. – revirei os olhos.
- Onde está Jéssica? – Perguntou-se Andresa.
- Não sei. – Responderam todos.
- Eu vou procura-la. – Nathan sorriu lindamente, recebendo murmúrios irônicos e sugestivos de volta.
- Vê se volta! – Gritou Ana.
O sinal logo voltou e tivemos de voltar para as aulas.
A semana se passou e o aniversário de meus irmãos estava se aproximando. Faltava apenas um dia. Era sexta-feira pela noite quando eles me chamaram pelo computador.
- Katrina? – Sorriram.
- Sim! – Meu sorriso era tão largo quanto o deles.
- Recebemos o seu presente!
- O que? – Fiz careta. – Mas era pra chegar amanhã!
- Mas chegou hoje! – Eles gargalharam.
- Então... – Suspirei, rendida pelo fato. – O que acharam?
- Adoramos! – Disse Luca.
- Amamos! – Completou Rafa.
- Escute-nos! – Falou Damon.
Por um momento os vi sumir diante da tela do computador. Mas logo reapareceram. Luca com um violão, Rafa com um violoncelo e Damon com um violino.
O arranjo que fizeram assemelhava-se ao meu. Mas era bem mais incorporado pela presença de outros instrumentos. E então eles cantaram para mim. Era lindo poder ouvi-los, poder vê-los cantar tão calmamente.
Admirei-os o quanto podia enquanto tocavam.
Ao término do concerto, eu os aplaudi. Explodindo em alegria e orgulho daquele pequeno show particular.
- Lindo! – Sorri.
- Nós sabemos. Foi você que a fez, afinal! – Falou Luca.
- Sim! Concordei! – Pigarreando pelo nó que ameaçava se formar em minha garganta. – E os preparativos da festa?
- Estão legais! – Disse-me Damon.
- Vocês parecem mais animados com a ideia. Quero ver a gravações depois! – Pisquei.
- Claro. – Rafael concordou.
Conversamos por mais um longo período de tempo. Mudando constantemente de assunto. Sendo interrompidos por alguém em alguns momentos. Mas era bom conversar com eles.
- Bem... Nós vamos desligar! – Disse-me Rafael. – Vamos ajustar os últimos detalhes com a Ju!
- Tudo bem! – Sorri. – Eu amo vocês.
- Nós amamos você! – Responderam-me.
Eu ficaria no tédio pelo resto da noite. Então resolvi sair de meu quarto.
Andei pelos corredores até que me encontrei ao lado de fora o prédio. Sorri. Andando e me aproximando de uma árvore que ali habitava. Sentei-me a seus pés e observei as estrelas. Eram lindas dali. Pareciam-me próximas, mas ao mesmo tempo longe. Todos aqueles pontinhos brilhantes em harmonia no céu. Todas aquelas estrelas brilhando, iluminando-me.
- Katrina? – Uma mão tocou-me no ombro, assustando-me, as estrelas me entreterão e não percebi a aproximação. – O que faz aqui? – Falou em meu ouvido, respirando um ar quente que se contrastava com o ar frio que vinha dali, fazendo-me ficar arrepiada.
Olhei para o lado, Hunter estava ali, sentado junto a mim.
- Apenas observando a noite! – Respondi.
- Épico. – Falou simplesmente.
Algum tempo se passou sem que nada fosse falado, porém, logo Hunter estava indicando cada constelação presente no céu.
Como nos velhos tempos, pensei, sem querer falar e interromper o momento.
- Sabe. – Continuou ele. – Lembro-me bem do dia em que te conheci.
- Lembro-me tão bem quanto você! – Sorri. – Mas conte-me, é sempre bom.
- Lembro que meus amigos me chamaram para sair. Fomos à casa de uns amigos deles. E quando chegamos lá, dei de cara com uma garota de cabelos verde e azul. – Hunter tocou meus cabelos. – Esta garota excêntrica estava com um violão negro em mãos. Ela tocava e cantava lindamente, exibindo um lindo e enorme sorriso. – Ele estava longe, voltara no tempo assim com eu. – Aquela era uma linda canção. – Agora ele estava no presente. – Era não. É! – Corrigiu-se.
As imagens vinham em minha mente à medida que ele falava aquelas não eram apenas as minhas lembranças, eram as de Hunter também. Eu podia ver seus pensamentos.
O silêncio veio, mas logo Hunter estava cantando a mesma música que eu cantara. Ele nunca tivera o hábito de cantar, porém sua voz era linda. Não resisti àquele momento e cantei junto com ele.
Como nos velhos tempos, pensei novamente.
Mesmo com a falta de hábito, eu o convencia a cantar comigo, - quando éramos namorados – mas claro, não sem esforço e algumas leves ameaças.
Sorri ao terminarmos.
Eu sempre cantei. Música sempre esteve presente em minha vida, e por suposto, sempre estaria. A música me fazia bem. Minha família sempre tratou deste assunto de modo diferente das outras pessoas, música era um elemento essencial.
- E quando você terminou, levantou-se e veio até nós, dando-nos boas-vindas. A sua expressão mudou. O sorriso de prazer devido a música transformou-se em uma receptivo, passava-me amizade.
- Você estava com a expressão um tanto boba. – Sorri.
- Não era para menos! – Hunter revirou os olhos. – Continuando! – Ele me olhou, esperando que não o interrompesse. – “Qual é o seu nome?” Perguntou-me. “Hunter!” Falei, apertando sua mão estendida. Mas eu não queria apertar a mão apenas...
- daí você me puxou, quase me fez cair! – Gargalhei.
- Cair nos meus braços! – Ele me corrigiu. – Foi aqui que eu quis que você caísse! – Hunter apontou para o próprio braço. – Para poder abraça-la.
- Você apertou! – Arregalei meus olhos.
- Era essa a intenção! – Ele sorriu. – “Caçador!” Ela sorriu. “E o seu nome?” Perguntei, rindo do que ela dissera enquanto a soltava. – Hunter rindo com ele... Eu falara aquilo, pois seu nome significava caçador. – Sua respiração estava acelerada.
- você me sufocou! – Acusei-o.
- Desculpe-me.
- Antes tarde do que nunca.
- “Katrina! Chamo-me Katrina Rachmaninob!” Respondeu, piscando seus olhos azuis. Que olhos! Nunca havia visto este azul antes. Um azul que dará para enxergar de longe. “Belos olhos!” Falei, encarando-a. – Não entendi por que Hunter se referia a mim na terceira pessoa, talvez ele quisesse contar a história do se jeito. – “Posso dizer o mesmo!” Você sorriu, envergonhada! – Agora ele se referia a mim, mais propriamente.
- E com razão!
- E a partir daquele momento, do primeiro momento, eu me apaixonei por você, louquinha assim! Apaixonei-me por seus olhos, seu sorriso. Seu jeito simples e nada delicado. Pela sua força. Pelo destaque que você tem das outras pessoas. Por sua voz... A emoção e a alegria que você passa para as pessoas! Eu admirei você desde o princípio. – Sua expressão era séria. Havia apenas intensidade ali.
As palavras me fugiram pelas lembranças tão fortes... Pela força em seus pensamentos. A única coisa que pude fazer foi encará-lo, sorrir.
- Velhos tempos! – Ele falou.
- Bons tempos! – Corrigi.
- Sim! Bons tempos! – Concordou.
Hunter acariciou ternamente meu rosto.
Sorri em resposta ao toque. Seu rosto aproximou-se lentamente. Seu cheiro invadiu minha mente.
Eu estava paralisada, sem reação! Aquilo era tão familiar, porém tão inesperado!
Seu nariz tocou o meu, demorando-se ali. Senti que Hunter se aproximava cada vez mais. Logo seus lábios tocaram os meus levemente.
Dean!
Este nome me veio à mente. DEAN!
Senti seus olhos encarando-me, mas eu sabia que era tudo da minha cabeça.
- Pare! – Sussurrei, afastando-me um pouco.
Hunter ficara paralisado, assim como eu anteriormente.
Aquele nome fizera-me parar. Mesmo com a carta branca, eu não conseguiria fazer aquilo. Minha consciência e meus sentimentos diziam não. Um não forte e insistente que me fizera parar.
- Por favor, Hunter, não! Eu...
- É o Dean! Eu entendo.
- Oh! Des...
- Não e preciso se desculpar querida! Eu entendo. Fui precipitado. Desculpe-me! – Hunter me pareia constrangido por minha rejeição.
- Hunter! Por favor, não fique assim! – Minhas mãos dirigiram-se rapidamente a seu rosto. – Bem, eu gosto de você! – Pensei melhor, não era aquilo que eu sentia por ele. – Eu amo você! Mas não como antes. Você... – As palavras saiam rapidamente, embolando-se em alguns momentos. – Você fez parte de bons momentos de minha vida. Mas agora eu amo você como meu amigo. Não quero que mude comigo por isso.
- Não mudarei! – Sua testa encostou-se na minha.
- Jura?
- Como não jurar?
- Obrigada! – Sussurrei.
- Por?
- Entender!
- Você é bem-vinda! – Ele sorriu.
Hunter era compreensivo comigo, desde o início. E ele entendia que o Dean fazia parte de mim agora, mesmo com o sentimento confuso que sentia.
- Vamos voar? – Perguntei, tentando amenizar o clima.
- Não tenho asas, Katrina! – Ele gargalhou.
- Eu tenho asas, posso muito bem te carregar! - Falei com obviedade.
- Isso seria estranho.
- Excentricidade é o meu terceiro nome!
- E qual é o segundo? Brutalidade?
- Quase isso! – Gargalhei. – Mas então... Vamos?
- Tá bom! Eu vou!
- É assim que eu gosto!
- Temos de ir ao telhado!
- O pequeno penhasco usado nos treinamentos de vôo...
- Oh, sim! Eu havia esquecido disso! – Fiz careta. – Será que todos os lugares que vou tem penhascos? Eles me perseguem!
- É sempre bom ter um por perto! – Disse Hunter enquanto corríamos.
- Claro... – Sorri, passando a sua frente.
Ao chegarmos, paramos lentamente, olhando a imensidão.
- E então, como faremos?
- Vira!
- Pra que?
- Dá pra virar?
- Sim senhora. – Ele resmungou.
Quando Hunter virou, pulei imediatamente em suas costas. Prendendo-me ali.
Deixei que minhas asas saíssem. Olhei-as. Pude perceber que estavam um pouco maiores desde a ultima vez que as usei e mais brilhantes. Minhas asas evoluíam a cada dia.
- Agora corra e pule de cabeça.
- E se eu morrer? – Hunter riu da hipótese.
- Você não morre com uma simples queda! – Revirei os olhos. – Apenas se o seu coração for arrancado... Ou sua essência... Etc, etc... Mas não com uma queda.
- Mas e se... – Hunter continuava a argumentar, mas eu sabia que era apenas brincadeira.
- Hunter. Se você não pular agora, eu mesma jogo você e provo que não é assim que um Spectro morre. Quer?
Hunter não respondeu. Apenas correu a uma velocidade inumana e pulou do penhasco de cabeça, assim como eu havia indicado anteriormente. O vento bateu violentamente em meu rosto.
E quando chegamos perto o bastante do chão, minhas asas de abriram, exibindo uma curvatura impressionante, fazendo com que nos direcionássemos para frente.
- Caramba! – Gritou Hunter.
- Tenho uma leve impressão de que você nunca voou!
- Não assim! – Ele gargalhou, deixando o vento invadir. – Não com alguém montado nas minhas costas.
- Oh, que legal! – Minha voz era irônica.
- Olha. – Ele apontou para frente, admirado.
- O que? – Falei, enquanto olhava na direção que me era apontada. – Oh. O anjinho.
- Anjinho?
- O Dionísio, Dio! – Revirei os olhos, mas Hunter não poderia ver este gesto. – Como preferir.
Avancei, tentando alcançar Dionísio. Ao chegar a seu lado, pude ver o sorriso que estampava seu rosto.
Talvez a sensação que o voo transmitia proporcionasse este sorriso a todos que a experimentavam. Tive certeza de que Hunter se sentia assim.
- O que fazem aqui? – Dionísio parecia surpreso, porém ainda assim, sorria.
- Voando! – Falei simplesmente.
- Um homem deste tamanho sendo carregado por ela? – O tom de deboche de Dionísio deixou Hunter um pouco irritado.
- É a vida. – Falei, entrando na brincadeira.
Hunter nada falou, ficando um pouco constrangido com o comentário de início, porém logo aquilo fora esquecido.
Continuamos a voar por um longo tempo, até que cansamos e fomos voltando lentamente ao prédio.
Conversamos enquanto andávamos, não tínhamos nenhuma pressa de chegar aos quartos. Mas ao chegarmos a nossos destinos, separamo-nos e o tédio veio a mim.
Deitei-me em minha cama e especulei como seria a comemoração de amanhã.
Muitos amigos e uns não tão amigos assim. Muita música boa e sorrisos dançantes. Bebidas coloridas erguidas enquanto as pessoas se espremiam cada vez mais... Beijos espalhados e muitas outras coisas nas quais não quis pensar naquele momento.
Peguei no sono enquanto tentava bloquear aqueles pensamentos.
- Boa noite! – Cantarolou uma voz atrás de mim.
Respirei fundo quando reconheci aquele tom.
- O que deseja! – Meu tom era educado, porém consegui introduzir um pouco de sarcasmo e raiva ali.
- Faz tempo que não a vejo... – Ele pausou. – Ou melhor... Há tempos que não falo com você!
- Eu estava estranhando, mas ao mesmo tempo agradecida por isso! – Falei friamente.
- Sei bem... – Dustin deu de ombros, vindo para a minha frente. Encarando-me nos olhos.
O silêncio veio e ficou por alguns minutos. Dustin apenas me encarava, seu grande sorriso mostrando convicção.
Eu não entendia como ele podia sorrir tão abertamente, se mostrar tão feliz depois de tudo o que havia feito.
- Que pena que não poderás comparecer à festa dos seus irmãos! – Ele sorriu sugestivamente.
- Sim! – Concordei.
- Sabe... Eu gosto do Hunter! – Dustin mudou de assunto. – Mas prefiro verdadeiramente o Dean. – Ele sorriu,
O que é isso? Pensei. Agora ele vai se meter em minha vida amorosa?
- Calma, minha querida. Estou apenas expressando minha opinião! – Ele gargalhou.
- Eu já disse que te odeio? – Perguntei, deixando a ironia tomar conta de mim.
Eu ainda tinha medo, muito medo, mas isso nunca me impediu de atuar. Mas mesmo com minha atuação, Dustin conseguia ver o que se passava dentro de mim.
- Não hoje! – Ele deu um passo à frente. – Sabe, foi tão bom torturar você... Mesmo por aquele pequeno tempo.
Eu sabia que aquilo era um sonho, mas mesmo com essa noção de espaço, o medo me dominou por inteiro mais uma vez. Dustin podia ser bonito, alegre e por hora gentil, mas era nesses pequenos momentos de gentileza que ele se tornava mais perigoso. Era como uma máscara, uma maquiagem muito bem feita que escondia as suas piores partes, a sua verdadeira face.
Esse tom sutil e leve de suas ameaças arrepiava-me da cabeça aos pés.
- Que bom que desfrutou daquele momento. – Sorri, tentando passar um aparência ameaçadora.
- Sim. Vi que você passou um mês com as marcas de meu veneno na pele. – Dustin alisou as laterais de meu rosto, em cima dos hematomas há muito sarados. – A propósito... Linda música a que você fez para seus irmãos.
- Por que você simplesmente não desaparece da minha vida?
- Seria um desperdício não interferir na sua vida. – Seus olhos de arregalaram de incredulidade.
Respirei fundo acalmando-me lentamente.
Isso é apenas um sonho, pensei. Você não pode bater nele.
- E não poderia nem se fosse pessoalmente. – Falei em voz alta, conformando-me.
- Boa garota... – Concordou. – Bem... Só vim dar um oi.
Dustin aproximou-se ainda mais, encostando seus lábios em meu ouvido.
- Aproveite enquanto pode! – Sussurrou ele, desaparecendo dali.
Depois daquilo o meu sono foi limpo, sem sonhos.
Acordei com o sol atravessando a cortina e esquentando levemente meu rosto.
Sorri ao perceber que amanhecera. Eu sorri mesmo com o pesadelo anterior. Aquele era um dia feliz.
Sábado. 31 de maio.
Neste dia meus irmãos completariam dezoito anos. A felicidade me tomou, mesmo com a distância. Eu ficaria feliz se eles ficassem felizes também.
Arrumei-me e sai do quarto.
- Bom dia! – Sorri ao dar de cara com Dionísio.
- Bom dia... – Falaram Dionísio e Travis juntos.
- Oh... – Sorri. – Não tinha visto você... Quero dizer, vocês! – Arregalei os olhos ao ver os outros quatro saírem de seus quartos.
- Bom dia! – Falaram os outros. – Que alegria, hein? – Perguntou-me PH.
- Claro... Hoje o dia é especial! – Pisquei.
- Vamos tomar o café da manhã? – Perguntou Josh.
Meu estômago respondeu à sua perguntando com um ronco sonoro.
- Vamos! – Concordei.
O café foi calmo na ala dos Spectros. Apenas conversar baixas aconteceram. Logo estavam todos reunidos no centro do campus. Spectros e Electros interagindo...
Afastei-me para falar com meus irmãos. Encontrei uma árvore afastada o bastante para que o barulho não incomodasse, percebi que era a mesma árvore onde eu estive na noite anterior. Aquela era a ala dos Spectros... Não percebi que me afastara tanto.
Era uma linda árvore. Seu tronco grosso e forte projetava-se para cima, espalhando ramificações cujas folhas tinham um tom alaranjado. Aquilo era novo para mim, diferente... Mas lindo!
Talvez pela iluminação precária que a noite proporcionava e pela beleza céu, eu não havia reparado naquela forma de vida.
- Linda árvore... – Falei, estapeando levemente o seu tronco.
Sentei-me a seus pés... Chamando meus irmãos.
- Bom dia! – Gritei quando eles apareceram na tela. Fiz uma breve pausa e logo comecei a cantar o famoso Parabéns pra você.
- Obrigado! – Gritaram eles, gargalhando de minha súbita animação.
- E os presentes?
- Muitos!
- E vêm muitos mais pela noite! – Balancei a cabeça afirmativamente.
- Com certeza! – Eles sorriram.
Pude ver o entusiasmo em seus olhos. Enfim eles se conformaram com a ideia de festa e a aceitaram extremamente bem.
- Feliz aniversário! – Gritou Hunter atrás de mim, fazendo-me pular de susto.
- Mas que droga, Hunter! – Minha expressão transformou-se em uma careta.
- Calminha aí... – Hunter levantou as mãos em um sinal de rendição e sentou-se a meu lado.
Passei um bom tempo fazendo cara feia enquanto Hunter praticamente tomava meu computador para falar com minha família. Porém logo me conformei e estava conversando animadamente com ele novamente.
Os três nos mostraram a decoração da casa. Muito branco e cores chamativas para que as luzes negras fizessem efeito. Uma enorme pista de dança branca com uma clave de sol desenhada em seu centro estava no quintal da frente da casa. Ao canto ficava a mesa do DJ, posicionada a certa altura para que pudesse observar melhor, tive certeza de que o DJ seria um de nossos amigos... Ou todos eles como sempre faziam nestas festas.
Mostraram-me uma quantidade absurda de bebidas...
Ao longo desta conversa, os outros Spectros e Electros pertencentes ao nosso grupo aproximaram-se para apresentar-se a meus irmãos e deseja-los um feliz aniversário.
Pude perceber o interesse além do necessário de algumas garotas. Mas tentei ignorá-las. Enquanto isso, meus irmão observavam a reação dos garotos em relação a mim.
E assim o dia se passou. Todo conversando, uma bagunça, para ser mais exata.
Ao final da tarde nos despedimos, pois todos precisavam se arrumas para receber os convidados.
Lamentei por um longo tempo não poder estar lá... Então voltei a meu quarto para imaginar a diversão que estava perdendo.
Autor(a): Bia Vieira
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Algumas ideias passaram-se por minha cabeça, porém nada que mudasse algo. Logo, uma dessas ideias destacou-se. Senti-me como uma personagem de desenho animado tendo uma ideia brilhante, ao mesmo tempo em que uma pequena lâmpada flutuante acendia-se a meu lado. Ri da sensação. Eu fugiria! Talvez Daniel visse isto em m ...
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