Fanfics Brasil - Capítulo 16 – Caindo Legado - Escuridão

Fanfic: Legado - Escuridão


Capítulo: Capítulo 16 – Caindo

13 visualizações Denunciar



 


 


- Eu posso até ser amigo de vocês! Porém eu ainda sou o diretor e responsável por isso aqui. – Daniel parecia furioso, porém de certa forma, contido. – E aqui nós temos normas, e estar, por sua vez, devem ser respeitadas regularmente, ou melhor, sempre! Parece-me que isto é mal de subespécie. – Ele andava de um lado a outro enquanto nós prestávamos atenção no que era falado.


Quando chegamos ao instituto, Daniel nos esperava na garagem. Sua expressão carrancuda não negava a tremenda fúria que ele carregava.  Este nos recebeu em silêncio, indicando com a cabeça para onde devíamos ir. E lá estávamos nós, em seu escritório tomando uma bronca e esperando nossa sentença. 


- O que você quer dizer com isso? – Perguntei, arrependendo-me logo em seguida.


- O que eu quero dizer, é que isto aconteceu apenas uma vez em minha estadia aqui. E foi justamente com o Dustin Stenvall. Acho que por ter muitos poderes, fica mais fácil para vocês. Bem, não acho, eu tenho certeza.  E penso que você merece o mesmo castigo que ele! – Daniel sorria malevolamente. 


Engoli em seco imaginando qual seria o castigo que ele destinaria a mim. 


- E Hunter. Penso que terei de castiga-lo da mesma forma.


- Não precisa castiga-lo da mesma forma, Daniel. Afinal, se não fossem pelos meus poderes, nós não teríamos conseguido escapar! – Falei. 


- Mas eu fugi por livre e espontânea vontade, então mereço o mesmo preço a pagar! – Hunter falou.


- Vou dar a Hunter um castigo mais ameno, Katrina, já que o seu será válido pelos dois. – Informou-me Daniel. – Ainda terei de pensar. Mas você! – Ele apontou para mim. – Já tenho tudo formando. E isto servirá de exemplo para todos! Não quero mais planos de fulga.


- Não terá, eu prometo! – Falei, um tanto envergonhada. 


- Eu sei que não haverá mais. – Daniel sorriu, abrindo a porta para que saíssemos. – Mais tarde reunirei todos os Spectros para dar-te o castigo.


Saímos sem mais nenhuma palavra a dizer. Hunter olhou-me, intrigado com o que seria feito. 


- Estou...


- Cale a boca. – Hunter me interrompeu. – Não vamos pensar no pior.


- Impossível! – Falei, enquanto saíamos do prédio principal. 


Enquanto voltávamos para a nossa ala, encontramos os Spectros curiosos.


- O que vocês fizeram? – Perguntou-meZayn.


- Fomos a uma festa! – Sorri. 


- Loucos! – Acusou Travis. 


- Não. Apenas com saudades! – Retruquei.


- Qual será o castigo? – Perguntou-me PH. 


- Eu ainda não sei... A única coisa que sei é que não será nada bom! – Fiz careta enquanto andávamos para o nosso prédio.


- Vocês estão ferrados! – Josh gargalhou. 


- Hunter não tanto quanto eu! – Gargalhei junto com ele. 


- Verdade! – Dionísio concordou. – Vamos... Não queremos arranjar mais problemas! 


Ao entrarmos no prédio, todos que ali estavam pararam e no encararam, perplexos, por de certo modo, ainda estarmos vivos. 


Não me contive e ri de suas expressões. Parecia-me que estavam com mais medo do que eu... Medo por eles e medo por mim. 


O dia se passou e logo a tarde veio. Daniel pediu para que todos se reunissem no ginásio para uma conversa.


- Por favor, parem de falar. – Daniel falou, fazendo com que todos ficassem em silêncio instantaneamente. – Vim aqui para falar do ocorrido. 


Ele encarou os alunos, que o olhavam um tanto assustados. 


- Como vocês sabem, a KatrinaRachmaninob e o Hunter Shevardnadze fugiram deste instituto para participar de uma festa que de dezoito anos, onde os protagonistas eram os irmãos da Katrina. Aqui, neste instituto, temos regras, aqui neste instituto impomos ordens e queremos que estas sejam cumpridas rigidamente. Posso ser amigo de vocês, mas ainda assim, sou o responsável. – Daniel repetia o que havia nos dito anteriormente. – E com uma situação drástica dessas, a punição deve ser drástica do mesmo modo. Quero que o que vai acontecer aqui, com a Katrina, sirva de exemplo para todos vocês, para que não tentem fazer nada parecido novamente. 


Daniel andou até mim e Hunter, pegando-nos pela mão e levando-nos até onde estava anteriormente.


- Hunter! – Daniel o encarou. – Já que se não fosse pela Katrina você não teria feito nada disso, seu castigo será mais ameno, porém ainda assim, você foi por livre e espontânea vontade. – Ele deu de ombros. – Você ficará de quarentena. Dois meses isolado de sua família, amigos. O único contato que terá, será com os professores, e estes não estão autorizados a dar-lhe notícias sobre o que acontece aqui. Você ficará em um quarto separado por dois meses. Suas aulas serão em horários e locais diferentes da dos outros. E se tentar fugir de alguma maneira de seu castigo, terá o mesmo destino de Katrina.


Hunter acenou brevemente com a cabeça, entristecido pelo que lhe fora designado.


- E você, Katrina...


Daniel olhou para mim. O medo me tomou completamente naquele momento, o medo de antes se misturando com o dali. 


Respirei fundo e preparei-me para ouvir minha sentença. 


- Já houve um caso como este aqui! Há muito tempo atrás. O olhos negros chamado Dustin fez exatamente o mesmo quea Katrina, sendo assim, o castigo será exatamente o mesmo. – Daniel pausou. – Spectros dependem de sua essência inteiramente, tanto para sobreviver, quanto para o desenvolvimento de seus poderes. Se lhes for tirada por completo, os Spectros morrem, porém, se lhes for retirada apenas uma parte, eles ficarão fracos e podem perder definitivamente os seus poderes, no caso dos olhos brancos. Mas com os olhos negros é diferente. Só é possível que isto aconteça quando eles estiverem ainda em formação. E este é o nosso caso. – Daniel me olhou sugestivamente. – E estes Spetros em formação perdem os poderes que possuem. 


As pessoas à nossa volta afaram de surpresa. Minha expressão endurecer, minha mandíbula se fechou com força. 


Engoli em seco ao perceber que perderia meus poderes. Ao perceber que aquilo já acontecera antes. Ao perceber que de certa maneira, eu me assemelhava extremamente ao parasita nojento que o Dustin era no início, e o medo de me tornar como ele me tomou. Eu não queria ser uma psicopata de sangue frio, eu não queria ser tão egocêntrica como ele. 


- Portanto, retirarei uma grande parte de sua essência, Katrina. Guardarei-a e cuidarei para que nada aconteça com ela. E se por ventura, eu resolver que está na hora, a devolverei para você. Enquanto isso, contente-se. – Conclui ele. 


Acenei uma vez com a cabeça, em um ato de concordância e pesar. 


“Onde será feito?” Perguntei em pensamento, percebendo que aquela seria umas das ultimas vezes que eu faria aquele tipo de comunicação mútua com Daniel.


“Em minha sala.” Respondeu-me ele. “Não é necessário essa tristeza toda!” 


“Por que não é você que perderá suas asas! O lado bom será o silencia em minha cabeça novamente!” 


“Era o que eu ia falar. Pense no lado bom!”


“Só consigo pensar em como me refenderei se aquele parasita vier!” 


“Não se preocupe, novos poderes nascerão. E como eu disse: Poderei devolvê-los à você!”


- Vamos! – Falou ele. – Vocês podem voltar à suas atividades. 


Quando ninguém se mexeu, Daniel simplesmente andou para a saída do ginásio enquanto me levava junto. 


Direcionamo-nos para a sua sala, onde, quando entramos, ele fechou a porta e mandou-me sentar. 


- Nervosa? – Perguntou-me ele.


- Não! Apenas um tanto entristecida. – Falei. – Como será feito? 


- Adam! 


- Adam? 


- Sim. Adam pode sugar a sua essência, ou apena retira-la. 


Quando Daniel terminou aquela frase, alguém bateu na porta.


- Com licença? – Falou Adam.


- Pode entrar! – Disse Daniel. 


- Fujona! – Adam me cumprimentou.


- Adam! – Sorri.


- Agora? – Perguntou ele à Daniel.


- Sim. – Respondeu o diretor.


- Quanto?


- Sem poderes! 


Enquanto falavam, minha cabeça virava-se de um lado para outro. Eles falavam rapidamente e suas frases eram um tanto incompleta, porém eles conseguiam entender um ao outro. 


-Katrina, por favor, levante-se. – Disse Adam. – Fique parada!


- Sim! 


- Vamos lá. Respire fundo! 


Atendi a seu pedido. Adam olhava-me nos olhos, eu podia ver o mesmo pesar que eu sentia, e não consegui desviar meus olhos dos seus. 


Meu peito se projetou para frente, como se algo vivo estivesse preso dentro de meu corpo e tentasse desesperadamente sair, porém não conseguia encontrar o caminho certo. Minha cabeça direcionou-se para trás e a única coisa que consegui ver foi o teto liso de madeira.  Minha respiração estava entrecortada e senti que o que quer que estivesse saindo, encontrara o caminho certo. E este caminho fora por minha garganta. 


Logo pude ver o que saía. Uma substância esbranquiçada e ao mesmo tempo azulada brilhou ao achar caminho. Era como uma névoa clara ondulando pelo ar. Sua luz iluminou tudo à sua volta. 


Adam a controlou e fez com que entrasse em um pequeno recipiente semelhante ao colar que Dean me dera.  


- Como se sente? – Perguntou-me Daniel.


- Bem! – Falei, sorrindo.


Mas logo depois de responder àquela pergunta pude ver que não estava bem. Meu corpo estava fraco e ficara flácido lentamente. A incoerência cresceu em minha mente e fiquei em dúvida sobre o que eu estava fazendo ali. Meus joelhos cederam e meu corpo desmoronou, porém senti mãos me segurando prontamente para que eu não caísse no chão. 


Meu olhos se fecharam enquanto eu dava um pequena risada idiota.


- Tchau mundo! – Falei, fazendo com que os dois homens presentes ali rissem de mim. 


*****


Ao abrir meus olhos percebi que estava no quarto. Meu corpo aparentava estar bem, e estava! Nenhuma dor, apenas um pouco de confusão, porém minha mente clareou rapidamente com as lembranças do que acontecera. Eu só não sabia quanto tempo ficara desacordada, a única coisa que sabia era que estava sem poderes e que nenhuma voz intrometida falava em minha cabeça. 


De certo ponto de vista aquilo podia ser bom.


- Katrina? – Alguém falou enquanto batia na porta de meu quarto.


- Sim? 


- Posso entrar? 


- Sim! 


Daniel abriu a porta lentamente, espiando por uma pequena brecha se era seguro entrar. Sorri para que ele entrasse por completo, e assim ele o fez.  Sua expressão demonstrava insegurança devido à minha reação à sua presença, insegurança com algum tipo de sentimento ruim que pudesse ter crescido de minha parte. Mas a única coisa que ele conseguiu encontrar foi um sorriso amigo e a sinceridade em meus olhos e mente. 


Eu não ficaria enraivecida com ele, afinal, Daniel estava fazendo apenas o seu trabalho. Aplicando-se ao máximo para cumprir seu papel de diretor. E quem era eu para discordar de alguma decisão dele? Eu era apenas uma aluna recém-chegada.


- Sem ressentimentos? – Perguntou-me ele.


- Nenhum! – Falei.


- Como se sente? 


- Agora estou verdadeiramente bem! – Sorri, acenando com a cabeça.


- Fico feliz por isso. – Ele sorriu. 


“Não leia minha mente, acho injusto que eu seja e lida e você não!” Repreendi-o em pensamento.


- Desculpe-me. Força do hábito.


Levantei-me de minha cama, indo diretamente ao banheiro para lavar o rosto.


- Como vai Hunter? – Perguntei.


- Vai bem. Está aceitando de bom modo o seu castigo! 


- Quanto tempo ele ficará lá, mesmo? 


- Dois meses. 


- E o meu? – Perguntei, ansiando por uma resposta agradável.


- Tempo indeterminado, minha querida!


- Legal. – Falei. – E há quanto tempo estou dormindo?


- Vinte e quatro horas apenas! Não é o seu recorde! 


- Não mesmo! – Sorri, voltando ao quarto. 


Daniel estava sentado em minha cama, observando um quadro de cortiça pregado em cima da minha cama. Nele haviam variadas fotos de variados momentos. Meus pais, meus irmãos, minha nova família e amigos do instituto, até o próprio Daniel estavam presentes ali. Também parei e observei o quadro, eram muitas fotos, muitos momentos. 


- E eles? O que acharam? - Perguntei.


- Ficaram tristes com o seu castigo, porém não contestaram por saber que você ficará bem. 


- Que bom! – Falei, sorrindo amarelo.


- Não se preocupe, tudo ficará realmente bem. – Daniel completou enquanto olhava seu relógio de pulso. – Bem, agora tenho de ir. Tenho um compromisso. E você corra para chegar à próxima aula. 


- Tudo bem. – Sorri pegando uma roupa no guarda-roupa enquanto ele saia de meu quarto. 


Troque-me e sai para comer algo, afinal minha barriga roncava. Comi a primeira coisa que encontrei pela frente e corri para o prédio principal. 


Ao entrar um tanto atrasada na sala de aula, como é de lei, todos pararam para me encarar. Mas aquele não era um simples espanto por alguém ter chegado atrasado. Era o espanto semelhante ao que se tem ao ver alguma assombração. 


Minha única reação foi baixar minha cabeça e sentar-me ao lado do Dionísio, cujo cumprimento foi o mesmo de sempre. Pelo menos nenhum de meus amigos estava me tratando diferente. 


A aula se passou rápido e logo anoiteceu. 


Eu queria muito saber o paradeiro de Hunter, saber como ele estava, mesmo com esse pouco tempo de castigo. Hunter era realmente importante para mim, e me decidi que tentaria falar com ele. 


Eu me sentia culpada pelo acontecido. Por ele ter fugido e recebido aquele castigo, que em minha opinião, era pior do que o meu em vários aspectos. Meus poderes voltariam e eu podia pegar os que me foram tirados de volta, enquanto Hunter teria de ficar de quarentena por dois meses, sem companhia em um quarto. Penso que eu ficaria louca se tivesse de passar pelo que ele passava naquele momento. 


Daniel, por algum motivo desconhecido por mim, achava que o meu destino era pior que o de Hunter. E eu me sentia impotente por não poder fazer praticamente nada para ajuda-lo. Mas eu tentaria. De alguma forma, em algum momento eu tentaria.


*****


Um mês se passou desde o decreto, e aquele pequeno tempo havia se passado tão lentamente me senti praticamente rastejando. Minhas tentavas constantes de encontrar Hunter foram falhas, eu sempre era pega, e não tinha nenhum recurso para me defender ou despistas os que me atrapalhavam. E todas essas vezes em que eu era pega, tinha que escutar um enorme discurso de Daniel sobre como ele tinha de proteger este instituto e como era perigoso não seguir as regras. Logo me lembrei de quando fui atacada por Dustin. Naquele tempo eu estava seguindo as regras e de nada adiantou. Eu queria contestar as afirmações de Daniel, porém me contive, meus pais me deram uma educação digna e me ensinaram a não responder as pessoas mais velhas. E põe velho nisso – mesmo que não aparentasse nem um pouco.


E só de pensar nele, fiquei feliz por não ser mais incomodada. Imaginei que ele tinha encontrado algo mais interessante à qual se dedicar. Talvez uma pessoa melhor para infernizar. Mas dias depois de pensar sobre isso, arrependi-me profundamente. 


Recebi uma visita inesperada enquanto pela floresta. Aquela cena lembrou-me a história da Chapeuzinho Vermelho, andando pela floresta sozinha até que o lobo mal aparecia. E foi quase isso que aconteceu, só que na minha versão, o lobo mal era bem mais apresentável, bonito e charmoso, porém muito pior do que o da historinha de criança. 


- Olá minha querida! – Falou ele em meu ouvido enquanto eu andava distraidamente. 


Minha única reação foi pular para frente, afastando-me daquela voz e assustando-me. Fiquei calada, virando-me rapidamente e encarando-o.


- Sentiu minha falta? – Seu convencimento me enojava.


- Obviamente não! – Encontrei minha voz e respondi secamente.


- Você aproveitou bem a festa, não foi? Com o seu Dean, seus irmãos, sua nova família...


- Óbvio! – Sorri.


- Fico feliz. Um momento de alegria antes da pequena tormenta. 


Pequena tormenta? O que esse maluca fará a seguir, pensei.


- Sim, pequena tormenta. – Ele sorriu, pondo uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. – Seu castigo. Também tive igual. E também achei uma pequena besteira, afinal, eu receberia meus poderes novamente. – Dustin deu de ombros. – Mas meu amigo ficou confinado, assim como o seu. 


Estreitei meus olhos para aquela afirmação. 


- Acho que não somos tão diferentes quanto pensa, querida Kath. - Seu olhar era sugestivo. – E sabe qual foi minha reação a tudo isso? – O monstro a minha frente fez uma pequena pausa. – Eu tive um pequeno ataque de fúria. Destruí metade do colégio, mesmo sem poderes, mesmo me conformando que eles não voltariam, mesmo com a demonstração de amizade do Daniel. Eu destruí. Eu sabia que eles ergueriam tudo novamente. 


Onde ele queria chegar?


- Onde eu quero chegar, é... – Dustin se aproximou. – E se você – ele apontou para mim – tiver um ataque de fúria como o meu e destruir metade do colégio? 


- Eu não sou como você! 


- Você pensa que não é! 


- Eu sei...


- O futuro é incerto, minha querida, nada é como pensamos, nada é como queremos ou planejamos, as coisas simplesmente acontecem. – A fúria crescia em sua voz. – Quero dizer... Eu posso planejar, eu posso mudar o passado. Mas não o faço, por que uma mudança poderia mudar todo um contexto. E quero as coisas exatamente como são... Bem, talvez eu não seja tão ruim assim! 


- Ou talvez seja pior. 


- Eu adoro as suas tentativas de sarcasmo. São tão falhas. Mas mesmo assim você tenta se fazer de durona. 


Minha expressão era carrancuda, eu não tinha motivos e nem queria falar. 


- Eu acho que estou me cansando de fazer joguinhos! 


- Qual o motivo da visita? – Perguntei.


- Nenhum... Apenas mantê-la em cautela.


- Você adora fazer ameaças, mas até agora não vi nada... 


- Oh, então quer mais ação? Assim terás querida. 


Mordi minha língua até sentir o gosto de sangue em minha boca, arrependi-me imensamente por aquelas palavras. 


- Começando por agora! – Ele sorriu. 


Dando mais um passo elegante, Dustin aproximou-se, levantando a mão e abrindo sua boca, como se fosse me morder. Mas ficou paralisado, voltando à sua postura anterior segundos depois. 


 - Pensando bem. Vou começar por outros lados. Será mais interessante... Em breve terás notícias, querida.  – Dustin piscou. – Pensando bem, só para não perder o costume.


Seu rosto ficou muito próximo do meu, Dustin inclinou a cabeça, direcionando-se para a lateral de meu rosto. Pensei que ele falaria algo em meu ouvido, mas ele simplesmente me lambeu como havia feito anteriormente. O veneno escorreu por meu rosto, queimando-me mais intensamente do que da ultima vez. 


- Merda! – Resmunguei, enxugando o veneno com a manga de minha blusa, porém este corroeu minha blusa como um ácido. 


- Até logo, querida. – Ele sorriu, beijando do outro lado do rosto. 


E então ele desapareceu, deixando ali, com o rosto queimando. 


Corri para o prédio na intenção de lavá-lo ou até mesmo ir à enfermaria. Mas assim que o veneno estivesse fora, minha pele se curaria sozinha. 


Voltei a meu quarto pensando no que Dustin faria depois que lhe fora dito.


Tomei um bom banho e lavei bem meu rosto... O veneno saíra por completo, porém levaria em média algumas semanas para curar.


Meu coração se apertava a todo o momento... Logo depois do banho resolvi que ligaria para minha família... Teria de avisá-los de alguma maneira.


- Alô? – Perguntou uma voz familiar. 


- Rafael? Olá... Como vai você? – Sorri pesarosamente.


- Muito bem. – Escutei o sorriso em sua voz. – Você?


- Bem! – Eu não estava bem, mas eu conseguiria mentir.


- Hunter? – Perguntou-me ele. 


- Ainda de quarentena. 


- Com vão as coisas por aí? 


- Vão bem. Luca e Júlia não se largam, Damon e eu já estamos ficando um pouco enjoados. – Ele gargalhou. – Mas ele está feliz, é isso o que importa. Jason está como nós, evitando os pombinhos. Dean os olha com um tanto de tristeza – ele sussurrou esta ultima parte -, me parece que sente falta do que vê. Beth e Ryan não ligam pois sua filha está feliz e com um cara legal, modéstia parte. E Lily, bem, ela está mais preocupada com suas bonecar e com o piano do que com qualquer outra coisa. 


- Que bom que tudo está bem! 


- E como vão as coisas com você? Sem seus poderes... Ele... Hãn... Tem te atormentado?


- As coisas vão bem normais. E ele não tem me atormentado mais, acho que encontrou algo melhor para fazer!  - Menti mais uma vez.


- Fico feliz por isso! – Sua leve gargalhada amenizou minha aflição. – Com licença? É a Katrina? – Falou outra voz ao fundo. – Sim... – Agora o Rafael novamente. 


Houve um momento de silêncio até que alguém estava falando comigo novamente. 


- Katrina! – Damon quase gritava ao telefone. – Como vai você?


- Vou bem! E você, amor?


- Bem... – Ele pigarreou. – Você precisa falar com o Luca, ele precisa amenizar com o mel. 


- Passa para ele, por favor... 


- Luca! – Damon gritou. – A Katrina quer falar com você! 


- Alô? – Falou Luca no mesmo momento em que fora chamado. 


- Dá para pôr um pouco mais de mel? – Gargalhei... 


- Katrina, é menos mel... – Resmungou Rafael.


- Põe muito mais mel, eles estão com inveja! 


- Eu sei... – Luca sorriu. – São invejosos... Eu tenho namorada, eles não! 


- Pois é! – Concordei. – Estás feliz?


- Sim, muito.


- É isso o que importa. 


- Katrina? – Perguntou outra voz, fazendo com que meu coração acelerasse. 


- Olá! – Respondi.


- Você está bem? – Perguntou-me rapidamente.


- Sim, e você? 


- Não muito! 


- O que se passa? – Franzi o cenho.


- Saudades. – Ele sorriu. Mesmo longe pude ver seus olhos se fechando levemente enquanto seu sorriso lhe iluminava o rosto. – Muita saudade de você! 


- Também tenho saudades! – Suspirei. – Como vão as coisas por aí? – Mesmo tendo perguntado isto anteriormente, eu queria saber dele.


- Vão muito bem! Seus irmãos só reclamam! – Dean gargalhou.


- Um pouco de inveja! 


- Não é inveja! – Falou Rafa.


- Não adianta discutir. – Falei.


- É inveja sim... Não é amor? – Júlia perguntou para Luca, que respondeu prontamente. – É claro que sim.


Sorri enquanto escutava uma pequena discussão se formar.


- Tudo em demasia faz mal!  A voz de Jason invadiu o ambiente. – A propósito... Olá Katrina. 


- Oi Jay,


- O que se passa aqui? – Ryan falou um pouco mais alto do que os outros.


- Calma Ryan, isto é apenas uma discussão entre crianças. – Disse Beth.


- Posso brincar também? – A voz de Lily soou animada. 


- Eles não estão brincando! – Respondeu Dean docemente.


- Katrina? – Alguém me chamou, mas não era ninguém do outro lado da linha, era uma pessoa apressada que batia insistentemente em minha porta.


 - Sim? – Falei abrindo a porta enquanto escutava o silêncio vencer pelo telefone.


- Daniel quer vê-la. – Disse Vanessa. 


- Agora?


- Agora! – Falou simplesmente, saindo de meu campo de visão.


- Alguém? – Perguntei.


- Estamos aqui! – Falaram todos em sincronia.


- Preciso desligar! 


- O que será que ele quer? – Perguntou-se Jason.


- Passar-me mais um sermão, talvez! – Tentei esconder o nervosismo. – Eu amo vocês! 


- Nós a amamos! – Falaram.


Desliguei o telefone e andei lentamente em direção ao prédio principal, afinal, não tinha pressa. Apenas curiosidade e um tanto de nervosismo. Tive certeza de que ele queria conversar sobre a recente visita de Dustin e talvez reclamar por eu não ter ido até ele imediatamente.


Andando percebi que algumas pessoas me olhavam, repreendendo-me. Ou talvez não gostassem de mim apenas. 


- Pode entrar, querida! – Falou Daniel quando eu estava prestes a falar e bater na porta.


Entrei e sentei-me em uma das cadeiras que ficavam para a sua elegante mesa de madeira maciça e instantaneamente para ele. 


- O que desejas? – Perguntei.


- O que Dustin queria hoje? – Ele foi direto ao ponto, fazendo-me perceber que estava certa sobre minhas especulações anteriores. 


- Nada mais do que ameaças! – Minha indiferença me surpreendeu, talvez estivesse me acostumado com o monstro que me atormentava. 


- Ele a feriu novamente! – Sua mandíbula se fechou fortemente.


- Efeitos colaterais! – Sorri.


- Katrina! – Seu tom passou de duro à acolhedor em instantes. – Só quero que seja forte e fique bem, pois acontecerão algumas coisas um tanto ruim em pouco tempo! 


- Que tipo de coisas? 


- Ruins e nada mais! 


- Tudo bem! – Concordei secamente.


Após o pequeno momento de tensão, Daniel começou a conversar comigo sobre assuntos mais leves, porém eu ainda podia ver a tensão e um pouco de pena em seus olhos... 


Voltei para meu quarto e lá fiquei pelo resto do dia. Não queria fazer nada, muito menos ver alguma pessoa. Ficamos apenas eu, meus pensamentos, o aperto em meu coração e o silêncio. 


Quis saber o que aconteceria, saber quem ou o que eu perderia, mas ao mesmo tempo eu não queria nada daquilo, a não ser ter de volta minha antiga casa, minha família e voltar ao que eu era, apenas um simples garota diferente, mas sem nada sério com o que se preocupar. O arrependimento ainda estava em mim por aquelas palavras, repreendi-me internamente por aquilo.


Logo dormi.


Meu único sonho fora com Dean.


Nossos momentos. Cada lembrança, cada toque, cada beijo, cada sorriso... O momento em que ele dissera que me amava. Os vários momentos nos quais voamos.


E após isto, voltamos à pequena gruta, esta estava iluminada levemente pelo sol do fim de tarde. A água refletia nos olhos do Dean, fazendo com que pequenos diamantes brilhassem o azul. Sempre sorrindo, Dean estendeu-me a mão para que eu me juntasse a ele na água. Peguei-a prontamente, sentindo-me leve com aquilo.


Sorri enquanto era abraçada por ele. Seus lábios tocaram os meus sem hesitar, com desejo, fome; como se tivesse passado um longo tempo esperando por aquilo. Suas mãos pressionaram-me forte contra seu corpo quente. A punica coisa que consegui fazer foi agarrar-me mais a ele, tentando não soltá-lo nunca mais.


Ao término do beijo, Dean encostou sua testa na minha, respirando profunda e lentamente.


- Eu amo você! – Falou, fechando os olhos. 


- Eu também amo você! – Suspirei enquanto seu nariz passeava calmamente por meu pescoço.


Assim, abraçados, passamos o resto de meu sonho do jeito que eu queria.


Acordei com um sorriso bobo no rosto, feliz por aquilo, por ter aquele momento mesmo que em sonho. Mesmo que fosse real apenas em minha cabeça.


Direcionei-me rapidamente para o prédio principal. No refeitório encontrei todos os meus amigos reunidos em uma mesma mesa. Conversavam animadamente e quando me viram, pararam e encararam-me por uns segundo, porém logo sorriram e convidaram-me a sentar. 


- Como vão? – Perguntei, sorrindo.


- Bem! – Andreza respondeu por todos, sorrindo.


- Estás feliz, Katrina? – Perguntou-me Nathan. 


- Um pouco.


- Qual o motivo desta felicidade? – Questionou Thony.


- Sonho bom! – Sorri.


- Fico feliz que esteja assim! – Disse-me Zayn.


- Eu também! – Sorri. – Falta pouco de um mês para que Hunter volte! – Comemorei em meio a um suspiro.


- Sim! – Giovanna comemorou comigo. 


- Tenho medo de que ele fique com algum tipo de raiva ou mágoa! – Fiz careta.


- Tenho certeza de que não. Se ele o fez, foi por que quis e tinha plena consciência das consequências. – Ana me reconfortou.  


- Tomara! – Sorri tristemente.


As aulas começaram e todos os alunos foram para suas respectivas salas. No horário do almoço voltamos para o refeitório e os garotos resolveram jogar alguns jogos enquanto nós meninas, ficamos conversando um pouco de besteira, bem, elas ficaram conversando pois eu não tinha cabeça para papear sobre estes assuntos de garotas. 


- Sabe... O Zayn... – Sarah começou a falar.


- O que tem o Zayn? – Victória fez uma pequena careta. 


- Nada, estou apenas dizendo que ele é bonito, legal, carinhoso comigo. – Sarah se derretia ao descrevê-lo. 


- Legal! – A expressão de Victória era séria. 


- Eu gostei do Nathan! – Jéssica sorriu. – E do Thony, do Travis, Josh... – Ela falou, analisando qual seria a reação de Andreza.


- Pode levar! – Andreza sorriu.


- Nossa, que desdém para com seu irmão! – Victória reprovou.


- Para o melhor ou pior, prefiro meu irmão com a Jéssica a com aquelas ali. – Andresa deu de ombros, apontando para a mesa onde ficavam garotas esnobes que rodeavam os garotos. 


- Isso é verdade! Eu também prefiro! – Sarah concordou, gargalhando. 


Quando Sarah terminou aquela frase, as garotas que antes estavam na mesa para a qual Andresa apontara, levantaram-se e vieram à nossa direção. Era cinco. Desfilaram elegantemente até nós. Um sorriso surgiu em cada rosto simultaneamente. Ao chegarem próximo o suficiente, pararam, encararam-nos e então e então uma delas, com cabelos longos e alaranjados falou. 


- O que estavam falando? – Sua voz fina e aguda me irritou.


- Nada! – Andresa sorriu docemente. – Estava apenas dizendo para as minhas amigas que prefiro meu irmão com uma delas a com uma de vocês! – A acidez tomou conta.


- Oh sim! Porém isto vai para cada tipo de gosto. – Um sorriso vitorioso cresceu no rosto da Electra cujo nome eu não sabia. – Então presumo que eu seja melhor do que vocês neste quesito.


- Ou ele só está tentando se divertir com você. – Retrucou Ana.


- E talvez te abandone logo, por que eu não sei como aguentam você, seu egocentrismo e sua voz! – Giovanna concordou. – Oh! Mas espere, vocês não tem nada!


- Por favor, fale direito, pois você não tem ideia do que ela pode fazer com você! – Uma de suas amigas falou, esta com cabelos curtos e negros, e olhos castanho claro. 


- O que você faria? – Jéssica perguntou diretamente à ruiva, que parecia comandar o grupo.


- Não sou de falar, sou de fazer! – Respondeu ela, triunfante mais uma vez.


- Acho que é o contrário, garota! – Disse Sarah.


- Eu posso estalar os dedos e vocês caem! – A garota gargalhou. 


- Estou esperando! – Victória revirou os olhos. 


Enquanto elas discutiam e minhas amigas levantavam-se uma à uma, continuei sentada, observando tudo à meu redor, algumas várias pessoas olhava insistentemente aquele conflito. Não interferi, afinal, aquela briga não era minha.


- Ainda não vi nada! – Vitória desafiou novamente.


- Sabe? Não vou fazer nada. Vocês são apenas garotinhas bonitinhas e excluídas que ficam em um só grupo onde ninguém mais quer entrar. Vocês andam com essa aberração ainda por cima. Aberração tanto por natureza quanto por opção. Como podem andar com essa... Coisa?


Ao escutar aquilo as olhei instantaneamente. Analisei cada uma. Além da ruiva e da garota com cabelos curtos, estavam uma garota e seus olhos azuis e seus longos cabelos louros, quase brancos. Outras com cabelos louro escuro, nos ombros e olhos verde escuro. A ultima com tons variados de ruivo nos cabelos curtos e sardas no rosto. Percebi que as cinco vestiam o mesmo padrão de roupas, não totalmente iguais, mas combinavam em cor e estilo.


Sorri enquanto via aquela imagem. Logo meu sorriso transformou-se em uma leve gargalhada. Olhei-as com fúria, sorrindo sarcasticamente.


- Estás falando comigo? – Perguntei tão ironicamente que tive de rir.


- Claro! Quem mais seria a aberração aqui? 


- Não lhe ocorreu que não são as pessoas que não querem estar em nosso grupo, mas sim nós que não as queremos? Que elas não se encaixam aqui? – Perguntou Andresa. 


- Ou eles apenas não querem ficar perto dela. 


- Bem! Se é assim que você me define... Admito, é ótimo se uma aberração. Porém o temo mais apropriado seria... Diferente, apenas. Sim, por natureza e por opção. Visto-me diferente, assim como todas nós. Não queremser iguais. – Apontei para as meninas. – E, pelo menos eu, não me importo com moda e padrões de beleza. E daí que o meu cabelo é verde e azul? Pelo menos me diferencio das outras pessoas, principalmente pessoas como você! Prefiro fazer coisas diferentes e novas... Coisas que vocês não fazem. – Sorri. – E seu sou o que sou, é por que não tive escolha, o gene estava em meu sangue e não posso fazer nada contra isso. Ou você acha que se eu pudesse escolher, eu não escolheria ser uma Electra? Ser “normal”? – nesta ultima frase fiz aspas imaginárias com as mãos. – Então, por favor, não me venha com essa historinha, pois já tenho problemas demais para carregar.


- Sim, eu sei. Tens um louco te perseguindo dia e noite. – Ela gargalhou. – A pequena órfã... Perdeu os pais e agora vive com seus irmãos na casa de amigos da família. Ficou cega, mas voltou a enxergar quando virou uma aberração. E agora é uma garotinha sem poderes, KatrinaRachmaninob. – Completou a ruiva.


- Como sabes tanto sobre a minha vida? – Perguntei, começando a aparentar minha fúria.


- Ela é sobrinha do Daniel, e ele é o tutor dela. – Respondeu-me Ana.


- Tenho minhas vantagens!


- Que bom... Bem, é ótimo saber que sou um tanto famosa. Pena que não posso falar o mesmo sobre você, afinal, se não tivesse vindo até nós, eu não saberia que você existia. Mas mesmo a conhecendo, você continua muito insignificante para mim! Aliás, qual o seu nome? 


- Carolina Grimmes... – Ela sorriu.


- Ok. Agora poderia fazer o favor de se retirar? 


- Não! Ainda não terminei. 


- Bem, acho que terminou sim! 


- Não. Terminei! – Falou entre dentes, dando-me um choque que mal senti, só percebi o que acontecera, pois vi um pequeno raio serpentear até mim, porém pude ver que ela estava usando grande parte de sua capacidade.


- Você não devia ter feito isso! – Sorri maleficamente. 


- Por que, garota? O que você vai fazer sem seus poderes? – Sua gargalhada soou alta em sua voz fina. – Tens sorte por ter seus irmãos. Lindos por sinal, mas não devem amar uma aberração como você! Não sei como te aguentam! 


Minha visão periférica indicava que todos à nosso redor olhavam, todos sem exceção. Concentrei-me. Não queria mais uma confusão em minha história acadêmica.


- Eu conheci seu irmão! – Carolina sorriu. – Damon, já namorei com ele antes de ambos virmos para cá. Ele era bobinho, na verdade um imbecil. Tão bestinha que dei um pé na bunda dele. Damon... – Ela gargalhou. – Não o vi mais depois daquilo. Como ele está? Está bem, ou continua idiota como antes.


Meus lábios recuaram, expondo meus dentes afiados. Eu estava meio sorrindo meio rosnando. Um rosnado animal que eu tinha certeza que nenhum deles podia dar. Carolina sorriu, apreciando minha reação. Era exatamente aquilo o que ela queria, então era exatamente aquilo que ela teria. Naquele momento, aquela briga se transformou em minha também.


Minha mão direita voou imediatamente para seu pescoço, apertando-a ali e erguendo-a com facilidade. Seus olhos esbugalharam-se em medo. 


- Fale sobre mim, fale mal, me bata, faça o que quiser. – Falei enquanto rosnava. – Mas não falei dos meus amigos, da minha família... Dos meus irmãos. 


Suas mãos voaram para meu pulso, tentando me fazer soltar... Mas todo esforço era inválido da parte dela, era como se não houvesse nenhum obstáculo ali para mim. Andei lentamente enquanto a segurava, seus pés se agitaram no ar. Encostei-a com força na parede enquanto ela ainda tentava se soltar. 


- Bem. O que eu posso fazer? Não foi isso que você perguntou? – Sorri. Meu rosto estava quente pela raiva. – Sim, eu estou sem poderes, mas ainda assim, sou mais forte, rápida e inteligente do que você! E se eu fosse você, não se meteria comigo. Como falei anteriormente, tenho problemas demais. E não quero mais um... Como a morte de uma garotinha intrometida.


Afastei-a de onde estava e fiz com que ela voltasse, com mais força do que antes. Carolina gritou em protesto. O sangue marcou a parede do refeitório. Sorri ao ver aquilo, apreciei profundamente àquela cena. 


- Estou avisando... – Sussurrei em seu ouvido. – Da próxima vez, não farei apenas isto! Farei muito, muito pior! 


Ainda a segurando pelo pescoço, arremessei-a o mais longe que pude, ou o mais longe que o espaço me permitia. Carolina voou livremente pelo refeitório até chegar à seu outro extremo, batendo violentamente contra a parede e caindo no chão. Ela segurava o lugar onde eu tinha apertado com uma das mãos, puxando ar com força, tentando absorver o máximo de oxigênio que podia, e com a outra tocava o ferimento em sua cabeça, olhando a mão insistentemente e analisando a quantidade de sangue que havia ali.Olhava-me com medo, seus olhos cresciam a cada instante. Encarei-a por um segundo e logo sai daquele ambiente. 


Agora todos teriam medo de mim, e isso era o que eu menos queria.


Logo que me afastei, as amigas de Carolina a rodearam, preocupadas com seu estado, me olhando feio e com medo. Andei rapidamente para a saída, precisava de ar fresco. Resolvi correr até o penhasco, infelizmente não poderia voar, mas me contentaria em ficar ali, apenas observando a paisagem. 


Fiquei um tanto feliz por não ser seguida, não queria que alguém viesse me confortar ou dizer que o que fiz foi errado. Eu queria apenas ficar sozinha com meus pensamentos. 


Por um momento me ocorreu que Dustin poderia ter razão. Eu a atacara praticamente do mesmo modo que ele me atacara, com a diferença do veneno, afinal, eu não o tinha, e se o tivesse, tinha certeza que faria o mesmo. A lamberia para que sua pele para que ela queimasse. Teria atacado Carolina exatamente do mesmo modo.  Talvez eu não fosse tão diferente dele assim. Talvez eu tivesse a mesma sede de sangue e me tornaria como ele futuramente. 


Bufei com aquele fato. Não por ter certeza que me transformaria naquilo, mas por toda minha incerteza e motivação para não me tornar como ele.


- Katrina? – Alguém me chamou.


Olhei vagarosamente para trás. Ana e Andresa estavam paradas lado-a-lado, tinham alguns leves machucados em seus rostos. Com certeza brigaram logo após minha saída.


- Apanharam ou bateram? – Perguntei, convidando-as a sentar comigo.


- Óbvio que batemos! – Respondeu Ana. 


- Fico imensamente feliz por isso! – Apreciei.


- E elas ainda queriam sair como vitoriosas! – Completou Andresa. – Nós não somos covardes, Giovanna e Sarah ficaram de fora. 


- Carolina está acabada! – Informou-me Ana gargalhando. – Com certeza vai te dedurar para o Daniel.


- Não estou ligando para isto. Qual seria o meu pior castigo agora?


- Verdade! – Concordaram elas.


- Por que você veio para cá? – Perguntou-me Ana.


- Por que... É legal? – Ri de minha resposta.


- Conte-nos a verdade, por favor! – Andresa falava de modo exigente.


Desviei minha atenção delas e mirei à minha frente, para a imensidão da qual eu tanto gostava. O azul do céu... Imediatamente fechei meus olhos e aspirei a brisa que vinha em nossa direção. 


- Katrina? Dormiu? – Perguntou-me Ana enquanto gargalhava.


- Eu... Eu acho que gosto daqui pois... Bem, eu acho que é por que me passa liberdade, poder voar sabe? Ou passava! – Respirei profundamente. – Ou talvez por que... – Pigarreei. –Talvez o penhasco foi o primeiro lugar para onde fui quando voltei a ver. Ou por que o Dean me levou para lá pela primeira vez, e foi daquele penhasco que saímos... Pulamos, na verdade. Subi em suas costas e ele voou comigo. Ou talvez por que foi onde ele me levou quando voltei a enxergar e lá demos o nosso primeiro beijo. Ou por que foi onde voei independentemente dele, à seu lado, segurando sua mão. Mas aqui é um tanto diferente. Não tem mar lá em baixo! 


Um sorriso insistia em estampar meu rosto. Não lutei contra aquilo, era bom sorrir por aquelas lembranças.


- Nossa! – Falaram em conjunto novamente.


- Sim! – Concordei.


Contudo, eu não estava realmente presente ali. Estava em outro lugar, outro tempo, ou melhor, em todos aqueles momentos que eu havia citado anteriormente. E novamente me veio aquele aperto no coração.


- E vocês? – Tentei espantar aquilo. – Onde gostam de estar?


- Bem... Eu gosto de ficar no topo das árvores. – Gargalhou Andresa. – O cheiro da madeira e das folhas. Eu e Thony costumávamos competir quando éramos menores, e quando chegávamos ao topo, fazíamos um tipo de piquenique reduzido. – Ela gargalhou mais um vez com a lembrança. 


- Eu gosto do campo! Minha casa era no campo. Tranquilo. Também fazíamos piqueniques, mas no gramado denso. – Ela sorriu. – e tenho saudades do meu amigo festeiro, Mike.


- Eu conheci um Mike em uma festa! Ele passava os pensamentos dele para a minha cabeça. – Falei.


- Esse é o Mike! – Ela aprovou.


Seus olhos brilharam ao pronunciar aquele nome.


- Tens certeza que é apenas seu amigo? – Andresa perguntou.


- Si... – Ana parou e pensou um pouco melhor. – Sim! 


- Ok. Se não quiser contar, não precisa! – Falei.


Ana olhou-me com gratidão, acenando com a cabeça em concordância.


- O que fazem? – Perguntou-nos Victória.


E lá se foi meu plano de ficar sozinha, ou com o mínimo de pessoas possíveis.


- Apenas conversando! – Respondeu Andresa. 


- Queremos conversar também! – Informou-nos Sarah.


- Se aquela idiota não tivesse nos interrompido, ainda estaríamos no mesmo lugar! – Resmungou Jéssica.


- É a vida! – Falei simplesmente.


- Pois é! – Concordou Giovanna.


Nós sete ficamos ali por um bom tempo. Nada nem ninguém nos interromperam, até eu participei mais prontamente naquele momento.


As outras aulas vieram e para a minha felicidade, Daniel ainda não havia me chamada para mais um sermão. 


*****


O outro dia estava ensolarado, o céu azul me fazia lembrar a casa que eu considerava como minha.


De certo modo eu estava feliz. Faltava pouco para que Hunter se libertasse!


Ao chegar no refeitório da ala Spectro, fui bombardeada por perguntas.


- O que você fez com aquela garota? – Questionou-me Zayn.


- Eu não fiz nada! – Arregalei meus olhos em descrença.


- Ela está toda machucada! Ou estava, pelo menos. Já deve estar curada! – Gargalhou Travis.


- Sim! – Concordei seriamente.


- Eu fiquei muito feliz com isso! – Dionísio falou.


Os outros garotos presentes na mesa olharam com espanto. Como se perguntasse: “Como você pode ficar feliz com uma coisa dessas?”.


- O que? Eu não gosto dela! – Dio deu de ombros. – E não tenho a obrigação de gostar... Se pudesse teria dado uns bons tapas nela há muito tempo. Pena que não posso. Mas a Kath bateu por mim e por mais quem quiser!


- Por que não gostas dela? – Perguntou Josh.


- É a vida! – Dio repetiu o que eu dissera no dia anterior.


- Eu também não gosto da garota! – Josh respondia sua própria pergunta. – Ela é metida só por que é sobrinha do diretor... Não gosto de pessoas assim! – Ele fez careta.


- Exato! – Concordei.


- Katrina? Daniel está chamando você na sala dele. – Disse-me Vanessa, saindo sem mais nada a dizer.


- E de repente, a sala do Daniel se torna o lugar mais frequentado por mim... – Resmunguei, fazendo com que todos rissem. 


- Boa sorte! – Travis falou.


- Obrigada! – Reverenciei-o com a cabeça. – Mas acho que não precisarei de muita.


No caminho preparei-me para mais um longo momento de conversa.


Ao chegar á sala, bati na porta e anunciei minha entrada e adentrei logo em seguida, sem esperar por permissão;


Daniel estava sentado em sua poltrona de costas para a porta. Ele olhava algo em suas mãos.


- O que o senhor quer agora?  Olha, se é por causa da sua sobrinha, Carolina, me desculpe... Mas a culpa foi dela. Não dei o direito de falar de meus irmãos...


- Katrina! – Daniel me interrompeu, virando-se.


Pude ver sua expressão, parecia-me triste. Seus olhos estavam baios e um tanto vermelhos, seus lábios, que na maioria das vezes sorriam, estavam curvados para baio em uma careta de dor.


- Me desculpe, eu não sabia que bater naquela fedelha te deixaria assim! Por favor, eu sinto muito! –


- Ele atacou sua casa! – Daniel falou simplesmente.


- Quem? – A confusão me tomou.


A resposta que recebi foi o silêncio. Logo pude perceber de quem se tratava, estava óbvio – Dustin cumprira sua promessa. Ele atacara minha família mais uma vez.


Naquele momento eu entendi verdadeiramente o aperto no peito que sentira dias antes. Minha mão voou para meu coração, tentando fazê-lo desacelerar, mas eu sabia que de nada adiantaria, e percebi que estava apenas tentando me manter inteira, não cair aos pedaços.


- Ontem. Estavam todos na casa. Ele os atacou com mais quatro Spectros.


- Como estão? – Engoli em seco.


- Bem! – A voz do diretor falhou, era óbvia a mentira naquele tom.


- Quem eu perdi? – Fechei meus olhos, desejando ouvir “Ninguém!” como resposta.


Mais uma vez o silêncio veio. Meus dentes trincaram fortemente com a expectativa. 


- Quem perdemos, Daniel? – Perguntei mais uma vez. 


Aproximei-me mais de sua mesa. Minhas mãos tremiam levemente de fúria, tanto pela demora quanto pelo que acontecera. Daniel abaixou sua cabeça, respirando profundamente.


- Quem? – Gritei exigentemente, batendo em sua mesa com força, fazendo com que os objetos presentes ali se agitassem, subindo e caindo, todos fora de seus lugares.


Sua cabeça se levantou lentamente, Daniel me olhou nos olhos. Uma lágrima escapou e escorreu por seu rosto. Dando um ultimo suspiro, ele falou. 


- Dean! 


Toda a fúria anterior se foi, sendo substituída por uma profunda dor e tristeza.


- Dean? – Falei com a voz embargada. – Dean! 


Meus olhos se arregalaram, minha boca se escancarou em descrença. As lágrimas invadiram meus olhos em abundância. Um enorme nó se formou em minha garganta. Meu coração parecia estar se despedaçando ainda mais rapidamente do que antes.  Senti-me caindo por perder mais alguém amado, por não poder fazer nada para impedir isto... Caindo por que aquilo era culpa minha.


- Não... – Sussurrei. – Não. 


Segurei-me na primeira coisa que encontrei à meu redor. Percebi que me agarrava à Daniel. Ele me abraçou forte, tão forte que meus pedaços não se separaram por hora. O choro se manifestou ainda mais forte. 


- Acalme-se, querida, tudo ficará bem! – Disse ele, acariciando-me levemente.


Olhei-o por um segundo e percebi que não queria estar ali. Não queria estar em nenhum lugar... Não queria ninguém perto de mim.


Empurrei-o, fazendo com que ele caísse e ficasse no chão observando-me. Assim, com seus olhos em minhas costas eu corri. Corri para qualquer lugar onde pudesse estar sozinha.  A invisibilidade era o que eu mais queria naquele momento. 


O único lugar no qual pensei foi ao penhasco. Apesar das muitas lembranças que ele me traria, não me importei.


- Katrina? – Perguntei alguém.


Logo esse alguém ficou para trás, não me interessava saber quem era.


Ao chegar onde desejava, notei que não ficaria exatamente sozinha, realmente não havia nenhum lugar que me afastasse total e completamente de todos.


Não encontrei outra opção plausível a não ser pular. Pular daquele penhasco, mesmo que não pudesse voar. E assim o fiz. Aproximei-me da beirada e pulei. A sensação de liberdade que eu sempre sentia ficara para trás. Não me senti bem com aquilo. A queda curta logo foi amortecida por meus pés em um pouso fácil. Simples para mim.


Encontrei rochas à meu redor, e mais à frente havia mais uma floresta.  Entrei naquele ambiente escuro, habituando-me rapidamente àquilo. Encontrei uma imensa árvore com longos ramos... Resolvi que seria ali que eu ficaria. Subi, chegando ao topo rapidamente. Acomodei-me em um dos galhos e mirei à minha frente.


Toquei o colar que estava em meu pescoço instintivamente. O presente que Dean me dera. Aquela era uma parte de sua essência, uma pedaço dele que fora deixado comigo.


Lágrimas insistentes desciam por meu rosto e ali eu desmoronaria em pedaços


Pensei em algo que talvez não quisesse ver há muito. Vi que as pessoas à meu redor morriam. Não por uma simples fatalidade. Mas por minha culpa, por culpa de meus erros.


“Gostou da surpresa, querida Katrina?” Perguntou-me uma voz, invadindo minha mente.


De repente tudo ficou em silêncio. Nada soava no lugar, nem em minha cabeça... 


E novamente ele falou.


“Vejo que aprovou perfeitamente!” Sua gargalhada cresceu. “Foi bom arrancar o coração do seu Dean e vê-lo virar cinzas.”


Imagens vieram com toda força. Dustin estava passando suas lembranças para mim, lembranças do momento do ataque. 


Como da ultima vez, ele ficou parado enquanto os Spectros mais fracos faziam seu trabalho primeiramente. Um grito fino ecoou. Aquela era Lily sendo levada para outro cômodo, afinal, não era necessário que ela presenciasse aquilo. Quando Jason voltou sem suas irmã, pôde ver que dois dos inimigos já haviam caído. Meus irmãos atacavam furiosamente, liberando o ódio cultivado por meses.


- De novo, não! – Luca falou entredentes, colocando-se à frente de Júlia.


Júlia e Beth aos poucos tomaram coragem suficiente. Atacando um dos Spectros avidamente. Golpeando-o em pontos críticos, e, quando ele estava cansado o bastante, Elizabeth o segurou e Júlia arrancou seu coração.


- Menos um! – Júlia comemorou.


- Menos dois. – Informou-lhe Jason.


Todos os inimigos caíram, restando apenas Dustin.


- Parabéns! – O olhos negros sorriu amigavelmente. – Conseguiram acabar com os quatro... Pena que não eram os mais fortes do meu... Exército? 


Quando Dustin terminou aquela frase, Dean e Ryan entraram pela porta dos fundos. Arregalaram seus olhos, porém ficaram felizes por sua família permanecer viva.


- Então... É você!? – Dean serrou seus olhos, entendendo a situação.


- Sim. Eu sou Dustin! – Ele sorriu. – É um grande prazer conhecê-lo, Dean! – O jeito como ele falou, mostrou, de certo modo, o quanto ele sabia sobre todos ali.


Dustin ainda sorria. Aquele sorriso podia irritar algumas pessoas profundamente, assim como acontecia comigo algumas vezes. Ele observou todos por mais um instante e logo resolveu agir.


- Não quero prolongar este momento! 


O monstro avançou, direcionando-se para Júlia e Beth, que o observavam amedrontadas. 


- Começarei por aqui. – Dustin falou, avançando ainda mais. 


No mesmo instante em que ele falou, todos os homens de nossa família prontificaram-se em frente a elas.


- Se é assim que vocês querem! – Dustin deu de ombros. – Eu pretendia matar mais de um! – Ele fechou seus olhos, respirando fundo enquanto sua cabeça direcionava-se para trás. - Mudei meus planos! – Sua expressão dizia-me que ele via algo além do que estava à sua frente, algo que ninguém a não ser ele poderia ver. – E eu já escolhi quem vai ser... Acho que esse ferirá profundamente o coração da querida Katrina por hora.  


O monstro sorriu, arregalando levemente seus olhos cuja tom passou de um azul intenso para o negro total. Logo Dean começou a andar lentamente, sua expressão fora substituído por uma careta de esforço, e rapidamente todos perceberam que ele o estava fazendo contra sua vontade.  


- O que... O que você está fazendo comigo? – Dean perguntou furiosamente.


Uma veia pulsava em suas têmporas, sua mandíbula estava fortemente apertada. Porém, mesmo que Dean fizesse todo aquele esforço, de nada adiantaria. Ele continuou andando lentamente, e quando chegou perto o suficiente de Dustin, ele parou. 


Agora foi o olhos pretos que deu mais um passo à frente, olhando Dean nos olhos. Ele levantou sua mão direita, direcionando-a para o rosto do Dean, acariciando-o levemente, assim como fizera comigo diversas vezes. Aproximando-se ainda mais, Dustin sussurrou algo em seu ouvido, e aquilo não fora ouvido por ninguém, nem mesmo eu, que era um personagem inexistente na história que estava sendo implantada em minha cabeça.  O monstro estava bloqueando aquilo de mim. 


O que fora falado irritou mais profundamente Dean, e quando ele estava irritado o suficiente, o monstro simplesmente atravessou o peito dele com a mão que no meio do caminho arrancou seu coração. Após alguns segundos, Dustin puxou seu braço de volta, sorrindo. 


Dean, de olhos arregalados, suspirou com dificuldade. O sangue escorria pelo canto esquerdo de sua boca. Seus olhos se fecharam lentamente, e logo em seguida ele caiu. Sem vida. 


O meu Dean já não estava mais ali.


O monstro ergueu o coração e Dean, mostrando-o à minha família como um troféu.  


Todos os outros olhavam de olhos arregalados, não conseguiam se mexer. Observaram Dustin por um momento, e depois, direcionaram seu olhar à Dean, cujo corpo desfragmentava-se lentamente, tonando-se pó aos poucos. 


- Aguardem a próxima visita! – Dustin falou simplesmente, saindo ainda com o coração do Dean. 


Aquelas imagens entraram em minha cabeça como pontadas dadas por uma afiada espada. Feriando-me constantemente. Fazendo com que eu me despedaçasse cada vez mais. 


Tudo ficou em silêncio mais uma vez.


“Por que eu?” Perguntei-me.


“Boa pergunta! Por que você?” Ele gargalhou, assustando-me mais uma vez. “Talvez por que você é azarenta. O olho preto caiu justamente em você!” 


“E por que você não sai da minha cabeça?” 


“Por que não quero!” 


“Sai, agora!” Pensei.


Sua gargalhada invadiu minha mente novamente.


“Sai da minha cabeça!” Ordenei, mas de nada adiantou.


Enquanto eu tentava expulsá-lo, Dustin insistia em enviar aquelas horríveis imagens, fazendo com que o ódio crescesse dentro de mim. Percebi que estava rosnando baixo.


- Sai, da minha cabeça! – Falei entredente. – Agora! – Gritei.


E de repente, tudo ficou silencioso novamente. Não havia som a meu redor, nem em minha cabeça. 


A satisfação preencheu meu ser. Eu conseguira arrancá-lo de mim. 


Fechei meus olhos e tentei pensar no mínimo de coisas possíveis. Não era necessário mais nenhum aborrecimento naquele momento. Eu queria apenas ficar sozinha. E assim fiquei. Não sei por quanto tempo, só sei que não me importei. Acomodei-me ainda mais no galho e desconectei-me do mundo. 


 


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Bia Vieira

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

  - Posso ir lá, a casa? – Perguntei. - Não! – Respondeu-me Daniel.  - Eu quero ir!  - Exigi. - Mas não vai. - Por quê? - Por que aqui é um pouco mais segura. - Ou talvez seja tudo a mesma merda! - Sim, mas isto não muda nada Katrina, você não vai e está decidido! – Seu ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • candyportinonvondy Postado em 14/08/2012 - 20:18:53

    To amando a web. Posta mais


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais