Fanfic: Legado - Escuridão
Os dois dias foram se passando. Foram dias de preparativos. Somente a Júlia estava muito animada com a notícia de que voltaríamos à escola. Ela queria sentir essa sensação de novo, apesar de ter aprendido tudo e muito mais no instituto. Já os outros, me incluindo, estavam indo por obrigação, os meninos se faziam de animados, mas eu sabia que lá no fundo eles não queriam voltar, e só estavam fazendo isso para me motivar.
Eu realmente não queria, estava com medo, mas eu era idiota o bastante para não admitir e ir assim mesmo. Tinha medo do que poderia acontecer. Da reação das outras pessoas em relação a mim. Eu não queria ser uma aberração, isolada, como muitas pessoas eram. Eu podia muito bem ter aulas particulares, em casa. Todos eram tão inteligentes, e poderosos; eles podiam de algum jeito ensinar-me algo.
As preparações foram compras de material escolar, escolha da roupa que eu iria vestir. Eu nunca me importei muito com a roupa, nunca fui de vestir o mais caro e brilhante, eu era simples. Então não opinei em como estava sendo vestida, quero dizer, só em algumas coisas.
- Você vai com essa saia jeans e essa blusinha rosa... – Falou a Júlia, enquanto escolhia.
- Saia? Eu não gosto de saia. E rosa, blusinha rosa?
- Você me deu carta branca, então não reclame. E você não pode ver como está, então não pode ver o quão bonita esta combinação ficará em você!
Depois disso, me calei em relação à roupa que iria vestir, eu não opinaria em absolutamente nada mais.
Na noite anterior ao meu primeiro dia de aula eu tive um sonho, na verdade foi mais um pesadelo.
Passos, passos lentos, que logo se tornaram mais acelerados. Passos que me seguiam a qualquer direção que eu fosse. Eu não via nada, só escutava cada detalhe. Vozes, sussurros talvez?! Sussurros que me assustavam e me deixavam aflita, cujos tons eram de repreensão, repugnância, pena. Enquanto eu escutava, lágrimas escorriam por minha face, silenciosamente.
- Olha, é aquela. – Uma voz falou. E aquilo me doeu, senti que apontavam para mim.
- É aquela? Aquela é a que nada vê? – Perguntou outro, com um tom debochado.
- Sim. É ela. Vamos, temos que fazer algo, ela não pode estar aqui. Ela é uma aberração. Ninguém a quer. – Respondeu a primeira voz.
E logo em seguida sinto mãos puxando-me pelos braços. Arrastando-me. Enquanto eu gritava, esperneava. Tentava, mas não conseguia sair. Eles eram fortes.
- Não, não tente. Você não deve estar aqui. Você não pertence a este lugar! – Exclamou a segunda voz.
E após ser arrastada, eu fui jogada com a maior facilidade possível. Meu corpo voou, e depois pousou violentamente sobre o chão de concreto. Bati forte com a cabeça. E as vozes continuaram a me repreender. E não havia ninguém que pudesse me ajudar, ou algo que eu pudesse fazer. Eu tentava recuar, mas de nada adiantava, aquelas vozes não saiam de minha cabeça, nem de meus ouvidos.
E vieram risadas cruéis. Como se aquilo que eu estivesse sofrendo fosse realmente engraçado.
- Katrina, você não vai se levantar? – Perguntou-me outra voz. Dessa vez uma voz conhecida. – Katrina... Acorda. Você vai perder a hora de ir.
Ao perceber que aquela voz era real, e que tudo aquilo não passava de um mau sonho, eu acordei. Era a Beth, despertando-me para mais um dia. Fiz tudo que tinha de fazer, e no momento em que comecei a me arrumar, a Júlia chegou. Ajudou-me com roupa, cabelo e tudo mais. Segurei na coleira do meu cão guia com firmeza, e desci.
Já estavam todos prontos, esperando-nos. Dividimos-nos em um carro e uma moto, cujos passageiros do ultimo veículo eram a Júlia e o Jason. E assim, fomos. No caminho conversamos um pouco. Perguntaram-me como eu me sentia, e eu menti, simplesmente. E a cada segundo nos aproximávamos mais do colégio, e à medida que nos aproximávamos, eu ficava mais nervosa. Não sabia o que estaria por vir, mas eu enfrentaria. E tentaria enfrentar tudo de cabeça erguida. Ou não!
Após alguns longos minutos de viajem, sinto o carro começar a parar lentamente. Murmúrios baixos começaram a surgir. Talvez pelo carro e pela moto, que não eram nada discretos. Talvez por sermos novos alunos, estávamos começando em meio ao segundo semestre. Talvez pela excepcional e incontestável beleza dos meus acompanhantes, ou melhor, “seguranças particulares”. Ao abrirem as portas do carro os murmúrios se intensificaram, em meio a essas vozes eu pude identificar algumas frases como: “Nossa que carro!”; “Quem são eles?”; “Como eles são lindos!”; “Por que ela está com um cachorro?”. “Oras, estou com um cachorro por que não consigo enxergar um palmo a minha frente. Isso não é obvio? Seu idiota!”, pensei, assim que escutei esta ultima frase.
Andamos em direção ao colégio. Andando percebi que a Júlia estava ao meu lado, enquanto os garotos estavam ao nosso redor, formando uma espécie de proteção. Só consegui perceber essa formação quando eles começaram a falar. Perguntei onde estávamos indo, disseram-me que íamos à reitoria. Ao chegarmos, não prestei muita atenção no que era discutido. Logo me foi dito que em todas as aulas haveria alguém comigo, ou o Jason, ou a Júlia. Os outros estavam no segundo ano, enquanto nós três estaríamos no primeiro.
E assim passei a primeira parte do dia revezando entre os dois. Quando eu estava com o Jason escutava cochichos de meninas assanhadas, mas pelo que eu pude ouvir, ele não estava ligando para isso. Com a Júlia, quem cochichava eram os garotos, nem tanto, na verdade ela recebia elogios, cantadas baratas, ela estava gostando, mas não ligava tanto quanto o irmão. Na hora do almoço nos dirigimos ao refeitório, e no caminho reunimo-nos todos. Enquanto andávamos conversamos sobre nossas primeiras impressões.
Meu conceito sobre o primeiro dia de aula estava se formando, e o que se formava era um conceito relativamente positivo. Eu não fui descriminada, não do jeito que eu pensava que seria. As pessoas não me atacavam, mas também não se aproximavam de mim, talvez por minhas companhias, ou talvez por motivos desconhecido, pelo menos por mim. Eu estava tentando acompanhar o ritmo das aulas, mas era meio difícil. É entediante só escutar, por um lado, as vezes você começa a criar a sua própria versão das histórias que são contadas; mas por outro, é ruim não ver o que os outros vêem, não saber o motivo de suas gargalhadas, do silêncio. Eu ainda não sabia o modo como o meu aprendizado seria avaliado, mas de uma coisa eu tinha certeza: provas eu não faria.
Uma mesa foi escolhida em meio ao refeitório. Sentei-me enquanto esperava os que pegavam a comida. Quando todos estavam juntos à mesa, retomamos as conversas anteriores. Eu ainda não estava falando pelos cotovelos, mas conversava um pouco, respondia quando me era perguntado, e questionava quando realmente necessitava, ou estava com vontade. Uma interrupção surgiu enquanto o Dean estava falando.
- Com lincença!? – Falou uma voz feminina, uma voz anasalada. Ao perceber que a sua interrupção foi bem sucedida, ela continuou. – Eu vim aqui me apresentar. Meu nome é Megan Schmidt, sou veterana e queria dizer que se vocês precisarem de alguma coisa, é só me chamarem, pois como veterana tenho alguns privilégios…
- Oi, muito prazer. Eu sou o Rafa. – Disse ele, como porta voz. – E esses são o Luca, Damon, Jason, Dean, Júlia e Katrina. Obrigado por se oferecer em ajudar-nos, mas creio que não será necessário! – Ele continuou, e falando no tom mais educado possível, recusou a oferta.
- Ok, mas assim mesmo, a oferta continua de pé! – Falou ela. Tive a impressão de que estava tentando seduzir alguém com aquele jeito de falar, mas ainda não tinha descoberto quem era seu alvo, ou alvos. – Tchau, nos vemos por aí! – Terminou, e a seguir saiu andando. Ela não estava sozinha, estava com duas ou três pessoas seguindo-a; provavelmente essa garota era popular, e possivelmente essas pessoas a idolatravam e seguiam-na, fazendo tudo o que ela pedisse.
- Não gostei dela. – Disse Júlia, logo após a saída de Megan. – Ela tem a voz feia e chata. Cara de menininha mimada, se jogando em cima de todos vocês. Eu realmente não gostei.
- Não precisa ficar enciumada Júlia! – Falou o Dean.
- Eu? Com ciúmes? – Perguntou ela, debochada. – Tá bom, eu estou mesmo com ciúmes. Uma idiotinha dessas chega aqui para ficar dando em cima dos meus irmãos? Quem ela pensa que é? E ela nem é tão bonita assim…
- Ok, já entendemos. Mas ela é até bonitinha, Júlia… - Respondeu o Jason, rindo. – Mas aquela voz não me agrada nem um pouco, acho que não agrada a nenhum aqui.
- Pois é… - Dessa vez o Damon.
- Não vai me dizer que você gostou daquela voz! – Falei, querendo saber o significado oculto nesse “Pois é…”.
- Agora é você que terá crises de ciúmes? Mas em resposta: Eu não gostei nem um pouco daquela voz.
- Eu não estou tendo uma crise. Só fiquei curiosa.
- Com licença. – Outra voz interrompeu, dessa vez uma voz masculina, agradável e rouca. E logo eu pensei: “Quem vem agora?”. – Eu sou Andrew O’Connel, queria conhecer vocês. Como são novos aqui…
- Olá Andrew. Eu sou Dean. – Disse ele, apresentando-nos como o Rafa tinha feito da ultima vez. – Se você veio aqui dizer que nos oferece ajuda, por ser um veterano…
- Ah Dean! Ele só veio se apresentar. – Falou a Júlia, tentando amenizar a situação. – Continue.
- Bem, era isso. E como ele disse, se precisarem, podem contar comigo.
- Sim. Se eu precisar… - Disse o Dean, enfatizando o “se”.
- Então tchau, até mais…
- Tchau Andrew. – E como a outra, ele foi embora.
- Bonito. Dando mole para ele Senhorita Júlia Sonnenschein?
- Eu? Só achei ele um cara legal, vindo aqui se apresentar. Pelo menos ele não tem uma voz irritante como aquela fulana. E ele é bonito…
- Ah. Eu sou mais… - Falou o Dean, rindo.
- Com isso eu concordo. – Falou a Júlia. E logo após essa “DR” entre irmãos, todos começaram a rir.
Após o soar do sinal, todos nós voltamos às aulas. E continei sendo guiada pelos dois. De todas as aulas do dia, três foram com ambos. Incluindo a aula de educação física, que eu claramente não pude participar. E assim o dia acabou. Fomos para casa na mesma divisão de veículos em que viemos. Ao chegar, me dirigi a meu quarto, onde fiquei por algum tempo, até me chamarem para jantar.
O jantar foi calmo, com poucas conversas, porém o que foi falado se resumia em como tinha sido o nosso primeiro dia de escola. Cada um teve a sua vez de relatar. Mas de modo geral, todos tinham achado legal. Após a refeição, os meninos resolveram jogar. Um jogo meio desconhecido para mim ainda. Disseram-me um nome, ElectriBall. Uma vez, depois de insistir um pouco, explicaram-me esse jogo.
- Qual é o objetivo desse jogo. – Perguntei, com a minha curiosidade costumeira.
- É um tipo de futebol, ou seria handebol? Usamos uma bola de energia, que só nós podemos controlar, ela queima se tocar na pele, mesmo na nossa, então imagine um humano. Enquanto a manternos na esfera de vácuo ela não sairá do lugar. O objetivo é fazê-la atingir o ponto marcado no campo adversário, ou o próprio adversário. Essas esferas são lançadas a uma velocidade imensa, são produzidas por nós mesmo, com a nossa energia, cada jogador impõe um pouco. Podemos chutar, bater com as mãos, mas com todo o cuidado para não ser ferido, pois um ferimento e o jogador está fora. – Falou meu pai, enquanto me mostrava a esfera brilhante que flutuava sobre suas mãos.
- E onde é jogado?
- Pode ser em um campo aberto, numa sala especial. Se for em um campo tem de ser bem longe de humanos, essa bola fica descontrolada facilmente e pode sair destruindo tudo.
Enquanto eles jogavam lembrei-me da explicação que me foi dada há alguns anos atrás. Eles estavam jogando em uma sala específica para isso dentro da casa. Eu nunca pude ver, e sempre tive uma enorme curiosidade em saber como era.
O resto da semana seguiu. Fomos à escola nos dias úteis. Sempre na mesma rotina. Pessoas vinham à nós expontaneamente, apresentar-se. Vários nomes foram ditos e minha memória salvou no máximo quatro. Mesmo com essas apresentações nosso grupo continuou o mesmo, não aumentou e nem diminuiu. Eles não queriam estranhos entrando em nossa pequena bolha, e eu também não. Enquanto estávamos na escola o Ryan e a Beth ficavam em casa, a Lilian ia à escola, que era separada da nossa.
Cinco meses haviam se passado desde… Interrompi esse pensamente, ainda me fazia mal. Eu não queria lembrar, falar ou fazer algo que me trouxesse essas más lembranças. Eu estava me recuperando, tinha melhorado uns quarenta por cento, mas ainda me faltava muito para melhorar totalmente. Eu já conseguia sorrir. Já conseguia ficar perto quando alguma música era tocada, porém essas músicas tinham de ser desconhecidas para mim.
Em meu quarto eu estava, sem nada a fazer, quando escutei gargalhadas altas vindas do andar de baixo. E com minha curiosidade insasiável não resisti em ir saber do que se tratava. À caminho as risadas se intensificaram e ao chegar no ultimo lance de escadas, desço e sento-me em um dos degrais. Percebo que se trata de algo que eles estão assistindo na televisão.
- Olha a cara que ela fez. – Falou o Jason, rindo.
- Foi muito engraçado esse dia… - Dessa vez o Damon.
- Sim, e muito confuso também. – Completou o Luca.
- Você se lembra dessa parte? – Perguntou o Rafa.
Enquanto eles falavam eu comecei a prestar atenção no vídeo.
“Eu consigo voar!” – Falou o Rafa, cantarolando. – “Mãe, eu consigo voar!”
E após essas palavras uma de minhas memórias veio com toda força. Um de meus melhores dias.
Era manhã, meus irmãos estavam dormindo, por incrível que pareça eles dormiam há quatro dias. O processo de transição não é rápido. Por uma intrigante conhecidência – ou não-, eles estavam mudando ao mesmo tempo. Eu ainda não tinha entrado em seus quartos para vê-los. Provavelmente estariam muito mudados fisicamente.
Enquanto eu estava na sala, e tocava algumas músicas ao piano, escuto risadas de minha mãe. Ela falava, mas eu não consegui distinguir muito bem as palavras, porém aos poucos ela veio se aproximando.
- Katrina, seus irmãos acordaram. – Falou ela, com um sorriso enorme estampado no rosto.
- O que!? – Exclamei, pulando de meu acento e indo em direção a seus quartos.
- Espere! Eles estão tomando banho.
- Ok. – Respondi, impacientemente.
Após algum tempo, escuto-os descer. Virei para vê-los, e ao fazer isso tomei um dos maiores susto de minha vida. Aqueles não eram os três garotos que eu havia visto há quatro dias. Eles não eram mais garotos. Eram homens. Suas feições ainda continuavam as mesmas, porém seus traços estavam mais fortes. Eles haviam crescido, seus corpos estavam musculosos.
Ao me verem, abriram sorrisos lindos, grandes sorrisos, e naquele momento eu tive a certeza de que eles ainda eram os meus irmãos.
- Katrina, que cara é essa? Você está vendo algum fantasma? – Perguntou o Luca, rindo de minha expressão.
- Acho que sim... – Falou o Rafa, ao perceber que fiquei sem respostas.
Segundos depois sinto o Damon me abraçando apertado, sem nada a falar e rindo como os outros. Eu não o tinha visto se mover, só senti, tive certeza de que a sua rapidez estava ligada à transformação. Ao me abraçar, ele me levantou do chão e deu um giro comigo, como se eu fosse a criança mais leve do mundo, logo em seguida ele me joga e o Luca me pega, abraçando-me tão forte quanto e me pondo no chão.
Após tomarem um café da manhã digno de um cavalo, eles foram para o quintal. Meus pais estavam muito curiosos para saber qual seriam os poderes deles.
- Respirem, concentrem-se, deixem fluir. Apenas esvaziem a mente. – Disse meu pai, fechando os olhos, gesto logo seguido pelos meninos. – No início é mais difícil, mas com o tempo vocês pegarão a prática.
Depois de alguns segundos de meditação tudo começa a acontecer. De repente a mão direita do Damon começa a pegar fogo, mas ele não pareceu sentir, não doía. Porém, enquanto a mão direita queimava, a sua mão esquerda começou a congelar. Meu pai já estava de olhos abertos, observando e sorrindo, orgulhoso. Enquanto isso o Rafa tentava, e não demorou muito a conseguir, logo seus pés estavam se desprendendo do chão. Ao sentir isso ele abriu imediatamente seus olhos, e sorriu. O Luca ainda tentava, mas nada acontecia com seu corpo, não aparentemente.
Ao abrir os olhos e perceber o que acontecia, Damon assustou-se de início, e com o susto o fogo e o gelo subiram em seus respectivos braços, porém, ao perceber que aquilo se tratava de um imenso poder que crescia dentro dele, ele também sorriu. O Rafa a cada segundo estava mais alto.
- Eu consigo voar! – Falou o Rafa, cantarolando. – Mãe, eu consigo voar.
- Sim filho, você consegue! – Gritou ela, gargalhando.
Enquanto o Luca se concentrava, o poder dele começou a aparecer. Eu via eletricidade em suas mãos. Raios começando a formar-se, e ao perceber que havia conseguido ele abriu seus olhos, e como os outros começou a sorrir. Enquanto voava, O Rafa continuava a cantarolar. Mas por um momento ele perdeu o controle, e no meio da frase – “Eu consigo...”-, ele caiu de cara no chão. Todos pararam e olharam para ele. Segundos depois ele levantou o rosto e terminou o que ia dizer – “voar!”. E ao fazer isso todos gargalharam. Apesar da queda ele não tinha se ferido.
E assim passamos à tarde, enquanto eles tentavam controlar os poderes com o auxílio de nossos pais, eu filmava. E aquela tinha sido uma de minhas melhores memórias.
Tudo tinha voltado a minha cabeça, aquilo por um lado me fazia bem, mas por outro me entristecia mais. O choro estava engasgado em minha garganta. Eu não queria ficar ali naquele momento, então o mais rápido que consegui, levantei-me da escada, e sai. Meu cão me guiou, ele já conhecia aquele lugar, respondia aos meus comandos. Pelo que percebi, adentramos na floresta, e tateando achei uma árvore. Sentei-me a seus pés.
Ali pensei nas coisas que fiz. Que poderia ter feito. O espírito de tortura voltou a mim, eu agora eu ficaria lembrando tudo o acontecido. Eu pensei estar bem, mas pensar não quer dizer nada. Passei a tarde ali, sentada. Até então ninguém havia ido atrás de mim, e eu agradecia por isso.
- Katrina? – Respirei fundo ao ouvir.
- Sim?
- Posso sentar aqui ao seu lado? – Perguntou ele.
- Não.
- Mas você sabe que eu vou sentar assim mesmo! – Retrucou o Dean.
E lá ele se sentou, e sem falar uma palavra me abraçou, ficando ali comigo por um bom tempo. Apenas abraçando-me ele fazia muito mais do que se estivesse falando palavras reconfortantes.
Nesse meio tempo o Dean havia se tornado um grande amigo. Quase como um quarto irmão para mim. Ele era carinhoso, simpático e sabia as coisas certas a fazer em quase todos os momentos. Começou a me incentivar e a cuidar de mim mesmo quando mal me conhecia e com o tempo se tornou uma das pessoas mais confiáveis.
Recuperada do momento lembranças, voltamos para a casa e pela primeira vez ele não puxou assunto enquanto nós caminhávamos, simplesmente andou a meu lado. Ao chegar, me dirigi à meu quarto e lá fiquei até pegar no sono.
Autor(a): Bia Vieira
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A tristeza ainda pairava sobre a nossa família, mas estávamos prestes a superar isso. Estávamos tentando, realmente tentando. Eu ainda estava abalado, mas me fazia de forte, me mostrava bem, eu precisava passar confiança para a Katrina. Os meu irmão, esses eu tinha certeza de que estávam fazendo o mesmo que ...
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