Fanfic: A vilã morre no final
–Alô?
– Oi, Emi, que bom que você ligou, como vai?
– Bem, e queria te ver
– Sério? – digo sem perceber que meu tom pareceu surpreso, surpreso demais, trato de corrigi-lo logo- Quero dizer, quando?
– Hoje. Pode ser?
– Tenho treinamento até às 19 horas
– Às 20 horas, tudo bem? – como eu respondo com um “anham” ela continua – Mas não vou poder passar pra lhe buscar, pode vir sozinho?
Emi dita o endereço e eu anoto num papel qualquer que encontro pelo apartamento. Confirmo que estarei lá. Discuto comigo mesmo se devo ou não perguntar, mas a curiosidade vence a discussão:
– Alguma ocasião especial?
– Jantar e fazer o que você mais gosta – Ela espera um momento – Certo, a segunda coisa – Dou uma gargalhada como um guri de 5 anos que vence a corrida com um coleguinha, mas quando percebo que sou o único a rir paro bruscamente – Conversar
– OK, estarei aí às 20 horas
Vou para o refeitório e almoço conversando com meus colegas.Finalmente revejo Cézar e Paulo que a muito não se juntavam a nós. Pelo visto Cézar ainda não havia desistido de xavecar Alex, que o ignorava no melhor estilo “vá se catar”. E pelo visto Paula continuava com a desistência de falar. Um sussurrado “boa tarde” e mais nada. Nada vezes nada. Tímidos não são de falar, mas esse cara não é de nenhum grau de timidez que eu conheça . Ele não apenas não fala, como não sorri, não se mexe, nem franze as sobrancelhas, simplesmente fica lá parado como uma rocha observando.
– Quer dizer que você não vai me dar uma chance? – Cézar diz isso estendendo a mão para tocar a mão de Alex.
Mas ela é mais rápida que o xavequento e tira a mão dali para deixar apenas um dedo levantado (calma não é o dedo do meio) e aponta para a aliança de prata no segundo dedo a partir do mindinho.
– Escuta aqui, meu filho, ou você mantém uma distância saudável de mim ou vou fazer uma queixa está bem?
– Iiiih nervosinha, relaxa
– Nervosinha?! – diz ela com um tom cético
– Deixa ela, vai ciscar em outro terreno cara - diz meu amigo japa
– Alguém pediu tua opinião japanês?
– Iiiih nervosinho - Alex diz numa imitação quase perfeito do tom usado por Cézar, o que faz com que eu , Tolói e ela mesma ríamos. Cézar se zanga e vai pegar mais um pedaço de carne, Paulo fica na mesa, sem se mover.
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– Maria Augustina. Gabrielle Cordova. Luci Del Vechio. Juan- Ramon.Rudolf Hon. Laura Cristina. Nina Cronce. Carlos di Brune - o padre dobrou o papel que continha os nomes, colocou-o de volta no bolso da batina.
Meninos e meninas entre 5 e 12 anos levantaram-se dos banquinhos de madeira quietos, ombro a ombro olharam para o velho de batina que os mirava sem amolecer a rigidez abitual do olhar. O homem não se moveu por algum tempo. Alguns se balançavam revesando o peso nos pés, outros olhavam para o teto, para o chão, para os outros pequenos, havia os que enfiavam as mãos nos bolsos de suas calças – na maioria das vezes – velhas, surradas e sujas. Ela não. Não. Não tinha coragem de se mover, temia que qualquer movimento fosse examinado, queria apenas ser invisível, desaparecer. O suor foi transbordando por suas pequenas mãozinhas, manteve-as coladas ao lado das pernas. Lutava para respirar normalmente, mas a verdade é que o ar sumia de seus pulmões e a deixava mais nervosa ainda.
Não desgrudou os olhos das botinas do padre, não desviaria o olhar nem por um segundo, prometera a si. Na verdade, queria chorar, sentar no chão e chorar muito. Mas aprendeu que chorar não funciona, aprendeu que se ela chorasse provavelmente zangaria o velho de batina.Ela só queria ficar em algum lugar, ter a certeza de que teria uma cama para se esconder do frio e algo para comer. Que fome...O que não daria por um pedaço de pão e um copo de leite...Um delicioso pedaço de pão podia até ser aqueles bem duros. O padre respirou fundo e passou a palma da mão pela testa limpando o suor.
– Vocês estão aqui porque não tem mais para onde ir. Sabem disso não sabem,bambini? – Ele pigarreou – Então é melhor que se comportem, mais tarde a Madre Joana vai lhes dizer as regras do orfanato, agora vocês vão ser levados para os dormitórios, o jantar é no refeitório às 18 horas, estejam lá ou só comeram no dia seguinte, entendido?
– Si signore – disseram todos os órfãos em uníssono, menos ela que não gostava de falar, porque se dissesse algo poderia falar a coisa errada, era melhor não dizer nada. Havia aprendido isso também, eles não gostam das crianças que falam.
Madre Joana explicou o que podia ser feito e o que não podia, fez duas filas, uma de meninas e outra de meninos. Alguns correram para pegar as melhores camas. As paredes eram sujas e mal pintadas, até dava para ver alguns tijolos. Havia duas beliches e mais quatro camas, ou seja, oito lugares para dormir. Você tem onde dormir todos os dias? Uma casa , uma cama, um colchão e um lençol para cobrir-se? Então se fosse você na cama que agora era dela, bem, você acharia horrível, feita de ferro, colchão fedorento , uma mola rasgou o forro e ficava para fora o que forçava-a a deitar bem na beirada. Mas Nina Cronce estava no paraíso, pensava ela, uma cama com colchão e até lençol! E acredite se quiser, tinha uma mola. Deitou-se cuidadosamente, como se tivesse medo que a cama fosse desaparecer de repente. Agradeceu a Dio por estar ali, e ainda teria jantar hoje! Grazie Dio mio!
Repousou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos para absorver melhor a sensação. Lembrou-se de tudo que tinha acontecido com ela até chegar ali, ou de tudo que ela conseguia lembrar. Lembrou das ruas da cidade Santa Croce, onde – como lhe disseram – foi encontrada na calçada da Parrocchie S.Croce Ad Orsolone. Alguns flashes do início de sua vida na Via Comunale Margherita entravam e saim de sua cabeça rapidademnte. Lembrava de uma mulher muito velha que dava-lhe uma manta quentinha para cobrir-se a noite, aconchegada no sofá da casa dela, que lhe passava a mão no cabelo, fazia sopa e molhava o pão no caldo para que ela comesse. Lembrava de brincar com outras crianças na Via Chiesa Santa Croce. E lembrava do dia que a mulher não levantou para fazer café com leite para ela, devia estar cansada, pensou. Mas ela não acordou no almoço e nem beijou sua testa quando chegou a hora de dormir. Correu até a Parrocchie. O padre veio e logo vieram vizinhos e estranhos. A mulher não acordaria, disseram adultos com caras moribundas. Que bobos! Como alguém dorme e não acorda? Pegaram-na pelo braço e tiraram-na dali. Ela gritou, pulou, correu, e até mordeuaqueles bobos chatos. Mas levaram-na mesmo assim. Puseram-na em um carro, ela adormeceu e quando acordou não reconhecia mais nada, não estava nem perto de Santa Croce. Orfanato. Não sabia o que significava, mas não devia ser bom, porque todos lá eram ou zangados ou tristes.
– Qual seu nome bambina?
– Nina
– Nina de que?
Silêncio. A mulher virou para o homem de paletó.
– De qual cidade ela veio?
– Santa Croce
– Seu nome agora é Nina Croce , está bem?
Fez que sim com a cabeça. Colocaram-na em um quarto com outras meninas. No jantar não tinha a sopa gostosa com pão molhadinho no caldo. O lençol não era tão gostoso como a manta quentinha. Mas ela não considerou essas diferenças. Passou a primeira noite acordada esperando que alguém viesse lhe dar seu beijo de boa noite, como sempre. Ninguém veio. Passaram as noites e ela entendeu que ninguém viria. Não perguntavam de que ela tinha brincado, ou se estava com fome , ou com frio. Então ela parou de falar. Perguntavam e ela não respondia.
Ela tem algum problema – foi o que disseram.
Não é uma menina normal – acressentaram.
E não demorou a pegarem-na pelo braço novamente, pulou, gritou, correu e até mordeu. Não adiantou de novo. Foi levada para outro lugar. Um homem de roupa branca fez muitas perguntas, ela não respondeu. Insistiu. E nada. Disse que ela só jantaria se falasse.
– Qual seu nome? VAMOS DIGA! Ou quer ficar sem comer? – parecia um monstro com a cara vermelha e batendo as mãos na mesa
– Nina
– Nina de que?
– Nina Croce
Não vieram lhe dar beijo de boa noite, mas tudo bem, ela já sabia, pelo menos não estava mais com fome. Ela mesmo se desejava boa noite, e se tivesse sido diferente? E se houvesse uma mão para acariciar seu cabelo enquanto ela adormecia? E se não tivesse migrado para 5 orfanatos diferentes até chegar aquele? Bem, poderiam não tê-la abandonado quando era apenas um bebê, a boa velha da manta quentinha poderia não ter morrido tão cedo, não foi com “se” que esse caminho foi feito. Nina Croce morreu em coração e em alma e não tardaria a morrer em carne e em corpo. E aquele Dio que ela agradecera aos 9 anos....Bem, vai ver ele se esqueceu dela (costumava pensar, porque esquecer é menos grave que ver e não fazer nada, parecia mais suave ele ter esquecido a pensar que não se importava com ela). Mas hoje era ela quem não se importava com ele.
“De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar sua vida? Ou que poderá o homem dar em troca de sua vida?
Mateus 16,26” (lia um padre a bíblia no sermão de Páscoa, muitas freiras e religiosos ali presentes acharam que entenderam. Mentira. Só ela entenderia.
Notas finais do capítulo
Trecho de Fix you:
" Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso.
Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.
Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir.
Preso em marcha ré.
Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.
Quando você perde algo que não pode substituir.
Quando você ama alguém, mas é desperdiçado.
Pode ser pior?
Luzes te guiarão até em casa
E aquecerão teus ossos
E eu tentarei, consertar você"
Recomendem! Comentem! Sorriam e riam, que ficar triste é ruim demais ; )
Autor(a): Liz
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Coloco o livro mais uma vez na estante. 19:00 p.m , devia ter ido ao supermercado antes, não fui , e agora tenho que me apressar afinal chamei Tomás para jantar e tudo que tenho na minha cozinha é pizza congelada e água. Pego a bolsa e a chave do carro, vou para o primeiro supermercado que aparece no caminho. Compro uma garrafa de vinho, uma de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 28
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fah_ Postado em 23/09/2012 - 09:27:02
como as outras, muito boa!!! vc escreve muito bem ... amei!
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lizvieira Postado em 11/08/2012 - 21:39:33
Lores2 - obrigada msm, um bjao Mary - professora, eu? Pff...nada disso, eu sou uma aluna curiosa e só! Eu que tenho mt aprender com vc, flor, sua determinação, persistência, enfim, vc traçou suas metas, e corre para elas, não é daquelas que esperam não. Devo,sim, me orgulhar de tê-la aqui. Obrigada, obrigada e obrigada, mesmk. Bj no coração.
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maryprincess Postado em 11/08/2012 - 16:28:47
Parabéns. Valeu a pena ter passado aqui sempre que podia esperando atualizações. Obrigada por ter nos presenteado com essa história tão rica, detalhada, interessante. Vc é minha professora na escrita. Um dia eu ainda quero ser boa como vc.
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lores2 Postado em 11/08/2012 - 16:23:30
Eu gostei muito.Muito mesmo parabéns!!!
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lizvieira Postado em 05/06/2012 - 21:47:16
Oi lores, ainda não comecei a escrever o último capítulo aushuahs professores msm em greve abalando nos trabalhos aushasu Que bom que vc está curtindo :D mas aqui no fanfics br as pessoas n comentam mto :( msm assim obrigada bjs
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lores2 Postado em 04/06/2012 - 20:42:47
Oi! Olha é o seguinte: Não demora tanto pra postar o último capítulo não viu?Isso aqui é bom demais!Acho que nem preciso dizer o pq né?A escrita fala por si... Não faço ideia do que possa acontecer no final,embora tenha meus palpites. Prefiro aguardar haha.. Meu nome ia ficar muito feio, credo!
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manolorhcp Postado em 05/05/2012 - 19:55:23
Oi, Liz. Estou lendo a fanfic. Você escreve muito bem. Não faça greve, viu? kkk Vou estar sempre aqui quando poder (;
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maryprincess Postado em 02/05/2012 - 14:45:31
Liz, que queria pedir desculpas por não estar lendo com a mesma frequência de antes. Como estou me dedicando a terminar Simplesmente Tita, acabo mergulhando de cabeça na web e muitas vezes esqueço de vir aqui, mas não faça greve. Vc é a melhor escritora que eu conheci. Se vc parar, vai deixar seus leitores órfãos.
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lores2 Postado em 29/04/2012 - 21:27:47
Faça isso não!!Greve não!!É chato,mas eu tô aqui.Quero ver a continuação hein.
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lizvieira Postado em 15/04/2012 - 21:09:18
lores2> Oi querida, obrigada por comentar! Continue a fazer isso por favor, ok? E obrigada pelo elogio :D sim uma pena....Se fosse um conto de fadas eles terminariam juntos no fim, garanto que não é o caso :O