Fanfics Brasil - 2 : Nada acontece comigo, porque dessa vez tinha que ser eu? Laços&Abraços

Fanfic: Laços&Abraços | Tema: Nenhum.


Capítulo: 2 : Nada acontece comigo, porque dessa vez tinha que ser eu?

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O pesadelo recomeçou, e dessa vez era a realidade.


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Um dia enquanto assistia TV, estava vendo uma série que em um episódio, um cara acordava sem enxergar, ele estava com a visão bem embaçada, os olhos só o permitiam enxergar borrões confusos bem, não lembro o que ocorreu no resto do episódio, mas a cena que mostrava a visão dele, eu lembro bem.. E era exatamente isso que estava acontecendo comigo, não enxergava nada, borrões apenas. Estava sentindo muita dor, deveria ser fome e dor de cabeça, a quanto tempo eu dormia? Meu estômago parecia explodir, estava ardendo,muito, queimava tudo dentro de mim e minha cabeça me impedia de abrir os olhos direito, não lembrava de nada, tento pensar em algo, mas a dor não permitia, ela dominava tudo dentro de mim.


 


            Tentei mover algum membro do corpo, a dor era tão insulportável que quase não conseguia me mover,provavelmente estou trancada em um quarto, minha visão melhora um pouco e a dor de cabeça também, ainda enxergo borrões, mas conseguia ver contornos confusos,já que não conseguia mover a cabeça, só conseguia ver um retângulo em pé meio torto na minha frente, talvez era uma porta, não sei, mas só conseguia ver ela, começo a ouvir passos, mas logo para, incerteza se era realmente passos.


 


            A porta começa a se abrir devagar, medo toma conta do tempo e espaço.


 


            Alguma coisa entra no quarto, a dor começa a diminuir, infelizmente devagar, mas já conseguia mexer um braço, a pessoa que entrara no quarto, se aproxima de mim devagar, quanto mais perto ela ficava de mim, menor ficava a dor, quando ficava cerca de dois passos de distância de mim, a dor já se tornava quase suportável, mas a visão continuava embaçada, a pessoa, era um homem bem vestido, poderia andar nas ruas normalmente se não fosse um detalhe : os olhos.


            Aqueles olhos não eram normais, eram…Vermelhos, tinha um brilho incomum, eram lindos, mas eu estava com medo do que estava por vir, ele não parava de olhar diretamente nos meus olhos, parecia me analisar, como se meus olhos revelassem algo para ele.


            Contorci o corpo ainda deitada tentando me sentar, olhei para o lado e vi uma cama, tinha uma cama do lado e me largaram no chão, mas tudo bem, não poderia reclamar em uma situação dessas :


 


            - Você poderia me ajudar, por favor?


 


            Minha voz não saiu, ela falhou, e falhou feio. Não conseguia falar.


 


            - Já está capacitada de se levantar? Muito bem… E não se preocupe, tente falar novamente, sua voz vai voltar ao normal, a dor já passou?


 


            -Sim, mas.. esto...âgo, ta...do...meu...do...doendo muit...fo...fome... d-dor de ca...beça.... – me esforçava o máximo para conseguir falar com olhos cheios de lágrimas


 


            Ele retirou algo do bolso e estendeu a mão com o pacote e falou


-Bebaa , é água.


           -….


 


            -Se não quise ingerir, não beba, mas vai continuar assim, melhor confiar.


 


            -…tá…


 


            Peguei o copo que tinha na mão dele e fui virar o conteudo na boca, porem assim que encostou na minha boca eu cuspi, aquilo não me parecia água, tentei falar algo, mas não consegui.


 


            -Prazer, Kane. Poderia lhe explicar tudo agora, mas você não está em condições disso, descanse um pouco, vou trazer algo para você comer, enquanto isso tente dormir para se restaurar um pouco, não posso lhe dizer muita coisa, até você se alimentar vai ter que encontrar as respostas sozinha.


             Continuei imóvel olhando para o chão, enquanto isso ele saia do quarto, tentei levantar o corpo com as energias que restavam, a dor não parava mesmo que diminuída ainda não conseguia ter total controle do corpo, dúvidas na cabeça não paravam de surgir fazendo a dor de cabeça insulportável, inquietação, dormir nesse momento era impossível, vi alguém abrir a porta, estava escuro, mas vi a porta sendo aberta, a porta que poderia me dar a liberdade, porém eu estava fraca demais para sair e queria respostas das perguntas. Aqueles olhos, aquele lugar, essa estranha sensação de fome e sede, minha falta de lembranças tinha que ter uma explicação… Kane… Quem é você, como eu surgir aqui e porque? Isso era estranho, será que estou em um seqüestro e eles estão ligando para meus pais mandando darem dinheiro para eu voltar para casa? Acho que não.. Essa situação não parecia um seqüestro…Mas eu nunca fui seqüestrada, então não posso julgar nada, portanto, só posso torcer para que tudo acabe bem.. E que eu volte para casa.


 


            O que mais me deixa com dúvida não era o que estava acontecendo, e sim olhos dele, eram vermelhos de uma forma inexplicável, tinha um brilho tão forte e incomum, não poderia ser lente de contato, lentes não brilham até onde sei, como ele fez aquilo? Foi para me intimidar ou o quê?Esses pensamentos, essas perguntas sem respostas…Adormeci.


 


            Choro, batidas na parede… Esse é o meu sonho?Não…estou sentindo um cheiro…Que cheiro é esse?Atrai muito os meus instintos, abro os olhos e levanto um pouco, me apoio nos meus cotovelos e olho para o lado direito, na direção do som, esse choro… É uma garota, será que está na mesma situação que estava inicialmente? Quanto tempo adormeci?Quem seria minha parceira de cárcere?E aquele cheiro…Me parecia familiar, não,não era perfume, mas era agrádevel, de certa forma…A fome, eu ainda estava com fome…E aquele cheiro…


 


            Só a fazia aumentar.


 


            Levantei para observar a menina melhor, ela estava com alguns cortes no braço, não era muito grave, mas estava sangrando, fiquei com pena e me aproximei dela, coitada, ela se jogou contra a parede,parecia estar com medo…Não era para menos , ela se encolheu,sentou-se em um canto, falou chorando:


 


            -Quem ta ai?


 


            -Não vou te machucar - Disse, em tom de preocupação.


 


            Provavelmente ela não estava vendo, será que drogam a gente antes de nos levar para o quarto?Mas… Ela já estava capaz de se movimentar e falar, como ainda não enxergava?Eu recuperei a visão antes do movimento…Estranho, ou então agia de forma diferente em cada pessoa, cada um com seu organismo... Ou seria a menina cega? Droga… Mais perguntas, menos respostas…Cadê Kane?Por que ele fez isso com ela? Agora não estou mais sozinha, somos duas, duas garotas seqüestradas, agora sei o que vão fazer com a gente, não vão me “vender” para meus pais… E sim para outras pessoas…Eu não acredito que isso estava acontecendo comigo.


 


            -Quem esta ai? – Perguntou a garota, mais uma vez.


 


            -Sou Sophia..Qual seu nome?


 


            -Anne… Você que me trouxe para cá?


 


            -Não! Acordei aqui também, não sei que lugar é esse, também não conseguia ver nada quando acordei, eles devem ter nos dado alguma droga que faz esse efeito.


 


            -Acordar? Trouxeram-me consciente para cá… Posso ver dois círculos brilhantes meios estranhos se movimentando um pouco, mas a sala está escura, não vejo mais nada…


 


            Calei-me, podia ver tudo claramente, porque Anne não conseguia?E essa fome… Aquele cheiro estava começando a incomodar, a fome aumentava de forma insuportável, parecia àqueles dias que você está morrendo de fome e sente aquele cheiro de carne assada… A sensação de fome piora, não é?Exato.


 


            Não conseguia pensar direito, eu queria falar com ela para a gente eu tinha que pensar se não poderia fazer besteira, mas estava difícil com a menina chorando alto… Resolvi me aproximar da menina, me ajoelhei na frente dela, o cheiro era dela, quando me aproximei o senti mais forte, mas se não era perfume, oque poderia ser?


 


            Coloquei a mão em cima do corte dela, ela segura meu braço e grita, correndo para o outro lado do quarto, minha mão fica ensanguentada e senti o cheiro mais forte, eu estranhei muito, aproximei minha mão do rosto, ela estava suja de sangue, senti o cheiro, sim, o cheiro era do sangue dela, eu nunca havia cheirado sangue antes, mas não sabia que o cheiro iria me agradar tanto, coloco a mão na boca.. Percebo que não foi somente o cheiro que me agradou…


 


Anne começou a gritar e tentou fugir, mesmo não podendo ver nada, queria distância de mim, ela deveria ter achado que eu era canibal, isso parecia um pesadelo porque eu também estava achando isso, tipo, seilá, eu experimentei o sangue dela e gostei, não sabia o que tava acontecendo,  instintos agem de novo, Anne tenta fugir de mim, inútil.


 


            Não sei por que, mas me deixei levar, não conseguia pensar com ela chorando e gritando, não sei ao certo o que aconteceu, mas quando consegui voltar a raciocinar direito, Anne estava dormindo... De uma forma que não iria mais acordar.


 


            Ajoelhei em frente ao corpo de Anne, o cheiro continuava exalando, levantei o braço que estava cortado, mordi e suguei o sangue… Engoli, como se fosse uma coisa tão..Natural, era bom, não sentia arrependimento de fazer isso, tudo em volta parecia sumir, as perguntas ficavam longe, nesse momento eu só pensava na minha refeição, depois me preocuparia com o resto, meu corpo parecia estar sendo preenchido com energia, as dores sumiram, minha força aumentava...A única coisa que sei é que precisava fazer isso, caso contrário morreria, então, se me pegarem, sou vítima, vítima dessa sensação alucinante de fome e sede que me tiraram a razão…


 


            Depois que saciei a fome, fui para cama e sentei, fiquei olhando para Anne… As perguntas voltaram, menos o que aconteceu comigo…Vampira...Como aquelas que falam nas histórias de livros baratos…Para mim eram só histórias…Eram..Aquele sabor… Era delicioso demais para ser apenas um sonho, então é isso, havia me transformado em uma vampira… Agora, só posso esperar por Kane pelas respostas…


 


            Aquela porta, agora poderia muito bem me movimentar, talvez eu encontre Kane, não quero esperar por ele pelas respostas.Abri ela devagar, estava com medo, e se Kane ficasse bravo porque sai sem a autorização dele?E porque estou me preocupando ( ou me importando? ) com isso? Olhei ao redor, era um corredor vazio com pouco iluminação, lembrei do que ocorreu na praça…Sim, o eclipse lunar, o carro preto, a adrenalina… Agora tenho respostas de algumas coisas, Eu estava sendo perseguida…Porque me escolheram?E meus pais?Perguntas, perguntas, Kane, cadê?


 


            Atravessei o corredor, sempre olhando para trás, medo aumentava a cada passo que dava, aquele ambiente era totalmente desconhecido para mim, me deparei com uma sala tinha uma mesa de madeira, não muito grande, para 4 pessoas, 4 cadeiras de madeira em volta da mesa e tinha um sofá no canto da sala, aparentava velho e sujo, sinistro.Não tinha ninguém na sala, vi uma porta, fui até ela e abri, mais um quarto, porém não estava vazio, ele estava lá, sentado em uma cadeira olhando para o nada, deveria estar pensando…Agora que estava com a visão perfeita, poderia analisar ele melhor:


            -Vejo que já encontrou algumas respostas.


 


            Não era a mesma voz, a voz dos meus sonhos, a do sequestrador…


 


            -Você que falou comigo naquele quarto, você é Kane não é?


 


            -Sim.


 


-Seus olhos.. Estão diferentes agora… no quarto, eles estavam vermelhos e com um brilho…Incomum…


 


            Kane - Com o tempo você aprende a controlar. Eles não são necessários para ver no escuro, mas fazem você enxergar mais longe, com mais precisão e são ótimos para intimidar os humanos, quando se torna um, eles ficam assim no início, involuntariamente, com o tempo você vai aprender a controlar, enquanto isso eles vão ficar mudando de cor as vezes.


 


            Por isso ele estava olhando tanto para os meus olhos.


Ah, e eu tinha que perguntar.


-Eu virei uma ...vampira?


–Jamais lhe direcione a si mesmo como vampiro, nós NÃO somos vampiros, eles são uma espécie suja, bestas despresíveis. Ser chamado de vampiro é um enorme insulto para nós, principalmente para os anciões, portanto tome cuidado. Você é um Bloodium, esse termo vem do inglês ( Blood + medium ) , blood que é sangue e medium que é mediador, por conta de bebermos sangue e estarmos mortos, fazendo com que sejamos uma conexão com os mortos.


-Bloodium...E qual a diferença entre um.. “bloodium” e um vampiro?


-Vampiros são bloodiuns que viraram bestas, eles não tem consciência, vivem apenas para matar e somente isso, eles desenvolvem dedos bem afiados e caninos maiores que os de um bloodium comum, além da velocidade aumentada, também. Porém eles perdem os poderes de um Bloodium.


- Porque eu virei um... "Bloodium"?


- Não fui eu que te escolhi, nem ao menos fui eu quem a converteu, apenas fui mandado para cuidar de você nas primeiras noites.


            - Então você é minha babá?


 


            – Ao menos tem senso de humor.


 


- E a minha vida passada?


 - Terá de esquecê-la.


 


-Mas… Por que tudo isso?


– Como disse, não fui eu que te escolhi, muito menos quem te converteu, a única coisa que me falaram foi que deveria cuidar de uma recém abraçada, não me deram mais detalhes sobre isso…Se bem que… Você está muito calma para uma recém convertida, geralmente os que acordam nessa nova condição ficam histéricos, choram, tentam se matar… Você está agindo tão naturalmente...


            –Do que adianta fazer escândalo agora? Não tem como eu voltar a ser oque era, então, vou ter que aceitar essa nova “vida”, posso até me aproveitar das vantagens…


 


– Nossa, estou surpreso, é a primeira vez que não tenho trabalho com um novato.


 


            – Você está surpreso mas fui eu quem acordou com a vontade de beber sangue.


 


– Engraçadinha, qual o seu nome?


– Sophia...


- Belo nome… bom, agora é a parte que lhe explico de onde surgimos e etc, vou lhe contar a nossa historia, é um pouco longa, mas muito interessante. Você deve conhecer a historia do inicio da humanidade, até onde Caim matou seu irmão Abel, e a partir daí, foi amaldiçoado, é com essa maldição que começa nossa historia… ”Caim foi expulso da presença de seus semelhantes, e recebeu uma maldição… Todo aquele que matar a Caim será morto sete vezes. Sem ter onde se refugiar, começou a andar pelo deserto, e lá, encontrou uma mulher, a que veio a ser nossa mãe… Lilith, a primeira mulher de Adão. Caim e Lilith se casaram, e tiveram um filho,  que foi chamado de Enòch. E fundou uma cidade com esse nome, em homenagem ao seu filho… Depois vieram mais filhos e filhas, e então, formou-se uma nação maldita, que vivia longe das outras pessoas, impedida até mesmo de morrer. Amaldiçoados por deus, pensaram que nada mais aconteceria, até que o próprio Diabo veio a eles e propôs um pacto. Dali em diante, perderam suas almas, passaram a beber sangue para se manterem falsamente vivos, em troca, ganharam poderes sobrenaturais. Anos depois, veio o dilúvio, lavando toda a superfície da terra, matando todos que nela restaram. A maioria dos filhos de Caim morreu, apesar de não precisar de ar para respirar, morreram por falta de sangue. Lilith não resistiu a sede e acabou morrendo. Caim,  por ter perdido sua amada, entrou em um sono que dizem alguns, dura até os dias de hoje. Alem de Caim, só mais dois ficaram vivos, e então criaram um ritual, para transformar humanos em vampiros, o que nós chamamos de ‘O Abraço’.  A partir daí, a historia se torna vaga em alguns pontos, o que se sabe, é que a maldição resistiu aos anos, e a cada ano de existência, os malditos se tornavam mais fortes. Assustados por causa de assassinatos sem solução, a igreja católica passou a chamar os assassinos de Vampiros, e assim fomos chamados por muito tempo, até percebemos que muitos de nós acabam perdendo seu lado racional, soltando a besta que contém em si, e se torna um verdadeiro assassino irracional, a partir disso, começamos a nos diferenciar deles, pois ainda temos consciência dos nossos atos, nos nomeando assim, como Bloodium…”



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