Fanfic: O Pecado Mora ao Lado | Tema: Rebelde

 •» New York City – Nova YorK

Dias atuais.

 - Bom dia, New York City. Hoje o dia promete, quente como o pecado. Quer dizer, companheira, quente não para você, casada há alguns anos e vivendo a tediosidade de uma relação regada a cerveja e jogos de futebol quando, na verdade, deveria ser banhada por champagne e fetiches deliciosos que seu companheiro deixou de compartilhar contigo quando a rotina tomou o lugar das extravagâncias a dois. Já disse, malefícios de se amarrar. Homens não são seres seguros, por isso, prefira seu lindo, fofo e alegre yorkshire. Além de um companheiro fiel, ele te dá o carinho que a maioria dos homens não está disposto a dar, perdidos em seus egos e compromissos inadiáveis. 

Impaciente, batuquei os dedos no volante. O caos da Wall Street em plena hora do rush, pela manhã, ainda tinha o poder intenso de me tirar do sério. Mesmo com os bons anos em que eu já vivia ali. Na verdade, acho que ninguém conseguia realmente se acostumar com aquela baderna. Nunca.

Olhando pelo retrovisor, vi a longa fileira de carros que se estendia bem atrás de mim. Suspirando, vi o dobro daquela mesma quantidade se desdobrar a minha frente, totalmente disforme, quando voltei a me ajeitar no banco. No rádio a mulher continuava resmungando sobre a inaptidão dos homens no que tangia a relacionamentos sérios. E não-sérios também. Irritado, levei a mão ao aparelho e mudei a estação. Podia apostar que, apesar da voz melodiosa e até mesmo agradável, a tal mulher devia ser uma feminista quarentona que, incapaz de segurar um homem quando mais nova, vivia hoje em dia para atormentar o juízo alheio, resmungando sobre sua incapacidade de se relacionar e construir um ambiente feliz a dois invertendo os papéis e jogando a culpa no sexo oposto. Bem previsível.

Olhei o relógio no painel e praguejei. Oito e doze. Pelo visto, a reunião das oito e meia já era história. Inferno. Apesar de todas as expectativas apontarem para outras direções anos atrás, hoje em dia eu não me via fazendo outra coisa que não encabeçando a filial nova yorkina da Continental HR Air Lines. Dirigir a empresa da família, quem diria. Não eu, na verdade. E muitos dos que me conheceram no passado, também não.

Acontece que, como já diria a velha máxima, as pessoas mudam ao amadurecer. E eu fui uma dessas. Alguns acontecimentos contribuíram muito para esse choque de realidade que sempre precede o amadurecimento. Perdas sempre nos levam a buscar o que foi feito de errado para que tentemos corrigir na próxima, mesmo que seja tarde demais para recuperar o elo perdido. O sofrimento por uma atitude estúpida que levou ao dano é o remédio perfeito para curar a imaturidade e as atitudes egoístas ou infantis. E eu sabia daquilo por experiência própria.